Voltando a Vida escrita por Kondou Isao


Capítulo 10
Capítulo 10 - Sangue e Lágrimas. Felicidade e Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a todos que aqui chegaram e peço desculpas infinitas por fazer com que esperassem tanto tempo. Esse capítulo exigiu muito de mim. Trabalhei vários dias para escrevê-lo, acabei me atrasando mais do que gostaria, mas acho que valeu a pena. Boa leitura a todos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/658688/chapter/10

Morgiana e suas comparsas estavam cercadas, era óbvio que não conseguiriam fazer frente a dois generais de Síndria e ao grupo de soldados ali presentes. Apesar disso o grupo se comportava como um animal acuado. Era nesse momento em que se tornavam mais perigosas. Sabendo disso, Masrur e Ja’Far tentavam negociar sua rendição. Seria perigoso para Kougyoku, Alibaba e Assad caso a fanalis se desesperassem.

— Morgiana, você já foi minha discípula, por favor liberte Alibaba e os outros. Depois podemos conversar e resolver isso. — Disse Masrur preocupado com a situação dos cativos.

— Se fizer isso garantimos salvo conduto para você e as outras. Vocês serão conduzidas para um local onde serão supervisionadas pela Aliança Internacional e não serão presas, entretanto não permitiremos que cometam mais atividades que possam causar qualquer tipo de mal as pessoas. — Ja’Far deixou claro que não permitiriam que o grupo agisse da forma que quisesse, mas que também não seriam feridas.

— Me deem um tempo para conversar com elas. — Morgiana se afastou para discutir os termos de rendição com suas companheiras.

Depois de um tempo discutindo com seu grupo, a fanalis se rendeu e entregou os reféns ao grupo de resgate enviado por Sinbad.

— Oficial médico, examine as condições dos reféns imediatamente. Vamos começar o tratamento aqui mesmo se for necessário. Se for arriscado movê-los me comunique e daremos um jeito de montar acampamento. — Ordenou Safira antes de ir pessoalmente junto com o médico examinar Assad e os outros.

— Soldados, escoltem as prisioneiras até o ponto de encontro combinado antes que sejam encaminhadas ao navio que as levará ao local onde poderão viver sob monitoramento da Aliança Internacional. — Disse Masrur.

Ja’Far não chegou a dar nenhuma ordem a nenhum dos membros do grupo de resgate porque se mantinha ocupado monitorando de perto o estado de Alibaba, Assad e Kougyoku na companhia de Safira.

— E então, o que essa louca fez com eles? — Perguntou Safira ao médico.

— Bom, Alibaba recebeu alguma droga muito poderosa que induz a alucinações e aparentemente tem algum efeito forte sobre os desejos sexuais. Pela análise que fiz dos seus batimentos cardíacos e temperatura corporal essa droga também causa um aumento perigoso da pressão arterial e força o metabolismo de quem a consumiu a trabalhar mais rápido do que deveria. Caso receba doses frequentes, qualquer pessoa eventualmente sofrerá fadiga excessiva seguida de um estado de coma. A vítima deve ser tratada com medicamentos que controlem a arritmia cardíaca e a pressão arterial. No caso do Imperador o tratamento será simples já que ele não chegou ao estado de coma. Ele vai se recuperar em breve apenas com um tratamento curto e repouso. Com relação ao garoto, o tratamento será longo já que ele está muito fraco. Teremos que mantê-lo sedado por um tempo para que se recupere e precisaremos verificar se não há danos no fígado e nos rins já que essa droga sobrecarrega esses órgãos enquanto o corpo tenta eliminá-la. Felizmente a Imperatriz não sofreu ferimentos que necessitem de tratamento especial. Farei o possível para garantir a recuperação total dos três.

— Conto com o senhor. — Foi tudo o que Safira conseguiu dizer naquele momento. Uma terrível angústia a corroía por dentro. Ela se culpava por não ter estado ao lado de Assad antes.

— Ei, não fique assim. Ele vai se recuperar… Eu sei o quanto você gosta dele e acho que ele vai perceber isso agora. — Disse Ja’Far, consolando  Safira.

— Safira-chan, você é uma mulher extraordinária. Tenho certeza que meu filho vai perceber isso. Ja’Far-san está certo, não se culpe. Culpe a louca que fez tudo isso. Ela vai pagar. Fique tranquila, meu filho é forte. Ele vai se recuperar e ficará muito feliz de te ver assim preocupada com ele. — Disse Kougyoku em uma tentativa de tranquilizar a jovem herdeira de Sinbad.

— Obrigado Imperatriz… Você sempre sabe como eu me sinto não é, Ja’Far?

— Claro que sei. Eu te conheço desde que nasceu e te criei junto com seu pai e sua mãe não foi?

— Verdade, mesmo quando eles se separaram e ela me deixou com ele, você sempre me consolava como se eu fosse sua própria filha.

— Mas você é. Você sempre será a minha menininha e do Sin. Agora chega dessa conversa triste, o médico vai cuidar bem do garoto e quando ele se recuperar nós arranjamos seu casamento com ele. Vocês vão se acertar, sempre brigaram, mas nunca vi um casal mais destinado a ficar junto do que vocês. Vou ver como estão as coisas com o nosso amigo Masrur. Fique aqui com eles.

Ja’Far e Safira possuíam um relacionamento quase de pai e filha. Ele ajudou a educar a garota desde pequena e a ensinou a lutar e a administrar dinheiro tão bem quanto ele. De certa forma, ele a via como sua herdeira e de Sinbad. Ela também possuía grande consideração por ele. O general de Síndria foi de grande ajuda para que a garota superasse a separação de seus pais e ela nunca o culpou por isso. Safira sempre julgou irracional e desnecessário o ciúme que Hakuei tinha com relação a ele e Sinbad serem tão próximos. Com o passar dos anos a situação piorou e sua mãe a abandonou quando tinha doze anos. Raramente ela aparecia para alguma visita com seu tio Hakuryuu. Por conta disso as duas se tornaram cada vez mais distantes.

— Então, meu amigo, o que faremos com Morgiana? Prometemos enviá-la a um local seguro mas não tenho certeza se devemos realmente seguir com isso. Você viu o que ela fez? Ela não é mais a mesma. Se não fosse a segurança dos reféns… Eu mesmo teria colocado uma lâmina no pescoço dela. Pessoas que não tem nada a perder são as mais perigosas. Eu vou pessoalmente me encontrar com os soldados que estão com o grupo dela. Tenho um mau pressentimento. Você fica aqui e toma conta de tudo. Assim que o médico estabilizar a situação de Alibaba e Assad partam daqui para Partevia. O centro médico de lá vai cuidar deles e o local estará bem guardado. — Ja’Far se mostrava prevenido como sempre.

— Sinceramente, fico muito chateado em ver no que minha discípula se transformou. Uma mulher louca e ressentida capaz de qualquer coisa por uma vingança irracional. Mas o que está feito, está feito. Confio em você. Espero que não haja nada errado, mas pode ir verificar as coisas. — O fanalis geralmente confiava nos pressentimentos de Ja’Far e não fez objeções a saída dele para verificar a situação.

Ao chegar na rota que levaria ao navio que transportaria Morgiana, os maus pressentimentos de Ja’Far se confirmaram. Havia uma trilha de cadáveres de soldados espalhados pelo caminho. Apenas um deles continuava vivo e mesmo assim em péssimas condições.

— Ja… Far… sa-sama... Ela nos atacou... do nada. Não conseguimos fazer frente aquela força esmaga… dora. — Disse o soldado ferido enquanto Ja’Far se aproximava. Seu corpo se encontrava encostado em uma árvore. Ele havia levado um golpe muito forte, suas costelas se quebraram com o impacto e uma delas havia perfurado um dos pulmões. Ele se afogava lentamente em seu próprio sangue. Sua morte era inevitável.

— Não fale. Eu vou chamar ajuda. Apenas aponte a direção em que foram.

O soldado apontou a mesma direção onde se encontrava o navio caso se seguisse a trilha. Ja’Far pediu socorro pelo shellfone, mas era tarde demais. O soldado morreu em seus braços. Não havendo mais nada que pudesse ser feito. Ele seguiu pela trilha numa tentativa de localizar as fugitivas, mas era inútil. Os rastros desapareceram e não era mais possível saber se Morgiana pretendia roubar o navio e fugir com ele ou se achava a idéia muito perigosa, já estariam indo a um destino previsível e poderiam ser facilmente seguidas até lá ou interceptadas por qualquer pessoa que tivesse um cavalo ou meio de transporte mais veloz. Foi inútil continuar a busca.  A fanalis havia fugido por terra já que temia uma emboscada no navio, porém mais da metade de suas comparsas havia morrido. Seus cadáveres se encontravam misturados aos inúmeros corpos de soldados que ela havia deixado para trás.

Três meses haviam se passado e Assad já estava quase totalmente recuperado dos maus momentos vividos enquanto foi refém de Morgiana. Ele e Safira eram noivos agora e seu casamento seria em dois dias no palácio real de Balbadd. Todos em Sindria foram convidados e a festa de casamento teve um planejamento tão grandioso quanto o de Kougyoku e Alibaba.  

— Ei! Você! Costureira! Venha até aqui ajeitar esse vestido! Ela não pode se casar com uma das mangas tortas! Você por acaso sabe que ela será sua rainha? E você rapazinho, vá dizer aos cozinheiros e pessoal do buffet que esse vinho que escolheram é uma droga! Quantas vezes eu avisei para ficarem de olho e não deixarem os engradados no sol? O vinho já é ruim e vocês ainda deixaram tudo no sol. Seria melhor servir vinagre aos convidados! — Ja’Far era provavelmente o organizador de eventos mais atarefado e também o mais apressado em Balbadd e em todos os países vizinhos naquele momento.

— Desculpe senhor. Mas não deixamos o vinho no sol de propósito, Budel se recusou a entregar aqui dentro. E ficou tudo largado nos portões. Estamos carregando o mais rápido que podemos, mas as garrafas que ficaram por último acabaram esquentando. — Disse o jovem serviçal para amenizar a situação.

— Budel, hein. Digam aos guardas para mandarem ele me esperar. Eu dou um jeito nisso!

Ja’Far caminhou apressado até os portões do palácio onde encontrou Alibaba negociando o problema dos vinhos com o comerciante.

— Ja’Far-san, se veio resolver o problema dos vinhos, fique sossegado. Eu já me entendi com Budel.

— Que bom Alibaba-san! Eu já estava pensando em adicionar esse gordinho a minha lista de vítimas. — Disse Ja’Far em tom reprobatório enquanto olhava para o comerciante.

— Não é necessário, Ja’Far-sama! Foi tudo um mal entendido. Eu apenas estou muito apressado para terminar essa entrega e seguir com as outras. Então pensei que vocês teriam servos o bastante para carregar tudo em tempo hábil. Como pedido de desculpas, eu mesmo ajudarei a transportar o vinho que falta e irei repor o que estragou sem nenhum custo a vocês. — O comerciante suava como se estivesse nas portas do inferno. Ele de modo algum iria querer se tornar inimigo de Ja’Far e da Companhia Sindria.

—  Resolvido então. — Reiterou Alibaba.

Dois dias depois a celebração do casamento de Safira e Assad teve início. Era um dia calmo em Balbadd e o clima estava muito agradável. O reino todo estava presente e inúmeras pessoas de Síndria e de países vizinhos também compareceram. A união das casas reais de Sindria, Kou e Balbadd era o evento mais esperado nos últimos meses e ninguém deixaria de comparecer se pudesse. Mas entre os convidados havia alguém que pretendia manchar com sangue o local da cerimônia.

Morgiana estava disfarçada entre os convidados e pretendia assassinar pelo menos um dos noivos se pudesse. Ela não se importava com o que lhe aconteceria depois. A fanalis nunca perdoaria Assad por ter sobrevivido ao cativeiro. Afina,l ele era a lembrança viva da traição de Alibaba. Ela se aproximou sorrateiramente dos noivos em meio a multidão e sacou sua adaga. O golpe desferido foi brutal. Gotas de sangue caíram no chão. Ja’Far foi atingido no ombro ao se colocar na frente do golpe. O ferimento não era letal, mesmo assim era profundo. Um dos guardas do palácio colocou um lenço embebido em um poderoso narcótico no rosto de Morgiana que caiu desmaiada como uma fera atingida por um dardo tranquilizante. Nem os noivos nem a multidão de convidados percebeu o que houve. Ja’Far e os outros generais estavam a par da presença da fanalis desde o início da festa e pretendiam capturá-la quando tentasse se aproximar dos noivos. O plano correu de forma perfeita e o grande número de convidados que seria a cobertura para a aproximação de Morgiana também serviu para impedir que ela notasse a presença dos seus captores.

Horas depois ela acordou em um quarto do prisão de Balbadd. A seu lado estava Alibaba.

— Maldito! Por que eu não consigo destruir vocês?! Por quê? — Berrou a fanalis.

— Você nunca vai parar não é? — Perguntou Alibaba em um tom depressivo.

— Nunca! Nem que leve cem anos! Nem que eu tenha que cavar com os dentes para sair daqui! Um dia eu vou acabar com vocês! Você deveria ter sido meu! Mas me abandonou e foi ficar com aquela puta de Kou! Nunca vou perdoar vocês! — Morgiana se debatia tentando alcançar Alibaba, mas correntes poderosas e que geralmente eram usadas somente para restringir os movimentos das mais terríveis bestas a prendiam.

Subitamente Alibaba a abraçou. A fanalis aproveitou o momento para roubar o punhal que ele carregava consigo. Estava tudo acabado. O chão da cela estava agora tingido pela cor vermelha do sangue que escorria no local. Alibaba a abraçou enquanto seu corpo desvanecia.

— Eu realmente te amei, sinto muito, mas esse era o único jeito.

A fanalis estava morta. Alibaba percebeu suas ações e desviou seu golpe. Durante a manobra ele a forçou a se esfaquear ao invés de atingí-lo. Lágrimas escorriam de seu rosto enquanto ele deixava a cela. Ele deu ordens aos guardas para que Assad nunca soubesse do que havia ocorrido ali e ordenou para que a sepultassem secretamente na cripta real onde apenas os reis de Balbadd usufruíam do descanso eterno.

Dias depois, Safira e Assad assumiram o governo de Balbadd. Assad já não era mais o mesmo, agora se dedicava totalmente a sua esposa e rainha. Ela o havia endireitado, nunca mais se ouviu rumores de que o regente se envolveu em atividades boêmias. Ele agora se concentrava em apreciar sua vida de casado e seu reino, sonhando com o dia em que sua rainha lhe daria um herdeiro. Sinbad, Kougyoku e Alibaba também se mostravam extremamente contentes com a união de seus herdeiros. E assim os reinos de Balbadd, Kou e Sindria prosperaram durante muitas eras sob o governo de regentes justos e competentes.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que acompanharam e suportaram meus hiatos, minhas loucuras literárias e erros de escritor principiante. Finalmente chegamos ao final e espero que tenham aproveitado. Atenciosamente, o autor.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Voltando a Vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.