Hakuryuu e Judal estavam sentados em frente ao fogo. O Quarto Príncipe do Império Kou pensava em sua estratégia. Logo chegaria a hora, ele se vingaria por seu pai e por seus irmãos.
–Hakuryuu, você não está prestando nenhuma atenção... - Reclamou o magi.
Judal tinha essa mania irritante de falar bobagens enquanto estavam esperando, algo que não agradava ao príncipe.
– Estou tentando pensar. - Hakuryuu o olhou de modo severo. - Não devemos ficar ‘'jogando conversa fora'’.
O magi revirou os olhos e suspirou.
– Você é tão chato às vezes... - Apoiou a cabeça em uma das mãos, como se o jovem o entediasse. - Não precisa ser sempre tão sério.
Judal deu um sorrisinho esquisito e chegou perto do príncipe. Perto demais. Hakuryuu podia sentir o calor emanando de seu corpo. O instinto fez com que se afastasse. Mas ainda estavam muito próximos. Uma sensação esquisita passou a dominar seu corpo... O que era aquilo? Seu coração começou a bater mais rápido, suas mãos estavam frias de suor. Quando percebeu o que estava acontecendo, o príncipe do Império Kou ficou mais vermelho que um tomate.
– Judal, o que você pensa que está... - Antes que pudesse terminar a frase, o magi aproximou-se ainda mais. O rosto a milímetros do seu. Sua expressão era divertida, ele parecia estar achando graça daquilo.
Hakuryuu pensou em empurrá-lo, dar-lhe um tabefe, qualquer coisa! Mas ficou paralisado... Então Judal acabou com a distância que os separava.
Morgiana... o beijo que lhe roubara não fora nada. Judal o beijou de verdade. Como alguém apaixonado. Quando o magi se afastou, Hakuryuu estava ofegante e completamente vermelho.
Judal levantou-se e saiu andando.
– Hakuryuu... - Disse o magi olhando para trás. - Relaxe um pouco.
E assim, ele deixou o príncipe sozinho e completamente confuso.

(...)

Hakuryuu passou dias envergonhado, ele não entendia o que estava acontecendo. Acabou chegando à conclusão de que aquilo tudo tinha sido só uma brincadeira estúpida do magi. Afinal, Judal nunca mais falou sobre o ocorrido. Demorou um pouco, mas as coisas voltaram ao normal entre eles.

No entanto, mais ou menos duas semanas depois, Hakuryuu estava novamente observando o fogo. Pode ouvir Judal se aproximando por trás.

– Você parece tenso de novo, Hakuryuu. – Ele riu.

O príncipe não respondeu, esses comentários geralmente o irritavam. Judal chegou ainda mais perto e, pegando o jovem de surpresa, deu-lhe um beijo na nuca.

Hakuryuu levantou-se com um pulo e virou para encarar o magi, completamente vermelho.

– J-Judal, o que... O que pensa que está fazendo?

O magi também ficou de pé, a cada passo que dava, o príncipe respondia andando para trás. Judal estava se divertindo com a situação.

– P-pare com isso! – Hakuryuu acabou tropeçando em algo e caindo de costas no chão.

Ouviu Judal dar uma risadinha antes de abaixar-se e posicionar uma perna de cada lado de seu corpo, as mãos próximas do rosto.

– Judal... – Hakuryuu tentou protestar, mas dessa vez não houve aproximação lenta. O magi o beijou.

Judal tinha lábios macios, e sua língua deixava um sabor adocicado enquanto percorria a boca do príncipe. Quando fez menção de se afastar, Hakuryuu o segurou, colocando uma das mãos em sua nuca. Não queria que acabasse tão rápido.

“O que estou fazendo?”, pensou o príncipe, “Isso é tão errado... Não é? Não devia estar sentindo essas coisas! O que estou fazendo? Por que não o faço parar?”

Os dois precisaram parar para recuperar o ar. Judal passou a beijar-lhe o pescoço, o que deixou Hakuryuu ainda mais vermelho, mas também fazia com que sentisse calafrios. Quando seu corpo reagiu de uma maneira inesperada (ou esperada), o príncipe levou um susto. Jogou o magi para o lado e sentou-se abraçando os joelhos.

Judal apoiou a cabeça em uma das mãos, confuso. Encarou Hakuryuu por alguns segundos, o jovem estava mais vermelho que nunca. Quando entendeu o que estava acontecendo, soltou outra risadinha.

– Por que está fazendo isso? – O príncipe sussurrou sem encará-lo.

– Ora, porque eu gosto de você, Hakuryuu. – Judal respondeu achando graça. – Isso não é óbvio? Não fez o mesmo com a garota fanalis quando disse que gostava dela?

– Na verdade, não. – Hakuryuu soltou uma risadinha nervosa. – Não mesmo.

– Pois devia ter feito. – O magi ficou em silêncio por alguns minutos. – Você também gosta de mim, não é, Hakuryuu?

O príncipe enterrou a cabeça entre os joelhos, levou tanto tempo para responder que Judal pensou que nem o faria.

– Gosto. – Sussurrou o garoto. – Isso é errado, não é?

– Por que seria? – O magi riu. – Relaxe, Hakuryuu. Não precisa ser tão sério o tempo todo.