“Eu me lembro como se fosse ontem

primeiro beijo e eu soube que você tinha mudado o jogo

você me tinha exatamente onde você queria

e eu estou a fim, e eu nunca vou deixar você escapar

mãos dadas nunca me fizeram me sentir deste jeito

tão especial, garoto é o seu

seu sorriso, nós estamos apaixonados

Sim, nós estamos apaixonados”

(Nicole Scherzinger e Will.i.am - Baby Love)

Após ficar mais uma semana no hospital em observação, Deaton e Melissa liberaram a ida de Malia para casa. A Coyote já estava impaciente de tanto olhar para aquelas paredes frias pintadas de branco. Quase saltou da cama pela manhã de tamanha ansiedade para partir. Amamentou Henry cantarolando e após um longo e aquecido banho, vestiu um vestido branco com flores estampadas, com uma jaqueta jeans clara dobrada até os cotovelos e suas mais novas sapatilhas companheiras.

—Pronta pra ir? Perguntou Stiles, entrando no quarto

—Mais do que pronta. Afirmou, ansiosa, enquanto guardava as últimas peças de roupa que faltavam dentro de sua bolsa

—Vou pegar o Henry. Avisou, indo até o berço

Malia se encostou na cama e de braços cruzados começou a observar seu marido interagindo com seu filho. Stiles tinha percebido que para sua infelicidade, Henry precisava ter a fralda trocada, então começou a trocar seu filho de forma desajeitada e apressada. A coyote observava atentamente cada expressão do marido, que encarava o filho como se fosse uma bomba prestes a explodir. Não pôde conter um sorriso quando o mesmo suspirou aliviado ao acabar a troca e pegou o bebê do berço como se ele fosse algum tipo de vidro super frágil que quebraria a qualquer momento.

—Se divertindo as nossas custas, Coyote? Perguntou fingindo irritação, porém com um sorriso brincando no canto dos lábios

—Eu? Jamais. Respondeu, contendo a risada, erguendo as mãos em sinal de rendição

—Acho muito bom, ou eu e meu parceiro iriamos ter que cuidar disso. Disse, indicando o bebê em seus braços

—Agora sim eu tenho motivos para temer. Comentou, rindo, colocando sua bolsa no ombro

—Mas é claro que tem, já viu essa carinha fofa? Ele acabaria com você apenas com um beicinho. Exclamou, beijando a barriga do bebê, que ria sem entender

—Vocês dois tem que parar de ser tão fofos. Disse, bufando, arrancando uma gargalhada de Stiles

—Sabemos que somos irresistíveis. Disse, dando uma piscadela, fazendo Malia revirar os olhos

—Vamos logo para casa, senhor irresistível. Não aguento mais esse lugar. Pediu, saindo do quarto, sendo seguida por Stiles

A viagem de volta foi silenciosa. Malia ainda não tinha comentado com ninguém o episódio da mudança de cor dos seus olhos e ninguém também ousava comentar. Se lembrava vagamente de suspirar de surpresa ao ver seus olhos vermelhos, mas como um passe de mágica eles voltaram a ficar amarelos, o que também era uma completa surpresa para a Coyote. No fundo, Malia sabia bem o que aquilo significava, mas não sabia o porquê e nem queria aquilo pra ela. Não queria ser Alfa de ninguém, quase morreu ao tentar salvar seu bebê quem dirá um ser sobrenatural.

—Amor, chegamos. Avisou Stiles, tirando o cinto. Malia saiu do carro, encarando a casa desconfiada, enquanto seu marido tirava Henry da cadeirinha.

—Malia, está tudo bem? Perguntou, enquanto observava a esposa andar sorrateiramente até a casa

—Tem algo de errado. Comentou, se alarmando

—Como assim? Perguntou Stiles, se aproximando

—Tire Henry daqui, eu cuido deles. Disse, colocando as garras a mostra

—Eles quem? Perguntou, colocando a mão no ombro da esposa

—Anda logo, Stiles. Mandou, rosnando

—Vou ficar com Henry no carro. Disse, se afastando

Malia arrancou sua jaqueta e suas sapatilhas e jogou no chão, ainda com as garras e presas de fora. Abriu a janela com cuidado e então se jogou com tudo na sala, rosnando alto para quem quer que fossem os invasores. Todos olhavam paralisados para Malia, o único som que se seguiu foi da porta se abrindo e de Stiles dizendo sem graça:

—Surpresa!

Malia relaxou assim que viu que os invasores na verdade eram seus amigos, que a encaravam assustados. Toda a sala estava enfeitada com cartazes de boas vindas e pendurada atrás de todos, havia uma faixa com “ Bem vinda de volta” amarrada a parede.

—Você parece bem feliz por ter voltado. Comentou Lydia, tentando quebrar o clima tenso

—Me desculpem! Eu pensei que a casa estava sendo invadida. Assumiu Malia, constrangida, ajeitando o vestido ao se levantar

—Amor, pode colocar Henry no quarto pra mim? Vamos organizar as coisas aqui. Pediu, se referindo a mesa de comida que Malia virou ao pular a janela

—Eu vou com você. Disse Lydia, puxando Malia escada acima

—Eu não sei o que deu em mim. Confessou, quebrando o silêncio, enquanto colocava Henry no berço

—Você passou por muita coisa nos últimos dias. Assegurou Lydia, escorada no batente da porta

—Eu não reconheci o cheiro de vocês. Sussurrou, pensativa

—Você não tem que gravar todos os cheiros, Malia. Repreendeu, se aproximando a passos largos

—E se eu tivesse atacado alguém? Perguntou, com medo

—A não, Malia. Você também não. Já basta o Scott se isolando, não vou deixar que faça o mesmo. Prometeu, com raiva

—Tudo bem, me desculpe. Pediu, em um fio de voz, se sentando na poltrona e abraçando os joelhos em seguida

—Pare de se desculpar, Mal. Você não fez nada de errado. Disse, abraçando a Coyote, que ainda estava sentada

—Eu não tive a oportunidade de acabar meu discurso no casamento. Comentou, após alguns minutos de silêncio

—Alguém estava apressado pra chegar. Disse, se sentando encostada na parede, de frente para a poltrona

—Quer ouvir? Eu ensaiei bastante. Disse, escorando o queixo nos joelhos

—Quero. Disse, sorrindo, também apoiando o queixo nos joelhos

—Onde eu parei? Questionou, revirando suas lembranças

—Algo parecido como não imaginar nossa amizade. Disse Lydia, sorrindo com a lembrança

—Ah é. Bem Lydia, eu nunca imaginei que seriamos amigas, muito menos que seriamos melhores amigas. Começou Malia, sendo interrompida pelo grito de Kira

—Mas será possível? Eu nunca vou acabar esse discurso? Esbravejou, se levantando as pressas

—Eu fico com Henry. Gritou Lydia para Malia, que já descia as escadas correndo

—O que houve? Perguntou Malia ao chegar no jardim, olhando para mesma direção que seus amigos olhavam. Kira havia derrubado as sacolas com a comida e mantinha a mão sobre a boca, ainda assustada. Todos permaneciam tensos observando a garota encolhida contra a parede. Ao sentir o cheiro de Malia, a garota levantou a cabeça e amedrontada perguntou:

—Malia Hale?