Já era noite em Partevia, Alibaba estava deslumbrado pelo visual futurista da cidade e se preparava para encontrar Sinbad. Mas antes que tivesse a chance de entrar no prédio da Companhia Síndria, uma jovem se aproximou dele e com uma expressão espantada disse:

— Você é Alibaba, não é? Como isso é possível? Achei que nunca mais te veria de novo!

Lágrimas escorreram do rosto da jovem e ela se agarrou ao peito de Alibaba com muita força, seus cabelos ruivos balançavam ao vento e Alibaba estava surpreso ao perceber que Kougyoku se importava tanto com ele. Os dois saíram juntos por um momento e foram conversar na casa da jovem.

A casa era um tanto quanto modesta para uma ex-princesa, mas era muito acolhedora. Assim que chegaram, Kougyoku pediu a Alibaba que esperasse alguns minutos e voltou trazendo chá para beberem enquanto conversavam. Durante um bom tempo os dois conversaram a respeito das aventuras de Judal e Alibaba nos últimos três anos e também falaram sobre as mudanças que Sinbad conduziu no mundo durante este tempo. O ressentimento de Kougyoku com Sinbad era evidente e foi logo exposto na conversa.

— Eu odeio aquele homem, no fim ele acabou me usando para destruir tudo que meu irmão levou anos para conquistar, e é por isso que algum dia eu farei ele pagar tudo que fez a mim e a minha família. Eu também não posso perdoar o que Hakuryuu fez! O único motivo para eu estar nessa cidade é poder vigiar o que ele e seus seguidores andam fazendo de perto.

Alibaba estava preocupado com o rumo da conversa e tentou amenizar as coisas o máximo que pôde.

— Eu sei que nem sempre os fins justificam os meios, por isso tentei deter Hakuryuu aquele dia. Infelizmente eu falhei e agora você carrega todo esse ressentimento por minha culpa... — Nesse momento ele foi interrompido com um beijo.

Kougyoku o beijava em meio às lágrimas e antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa ela revelou seus verdadeiros sentimentos a Alibaba:

— Eu não me importo se você falhou ao deter Hakuryuu, mas não se culpe pelo meu ódio ou pelos eventos que aconteceram. Ele e Sinbad são os únicos culpados. No momento o que me importa é que você voltou pra mim. Eu farei algo em relação aos dois assim que surgir uma oportunidade, principalmente se aquele homem se tornar um tirano ou algo do tipo.

Neste momento Alibaba não sabia se ficava preocupado com as ações que sua amiga podia tomar, ou se ficava mais surpreso no fato dela ser tão direta. E ainda havia a questão do que Morgiana pensaria ao descobrir que se beijaram.

Ele foi interrompido em seus pensamentos pela ex-princesa do Império Kou.

—Não se preocupe, sei que Sinbad te ajudou muito e que você teme que eu faça alguma bobagem e um de nós saia ferido, mas não vou tomar nenhuma ação temerária. Ainda mais agora que eu recuperei minha chance de ser feliz. Eu passei três anos odiando Hakuryuu e imaginando maneiras de vingar sua morte. Mas agora eu só penso em recuperar o tempo perdido e construir um futuro com você. Depois de tudo, vou deixar o salvamento do mundo em segundo plano.

Naquele momento Alibaba não sabia o que fazer, aquele beijo havia mexido com ele. Há muito tempo ele não sabia o que era se sentir vivo. Passar dois anos preso sob a forma de um espírito e mais um ano preso na Grande Fenda com aquele estranho Magi fizeram com que ele passasse a apreciar melhor as pequenas coisas. Apesar de surpreso ele entendia perfeitamente o que estava acontecendo. Em algum momento, Kougyoku se apaixonou por ele, mas por conta das campanhas militares do Império Kou e do rumo que os acontecimentos tomaram ela não teve a oportunidade de se declarar. E agora que ele havia voltado à vida, ela estava correndo atrás do tempo perdido.

— Eu compreendo seus sentimentos, mas não sei como agir. Você é o tipo de mulher que eu sempre quis. Mas eu prometi a Morgiana que um dia ficaríamos juntos. Não posso simplesmente quebrar essa promessa. Você entende não é? Eu preciso de um tempo para decidir o que fazer. — Isso era o que Alibaba afirmava, mas quanto mais olhava para Kougyoku, mais ele se sentia atraído por ela.

— Você já está sentindo os efeitos não é? — A ex-princesa exibia um olhar doce, porém malicioso e repleto de felicidade.

— Efeitos de que? Eu me sinto muito atraído por você, isso é verdade. Mas qualquer homem se sentiria assim. Você é muito bonita e tem uma personalidade muito cativante. — Alibaba começou a sentir um calor intenso e mal conseguia controlar os desejos que sentia.

— Quando eu te beijei, eu estava usando um batom que carrega uma magia muito poderosa. Ela revela os verdadeiros sentimentos de quem tem contato com o batom. A magia lê os seus rukhs e revela os sentimentos contidos neles. Quanto mais fortes os sentimentos, maiores a atração. Gyokuen me deu este presente quando eu tinha 15 anos, em uma época em que a organização ainda existia no império, ela disse que se algum dia eu encontrasse alguém de quem gostasse eu deveria usá-lo para descobrir se essa pessoa realmente me amava. Honestamente eu nunca encontrei ninguém que conseguisse fazer eu me sentir assim além de você, então eu mantive esse batom guardado até o momento em que eu te reencontrei e o peguei quando fazer chá para acompanhar nossa conversa. — Naquele momento Kougyoku se jogou nos braços de Alibaba.

Ele tentou resistir, mas além do efeito da ferramenta mágica, havia outro problema. Kougyoku era muito atraente e seu corpo estava tão agarrado ao de Alibaba que era talvez fosse impossível para ele resistir mesmo em situações normais. E assim, os dois acabaram se entregando ali mesmo e passaram a noite juntos. Apesar de ser virgem Kougyoku demonstrava habilidades de quem sabia muito bem o que estava fazendo, algo aparentemente impossível para uma virgem. Ela e Alibaba chegaram ao êxtase várias vezes aquela noite.

Já havia amanhecido quando os dois acordaram juntos, eles ficaram um bom tempo se encarando até que ela perguntou:

— O que houve? Não me diga que não gostou do que fizemos, não vai me dizer que aquela bruta com quem você andava era melhor amante que eu...

— Não é isso, até porque eu nunca fiz nada com Morgiana. É que, você... Como vou dizer? Err...

— Já sei. Você quer saber onde eu aprendi tudo aquilo que fizemos mesmo ainda sendo virgem? Isso é fácil de explicar. Como você sabe, Gyokuen era nossa madrasta. Ela tinha ordens do antigo imperador para que educasse todas as princesas e príncipes da melhor forma possível para que um dia nos casássemos e fizéssemos nossos maridos e esposas muito felizes. O que nosso pai não sabia é que aquela mulher tinha um conceito meio distorcido de educação. Quando entrei na puberdade ela veio a mim e me explicou tudo que sei hoje, na verdade, ela possuía um livro com inúmeras técnicas e posições eróticas que provavelmente foram ensinadas a todos os herdeiros. —Nesse ponto Alibaba, já estava imaginando que diabos se passavam nos corredores daquele palácio. — Apesar de ensinar tudo isso, ela disse às princesas que nunca exagerassem em sua primeira noite para não levantar suspeitas. E também nos orientou a guardar nossa virgindade para nosso marido, no caso de um casamento arranjado por motivos políticos. Mas com os homens era diferente, diversas vezes eu a vi entrar nos quartos dos meus irmãos a noite e se divertir com eles. O preferido dela era Kouen, sempre que tinha oportunidade eles dormiam juntos. Uma noite eu resolvi observar as escondidas e vi tudo o que faziam. Ela também fazia de tudo com Koumei. Uma noite presenciei Kouha e Koumei juntos com ela na ala de banho do palácio. Foi aí que descobri que todos no palácio haviam sido corrompidos por aquela mulher. Ela manipulava as princesas para se tornarem brinquedos sexuais dos futuros maridos em casamentos arranjados por motivos políticos. Os príncipes ela usava como brinquedos pessoais. Hakuryuu foi um dos poucos que ela deixou intocado. Mas isso não durou muito. Uma noite ela trouxe Hakuei e uma das servas do palácio aos aposentos dele e o forçou a assistir as duas fazendo sexo com Kouen na frente dele. Para que ninguém descobrisse a perda da virgindade de Hakuei, ela apenas fazia sexo anal com Koumei. O pior é que todos gostavam disso. Naquela noite Hakuryuu foi drogado e ela fez sexo com ele também. Cansada daquilo eu a confrontei, mas ela me ameaçou, além disso, eu não tinha provas e ninguém me apoiaria. Nem Hakuryuu, já que ele temia pela segurança da irmã.

— Eu nunca poderia imaginar uma coisa dessas... Porque você nunca jogou o batom fora? E pensar também que só para me agradar você superou essas lembranças difíceis e usou os ensinamentos sujos daquela bruxa...

— Eu não me importo. Diversas vezes eu tive vontade de jogar o presente dela fora, mas acabei ficando com medo que ela descobrisse e o guardei. Com os anos acabei me esquecendo dele e só me lembrei depois que me apaixonei por você. É uma pena que tenha demorado tantos anos para que surgisse a oportunidade para usá-lo. Desde que eu possa te fazer feliz, está tudo bem para mim. Considero um preço pequeno a se pagar. Mas... E agora? Como ficamos? Você ainda acha que ama Morgiana?

— Não importa o que eu pensava antes, nós compartilhamos muito mais do que uma noite, compartilhamos nossas almas. Mesmo que eu tentasse assumir compromisso com ela, não daria certo agora que você abriu nossos olhos. Essa noite irei conversar com Sinbad. Em seguida vamos procurar Morgiana e Aladdin para que saibam da minha decisão.

—E o que você decid... — Kougyoku não teve tempo de terminar a pergunta. Nesse momento Alibaba a beijou e a decisão era evidente...