Tudo que Vai...volta escrita por kaka_cristin


Capítulo 20
Capítulo 20 - Suicídio falho.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/6593/chapter/20

Gerard me olhou emocionado e me abraçou. Ficamos ali no cemitério chorando por mais algumas horas. Voltamos de lá quando já ia anoitecendo. Chegamos em casa e ele não conseguia nem falar nada. Só ficava distante pensando em alguém que nunca conheceu. Eu subi pro meu quarto e me deitei na cama olhando pra foto dela. Tocava em seu rostinho fazendo carinho. Depois de algum tempo ele apareceu no quarto e sentou do meu lado me acariciando os cabelos.

-como ela era? – perguntou com uma voz triste.
-Como um anjo. Frágil, linda, inteligente, tinha uma vozinha... – comecei a chorar. – uma vozinha tão meiga.
-Ela perguntava por mim?
-De vez em quando me olhava e perguntava “mamãe, cadê meu papai?”.
-E o que você respondia?
-“filha...um dia ele vai nos buscar pra vivermos todos juntos como uma família feliz”. Ela me perguntava isso todos os dias antes de dormir, acho que ela gostava de ouvir isso. Isso a fazia dormir.

E ele não me perguntou mais nada. Continuou a fazer cafuné na minha cabeça até eu pegar no sono. Não consegui dormir muita coisa. Acordei quando ainda amanhecia, eram quase sete horas. Sentia meus olhos pesarem. Olhei pro meu lado e não vi o Gerard. me levantei e fui até o banheiro e ele não estava lá também. Desci e o procurei por todos os cômodos e nada. Nem na garagem o carro dele estava. Dessa vez ele foi sem deixar uma carta, um bilhete, ou um recado qualquer que seja. Subi pro meu quarto já na intenção de olhar um lugar e confirmar o que tanto temia. Abri as portas do armário dele e estava vazio, só os cabides estavam ali.

-não! – disse desesperada. – não!

Subi numa cadeira olhando em cima do armário e a mala dele não estava. Quase caí da cadeira de tão desesperada. Desabei em lágrimas. Ele tinha me deixado. Depois de vasculhar tudo descobri que ele havia levado a caixa da nossa filha também. Coloquei as mãos na cabeça desesperada, chorava muito. não acreditava que aquilo estava acontecendo. Por que? por que ele se foi? Fui no banheiro e procurei por pílulas, apenas algumas na tentativa de me matar. Tomei algumas, mas nada me aconteceu. então tomei o pote inteiro. Avistei uma tesoura dentro do armário e a peguei. Olhei pro espelho com raiva de mim e comecei a picotar todo o meu cabelo até ficar bem curto. Depois resolvi tomar outras pílulas, mas fui impedida por uma coisa, uma imagem refletida no espelho, não era muito visível, mas consegui ver seu rostinho. Tudo se escureceu e eu caí no chão apagada.
Acordei novamente no hospital. Olhei em volta assustada e só tinha quatro pessoas no quarto que era um outro paciente com visita que eu nem conhecia.

-estou no céu? – perguntei assustada olhando praquele local todo branco.
-Sua mãe saiu pra comprar café, ela já volta. – disse uma das mulheres da cama ao lado. Eu balancei a cabeça um pouco atordoada. Não, definitivamente não estava no céu. Pouco depois minha mãe apareceu com um copo de café na mão. Ao me ver acordada ela entrou em desespero.
-Minha filha! – e veio correndo ate mim. – você esta bem? – disse ameaçando chorar.
-Estou mãe. Fica calma.
-O que você fez? Por que fez aquilo?
-Fala baixo. – disse olhando pro lado onde as pessoas aprestavam atenção e viraram o rosto sem graça ao me verem olhando pra elas.
-Por que tomou todo aquele medicamento? Você tentou se matar?
-Mãe, não quero falar sobre isso.
-Os médicos disseram que se você ingerisse pelo menos mais algumas pílulas você estaria morta.
-Sério? – perguntei me lembrando daquela imagem que me impediu de acabar com minha vida.
-O que você fez com o seu cabelo? – disse pegando no meu cabelo que agora estava curto.
-Ele me abandonou. – disse me referindo ao Gerard. ela entendeu na hora.
-Ele esteve na minha casa, deixou uma carta pra que eu te entregasse.
-Típico dele. Sempre que vai embora deixa uma carta como se isso fosse o suficiente.
-Não o culpe minha filha. Ele está abalado.
-Tudo bem estar abalado. Mas ele podia ter sido sincero e não fugir de mim como diabo foge da cruz e sem me dar explicações.
-Tente se um pouco compreensiva.
-Estou sendo e muito. eu entendo a dor dele, mas...acho que ele não deveria ter feito isso comigo. Ele acha o que? eu também fiquei péssima pelo que aconteceu. também tenho coração.
-* disse depois de um silêncio momentâneo * Eu vou morar aqui agora.
-Aqui? Em Los Angeles?
-Eh. Eu aluguei uma casa perto da sua. Pra ficar mais próxima de você.
-E a casa em Nova Jersey?
-Eu vendi. Na verdade já vinha planejando isso faz algum tempo. Minha casa já havia sido vendida, mas eu pedi um prazo de um mês até eu achar outra casa pra ir morar. Ia te fazer surpresa.
-Você não precisa alugar uma casa. Pode morar comigo.
-Não quero ser um incômodo.
-Não será. Por favor, mora comigo, não quero ficar sozinha.
-Tem certeza? – e eu fiz com a cabeça que sim.

Recebi alta à noite e voltamos pra casa de táxi. Eu ia com a cabeça escorada no vidro do carro e lembrando de quando tentei suicídio. Aquela imagem não me saia da cabeça. Tinha quase certeza que era ela, minha pequena, meu anjinho. Ela me impediu de morrer. Então me lembrei do que ela me disse no seu aniversario “Eu pedi pra ser seu anjo pra sempre”. Eu abri um sorriso emocionado. Com certeza era ela, meu anjo da guarda. Fiquei tão feliz em saber que ela não estava tão longe quanto eu imaginava, ela estava ali, do meu lado me protegendo. E então não me senti mais tão só me senti mais segura e mais forte.

Naquela noite eu dormi com minha mãe. Ela ficou comigo na minha casa. Acordei na madrugada assustada e emocionada ao mesmo tempo. Minha mãe levantou-se e me viu olhando através da janela que estava aberta e as cortinas balançavam com o vento.

-que foi filha? Aconteceu alguma coisa? Está se sentindo mal?
-Ela se foi.
-Ela quem?
-Nicole. – eu disse sorrindo.
-Do que você esta falando? – disse me olhando assustada.
-Eu tive um sonho com ela. Ela se despediu de mim. Disse que foi a ultima vez que veio me ver, agora iria partir.
-Filha, foi só um sonho.
-Não foi não. Ela veio aqui. Eu sinto a presença dela.
-Filha, Nicole está morta.
-Eh, mas em espírito não. Sabe quando eu tentei me matar? Eu a vi. Foi o que me impediu de não acabar com minha vida.
-Deus! – e ela pôs a mão no coração emocionada.
-Agora me sinto melhor. Ela disse estar bem. – e eu sorri olhando novamente pro céu que estava estrelado.

Sei que muitas pessoas podem me achar biruta se eu lhes contar isso, mas eu tenho certeza que aquilo foi real. Eu realmente vi Nicole e ela veio até mim se despedir. Aquilo foi que me deu forças pra continuar firme.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!