Contato escrita por Aleksa


Capítulo 17
Fraquezas




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Capitulo 17 - Fraquezas

 

 

- Será que eu estou ficando louca...? – eu me perguntei enquanto saia do quarto.

Yura estava me influenciando a seguir àquela loucura tempestuosa, ele iria acabar me enlouquecendo, ou o inverso...

O ar rarefeito estava me causando algum efeito colateral! Eu esperava e torcia pra que ficasse pior, e ao mesmo tempo queria que tudo isso tivesse um fim.

Me sentei no sofá e esperei que alguma coisa iluminasse a minha cabeça nebulosa.

- O que eu quero afinal...?

- Alice... – Yura disse saindo do quarto.

- Yura...

Houve um momento de silencio desconfortável, nem mesmo Yura sabia o que dizer.

- Talvez eu tenha pegado um pouco pesado...

- Mas eu gosto...  – ele disse sem me olhar nos olhos.

Eu não sabia como responder as expectativas, quaisquer que fossem de Yura, havia uma lacuna de até onde eu sabia que Yura iria... Mas depois...

- Eu não te entendo Yura...

- Por que não? – ele disse sentado numa poltrona próxima dele.

- Você não agüenta surpresas como essa, mas não me pede pra parar.

- É que... – ele se interrompeu, mordeu o lábio, quase como se pensasse no que estava pra dizer.

- É que...?

- Isso tudo, é muita novidade pra mim...

- Novi...dade?

- É... – ele disse corando com sua própria afirmação, Yura não gostava de demonstrar suas fraquezas...

- Como novidade?

- Eu normalmente, não costumo ser tão... Vulnerável. – ele disse ainda sem olhar nos meus olhos.

- Vulnerável...?

- É... – Yura brincava com os bordados da almofada que estava em seu colo.

- E... É minha culpa? – por alguma razão foi muito divertido dizer isso.

- Acho que você é minha criptonita... – ele disse sem me olhar nos olhos de novo.

Foi fascinante ouvir isso, a ideia de ser a fraqueza de alguém como Yura era atormentadora e ao mesmo tempo fantástica.

- Diga alguma coisa, estou ficando sem-graça... – ele disse se encolhendo no sofá.

Eu comecei a rir, rir muito, desesperadamente, até que se esgotasse o ar nos meus pulmões. Eu me levantei caminhei até Yura e o abracei ainda rindo.

- Adorei!

- Hum... – Yura NÃO SABIA O QUE DIZER!

Isso era a coisa mais inexplicável e incrível que eu jamais poderia supor que durante todo esse processo nunca aconteceria.

Demorou um pouco até que eu me normalizasse, me sentei ao lado de Yura no sofá, ele deitou no meu colo, e ficou em silêncio.

- Sabe, é bem legal ficar sozinha com você. – eu disse quebrando o silêncio do ambiente. – E você fica uma gracinha quando está envergonhado. – eu disse rindo de novo.

- Hum... – ele disse se encolhendo.

- Yura o ar rarefeito está te fazendo passivo é?

- Não sei, mas estou feliz assim...

Ele ficava tão bonitinho quando não estava sendo malvado!

- Ai ai. Desse jeito eu vou ter que achar formas de me divertir com você assim... – brinquei.

- Vai me amarrar e fazer maldade comigo? – ele disse não muito concentrado.

Eis ai uma coisa na qual eu não tinha pensado, mas eu não faria isso, apesar de tentador eu me arrependeria depois...

Os nossos celulares tocaram praticamente ao mesmo tempo.

- Alô. – nós dissemos em uníssono.

- Alice? – perguntaram no meu telefone.

- Yura? – perguntaram a Yura.

- É. – dissemos em uníssono novamente.

- Como vão as férias? – era Sarah, preocupada que eu estivesse enclausurada em casa.

- Ah, vão bem. – disse, me controlando pra não rir. – Até que estou me divertindo... – eu disse olhando pra Yura que se encolheu de novo.

- E ai Yura? Aspen é divertido? – me parecia ser Estela.

- É sim...

- Você e Alice estão se dando bem?

- É, creio que sim...

Eu estava me divertindo horrores com a cena, e já começava a pensar no que faria assim que desligasse o telefone. Será que é assim que Yura se sente? Por que se for assim, ser maldoso é incrível!

- Que bom Alice! Tente não ficar muito em casa!

- Certo, mas acho que vai ser difícil. – eu disse olhando a nevasca pela janela.

- Por que?

- Não sei, tenho meus motivos pra ficar em casa...

- Arrumou um namorado?! – ela berrou no telefone.

Sarah falou tão alto que Yura pode ouvir e virou a cabeça, ignorando a pessoa que falava com ele no telefone.

- Só liguei pra saber se estava tudo bem mesmo Yura.

- Certo... – ele disse sem desviar o olhar de mim.

- Você não precisa me dizer nada Alice, quando nós voltarmos eu e as meninas a interrogaremos...

- Certo Sarah... – eu disse querendo encerrar o assunto.

- Certo até logo.

- Até...

Assim que desliguei o telefone, Yura me olhava com olhos ansiosos, se eu fizesse aquilo que estava pensando...

Yura estava em silêncio, desde que desligou o telefone não havia dito nada, das duas uma: ou ele estava jogando comigo como sempre, ou realmente ele esperava alguma coisa. Eu estava torcendo pra ser a segunda.

- Então... – ele disse saindo do silêncio e me tirando de meus pensamentos. – Acho que vou dormir agora...

Ele se levantou e se virou em direção ao quarto, tudo foi muito rápido e em câmera lenta. Eu o agarrei pela cintura e o puxei pra perto, sem dizer nada, eu o senti prender a respiração. Essa cena não estava certa, devia ser o oposto, que inversão de papeis era essa? O que tinha acontecido comigo? O que tinha acontecido com ele? E por que eu não estava ligando a mínima pra nada disso? É, eu realmente estava em uma overdose de informação...

- Yura...

- S-sim? – ele disse prendendo os braços sobre os meus.

- Isso não está certo...

- Você também acha...?

- Será que... – eu disse em duvida.

- Hum?

- Nós não poderíamos viver isso agora, e nunca mais tocar nesse assunto quando voltarmos pra casa?

- Eu concordo... – ele disse abaixando a cabeça e olhando pro tapete.

- Muito bem... – eu disse me rendendo aos horrores de minhas criativas, porém medonhas fantasias...

As mãos de Yura estavam trêmulas, eu tinha a impressão de que acordaria em casa morrendo de medo de mim depois de um sonho perturbador...

- Nunca pensei que fosse ver essa cena... – eu disse não me conformando com a situação.

- Alice... – ele disse meio incerto. – Pare de falar e me leve pro quarto... – ele completou em um fio de voz.

- A essa altura acho que seria o mais sensato... – concordei.

- Nem estava pensando nisso. – ele disse desviando o olhar.

- Entendo...

Eu estava tão atordoada que não faço ideia de como chegamos ao quarto, minha mente já compunha uma ideia do que se seguiria, sem Yura pra guiar minha mente me senti perdida... Não por que eu precisasse de alguém pra me guiar em algo assim, mas... Talvez pelo fato de ser Yura era difícil imaginar algo que fosse fazê-lo... Feliz? Era uma insegurança de que talvez eu o decepcionasse. Normalmente ele era o responsável de instigar toda a “inspiração” que eu necessitasse, eu raramente estava pensando tão claramente quanto estava agora...

- Alice? – Yura perguntou pensando que talvez meu cérebro tivesse finalmente se despedaçado e entrado em curto com a sobre-carga de informação...

- Hum? – perguntei retomando minha mente.

- Tudo bem?

- Ansiedade faz mal...

- Mas...

- Mas nada. Não tem nada que você já não tenha visto...

Yura se encolheu corado com o comentário.

- Yura se continuar assim vou me sentir uma pedófila estupradora... – eu disse suspirando frustrada.

- Desculpe...

- Eu OFICIALMENTE me sinto uma pedófila estupradora...- eu completei soltando-o e me sentando na borda da cama.

Apesar de divertido, eu já era suficientemente traumatizada com o fato de que dormia com alguém mais novo que eu... COM FREQUENCIA!

- Acho que preciso de ar... – eu comentei me levantado.

- Alice... – Yura disse com olhos de culpa. Mas culpa pelo que?

- Não é sua culpa Yura, é só que... Não sei o que eu faço... Não tenho tanta atitude assim.

- Mas, não é a primeira vez.

- Nesse esquema é...

- Como eu posso ajudar? – ele parecia determinado a um diagnóstico.

- Ajudar? Yura qual seria o tipo de “ajuda” que se presta nesses momentos?

- Não sei, talvez você queira que... – eu o interrompi dizendo.

- Não me diga. Acho que já entendi...

- Mas...

- Yura eu imagino que entendo o que você quer. Mas não sei se AGORA seja o melhor momento pra isso. Não tenho tanto estômago quanto você...

- Eu ainda quero você... – ele disse olhando pra baixo, com a aparência de uma criança rejeitada.

A afirmação caiu como uma bomba no meu sub-consciente, Yura estava no meio de uma crise de abstinência? O que é compreensível, considerando o “padrão” de vida que nós assumimos desde que nos conhecemos, faziam semanas que Yura não chegava nem perto de mim, as provas estavam matando a nós dois, tanto, que nenhum de nós tinha condição psicológica pra suportar algo assim, eu sinceramente só o via na escola!

- Eu também mas...

- Mas o que? – ele disse frustrado. – Você está se cansando de mim?!

Seus olhos adquiriram um tom de súplica, medo de qual seria a minha resposta a seguir, se eu realmente já estivesse cansada dele. O que era fisicamente impossível, se ele estivesse pensando com clareza saberia disso...


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