Percy Jackson Filmes escrita por JkTorçani


Capítulo 25
Chegando em algum lugar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/659048/chapter/25

Ponto de Vista de Tyson

 

 

O tridente era rápido, e não se cansava. Duas coisas que eu e ele descobrimos sermos opostos.

Eu não poderia reclamar demais, é claro, pois agora eu tinha um objetivo. Seguir um tridente mágico.

Bosque, bosque, bosque e mais bosque...

Ás vezes, dá até a impressão que estou andando em círculos. Eu espero que o tridente saiba onde está indo. Eu com certeza não sei.

Também esperava que realmente valesse a pena, já havia se passado quase um dia inteiro desde a conversa com meu pai. Se pelo menos de agora em diante eu não ficasse mais sozinho...

 

Continuei andando por minutos. Meu estômago roncou, peguei minha última maçã que havia encontrado em uma macieira pelo caminho. Minha garrafa de plástico que eu carregava água estava pela metade.

Em momento nenhum tirei meus óculos, eu não podia arriscar que me vissem de novo. Pelo fato de eu ser um ciclope, sou visto como um monstro do pior tipo. Mas eu não sou assim, nunca machuquei ninguém e nem pretendo. Eu só queria que alguém compreendesse isso, e que esse alguém ficasse do meu lado.

 

Três horas haviam se passado, e pela posição que a carruagem de Apolo estava no céu poderia dizer que eram cerca de 11:00 horas. Meu estômago voltou a roncar e dessa vez não havia nada que eu pudesse fazer. O jeito era continuar vagando, pois os bosques não pareciam reduzir, havia árvores para todos os lados e eu podia ouvir o som de um guaxinim solitário rondando por ali.

Meus pés estão me matando, espero que esteja perto de onde quer que seja que esse tridente está me levando.

Andei por mais 800 metros até tropeçar em um objeto, produzindo um som metálico. Olhei para o chão, parecia uma tampa de lixo quebrada e entortada de cor ferrugem, ela estava soterrada na terra. Me abaixei para ver melhor. Deuses do Olimpo. Aquilo não era uma tampa de lixo. Era um pedaço de um escudo grego de bronze.

Sei reconhecer os tipos de metais, pois a maioria dos ciclopes vivem nas forjas de Poseidon, apesar de um nunca ter ido para lá. Em todo caso, era reconhecível que aquele escudo fosse grego, havia gravuras dos tempos antigos da Grécia.

Guardei o pedaço dentro da minha mochila, porque para mim, aquilo havia um significado.

Me virei para continuar seguindo o tridente mágico, e descobri que ele não estava mais à vista.

Droga.

Precisava alcança-lo antes que eu o perdesse completamente. Comecei a correr na direção que eu estava seguindo-o, mas não havia nenhum vestígio dele. Suspirei de frustração e desalento. Agora eu estava sozinho de novo e sem direção.

Chutei uma pedra do tamanho de uma bola de tênis. A pedra voou até onde meus olhos não podiam acompanhar e eu ouvi um outro barulho metálico, só que dessa vez mais estridente.

Andei até o local de onde veio o barulho. Talvez fosse uma outra parte do escudo detonado.

Mas não.

A pedra bateu em uma espécie de tocha. E atrás dessa tocha vinha outra tocha. Haviam quatro delas. E todas estavam apagadas.

Não foram exatamente elas que chamaram a minha atenção. Um pouco mais acima das tochas havia um tipo de portal de madeira, com algo escrito em grego.

Algo que o meu cérebro converteu para “Acampamento Meio-Sangue”.

Um Acampamento? E se...

E se nesse lugar tivesse mortais como aqueles que assustei nas montanhas? Mas então porque um portal escrito em grego antigo? E por que “Meio-Sangue”?

Talvez um Acampamento de índios.

Ficando aqui, parado, eu não obteria nenhuma resposta. Andei até o portal e no mesmo instante que o atravessei fui envolvido com uma sensação estranha, como se tivesse acabado de atravessar uma parede de ar e estivesse agora em outro nível da gravidade.

Minha audição apurada começou a receber vibrações, mas era impossível distinguir qualquer coisa. Era como tentar ouvir uma abelha zumbindo à 1 km de distância.

Comecei a andar pelo caminho de terra que se elevava um pouco conforme minhas passadas. Agora as vibrações em meus ouvidos haviam ficado mais fortes. O que eu faria se topasse com um humano? Ou vários?

Talvez fosse melhor voltar, mas... eu sentia algo diferente em relação a esse lugar. E de todo o jeito o tridente havia desaparecido...

Espera.

O tridente.

E se fosse aqui o lugar onde meu pai queria que eu chegasse? Haveria aqui, o que eu tanto pedira à ele? Companhia? Amigos? Outros como eu talvez?

Foram essas perguntas que me fizeram continuar a caminhar.

Até que... meu olfato me deixou em êxtase puro. Senti a doce essência de morangos. E como se estivesse em transe, comecei a me guiar por esse cheiro maravilhoso. Meu estômago estava roncando fazia três horas e eu sou apaixonado por morangos. Poderia come-los o dia todo.

Enquanto continuava seguindo o cheiro, a vibração em meus ouvidos triplicou. Parecia que de algum lugar havia várias pessoas gritando. Era como estar á quilômetros de distância de um estádio de futebol em dia de jogo. Mas meu estômago começou a doer, e entre correr para gritos e correr para os morangos, eu preferia a segunda opção.

Foi quando eu conheci o Elísio. Sem mais.

Tinha que ser o Elísio. Aquele campo repleto de morangos brilhantes de tão vermelhos, tinha pelo menos 1,200 metros quadrados.

E eu... não perdi tempo.

 

 

Minha ideia inicial não era comer tantos morangos, mas o desejo falou mais alto. Se seja lá quem for o dono desse lugar descobrisse, as coisas iriam mal.

Pronto. Agora minha consciência estava tão pesada quanto meu estômago.

Ainda estava decidindo o que faria quando ouvi alguém pigarrear atrás de mim.

Ah que droga.

Achei que estivesse vendo coisas quando me virei, e que os morangos, muito provavelmente continham alguma substância que me faziam ver corpos humanos acoplados em corpos de cavalos. Isso ou eu realmente estava olhando para um centauro. Considerei que poderiam ser todas as opções.

O centauro que eu não tinha certeza que era um centauro cruzou os braços na frente do peito, com um olhar na beira do severo.

— Então, está apreciando os morangos das plantações?

Pisquei com meu único olho por baixo dos enormes óculos.

— Ah... centauro...

A criatura franziu a testa.

— Bem observador, eu devo dizer. Eu não... reconheço você. Chegou aqui hoje? – perguntou ele.

Gaguejei um “sim”.

— Onde está o seu protetor?

— O quê? – questionei.

— Seu sátiro. Onde ele está?

— Ah, eu... não sei de nenhum sátiro.

O centauro bateu de leve a pata frontal no chão, espalhando a terra. Seu rabo abanava.

— Você poderia, por favor, retirar os seus óculos? – pediu ele.

Engoli em seco. Se eu retirasse os óculos... bem, eu sabia qual seria a reação de um mortal, mas não sabia o que esperar de um centauro.

E se ele não se importasse? Se ele não me repelisse?

Devagar retirei os óculos, revelando a falta de um olho.

O centauro pareceu assustado por alguns segundos, para o meu desespero, mas depois ele desviou os olhos para a direção do portal, por onde eu havia passado.

— Interessante – murmurou o centauro.

— Hã, o que é interessante? – perguntei, timidamente. Talvez o meu único olho fosse interessante.

Ele voltou seu olhar avaliativo para mim.

— Me acompanhe... qual o seu nome?

— Tyson – respondi – e... desculpe pelos morangos, eu realmente sinto...

— Não se preocupe com isso. Apenas venha comigo até meu escritório.

Concordei com a cabeça, recoloquei meus óculos e segui o galope do centauro.

 

No caminho, não resisti, e fiz várias perguntas à ele. Depois de ter passado a vida toda sozinho e ser praticamente coagido nesse último dia a seguir um tridente que não havia nenhum meio de comunicação, decidi que era bom conversar com alguém, mesmo sem saber quem ele era.

— Qual é o seu nome?

— Quíron – respondeu o centauro.

— Como nos mitos antigos?

— Sim, como nos mitos antigos.

Continuamos andando lado-a-lado.

— Então, esse é o lugar onde os semideuses vivem?

— Sim. Aqui é onde os meio-sangues treinam para que se tornem dignos heróis. Também é o único lugar seguro para eles.

Um lugar seguro. Isso ecoou em minha mente. Um lugar seguro era tudo o que eu sempre pedi, melhor ainda com várias pessoas ao meu redor. Mas eu não sou um semideus, não sei se me aceitariam aqui. E passar de monstro para um digno herói, seria uma metamorfose inviável.

— Sei o que está pensando. Foi por isso que pedi para que me acompanhasse. Você quer ficar por aqui, tudo bem, mas em um caso como esse, a decisão não cabe a mim – disse o centauro.

Olhei para o chão. Tomara que a pessoa que tivesse que decidir fosse condescendente comigo.

A caminho do escritório de Quíron, avistei duas pessoas conversando perto de um banco. Uma garota alta com o cabelo loiro trançado usava moletom azul claro e uma calça jeans, ela estava de costas para mim, porém de frente para um rapaz de pele morena com moletom vermelho. Por um momento aterrador, achei que ele estivesse sem calças, até perceber que as pernas dele estavam cobertas por pelos marrons e que seus pés não eram pés, mas cascos. Reparei, mesmo de longe, duas pequenas pontas acima da cabeça do dele. Um sátiro, como Quíron havia mencionado antes.

A garota loira se virou para sentar no banco enquanto falava alguma coisa com o sátiro. Da distância em que eu estava, pude perceber que a garota era muito bonita.

— Quem são eles? – perguntei para Quíron, mas sem apontar para os dois. Não queria chamar a atenção deles.

— São campistas – respondeu ele, simplesmente – estamos quase chegando. Venha por aqui.

Ele tomou uma direção que distanciou ainda mais os dois campistas do banco.

Andamos por mais 200 metros até alcançarmos um cabo de madeira com várias placas que apontavam para várias direções, quase todas escritas em grego antigo, mas havia uma, bem no meio de todas elas, pintada em azul que se lia “Casa Grande”.

Quíron continuou seguindo pelo caminho de terra onde havia algumas pessoas passando. Chegamos em frente à um pequeno portão preto onde se via uma grande casa marrom com o telhado coberto de folhas, galhos e flores silvestres.

O centauro me guiou até a entrada principal da casa. Lá dentro, ele empurrou uma porta dupla.

 

 

O escritório era um lugar bem bacana, eu teria me sentido confortável se não houvesse um deus me olhando de testa franzida, e se Quíron não abanasse tanto o rabo. O centauro havia me apresentado ao deus Dionisio, pedindo que eu retirasse os óculos.

— Quer dizer que ele simplesmente entrou. Entrou... assim no Acampamento, foi isso – o deus absorveu.

— É, parece que ele tropeçou, na verdade – argumentou Quíron.

— Eu não ligo se ele veio desfilando. Pra quê ter uma barreira de proteção mística se qualquer coisa pode... dá para não tocar nisso, por favor? É que é um Grenache muito precioso – pediu Dionisio quando eu segurei uma garrafa que estava em cima da mesa.

— Eu acho que a questão é que se ele passou direto pela barreira da árvore de Thalia, significa...

— Não diga isso – pediu Dionisio baixinho para o centauro.

— ...que provavelmente é filho de um deus.

Os dois se viraram para mim. O deus do vinho mantinha a testa franzida.

— Tá, mas de qual deus? – perguntou Dionisio.

— Eu sei – informei. Olhei para uma pintura na parede esquerda do escritório, onde estavam retratados os doze deuses olimpianos. Andei até ela, e logo reconheci meu pai segurando um tridente. Apontei para ele – Poseidon.

Tanto o deus do vinho quanto o centauro pareceram impressionados.

 

 

— Então... quem é Percy Jackson? – perguntei à Dionisio depois que Quíron deixou o escritório para buscar este semideus.

O deus estava tirando e colocando garrafas de vinhos em caixotes.

— Um parente seu – respondeu ele.

— Um parente? Como Poseidon? – perguntei, um pouco animado. Esse estava para ser o melhor dia da minha vida.

— Um filho de Poseidon.

— Quer dizer... um... um outro filho de Poseidon? Eu tenho um irmão?

— Mais ou menos isso. Agora se você me deixar, eu preciso arrumar essas garrafas – disse o deus.

— Eu ajudo você – falei. Peguei uma das garrafas em cima da mesa.

— Não, não, não. Não há necessidade... – o deus olhou para os lados rapidamente e pegou um objeto quadrado e negro em cima da mesa e me entregou – aqui, brinque com isso. Mas não toque nos meus vinhos.

Analisei o que tinha em mãos. Reconheci o objeto de quando eu me esgueirava pelos becos de Nova York. Era um tablet. Eu nunca tive um, é claro, mas havia panfletos e propagandas de lojas sobre essas coisas por todos os lugares.

— Ah, o que eu faço com isso? – perguntei ao deus.

Ele suspirou.

— Faça o que você quiser. O botão de ligar está na lateral direita.

Encontrei o tal botão, e a tela se ascendeu como mágica diante dos meus olhos. Apareceram 4 opções escritas em grego antigo, uma embaixo da outra.

“Pesquisar na biblioteca”

“Navegar na Internet”

“Shopping Olimpiano”

“Jogos”

Cliquei na última opção só para ver o que aparecia. Apareceram alguns nomes de jogos. Cliquei em um que se chamava “Age of Mythology”. E comecei a explora-lo.

 

20 minutos haviam se passado. Acabei de descobrir um novo jogo: Angry Harpies. Agora tenho que passar do primeiro nível...

Sinceramente, demoraria para pegar o jeito com aquilo, por isso deixei o aparelho de lado enquanto observava Dionísio polir desnecessariamente uma das garrafas de vinho. Quíron ainda não havia voltado. O que me deixou ansioso.

Andei até um dos caixotes onde o deus estava retirando as garrafas. Comecei a tentar ajuda-lo.

— Deixe isso comigo... – dizia o Dionisio.

— ...quando você cruza uma deidade com uma ninfa, você tem...

Escutei a porta do escritório se abrir atrás de mim.

— Não toque, é um Gewürztraminer. Só não...

Me virei.

E então, encontrei o que havia pedido ao meu pai.

— Oi, irmão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Percy Jackson Filmes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.