Percy Jackson Filmes escrita por JkTorçani


Capítulo 32
Um passeio pelo mundo do ciúme




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Ponto de Vista de Annabeth

 

— Então você irá com ele... – absorveu Thalia, depois que eu havia contado à ela sobre o convite que fiz à Percy para ser meu acompanhante no 4 de Julho.

— Sim. O que acha?

Thalia bocejou.

— Não acho nada, na verdade.

Ela parecia genuinamente mais calma depois da tarefa de recolher o lixo pela floresta do Acampamento. Nós duas estávamos sentadas embaixo do pinheiro que antes, era Thalia. Observávamos um ovo com tamanho e circunferência de uma bola de rugby, envolto com punhados de palha seca.

— Quanto tempo você acha que leva para chocar? – perguntou Thalia.

— Nunca acompanhei a incubação de um ovo de dragão antes, mas Quíron assegurou que não demoraria muito, talvez ainda reste uma semana, não sei dizer.

— Ele já tem um nome?

— Peleu – respondi, lembrando como Quíron o nomeou.

— Como o pai de Aquiles – refletiu Thalia. Olhei para ela.

— Parece que alguém anda prestando atenção às aulas.

Thalia franziu a testa.

— Por que eu não prestaria?

Pisquei. Repreendi Percy tantas vezes por ser desatento que acabei acidentalmente aplicando o mesmo tratamento às outras pessoas, mesmo que não fosse o caso.

— Por nada. O que você vai fazer no 4 de Julho?

Ela suspirou.

— E se eu não for?

Balancei a cabeça em negativa. Thalia iria ver os fogos de artificio nem que eu a arrastasse para a praia.

— Vou pedir à Grover para ir com você – falei.

Thalia riu.

— Adoro o Grover, mas posso ir sozinha.

— Sozinha? Isso não seria estranho?

— Estranho é eu não achar estranho o fato de estarmos embaixo da minha árvore – disse ela. Eu ri com gosto. Pelo menos agora Thalia transformava um trauma em uma fonte de humor.

Meia hora depois, estávamos no treino de Arco e Flecha, ao ar livre. Tyson estava sentado embaixo de um angico com uma cesta de morangos no colo, seu único e grande olho azul acompanhava as flechas se encravando nos alvos. Clarisse estava ao lado dele, afiando a ponta de sua lança preferida.

Ao meu lado direito, Percy encontrava problemas com o arco. Ao meu lado esquerdo, Thalia acertava as flechas no alvo com perícia. Eu? Bom, eu tenho anos de experiência com arco e flecha. Em outras palavras, não errei alvo algum.

— Essa corda não parece tão versátil assim – exclamou Percy, examinando seu arco – e essa estrutura de madeira não aparenta tanta rigidez.

Revirei os olhos. Ele falou como um perito, mas duvido que saiba alguma coisa sobre versatilidade e rigidez. Percy não precisava de um novo arco, ele precisava de habilidade.

— Eu experimentaria arremessar – aconselhou Clarisse. Todos olharam para ela.

— Refere-se às flechas, eu suponho – falei.

— No caso de Percy, o arco também. Se ele errar não vai poder culpar a rigidez – retribuiu a filha de Ares. Thalia reprimiu um riso, o que irritou Percy.

— Valeu Clarisse – agradeceu ele, sarcástico, mas olhava de cara feia para a filha de Zeus.

Andei para perto de Percy.

— Ei, isso não é muito difícil. Deixe-me ajuda-lo – me postei ás costas de Percy e segurei seus braços, guiando-o até a postura certa de disparo. Como ele possuia apenas dois centímetros a mais de altura do que eu, tínhamos a mesma linha de visão – a flecha tem que ficar à altura do olho que você determinou como dominante, não tem como usar os dois olhos para visualizar sua mira...

— Vai ser tiro e queda para você, Tyson. Literalmente – ouvi Clarisse sacaneando o ciclope atrás de nós.

 - ... mas isso vai proporciona-lo um ângulo melhor do alvo – observei os pelos do braço de Percy se arrepiarem ao meu toque, seu perfume era peculiar e atrativo mas não mascarava totalmente sua fragrância marítima natural, sua respiração parecia sutilmente irregular – sua posição tem que ser perpendicular ao alvo e a linha de tiro – Percy franziu a testa – fique de lado, assim – ajeitei sua postura da forma correta – encaixe a haste da flecha na cavidade do arco, prenda a parte posterior da flecha na corda usando apenas três dedos e leve-a até perto do seu rosto, será um ponto de referência, – conforme Percy estava bem situado em sua linha de tiro, me afastei de suas costas para que ele obtivesse melhor desempenho – agora, respire fundo, mire e... atire!

A flecha de Percy cravou na terceira e última marca do alvo circular, o que foi um grande acontecimento se compararmos ao seu histórico de disparos. Percy geralmente não consegue soltar a flecha do arco.

— Um grande avanço – abracei-o pelas costas fazendo-o sorrir.

— Uau. Temos o Gavião Arqueiro entre nós – brincou Clarisse, o que fez Thalia rir.

— Por que você não tenta? – soltei Percy e ofereci um arco na direção da filha de Ares.

— Desnecessário – respondeu ela avaliando a haste de sua lança.

Percy puxou outra flecha.

— Mais uma vez? – perguntei à ele. Percy sorriu – tudo bem.

Me posicionei atrás dele novamente, para lhe passar novas instruções. De esguelha, pude perceber Thalia nos observando com uma sobrancelha levantada.

Percy atirou outra flecha, que se encravou do outro lado do alvo, um centímetro mais perto do centro do que a flecha anterior.

— Você está aperfeiçoando sua mira. Precisa de um pouco mais de prática – falei.

— Ou um pouco mais de estímulo – ouvi Thalia murmurar baixo, mirando com a flecha em seu alvo.

— O que? – perguntei, branda.

— Prática. Você estava falando sobre prática – disfarçou ela, e atirou a flecha na segunda marca do alvo circular.

— Bem, de qualquer maneira, é sempre mais complexo quando se está lidando com um alvo em movimento – falei à Percy. Ele assentiu.

— Talvez... alguém precise de aulas particulares – disse Thalia.

— É. Não seria uma má ideia – comentei, ignorando a expressão ligeiramente maliciosa que Clarisse havia feito. Percy estava tentando reprimir, sem sucesso, um sorriso.

Ao meio dia, todos se retiraram para o refeitório. Eu estava absorta em uma conversa com Thalia e Grover.

— Você precisa ir – falei à Thalia.

— Já falamos sobre isso, eu não quero atrapalhar o Grover com o que seja lá que ele vá fazer – argumentou ela.

— Ele não terá compromissos, não é mesmo Grover? – perguntei ao sátiro.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Ah, hã, ah... eu...

— Viu? Ele estará disponível – interrompi. Thalia bufou divertida.

— Cadê o seu par? – perguntou ela.

— Onde você deveria estar agora. Se não aparecer aos castigos, eles só vão aumentar. Ainda faltam cinco semanas, não?

— Talvez, se eu não aparecer hoje, Quíron não permita que eu vá comemorar o 4 de Julho – rebateu Thalia.

— Ah, mas você irá em ambos os eventos – falei. Thalia sorriu desafiadora – é sério. Castigo. Agora.

Thalia suspirou derrotada. Eu adorava ganhar uma discussão com pouco esforço. Ela se levantou da mesa.

— Vejo vocês depois.

Grover acompanhou-a com os olhos enquanto ela deixava o refeitório. Quando ela desapareceu de vista, ele se virou para mim.

— Obrigado por isso Annabeth. Achou que eu era incapaz de encontrar um par?

— Não se trata de você, Grover. Eu não quero que Thalia fique sozinha.

— Já parou para pensar que talvez isso a incomode? A maneira como nós cuidamos demais dela. Thalia não tem mais 11 anos, e faz mais de um mês que ela voltou. Ela pode se virar muito bem.

— Diga-me que isso tudo não é porque você tinha outros planos para o feriado – pedi.

Grover bufou.

— Não – ele deu um longo gole em seu suco, emitindo um som de satisfação ao esvaziar a caneca – Então você irá com Percy – ele meditou com o olhar baixo, antes de irromper um sorriso carregado de segundas e terceiras intenções em seus lábios.

— Grover – repreendi.

Sua expressão se tornou inócua.

— Que foi? Só uma observação.

— Sei – murmurei.

Do outro lado do refeitório, Clarisse chegou sozinha para se reunir a um grupo de filhos de Ares.

— Grover, o que você acha de Clarisse? – questionei ao sátiro. Um tipo de pergunta que eu achava desnecessário, nunca precisei da impressão de ninguém sobre ninguém, pois eu sempre tirava as minhas próprias conclusões em relação aos outros – quero dizer, o que você acha dela agora?

Grover franziu a testa.

— Essa pergunta é séria mesmo?

Lancei lhe um olhar austero, o que o fez suspirar.

— Bem, agora— ele deu ênfase à palavra – ela parece OK para mim.

Fiquei esperando que ele prosseguisse, mas não aconteceu.

— É isso? Que raio de resposta é essa?

— Hã, a única que eu tenho. Não é o bastante? – ele deve ter avaliado minha cara de descontentamento – o que você quer que eu diga?

— Eu não sei. Só... ah, ela está bem próxima do Percy ultimamente – foram as palavras mais forçadas que já saíram da minha boca.

Grover paralisou antes de levar sua colher à boca, seus olhos me avaliavam com seriedade antes que ele se virasse para olhar Clarisse que conversava, entretida, com seu grupo.

Meu amigo sátiro irrompeu em um riso engasgado.

— Não acredito – ele ofegou.

— O que, Grover? O que você não acredita?

Ele se inclinou por cima da mesa, com um sorriso comedido.

— Você, com ciúmes de Percy – sussurrou.

Eu ri.

— Vou fingir que não ouvi isso.

— Ah, qual é. Todo mundo sente ciúmes, até mesmo as pessoas mais confiantes, você não seria exceção – Ele não parecia estar fazendo uma provocação. Grover voltou a se ajeitar em seu banco.

— Por que eu sentiria ciúmes de Percy?

O sátiro ergueu uma sobrancelha, mas manteve a expressão neutra.

Baixei meu olhar para o meu prato, vazio. Talvez... talvez eu não tivesse 100% de certeza disso, mas quando alguém sente ciúmes de outro alguém... significa que a pessoa goste demais desse alguém. Em outros casos, pode ser uma obsessão confundida com amor. Ou até mesmo uma simples questão territorial. Isso, talvez eu estivesse apenas sendo territorial em relação ao Percy, afinal ele é meu amigo, não é?

Então por que isso apenas se tratava dele? Quer dizer, eu deveria sentir ciúmes do Grover, Thalia, Tyson, meus irmãos e irmãs porque sou próxima de todos eles. Mas não, só me incomodava quando se tratava de Percy. Eu não podia sequer pensar nele com outra garota...

— Chegou à uma conclusão? – perguntou Grover.

— O que? – franzi a testa.

— Nesse seu momento de análise. Tirou alguma coisa disso?

Mordi de leve a parte interna da minha bochecha, um hábito nervoso que eu ainda mantinha apesar dos anos.

— Grover, eu preciso ir. Vejo você depois – deixei a mesa, o refeitório e Grover sem nem mesmo olhar para trás.

Praticamente marchei pelo Acampamento até idealizar para onde iria em seguida. Apenas um lugar cruzou minha mente com tanta frequência e resolução. Eu iria para o lugar onde ele estaria.

Passei todo o caminho de terra que levava à Casa Grande. Com sorte, Percy ainda estaria cumprindo sua hora de castigo.

Encontrei o baixo portão escuro aberto.

 

E também encontrei... Thalia e Percy no jardim. Abraçados.


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