Ao acordar, Érica encontrava-se em uma confortável cama de acácia negra forrada com uma colcha de crochê branca e quatro almofadas ricamente bordadas que deixavam a cama enfeita e muito convidativa.

            Notou que do lado direito, na parede adjacente à porta, uma penteadeira antiga estava posicionada. Já do lado esquerdo ficava um ornamentado guarda-roupa.De frente para a porta, uma poltrona de chenile, de cor creme, que combinava com as paredes em tom palha. A claridade, vinda da ampla sacada, banhava o quarto

-Com licença, Srta. - Pediu uma empregada entrando no quarto.

-Onde estou? - Questionou a garota ajeitando-se na cama.

-A Srta. está no quarto do senhor Alam. Trouxe seu café da manhã. -Disse a moça colocando a bandeja no pé da cama.

-Obrigada. Mas por que estou aqui? - perguntou Érica

-Desculpe, mas recebi ordens apenas para servi-la.

-Qual seu nome?

-Me chamo Carla, senhorita.

-Ah, por favor, me chame somente de Érica.

- Sinto muito, mas não posso. - Respondeu com simplicidade. - Vou preparar seu banho, não se preocupe que roupas mais apropriadas já foram providenciadas para seu melhor conforto. - Terminou dirigindo-se ao banheiro.

            Érica tomou seu desjejum e em seguida encaminhou-se para o banheiro. Este era de um requinte simplório, com uma banheira grande atrás de um box de vidro azulado. A pia era preta e suspensa. Um conjunto de três espelhos emoldurados por vidro preto combinavam com a solitária pia.

-Aqui está seu vestido. - Disse Carla pendurando-o atrás da porta de freixo. - O Sr. Alex e a Srta. Lucy a aguardam no escritório ao final do corredor.

-Obrigada Carla. - Agradeceu esboçando um sorriso

            A serva se retirou. Érica despiu-se e entro na banheira. Ficou cerca de quarenta minutos ali. Ao sair colocou o vestido que Carla lhe entregara. O vestido era azul escuro, longo, liso e levemente rodado. AS mangas ¾ deixavam a mostra, assim como o decote em "U, os braços e o busto da garota. Uma fita de cetim branca, presa em um belo laço em volta da cintura, definia sua fina cintura.

Para combinar com o vestido, Érica calçou o par de sapatos azuis de salto alto. Terminou fazendo uma leve maquiagem e soltando seus cabelos. Saiu do quarto e seguiu as orientações dadas por Carla. Ao entrar no escritório, surpreendeu-se ao notar que era o mesmo da noite anterior.

-Kika! - Chamou Lucy indo na direção da irmã.

            Lucy trajava um vestido na altura do joelho, de cor vinho. O decote em "V"realçava o colo da garota, onde reluzia uma delicada corrente dourada. Seu cabelos estavam presos em um rabo-de-cavalo e usava um par de sapatos da cor do vestido.

-Oi Lucy. - Cumprimentou Érica.

-Vem o sensei quer falar com a gente.

-Espero que você tenha uma boa explicação para tudo isso. -Disse Érica ao deparar-se com Alex.

-Você está muito bonita, sabia? - Desconversou o sensei.

-Não mude de assunto! Por que estamos aqui? - Questionou a garota.

-É que....

-Fale a verdade. - Advertiu Érica.

-Então é melhor se sentar. - Comentou Alex.

-Sensei... - Começou Lucy

-Deixe ele falar Lu . - Pediu Érica

-Alam e Daniel estão preocupados com o futuro do reino..

-Então você já os conhecia? -Questionou a mais velha.

-Sim. Fui eu quem falou de vocês para eles.

-Como!? - Disseram em uníssono.

-Não acredito que a culpa por estarmos aqui é sua! - Confessou lucy

-mas vocês estão aqui só há um dia! -revidou o sensei

-Isso não vem ao caso. Qual é o interesse deles em nós? - Perguntou Erica

-Todo reino precisa de um governante. - Disse Alex

-Você está querendo dizer que nós.... - Começou Lucy

-Exatamente. Vocês serão as governantes

-E por que as duas? -Interrogou a mais nova

-Por que a simpatia de vocês contagia a todos, e quando o povo souber de suas origem, ficaram mais calmos.

-Mas eu não quero ser manipulada por aqueles dois! -Inconformou-se Lucy

-Não, claro que não. - Concordou o sensei

-Não adianta nos enganar. -Falou Érica entrando na discussão - É óbvio que serão eles quem governarão.

-Talvez. Mas o poder é matriarcal; vocês são necessárias. - Tentou Alex, explicar a situação.

-Ainda não acredito que você fez isso conosco. -Comentou Lucy

-Espera um momento - Começou Érica - Se o poder é matriarcal, mas eles governarão.... você não está insinuando que teremos que nos casar -Concluiu a garota

            Em resposta, o sensei apenas movimentou sua cabeça positivamente.

-Como?! -Exclamaram

-Ah, vai sonhando. Eu não vou me casar; não desse jeito e não por esse motivo.

-Érica, se você não o fizer por bem, terá que fazer por mal. E acreditem, eles têm meios para tal, além do mais, vocês não sairão mais daqui.

-E nossos pais? - Perguntou Lucy

-Eu conversarei com eles. Não se preocupe que eles ainda não sabem de nada, eles supõem que vocês estão trabalhando. -Explicou o sensei - Agora ouçam: é melhor aceitarem, pois será melhor para vocês.

-Nós temos outra escolha? - Questionou Érica tristemente.

-Infelizmente não.

-Fazer o quê então; aceito. - Disse a contragosto

-Lucy?

-A... Aceito

-Ótimo. Será melhor assim. Só para terminar, vocês podem ter filhos, né?

            Érica e Lucy responderam-lhe com um generoso tabefe na nuca.

-Não tenha tanta esperança assim - Comentou Lucy

-Da minha parte isso fica só no papel. - Adicionou Érica

-Com licença srtas. - Pediu Carla entrando no aposento.

-Sim. - Respondeu Alex

-As srtas. poderiam acompanhar-me, por favor? - Pediu - E senhor Alex, o sr. Daniel e o sr. Alam o aguardam no escritório em cima da piscina. - Informou

-Obrigada. - Agradeceu - Não se preocupem meninas, ficarei aqui por mais um tempo. - Acalmou-as.

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