Secrets escrita por Kikonsam


Capítulo 8
Álibi.




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Meus amigos já se viram em situações muito difíceis junto comigo. Como no dia em que quase pegaram Karine olhando no banheiro o gabarito da prova que eu mandei para seu WhatsApp. Ou quando Luan quase caia da escada depois que todos nós decidimos provar LSD, que por incrível que pareça era a primeira vez de Luan tomando também. Ou até mesmo quando todos nós ficamos presos no elevador da escola por três horas. Sim, eu vi minhas amigas seminuas nesse dia.

Mas nenhuma situação que meus amigos passaram juntos superou o nível da que eles estão agora. Minha amiga Laís acabara de entrar no quarto todo sujo de sangue, quando começara a discussão:

– Agora essa coladora de velcro vai entrar nessa com a gente? – grita Daniel.

– Isso é um pesadelo, isso é um pesadelo. – repete Natália para si mesma enquanto roda pelo quarto ensanguentado.

– Não temos escolha. Ela tem que saber. – fala Ju para Daniel.

– Parem! – grita Laís, ainda bêbada, mas ciente da gravidade da situação á sua frente. Todos parecem se calar. – Quem é esse homem?

– Meu padrasto. Ricardo. – fala Karine, ainda se limpando do bolo jogado em sua cara.

– Eu posso estar bêbada, mas ainda tenho ciência da situação por aqui. – fala ela, meio que cambaleando para o lado. - Agora me expliquem a situação.

Todos meus amigos olharam uns para os outros, todos desconfiados se podiam confiar ou não na mais traidora deles. Mas ao final, pareceram concordar em contar para Laís tudo que aconteceu. Afinal, ela já estava inserida mesmo. Tinha que saber da história completa.

– Está bem. Eu falo. – diz Fernando, se aproximando de Laís. – Tudo começou quando chegamos e nos encontramos aqui. Estávamos entrando na casa, quando o padrasto de Karine a chamou para falar com ela.

– Ele me chamou para me perguntar o porquê de eu chamar meus amigos para cá quando eu sabia o que nós fazemos. – fala Karine, deixando as lágrimas caírem de seu rosto.

– Ele abusava de Karine. – fala Ju, mais calma que tudo. – Ele forçava Karine a transar com ele. Ele era um monstro.

– E assim, Karine ficou com uma marca roxa no braço depois da “conversa” com ele. – fala Luan. – Ela disse que tinha batido na quina da parede, mas todos nós sabíamos que não era verdade.

– Então começamos a desconfiar dele a partir daí. – fala Fernando. – Então, quando estávamos conversando sobre Matheus e o suicídio, ele apareceu no quarto de Karine e a chamou. Sabíamos que tinha algo errado. A expressão de Karine era diferente, o jeito como ela saiu do quarto foi estranho. Então demos um tempo e fomos ver o que aconteceu.

– Ele ficou segurando a cabeça de Karine pressionada contra seu pênis. Ela estava ajoelhada na frente dele. – fala Ju. – Ficamos em choque até ele reparar que estávamos olhando.

– Ele empurrou Karine, fazendo ela cair no chão. – fala Luan. – Eu não aguentei. Peguei ele pelos ombros e o joguei aqui no quarto de Karine. Segurei seus ombros enquanto...

– Enquanto nós batíamos nele. – fala Fernando. – Eu cortei cada pedaço dele. Se você for olhar, cada lugar de seu corpo foi cortado. Até o pênis.

– Eu esmurrei ele até sangrar. – fala Ju. – Sério. Não sabíamos o que estávamos fazendo. Eram nossos instintos. Cada um fez alguma coisa contra aquele desgraçado.

– Até eu acertar um castiçal em seu rosto e ele cair desmaiado, ou morto. – fala Natália, quebrando o silêncio que ela fez a conversa toda. – E foi aí que o interfone tocou.

– Não atendemos, estávamos chocados. – fala Ju. – E quando a campainha tocou Karine foi esperta o suficiente para ir, já que ela era a única que não estava melada de sangue.

– Mas pelo visto conseguiu se melar de bolo. – fala Daniel, olhando com nojo para Laís.

– E foi isso que aconteceu. – fala Karine, ainda chorando. – E agora?

– Agora vocês escondem o corpo. – fala Laís, fria como uma pedra de gelo. Sua embriaguez não afetava seu senso.

– Espera, você vai nos ajudar? Depois de tudo? – fala Daniel, incrédulo.

– É o mínimo que eu posso fazer. – fala Laís. – Temos que ter um bom plano. Um álibi, uma forma de poder sair daqui e ter um motivo para seu desaparecimento.

– O que faremos? – fala Natália, preocupada com oque será feito.

– Caralho, vocês vão ficar me devendo muito depois disso. – fala Laís, olhando ao redor enquanto seu teor de embriaguez levemente vai saindo. Parece espontâneo, é difícil de explicar.

– Você já retribuiu. – fala Daniel, frio.

– Eu não matei ninguém, pelo menos. – fala Laís, olhando com raiva para Daniel. – E você pare com essa frescura, por que agora estamos todos no mesmo barco. E outra, eu fiz Larissa gozar como ela disse que você nunca fez!

– Ora, sua puta! – grita Daniel, tentando partir para cima de Laís, mas sendo impedido por Luan.

– Laís, pare! – grita Luan.

– Ok, parei. – fala Laís, rindo mais um pouco. – Não que o que eu tenha dito seja mentira, mas, deixaremos quieto.

– O que faremos? Você tem alguma ideia? – pergunta Karine.

– Que horas sua mãe chega do trabalho? – pergunta Laís.

– Umas 22h. – fala Karine.

– Tempo suficiente. – fala Laís, elaborando um plano brilhante em sua cabeça. – Bem, vamos todos tomar banho e lavarmos essas roupas. Alguns ficam e limpam o quarto. Temos que colocar o edredom da cama de Karine na máquina de lavar roupa, limpar bem o sangue. Depois, vamos ver... – Laís olha bem para todos meus amigos. – Fernando irá colocar roupas de seu padrasto. Vamos esquartejar o corpo dele, e colocar em malas. Pegamos todas as roupas dele e escrevemos uma carta em letras de forma para sua mãe, dizendo que ele achou uma nova mulher. Isso vai ficar ao seu cargo, Karine. Fernando vai descer o elevador com as roupas de Ricardo em uma mala e em outras malas com seu corpo esquartejado, além de um chapéu e óculos escuros para disfarçar. Ele pegará o carro de seu padrasto e dirigirá até um local que decidiremos posteriormente qual será. Daremos uma margem de mais ou menos uma hora até sairmos, pegarmos o carro de meu pai lá fora e irmos até o local onde enterraremos as partes de Ricardo. Depois vamos para a parte mais perigosa do Rio de Janeiro e deixamos o carro com chave e tudo no meio da rua. Qualquer idiota vai roubar o carro. Depois, voltamos para nossas casas.

Todos meus amigos pareceram bem espantados com o plano de Laís. Pareceu muito louco e ao mesmo tempo muito genial para uma pessoa bêbada pensar nisso. Todos olham uns para os outros, mas Daniel é o primeiro á contestar:

– E quais serão os álibis?

– A câmera de segurança mostrando supostamente Ricardo saindo com seu carro cheio de malas e depois nós saindo para ir assistir um filme no cinema com uma boa margem de tempo. Fernando não aparecerá nas filmagens, mas isso será um risco que vamos correr. Se suspeitarem de algo que no caso Fernando sozinho tenha feito, todos nos entregamos. Feito?

Meus amigos gostaram dos argumentos de Laís. Ninguém falou nada quando começaram a limpar o quarto e irem tomar banho. As roupas também tiveram que ser lavadas, levando a todos meus amigos ficarem somente de cueca pela casa até suas roupas estarem secas. As meninas estavam sortudas de Karine poder emprestar roupas suas para elas.

Tudo correu muito bem como o plano dizia. Daniel, Luan e Natália limparam o quarto. Karine e Laís lavaram as roupas e o edredom. Fernando e Juliana ficaram com o pior trabalho: esquartejar o corpo e coloca-lo numa mala de viajem. Na verdade, foram necessárias duas malas de viajem. As roupas ficaram em uma terceira mala e Karine escreveu a carta em letra de forma em menos de dez minutos. Com a carta na mesa, Fernando com as roupas de Ricardo e as malas cheias, tudo deu como planejado. O porteiro até acenou para o carro do suposto Ricardo. Fernando foi bem atuando. Sorte dele que não foi parado por nenhum policial rodoviário na sua tentativa de ir até uma parte da Mata Atlântica perto do lugar onde Natália e Luan enterraram o corpo de Daniel.

Os meus amigos fizeram questão de falar alto para dizer que iam ao cinema quando passaram pela portaria. O porteiro ouviu e muito a conversa deles sobre estarem muito ansiosos para ir assistir “Jogos Vorazes: A Esperança, parte 2”.

Tudo saiu como planejado, e meus amigos chegaram em casa antes das 22:00 com tudo já jogado fora. Haviam se livrado de um corpo, sangue e de uma prisão. Mas eles não haviam se livrado do segredo mais obscuro que eles poderiam ter. Um segredo que chega a poder ser comparado ao meu. Ah, amigos. É bom ver que eles tomaram os cuidados que eu não tomei.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler! Deixe seus segredos nos comentários ou se consuma com eles! Próximo capítulo em no máximo uma semana!



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