Contato escrita por Aleksa


Capítulo 21
Intenções


Notas iniciais do capítulo

Pronto XD, pra mata a curiosidade d td mundo



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Capitulo 21 – Intenções

 

Já era de noite quando eu reencontrei Yura, não era difícil fugir de alguém dentro daquela casa...

- Yura.

- Alice.

Yura caminhou pra trás e se sentou no corrimão de ferro e pedra do corredor.

- Vai tentar me matar enquanto eu durmo. – perguntei.

- Não, justamente por que eu duvido que você venha a dormir...

- Tem razão... – o fato de Yura estar ao meu lado tiraria o meu sono. – Três dias aqui é já está assim...

- E vai piorar... –ele alegou.

- O que você pretende?

- Por enquanto nada, mas não sou do tipo que “perdoa e esquece”.

- Nem espero isso.

- Bom saber...

- Vamos voltar perto da páscoa, não?

- É.

- Ah... Bem, já é tarde, acho que vou tentar dormir.

- Venha aqui. – ele disse me puxando pelo braço.

Os braços de Yura me envolveram num abraço, e suas pernas se prenderam nas minhas costas, ele permanecia sentado no corrimão.

- Yura o que você...

Os lábios de Yura me silenciaram com um beijo, estreitando o abraço ao redor do meu pescoço. Pra me manter em pé eu me apoiei no corrimão onde ele estava sentado, ele sempre me pegava com a guarda baixa, e eu sempre me perdia em pensamentos vagos enquanto a língua de Yura explorava o interior da minha boca...

- Vou fazer isso até você parar de me ignorar. – ele disse se direcionando ao meu pescoço.

Queria me lembrar de como se formavam sentenças completas pra que eu pudesse respondê-lo, mas eu não consegui lembrar de nada, então simplesmente assenti.

Quando seus lábios se soltaram do meu pescoço isso produziu um estalo suave, ele então me soltou completamente e caminhou escada a baixo...

 Não mentiria dizendo que o comportamento passivo agressivo de Yura me desagradava, nem me iludir com falsas esperanças de que com o tempo me acostumaria e aquele desejo insano passaria, pois não sabia mentir tão bem...

Eu não o estava ignorando de fato, mas, existiam coisas as quais eram minha única defesa diante dele, eu precisava manter minhas faculdades mentais de alguma forma afinal...

- Ser uma marionete dos seus caprichos...

Era como eu me sentia, algo que preenchia e atendia aos desejos superficiais de Yura, sei que eu deveria assumir a responsabilidade por minhas escolhas, não poderia culpá-lo por tudo sempre que me revoltasse com alguma de suas atitudes.

Decidi ver o que ele estava fazendo naquele momento, ele estava me provocando propositalmente, conheço aquela mente dele.

- Yura? – eu o chamei no andar de baixo.

- Aqui. – ele respondeu da sala de música.

Eu caminhei até a sala de música, Yura estava sentado no banco do piano olhando para a parede branca da sala com uma aparecia pensativa.

- O que está fazendo?

- Não gosto dessa parede branca.

- Certo... E daí?

- Quer pintar a parede comigo? – ele disse se virando e olhando para mim.

- Pintar a parede? Mas Estela pode não gostar.

- Estela faz todas as minhas vontades. Colocaria esse lugar abaixo se eu pedisse... – ele disse virando os olhos e dando de ombros.

- Bem, se ela não for tentar me matar depois...

- Excelente. – ele disse sorrindo sarcasticamente.

Yura caminhou até uma das estantes e pegou diversos potes com tintas, pincéis, e afins, colocando tudo sobre uma das mesas de mogno, e arrastando o restante dos moveis para longe para que saíssem do caminho e não atrapalhassem.

- Quero pintar com os dedos. – ele disse abrindo um dos potes.

- Por quê?

- Acho bem mais divertido. – ele concluiu dando de ombros.

- Excelente então.

- Prefere pincéis?

- Não tenho preferências, eu lhe disse não gosto de arte.

- Se precisar de ajuda... – ele ofereceu.

- Você será o primeiro a saber, não se preocupe.

- Ótimo.

Ajudei Yura a tirar as tampas dos outros potes, e peguei também alguns panos molhados pra limparmos as mãos...

Os dedos finos de Yura tinham uma precisão melhor que a de pincéis, e dedilhavam despreocupadamente o contorno de uma floresta na parede branca e vazia da sala de música.

- Quantas vezes você já pintou uma parede com os dedos? – brinquei vendo sua destreza para o assunto.

- Você se surpreenderia.

- Vindo de você, nada é surpreendente.

- Estou me tornando previsível? – ele sorriu ironicamente.

- Talvez esteja, e com o tempo eu comece a não me interessar mais por suas atitudes abruptas. – menti.

- Ah... é mesmo? – ele disse num tom desafiador.

- Exatamente como eu disse.

- Audácia sua ofender minhas intenções.

- Que eu sei, e você também, que não são das melhores.

- Nunca disse que eram. Disse que era audácia ofende-las.

- E por quê? Sabendo que é tão vulgar o quanto nós dois sabemos que é, o que torna isso audácia? – eu disse num tom diplomático aristocrático.

- Dizer que minhas tão bem planejadas atitudes voltadas apenas a um fim, tornam-se tediosas, me ofende que diga que nos tornaremos pessoas entediadas ao longo deste “relacionamento” de amor e ódio que temos. – rebateu ele no mesmo tom aristocrático. – Será que ainda não é muito cedo para começarmos a discutir nossos fetiches?

- E você tem algum? – ao ouvi-lo dizer a palavra fetiche em um dialogo, todo o restante se tornou secundário.

Não me levem a mal, mas pensar que alguém com objetivos tão claros quanto ele, pudesse gastar tempo e intelecto pra filosofar sobre assuntos como esse.

- E lhe interessa? – ele disse sorrindo, porém sem olhar diretamente pra mim.

- Me surpreende que você tenha algum.

- E por quê? Não sou tão “profissional” assim.

- Mas, o que o levaria a gastar sua mente num tópico desses?

- Comecei a pensar mais nisso depois que te conheci, imagino.

Eu parei meu raciocínio ao perceber que ele apenas desenvolvia essas “atividades”, pois eu estava disponível como cobaia a todas elas.

- Não entendo por que você se choca tão facilmente, meus desejos não são fáceis de saciar, e além do mais, me entedio fácil... – ele disse me analisando.

- Porque me sinto cobaia de suas “experiências”...

- Você fala como se fosse algo ruim.

- E não é?

- Me diga você. – ele disse me olhando nos olhos. – Se me disser que minhas “experiências” não a agradam, não as farei mais. – completou ele, categórico.

- Você parece se divertir com o meu desconforto, não?

- Sua hipocrisia não pode passar em branco. É muito descarado da sua parte simplesmente fingir que não fica tão ansiosa quanto eu para meus “testes” diários, e que não pensa nisso tanto quanto eu, ou que não fica revoltada quando eu a abandono.

- Se sabe de tudo isso, por que ainda assim insiste em instigar meu sofrimento?

- Por que você tem que deixar de ser orgulhosa e me contar essas coisas por você. Não espere que eu a analise pra saber o que você quer, quero ouvir de você o que a angustia o que lhe incomoda, o que você espera, ou o que precisa. – ele citou convicto. – Caso contrário, simplesmente vou ignorar com a mesma facilidade que ignorei até agora.

  - Pra que? Você sempre sabe o que estou pensando, dizer qualquer coisa vai simplesmente me constranger... – eu disse desenhando pequenas flores azuis ao lado de um carvalho que Yura havia terminado a pouco.

- Comigo?

- É. Você e seus olhos analíticos.

Yura caminhou até atrás de mim, e entrelaçou-me num abraço.

- Ah! Yura suas mãos estão sujas... – eu disse revoltadas nas marcas estampadas das mãos de Yura em meu vestido.

- Não seja limitada. – ele começou. – Você melhor que ninguém devia saber que pode me contar qualquer coisa. Meus olhos quanto a você sempre serão os mesmo. Pois o desejo que arde em mim não se esmorece conforme o tempo passa. – ele sintetizou.

- Detesto quando você toca nesses assuntos.

- E por quê?

- Eu não faço ideia do que responder...

- Aquilo que você realmente sente. Não suavize suas palavras, isso só as torna mais ásperas...

- Bem, nesse caso, eu diria que me sinto secundaria a qualquer coisa que se passe, que seu foco de atenção é minúsculo, que eu detesto esse seu maldito autocontrole! Que perco o sono por sua causa, que não sei o que fazer comigo mesma quando você está por perto... – ele me interrompeu dizendo.

- Calma! Vamos por partes, até onde eu pude acompanhar, você está sintetizando o quando me despreza.

- Não! É exatamente o oposto! Estou sintetizando como não posso mais viver sem você!

- Então não viva.  – ele respondeu de imediato. – Encare seus desejos, não fuja deles, não os esconda de mim, não desvie seus olhos quando os dirijo a você, para de tentar negar as fraquezas que você sabe que tem, e viva essa realidade imaginária comigo...   – ele disse beijando suavemente o meu rosto.

O que eu pensava que ia acontecer? Que eu abriria a caixa de pandora, e depois simplesmente a fecharia? Havia varias coisas em minha vida que me agradavam, mas poucas da forma que Yura naturalmente o fazia...

- Não sei o que lhe responder... – respondi já me perdendo nos braços ternos de Yura.

- Não há o que se responder, encare, aceite, e viva.

- Tem razão...

- Eu geralmente tenho. – ele completou sorrindo.

- Preciso escolher outro toque do meu telefone pra você. – eu disse de sobressalto.

- E precisa ser agora? – ele disse frustrado em como eu deliberadamente destruía aquele clima, cuidadosamente construído.

- Precisa! Vai ser a minha primeira atitude! – respondi obstinada.

- Ai, e depois você fala de mim... – ele disse se atirando na cadeira próxima a ele.

- Não se preocupe com isso, agora que pretendo aceitar esses anseios superficiais, isso se passara com mais freqüência.

- Mais ainda? – ele disse apoiando a cabeça nas mãos. – Desse jeito não seria mais simples se você viesse morar comigo?

- Se você assim o quiser, eu vou.

- Me surpreende esse seu comportamento subserviente.

- Conversamos sobre isso depois, agora tenho que encontrar meu telefone. – completei saindo da sala.

Caçei meu telefone por toda parte, quando me ocorreu a mais simples das ideias: Yura!

- Yura! – gritei correndo em direção a sala de música, onde Yura se encontrava sentado com os pés no encosto do sofá mexendo no meu telefone.

- Sim? – ele disse irônico.

- Se estava com você por que não me disse? – respondi revoltada.

- Você não perguntou, e também não me deu tempo de dizer nada...

- Como posso tomar alguma providencia se você não coopera?

- Costumo não ser cooperativo mesmo.

- Ah, é sim. – complementei. – Mas em situações distintas.

- Eu disse costumo. E desde quando observa meus hábitos de “cooperação”?

- Desde o seu aniversario. Mas de qualquer forma, devolva o meu telefone.

- Tire-o de mim. – ele desafiou sorrindo irônico.

- Se eu o fizer, não voltarei a mexer nele por algum tempo...

Ele nem se deu ao trabalho de negar coisa alguma, ambos sabíamos que era fato, ele não iria me deixar mexer naquele telefone por algum tempo, mas, estava disposta e decidida a mudar o meu toque de telefone, por isso, pro inferno com a moralidade!

- É, moralismo sempre foi inútil.

- Comigo pelo menos... - ele disse dando de ombros.

- E de quem mais eu poderia estar falando...

Caminhei até Yura do outro lado da sala, o que mais eu poderia fazer? Suas propostas não eram tão simples de serem negadas...

- Mas sinceridade é ótimo. – ele disse se referindo a minha nova atitude quanto a aquilo tudo.

- Se você diz. – eu respondi beijando-o como sempre quis fazer.

Sem meu senso de ética pra me atrapalhar, era muito mais fácil encarar aquilo.

- Você ainda não se olhou no espelho, não é mesmo?

- Por quê?

- Veja você mesma. – ele disse puxando um espelho da mesa ao lado do sofá.

- O que é isso?! – respondi frustrada ao ver a grande marca roxa em meu pescoço.

- O que parece que é?

- Parece um hematoma! Como você espera que eu explique isso?!

- Pouco me importa como vai explicar. – ele disse déspota. – Só que não é justo que só você deixe marcas em mim... – ele respondeu fazendo biquinho.

- Nenhuma delas foi proposital!

- E daí? Essa foi. E ainda digo que faria de novo. – ele disse rindo.

- Ah, que seja... Não quero pensar nisso agora.

- Muito melhor, odiaria que esse momento fosse interrompido por uma síncope.

- Você tem lindas prioridades.

- Minhas prioridades não são essas... – ele completou sorrindo novamente.

- E quais são?

- Ah, sinto muito, mas esse tipo de coisa não se deve dizer em voz alta...

- E desde quando você liga pra o que “se deve” fazer?

- Apesar de estar certa, não vai ser tão fácil assim me fazer contar...

- Detestaria jogar verdade ou desafio com você. – comentei aleatoriamente.

- Sempre escolho desafio, mesmo assim é chato, as pessoas são muito legais comigo.

- Ah sim...

- Acho que você é a única pessoa que realmente pega pesado comigo.

- E não é por isso que você me tem?

- É verdade, minha vida seria muito cansativa sem você.

- Bom saber que te divirto.

- Nem precisa, agradeça-me de outras formas. – ele disse entrelaçando os braços ao redor do meu pescoço.

- Realmente, suas prioridades são estranhas...

- E não é por isso que você me ama...? – ele disse me beijando.

Eu gostaria de responder, mas seus lábios não me deixaram para que eu pudesse fazê-lo, mesmo que eu não quisesse que ele o fizesse.

Suas mãos vagarosamente se dirigiram a frente de minha blusa.

- Não tem botões... – eu disse interrompendo.

- E como eu tiro isso? – ele disse revoltado.

- O zíper fica atrás...

- Ah...

Suas mãos circundaram meus quadris, ele estava terrivelmente perto, e, ainda assim distraia-se encontrando a ponta do zíper do vestido... Já comentei como odeio esse autocontrole?

Sua mão direita desceu juntamente com o fecho do zíper em seguida subindo lentamente ao toque de apenas dois de seus dedos em minha pele.

Gostava da forma que Yura se movimentava, em todos os aspectos, como seus lábios sempre eram os culpados pelos delírios febris que eu chegasse a ter, como ele naturalmente deixava transparecerem tudo que lhe ocorresse, que sentisse vontade de testar, que eu sentia fluir em minhas veias um veneno em pequenos choques elétricos todas as vezes que ele me tocava.

 Adoraria saber seus limites, a linha tênue entre a realidade e a fantasia que eu sempre podia ver em seus olhos, naquele lindo reflexo azulado, enquanto eu lentamente me perdia em caricias cálidas...

Era como lutar contra a gravidade, como tentar fugir de sua própria sombra, impossível, você nem sequer queria tentar, sabe que não pode, que nunca vai se desfazer disso, são fatos passivos e inexoráveis da realidade, e tudo o que eu podia ou queria fazer era me render a cada um daqueles monstros que habitavam a minha mente, tal como a calma de Yura, lentamente ia me envenenando com o mais doce dos venenos: a luxúria...

- Sempre acabo filosofando sobre a minha vida quando estou com você... – eu disse enquanto minha adrenalina chegava a níveis críticos.

- Se me disser se isso é algo bom ou ruim, me responsabilizo do resto.

- Não sei se quero que você mude alguma coisa...

Yura sorriu ironicamente como sempre, por saber que meu autocontrole já havia se desfeito em milhares de fragmentos.

Finalmente a adrenalina terminou de dominar o meu cérebro, tirando-me o chão, criando um espaço branco entre o que eu sentia e a realidade que se abstraia, me deixei levar naquele momento, seria tão inútil me controlar agora, além do que, manter as aparências na frente de Yura só seria um sinal de como sou fraca...

Yura desenhava flores nas minhas costas com os dedos, cantarolando calmamente.

- Você não está usando tinta, está?

- Não, se estivesse você sentiria, não acha?

- Não, não estou completamente certar disso...

- Ah. – ele completou divertindo-se em ver como estava anestesiada.

- Estou cansada, agora eu realmente preciso dormir.

- Sinto por ter sido tão violento, mas já faz tempo que não lhe faço nada propriamente, esse efeito acumulativo é entorpecente, acabo por ser mais violento que o necessário.

- Certo, certo. Vou me deitar.

- Faça isso, você deve ficar um pouco dolorida quando acordar.

- Você não está cansado Yura?

- Não, tenho muito mais disposição que você, que como eu disse, é acumulativa.

Yura estava apenas com uma das muitas calças pretas dele, deitado de bruço no sofá, com as pernas cruzadas mexendo-as no ar.

- Yura, estou começando a me sentir velha... DE NOVO.

- Não preste atenção, sei que não sou normal, vá dormir, vou ficar aqui por mais alguns momentos...

- Certo...

Era bom estar conformada com a minha realidade, e com isso era a sensação constante de pedofilia, apesar de que o “abusado” quem era o culpado, as ideias sempre eram dele.


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