Contato escrita por Aleksa


Capítulo 18
Transtornos (Yura)


Notas iniciais do capítulo

Eu só vou postar mais esse hj pra q as pessoas n fikem morrendo d curiosidade :p



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Capitulo 18 – Transtornos (Yura)

 

Eu não sabia como ou por que eu me sentia tão perdido e angustiado. Eu sabia duas coisas com certeza, primeira: se essa dor que eu sentia ao ver Alice cada vez mais distante não sumisse, eu provavelmente ia chorar. E nesse caso eu me odiaria profunda e eternamente por ser tão fraco. E número dois: Que nunca desejei tanto alguém que tecnicamente já era minha. Mas, eu não tinha estabilidade pra fazer nada, e a cada momento que se passava meu coração batia mais e mais rápido, e aquela tormenta me fazia querer gritar...

- Yura? – Alice perguntou ao ver minhas mãos trêmulas e meus olhos atormentados.

Quando me dei conta, grandes, pesadas e quentes lágrimas escorriam pelo meu rosto... Malditas fraquezas! Por quê? Por que eu simplesmente não podia mais esperar? Não era primeira vez. O que estava acontecendo comigo afinal...?

- Alice... – eu disse vendo as gotas pesadas caírem no lençol da cama. – Por quê...?

Fazia anos que eu não chorava... Por que agora? Por que esse peso no meu peito estava me fazendo soluçar? Por que eu sentia como se fosse despedaçar... Nada de mais tinha acontecido afinal...

- Yura... – os olhos de Alice estavam preocupados.

Alice atravessou o quarto e me envolveu num abraço, eu não sabia o que fazer, não sabia o que pensar...

- Eu não quero te perder... – eu arranquei de algum lugar no fundo da minha garganta.

De onde estava vindo aquilo? A dor que eu sentia iria me enlouquecer em breve, por que eu não queria que ela fosse? Por que era tão importante? Ela não havia dito nada...

- Você não vai me perder. – ela disse num tom de voz quase maternal.

- Por que dói tanto? – eu disse perturbado com como eu me sentia despedaçar.

- Eu não sei. Mas eu não vou sair daqui...

As palavras dela soaram pesadas aos meus ouvidos, acalmando ou incentivando aquela insanidade, tudo que posso dizer é que depois disso me deixei despedaçar nos braços dela, chorando como uma criança, me entregando aquela angústia meio-amarga que me devorava por dentro.

Eu começava realmente a cogitar a possibilidade de que fosse bipolar, era estranho de mais para mim não ter o controle de meus próprios corpo e mente, sempre foi fácil conter minhas emoções, por que agora eu estava caindo tão profundamente em anseios os quais nunca tive, e buscando amparo nos braços de alguém? Por que o respirar suave e os braços de Alice envoltos carinhosamente ao meu redor arrancavam isso de mim?

- Está se sentindo melhor? – Alice perguntou acariciando meu cabelo com a ponta dos dedos.

- Tenho medo...

- De que?

- De me acostumar com isso... – eu disse pensando em como seria terrível se eu começasse a gostar daquele abraço.

Ela ficou em silencio, ela sabia que minha mente e coração congelados, não permitiriam que esse carinho tão reconfortante me tornassem dependente de braços os quais poderiam me deixar... E mesmo sabendo disso, eu não a deixaria, aquele abraço era tudo que mantinha minha mente funcionando e meu coração batendo... 

- Eu a odeio Alice...

O abraço de Alice se afrouxou levemente, ela regulou a própria voz ao dizer:

- Por quê?

- Por me fazer depender tanto de você...

Alice não parecia esperar essa resposta, sua expressão chocada me olhava nos olhos procurando sinais de que eu estivesse mentindo... Quem dera eu se estivesse, aquele suave sofrimento que me aquecia, muito bem poderia cravar uma estaca no meu peito. Como eu poderia lutar contra um desejo que havia deixado de ser carnal...?

- Yura...

- Por favor, tudo o que eu quero é que essa tormenta se silencie... – eu disse fechando os olhos. – Acabe com essa dor Alice... Antes que eu me vicie nessa doce agonia que você me faz sentir...

Os olhos de Alice se estreitaram, ela estava pensando no que fazer... Eu não posso culpá-la, mas eu simplesmente estava definhando, dentro de uma insanidade cálida, eu via aquele veneno correndo nas minhas veias, e arrancando os espinhos da minha consciência quase morta...

- Tem certeza Yura...? – meus motivos não haviam tirado todos os temores dos olhos de Alice.

- Não. Mas não pare por isso... – eu disse tentando ignorar o arrepiar de minha espinha e o bater desregulado do meu coração.

Alice ficou em silêncio, seu rosto adquiriu um olhar terno, comecei a pensar no que isso poderia trazer, tanto de bom quanto de ruim, por um lado eu saberia como é, por outro eu estava fugindo da minha própria dor, o que não a faria sumir, só me faria esquecer dela por algum tempo...

Eu comecei a abstrair, meu pensamento vagou por um tempo enquanto eu permitia que Alice desabotoasse a minha camisa, minha mente ficou vaga e eu me permiti simplesmente seguir os passos seja lá qual fossem de Alice.

As mãos de Alice deslizaram pelos meus ombros descendo ao longo dos meus braços e levando minha camisa com eles. Os olhos de Alice tinham uma seriedade serena, o que aos poucos começou a me distrair, nunca estive tão perdido, e continuava sem querer me encontrar.

Em minha mente com os lábios de Alice no meu pescoço eu simplesmente repetia: “arraste-me para o inferno”, “arraste-me para o inferno”. Era tudo completamente novo, com as pontas dos dedos Alice percorreu toda a extensão da longa cicatriz que tenho nas costas, o gelar de minha espinha acompanhava o caminho dos dedos dela, e ela por sua vez testava as minhas reações, sempre transpareci todos os meus desejos, todos os impulsos, todos olhares, sons, respirações... E tudo isso estava se desestabilizado, estremecendo o leve equilíbrio da minha mente em pedaços.

Alice cuidadosamente analisava cada uma de minhas fraquezas, até delicadamente se aproximar do zíper do meu jeans, eu já estava me sentindo tão profunda e irremediavelmente apaixonado por essa situação, que não cheguei a prestar atenção nisso.

- Seus olhos parecem perdidos... – ela comentou observando meus olhos azuis turvos.

Tenho certeza de que ela deliberadamente fazia isso pra aumentar a minha tormenta, e eu queria, precisava, dependia de toda a tortura que ela me impusesse...

- Não é necessário que você faça isso pra me atormentar... – eu disse sorrindo melancolicamente. – Já me sinto suficientemente torturado sem isso.

Ela sorriu sarcástica, numa aparecia de diversão, e quanto mais ela demorasse, mais cruel seria pra mim, eu sei o quanto a paixão humana pode ser efêmera...


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