Pov Steve Rogers:

Correr com Sam é muito divertido, sem levar em conta que dou vinte voltas enquanto ele ainda está na segunda. Bucky mantinha o mesmo ritmo que eu, mas não gostava de sair da Torre.

—Ainda não cansou não Sam?

Ele sorriu e o suor banhava sua face.

—Bora para casa Cap!

Ele já corria de volta para Torre e eu o seguia em uma velocidade considerada moderada.

Tomei um banho gelado e vesti minha calça caqui, o coturno preto e a típica blusa branca. Hoje treinaria minhas táticas de defesa, afinal queria voltar a ativa o mais rápido possível.

Desci as escadas encontrando Wanda e Visão nos corredores, eles estavam próximos demais um do outro, não pareciam amigos e sim um casal. Wanda ao ver-me afastou-se de Visão.

—Bom dia Capitão!

Assenti de leve e continuei meu caminho até a sala de treinamento. Bucky estava em uma sessão de socos e chutes quando entrei na sala.

Ele parou o que estava fazendo e sorriu em minha direção dizendo:

—O que acha de relembrar os velhos tempos tampinha?

Aceitei o desafio preparando-me para o combate, ele não poupava esforços e eu estava na defensiva, os golpes de Bucky eram sempre bem precisos. Acabei levando um gancho de esquerda, mas mesmo assim não perdi o foco e o acertei com um chute quase rasteiro que o desequilibrou por pouco tempo.

Vinte minutos de treino pesado foram o suficiente! Estava com alguns roxos pelo corpo e não queria nem ver a cara da Nat quando visse isso.

Fui até o refeitório para comer um lanche, já havia passado do horário de almoço.

—Como tem passado picolé?

Virei na direção da voz deparando-me com Tony Stark, ele tinha algumas olheiras e sorria brincalhão. Peguei minha maçã e andei até a cadeira de frente para ele.

—Pareço melhor do que você Stark.

Ele fitou-me sorrindo irônico.

—Não sei do que você está falando.

Comi minha maçã enquanto ele parecia pensar em alguma coisa.

—Bom Capicolé já vou indo, a Pepper não vai me dar sossego enquanto nosso casamento não sair.

Balancei a cabeça negativamente e sorri logo em seguida. Quem diria que Pepper Potts viraria Pepper Stark.

—Mande lembranças a noiva.

Ele acenou e retirou-se em seguida. Fiquei mais um tempo ali no refeitório até Fury mandar um recado pedindo para que eu fosse até a agência da SHIELD. Tomei um banho e vesti minha calça jeans escura, uma blusa preta, calcei um tênis de mesma cor que a camisa e penteei os meus fios loiros. Peguei a chave da minha moto e desci até a garagem. Já estava começando a anoitecer quando cheguei na SHIELD.

—Bom te ver Capitão.

Nicky saudou-me assim que entrei em sua sala.

—Posso dizer o mesmo a você.

Ele sorriu e apontou para cadeira a sua frente, ponderei sobre o assunto e decidi sentar nela.

—Capitão Rogers hoje terá um evento do governo e eu não poderei comparecer, gostaria de saber se pode acompanhar a agente Carter no meu lugar?

Não gostava de ficar muito tempo no mesmo lugar que Sharon Carter, não era por não gostar dela, apenas não gostava de iludi-la. Natasha tentou empurrar-me para mesma diversas vezes e eu não me sentia atraído por aquela mulher. Ela era tão bonita quanto sua tia Paggy Carter, o meu primeiro amor, mas eu não conseguia desviar meus pensamentos dos olhos esmeraldinos ou dos fios ruivos caídos em cascatas de Nat. Ela era loira dos olhos castanhos e era uma boa agente, apenas isso.

—Acho que não tenho nada para fazer essa noite.

Fury sorriu e indicou-me o terno estendido sobre o sofá em sua sala, o peguei e trocando-me no banheiro da mesma. Estava um pouco difícil de arrumar a gravata.

Ouvi a porta da sala ser aberta e por ela entrar Sharon Carter. Seu cabelo estava preso em um coque perfeito, seus olhos tinham uma sombra creme que acentuava o amendoado de suas íris, vestida em um vestido de um ombro só azul claro com um salto alto prata, mesmo assim era um pouco menor do que eu.

—Gostaria de ajuda Steve?

Ela me sorriu tenra e eu assenti. Ela aproximou-se de mim e suas mãos foram de encontro a gravata arrumando-a perfeitamente sobre meu pescoço, ela deu um nó no tecido e após terminar de ajustar a gravata ela desceu sua mão sobre o caminho que a mesma fazia pelo meu abdômen.

Ela parecia esperar alguma reação da minha parte e assim que percebi o quanto aquilo me era estranho dei um passo para trás. Carter não era minha garota, essa era Romanoff. Estendi o braço para ela.

—Vamos?

Ela assentiu sorrindo amarelo.

Entramos em um hotel luxuoso de Nova Iorque, os convidados conversavam animadamente e o governador veio até nosso encontro.

—Capitão é uma honra ter sua presença por aqui.

Sorri apertando a mão do governador.

Sharon respondeu por mim:

—A honra é toda nossa de estar em sua companhia.

Ele assentiu e afastou-se para cumprimentar outros convidados. Passei meus olhos de leve pelo salão e avistei cabelos ruivos no meio da multidão, parecia-me ser Nat.

Virei novamente na direção da minha acompanhante e perguntei-a:

—Gostaria de alguma coisa para beber?

Ela maneou a cabeça dizendo:

—Nada que seja muito forte.

A deixei sozinha conversando com alguns homens e andei até o bar, Barton estava pegando uma dose de whisky e pareceu não notar minha presença. Voltei até Sharon e convidei-a para uma dança.

Estava rodando o salão com os olhos a todo momento procurando algum sinal da minha ruiva. Então a vi, seus cabelos soltos emoldurando o seu rosto de boneca, seus lábios perigosamente vermelhos, seus olhos verdes estavam marcantes e sustentavam um olhar determinado que só Nat tem, sua pele branca realçava perante o preto de seu vestido. Vestido esse que fazia jus ao seu corpo, parecia uma deusa pronta para ser venerada, uma fenda descia pela sua perna direita e seu salto parecia deslizar a cada passo que dava em direção a Barton.

Sharon pisou de leve em meu pé e a olhei vendo-a sorrir levemente constrangida.

—Desculpe Capitão é que me distraí olhando seus olhos.

Eu olhei para o seu rosto meio sem jeito. O que mais poderia fazer?

Sorri gentil e a respondi:

—Agente Carter nós dois sabemos que estou ocupado demais para romances.

Vi seu sorriso murchar e um outro cavalheiro veio tira-la para dançar, ela assentiu e eu saí da pista de dança a tempo de ver os fios ruivo de Nat na saída do hotel. Corri em direção a saída e Barton a esperava dentro de um carro.

—Espera Nat.

Ela fitou-me indiferente, nenhum sorriso coloriu aqueles lábios carnudos e sedutores e aquilo me fez sentir inseguro.

Pov Natsha Romanoff:

Não tive tempo de me despedir, até porque Steve não era minha prioridade. Tentava inutilmente esquecer aqueles beijos que trocamos, já fiz muitas coisas desagradáveis na minha vida e não queria acrescentar a minha lista de pecados particulares ter quebrado o coração do Capitão América.

Terminei de arrumar meu uniforme, o cinto estava no lugar assim como os meus braceletes que mandavam eletricidade direto ao sistema nervoso do inimigo e por último as armas no coldre das minhas coxas.

—Pronta Tasha?

Sorri para Clint. Logo em seguida a parte detrás do jatinho foi aberta, descemos de paraquedas em um estacionamento abandonado. Caminhamos tranquilamente enquanto observava o lugar, estava escuro. Um estacionamento mal iluminado e a noite fazia companhia para aquele cenário de filme de terror, na frente de um cargueiro estava uma locação abandonada que era vigiada por alguns homens mal encarados.

Clint seguiu por trás e eu fui ser a distração.

—Alguém poderia me dizer onde fica o pub mais próximo?

Os homens estavam muito bem armados com metralhadoras de elite, eram oito ao todo.

Eles me olharam dos pés a cabeça e um deles respondeu:

—O que faz perdida aqui delicia?

Ele adiantou-se até mim passando sua mão perto do meu rosto. Aproximei-me com certo nojo, não gostava disso. Apenas dei meu sorriso mais cafajeste. Clint já havia dado jeito em dois dos homens. Sem pressa dei um gancho de esquerda no brutamontes a minha frente, ele nem teve tempo de reagir.

—Idiota.

Murmurei entre dentes, Clint esperava-me na entrada do cômodo abandonado. Entramos por um corredor altamente iluminado, computadores estavam distribuídos por todos os lados.

—Eu te cubro enquanto pega as informações para Fury.

Não me dei o trabalho de responder. Andei até uma das máquinas, ali não era a central e isso ia dar um pouco de trabalho, clonei o maior número de arquivos que meu pendrive permitia. Explodimos aquele lugar logo em seguida, não voltaríamos para Torre hoje, tínhamos mais uma missão.

Vesti um vestido tomara que caia preto e longo, meus cachos soltos, passei um batom vermelho e um delineador para marcar o contorno dos meus olhos. A seda negra descia pelo meu corpo marcando todas as curvas e uma fenda na lateral dava uma boa visão do meu salto alto, uma sandália de tiras de strass em meio a tiras pretas.

Encontrei com Clint no saguão do hotel, estávamos em uma festa do governo.

—Está muito bonita. Isso tudo é para mim?

Dei um sorriso torto para Barton que encontrava-se de terno preto. Eu lembrava bem da última vez em que o vi de terno, foi em seu casamento com Laura, ele tinha aquele olhar apaixonado e sorria bobamente para ela. Agora estava esperando o segundo filho, o mundo realmente está virado. Quem diria Clint Barton casado? Pai? Responsável?

Ele me estendeu o braço e andamos calmamente até o segurança que estava com a lista de convidados, simplesmente não conseguia tirar Steve da minha cabeça. Estávamos em uma missão de médio porte, não era nada confidencial. Fury não pode comparecer e nos mandou em seu lugar, o único empecilho era que o governador não parecia muito feliz em ver que "Os Vingadores" estavam reerguendo-se depois dos acontecimentos catastróficos em Sokovia.

A festa estava muito animada, pessoas dançavam ao som da orquestra que tocava do lado direito do salão, alguns agentes da SHIELD estavam infiltrados na segurança, uma delas era Sharon Carter. Ela estava em um vestido azul claro, seu cabelo loiro preso em um coque elegante, calçava uma sandália prata e não usava uma maquiagem extravagante.

Andei calmamente até a bancada do bar. Clint já deveria estar entrando na segurança das câmeras por um sistema remoto, depois que o sistema estivesse desativado eu entraria em um dos computadores do governo em busca das reuniões passadas sobre o projeto Vingadores.

Senti um perfume familiar e olhei para o lado. Ali dentro de um terno preto de três peças elegante com uma gravata de linho azul marinho, estava Steve, seu braço acomodava o de Sharon que sorria alegremente para o governador. Virei meu corpo para o outro lado bruscamente na tentativa dele não ver meu rosto e andei até Clint que já dava o sinal de que o sistema estava liberado.

Entrei em um corredor que só tinha um segurança.

—O que faz aqui essa área é restrita, proibida a entrada de convidados. Mesmo sendo uma mulher tão bonita a invasora.

Aproximei-me dele dando meu melhor olhar de desentendida.

—Desculpe, eu estava procurando o toalete e me perdi.

Ele olhou-me de cima a baixo divertido, seus olhos eram azuis e seu cabelo negro. O problema era que o azul de seus olhos não conservavam a metade do brilho dos de Steve, não havia nenhum charme incumbido naquele rosto. Ele colocou uma de suas mãos sob a minha cintura e no segundo seguinte o prendia na porta enquanto quebrava seu braço.

—Shii fica quietinho que a dor já vai passar.

Ele olhava-me assustado e eu o desmaiei com uma joelhada forte no estômago. Entrei na sala sem nenhum esforço, liguei o pendrive no servidor geral do prédio e em questão de cinco minutos tudo que Fury precisava estava salvo.

Logo estava no salão de dança com os outros convidados sem levantar nenhuma suspeita. Clint aproximou-se de mim segurando um copo de whisky.

Sussurrando na curva do meu ouvido:

—Acho que vai precisar disso ruivinha.

Peguei o copo sem entender o motivo de tal ato e me arrependi de olhar o que se passava a minha frente. Steve dançava elegantemente pelo salão com a agente Carter. Ela sorria olhando para seus olhos e ele parecia divertir-se da mesma forma com ela. Tomei meu drink em um só gole que se dane a compostura!

—Acho que deveríamos voltar para Torre Barton.

Ele assentiu e estendeu-me o braço sorrindo consternado, aceitei o gesto singelo de apoio dele, sem protestar.