Secrets escrita por Kikonsam


Capítulo 9
Roubo.




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No momento em que meus amigos chegaram ao colégio naquela manhã de quinta-feira, percebia-se que eles não estavam bem. Era claro no rosto de cada um deles que algo muito ruim acabara de acontecer. Karine chegou á sala com seu ar de quem está desconfiada com algo. Sentou-se em uma cadeira próxima ao resto de meus amigos, e instantes antes da aula começar, ela falou com eles:

– Então, mamãe chegou em casa e eu tive que consolá-la pela noite inteira. – fala ela. – Foi horrível, mas acho que correu tudo bem. Ela tomou um calmante e dormiu aos prantos.

– Vocês estão loucos? – fala Laís, chegando perto de meus amigos. – Eu acho que deixei bem claro que nunca mais iríamos falar sobre isso. Nunca aconteceu nada. Não podemos arriscar.

No momento em que minha miga Laís sentou perto dos outros, todos pareciam ficar meio chocados com a situação, perguntando-se o que de fato a levou a pensar que poderia sentar perto deles.

– Você meio que não é bem vinda aqui. – falou Daniel, com rosto de mau.

Laís esperava tal reação, esperta do jeito que é. E ela sabia muito bem o que falar:

– Acho que no momento em que compartilhamos um assassinato, nós voltamos a ser amigos. Não me levem a mal, eu só irei contar para todos tudo o que eu sei e foder todos nós. Eu posso ir para a cadeia, mas vocês vão junto. É mesmo, a maioridade penal foi reduzida, não é? Que pena... Então, esqueçam isso e falem comigo como se nada tivesse acontecido, ok?

Meus amigos se espantaram. Laís sabia que não iria se entregar para a polícia por uma amizade besta, mas ela não queria sair dali sem lutar. E meus amigos sabiam que ela poderia fazer de qualquer coisa para conseguir o que quer, afinal, já vimos isso muitas vezes. Ela não iria entrega-los, mas eles acreditavam que ela pdoeria ser capaz disso. Por isso, a conversa voltou para mim:

– Então, vamos continuar a falar sobre Matheus? – perguntou Fernando.

A conversa não fora muito produtiva, afinal, eles pouco sabiam sobre mim. No intervalo, minha amiga Natália não desceu para o pátio. Ela apenas saiu calmamente da sala e andou pelo corredor do prédio, indo para o banheiro feminino vazio.

Ali, minha miga Natália se quebrou. As lágrimas saíram de seus olhos como se estivessem já ali esperando para serem soltas na oportunidade de não haver ninguém por perto. É, Natália está numa situação horrível. Nunca pensara que poderia estar diretamente ligada com duas mortes em uma só semana. Ela meche em seu bolso e tira uma foto 3x4 de Gabriel, seu amor da vida, vendo e revendo o quanto ele era bonito e o quanto ela o amava. Ela sabia muito bem que teria que esconder aquilo para sempre, mas não podia deixar de entrar em sua depressão horrível ao saber que Gabriel nunca mais estaria com ela. E o fato de ela estar diretamente ligada a um assassinato não ajudava na situação.

É, dá pena ver minha amiga assim. Juro, se eu estivesse vivo, a consolaria.

Nesse mesmo dia, no final das aulas, meu amigo Luan excepcionalmente voltou para casa. Subindo o morro pelo bondinho, ele olhou pensando em como foi que ele foi se meter nessas duas mortes: segredos. É, Luan atingiu a certa maturidade sobre os segredos antes de mim. Ele não teve que morrer para saber disso, aprendeu enquanto era vivo.

Ao descer do bondinho e ir andando pelo morro, Luan continuou a ver os meninos da favela. Todos aqueles que ele já vendera drogas alguma vez na vida. Olhando para ele com um olhar de quem entende o que ele faz, e Luan retribuindo olhar. Claro, nenhum deles sabia ao certo do “Branco de Neve”, mas ele não achava que isso seria plausível para os maloqueiros da sua vizinhança saberem sobre seu alter-ego nas noites de sexta, sábado e domingo na boate Sweet Angel.

Naquele começo de tarde, Luan aproximou-se do lance de escadas do morro onde se localiza sua casa, e percebeu ali uma grande aglomeração de pessoas. Geralmente quando isso acontece é porque alguém caiu da escadaria (o que acontece muito) ou alguém fora baleado.

Naquele instante, Luan percebeu que todos se voltavam para sua casa, o que o fez correr subindo as escadas para ver o que todos estavam olhando. Ali, ele entrou em sua casa e deparou-se com uma cena inesquecível:

Sua mãe, Giselda, a linda princesa que relacionou-se com seu patrão e terminou tendo o Branco de Neve, deitada no meio da sala coberta de sangue. Luan não aguentou. Ele definitivamente já vira muito sangue pela semana. Ele foi ao lado de sua mãe, ajoelhou-se e a abraçou, seu cadáver ensanguentado, enquanto ficava aos prantos.

Mas Luan é realista. Sabe que alguém causou isso. E tinha que descobrir. E a resposta não estava muito longe.

Acima de uma pequena mesinha em sua sala, havia um pequeno papel organizado e dobrado, limpo, sem nenhuma gosta de sangue aparente, diferentemente de todos os objetos da sala. Na frente, estava escrito seu nome em letras de imprensa, como as letras de computador.

Ao abrir o bilhete, Luan leu o que tinha escrito:

“Roubou com meus clientes, eu roubo sua mãe.

30 balas em seu corpo. Eu mesmo contei.

Não se meta em meus negócios, se não vai sofrer mais que isso.

–T.”

Luan sabia quem era. Thor. O traficante de 16 anos rival de Luan, no qual os dois brigavam por quem tinha mais clientes. No mundo das drogas, é perigoso roubar os clientes de uma gangue rival. E foi isso que Luan fez, pegou muitos clientes de Thor alegando que suas drogas são de melhor qualidade. (E de fato, são.).

Mas Luan não ia deixar barato. Ele não ia deixar alguém matar a única mulher que ele confia 100% em sua vida e sair impune. Não, meu amigo Luan queria vingança. Branco de Neve iria atrás do Rei Mau. E ele iria atrás disso, nem que seja a última coisa que ele faça.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler! Deixe seus segredos nos comentários ou se consuma com eles! Próximo capítulo no máximo daqui a sete dias!



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