Contato escrita por Aleksa


Capítulo 11
Manhãs




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         Capitulo 11 - Manhãs

 

Domingo, eu acordo não só na casa como também no quarto de Yura, se eu não me lembrasse exatamente de cada detalhe da noite anterior, talvez eu até ficasse assustada... Mas só se eu não me lembrasse de tudo tão bem...

No escuro eu tateava o ambiente em busca de um abajur, estava escuro pois Yura tinha fechado tanto as janelas quanto as cortinas, ele não gostava de luz quando ia dormir.

- Dentre todas as coisas que ele podia não ter, por que um abajur tinha que ser uma delas? – eu disse, praguejando no escuro.

- Hun...

Yura se mexeu um pouco e acendeu um dos dois abajures que estavam na parede...

- O que foi? – ele disse, choramingando e esfregando os olhos.

- Nada, só estava procurando um abajur.

- Os abajures estão na parede. Mas você não deve ter percebido isso ontem...

- Yura, será que dá pra você parar de jogar isso na minha cara?

- Jogar na cara o que? Eu nem estou reclamando. Aliás você tem meu total apoio pra repetir sempre que quiser. – ele debochou se deslocando até mim.

- Você deve ser doente Yura...

- Você tem tanta moral pra falar qualquer coisa quanto eu.

Nisso ele já estava me abraçando, eu estava sentada na borda da cama, e Yura estava com os braços entrelaçados na minha cintura, beijando minhas costas...

- Yura, são onze e meia da manhã, se controla.

- Vou me esforçar.

Ele se afastou devagar e caminhou até o banheiro, se espreguiçando de costas com uma calça que eu não faço idéia de quando ele colocou, eu podia ver claramente a grande cicatriz ao longo de suas costas, era como um longo corte de faca, que tomava toda a extensão de suas costas, de uma ponta a outra na diagonal, eu o acompanhei até que ele entrasse no banheiro, e fechasse a porta.

Como eu tinha certeza que ele não se preocuparia com a minha presença no quarto quando voltasse, peguei novamente um dos lençóis e caminhei até o corredor.

- O que será que aconteceu...? – eu me perguntava pensando na cicatriz em suas costas.

Minha mente logo perdeu esse tópico, começando a vagar no que havia acontecido na noite anterior... Como eu tinha perdido tanto assim o controle? Tá certo que ele tinha me manipulado como sempre... Só que eu não imaginei que as coisas pudessem perder tanto assim o rumo... Que EU pudesse perder tanto assim o rumo...

Na sala de Yura, a grande janela deixava a luminosidade entrar, todos os presentes estavam sobre a mesa, inclusive a minha caixinha de fita roxa... Amarrei o lençol no pescoço parecendo um vestido longo e fui até o sofá.

- Que lugar grande... – eu parei olhando a vasta sala de Yura.

Me sentei no sofá e fiquei olhando pela janela. Em pouco mais de um mês a minha vida ficou uma bagunça. E o pior, eu me apaixonei pelo meu sequestrador...

- Ai está você. – Yura disse abrindo a porta do corredor, todo de branco e com roupas bem leves.

- Yura, você está parecendo um fantasma.

Com as roupas brancas, a pele, olhos e cabelos claros Yura estava a cara de um fantasma... Um fantasma muito sexy, claro...

- É mais confortável. As minhas costas vão me matar...

- Quer que eu faça uma massagem? – logo em seguida eu me dei conta: “mas o que foi que eu disse!”.

- Não. Se você me tocar as coisas não vão acabar bem...

- O que quer dizer?

O meu juízo gritava: “cala a boca!”.

- Você que sabe. – seus olhos diziam tudo. Se eu o tocasse de novo, não ficaria por isso mesmo...

- Oh... Falando desse jeito...

O fato de Yura ter consciência de suas “fraquezas” me assustava, óbvio, eu só estava sendo hipócrita...

- Acho que vou tomar banho... – eu disse desconversando daquele clima...

Eu caminhei através do corredor até passar por ele, que agarrou o meu braço e me beijou... O hálito dele tinha gosto de menta... Por que ele tinha que ser tão tentador de todas as formas que eu conheço...?

- Volte logo... – ele disse me soltando.

- Certo...

Meu corpo já não tinha como recusá-lo, eu já estava afundada demais pra sair e fingir que nada aconteceu...

Passei o tempo do meu banho pensando em duas coisas: no que eu havia me metido, e o que eu vestiria depois do banho...

- Devia ter calculado isso...

Quando sai Yura estava sentado na cama segurando um cabide... Primeira reação;

- AH!

Segunda reação:

- O que foi Yura...? – eu perguntei um pouco desconfortável com a presença dele lá...

- Você pode usar. A menos que queira ficar assim... Eu particularmente prefiro assim. – ele disse com um sorriso mal intencionado...

- Acho que eu prefiro me vestir...

Estendi minha mão e peguei o cabide das mãos de Yura, que permaneceu sentado lá, exatamente como estava...

- Yura...?

- Hum?

- Com licença?

- O quarto é meu. A casa também. E você também... – ele disse me medindo de cima a baixo, ainda com o mesmo sorriso.

Qual é a dele? Pelo amor de Deus! Será que eu não podia ficar relativamente longe dele, nem pra me vestir...?

- Deixe de ser hipócrita. – ele disse se levantando.

- Não é hipocrisia...

Yura inclinou de leve a cabeça para o lado, depois andou até mim e disse.

- Solta a toalha Alice. – ele estava mortalmente frio, o que foi assustador.

- Mas...

- Alice, agora. – ele não estava sugerindo, ele estava mandando.

Meu rosto ficou vermelho, ele estendeu a mão, e pegou a toalha das minhas mãos, depois respirou fundo e disse:

- Viu? Nem foi tão difícil... – com um olhar muito objetivo, porem não assustador como antes.

 - Hum...

Depois disso eu me vesti, com Yura ainda no quarto, só faltava fechar o zíper do leve vestido de seda que ele havia me dado.

- Você pode... Fechar pra mim Yura? Eu não alcanço.

- Claro. – ele disse descruzando os braços e caminhando até mim de novo.

Ele pegou na parte de baixo do vestido e puxou o zíper devagar até chegar em cima, depois ele apoiou a cabeça na minhas costas e disse;

- Por que você parece ter medo de mim...?

- O que?

- Do que você tem medo?

- N-Nada.

- Mentira.

Ele nem sequer precisou olhar pra mim pra dizer isso, mas, a verdade era que nem eu poderia dizer o que em Yura era tão opressivo a ponto de me assustar...

- Eu não sei Yura...

- Você é minha cúmplice, confie em mim, como eu confio em você... – ele disse me abraçando carinhosamente.

Ouvir que eu tinha a confiança dele fez o meu coração bater mais rápido, essa era umas das coisas me faziam sentir especial... Quando eu sentia que ele me tratava diferente...

- Yura...

- Hum?

- Obrigada.

- Pelo que?

- Por confiar.

Ele não me disse nada, simplesmente continuou nas minhas costas, no mesmo abraço de antes... Eu podia ouvir o coração dele bater...


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