Júpiter escrita por Izabell Hiddlesworth
Notas iniciais do capítulo
As cores vívidas vistas nas nuvens de Júpiter são provavelmente o resultado de reações químicas subtis de elementos na atmosfera, talvez envolvendo enxofre, dado que os seus compostos têm variadas cores. No entanto, os detalhes são ainda desconhecidos.
— Núcleo de Astronomia, Centro Ciência Viva do Algarve
Júpiter tinha olhos estranhos. Cada um era de uma cor, e o direito – cinza gelo – não via nada. Seus cabelos eram de um marrom alaranjado, lisos e repicados. Sua pele leitosa parecia macia ao toque e doentia.
Júpiter, em resumo, era todo estranho.
Tão estranho que fazia Renato, o garoto com a coleção de insetos e bombinhas de asma, parecer normal. O próprio Renato percebeu isso assim que Júpiter pisou na sala do 2.ºD.
Arrastando sua mochila vermelha de rodinhas, Júpiter rumou para a fileira de carteiras na parede da janela. Escolheu o lugar atrás de mim – também porque era o único vago –, deixando as pernas para fora ao se sentar. Bem, ele era alto para um cara de dezesseis anos.
Durante todo o período de aulas, ele se limitou a subir e descer o capuz do moletom quando precisava se apresentar para os professores, sem falar ou olhar para ninguém.
– Quem usa mochila de rodinhas em pleno ensino médio? – Igor inclinou-se para mim na carteira ao lado, abafando uma risada com a mão.
Mas, para mim, um garoto chamado Júpiter, com heterocromia e um olho cego tinha todo o direito de usar mochila de rodinhas no ensino médio.
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