Nesse momento estou entrando na escola com um mau pressentimento, a primeira coisa que faço é ligar para Liam e saber se alguma coisa aconteceu com ele:

—Fala Myssie!?algum problema? -Atendeu ele, e só de ouvir sua voz foi como se tirassem um pacote de 30 kg das minhas costas.

—Liam, onde você tá? você tá bem? -perguntei tão rápido que fiquei em dúvida se ele havia entendido.

—Ah, você teve a sensação de novo? -indagou ele, depois, tomando meu silêncio como resposta tentou me tranquilizar- relaxa estou bem e estou à cinco minutos da escola.

—Te espero na entrada? -perguntei

—Na entrada. -me respondeu em concordância.

Então, como eu tinha andado metade do caminho apenas dei meia-volta rumo ao portão da escola.

Depois de poucos minutos vejo um garoto de calça Jeans escura e moletom vermelho, já sabendo que os cabelos loiros e os olhos verdes pertenciam ao meu melhor amigo...se ouvir a voz dele havia tirado alguns kg das minhas costas, vê-lo tirou uma tonelada.

Deixei que ele viesse ao meu encontro.

—Bom dia! - disse ele com um olhar tão otimista que era contagiante.

—Vai acontecer alguma coisa-respondi com um rosto que combinava com minha voz que soou receosa.

Para quem não está entendendo nada, vou explicar...Esse pressentimento que estou falando só me ocorreu 4 vezes na vida:

A primeira foi quando eu tinha 10 anos, e nessa ocasião meu cachorro morreu envenenado. Na segunda eu tinha 11 anos e estava andando a caminho da escola...e o dia seguiu normal, mas quando anoiteceu eu poderia jurar que vi um vulto na varanda do meu quarto. A Terceira ocorreu nos meus 13 anos, e também foi quando minha mãe sofreu um acidente de carro indo me buscar na casa de Liam. A quarta foi no ano passado, na saída da minha festa de 15 anos quando Liam quase morreu após ser picado por um escorpião (de onde surgiu não faço ideia).

E agora, justamente no último dia letivo antes das férias, essa sensação volta para me atormentar.

Liam já conhecia cada uma das situações em que esse pressentimento ocorreu e quando eu achei que ele me diria que eu era louca ele disse que acreditava em mim.

Fazer o que, amigos servem para isso.

Ele me abraçou solidário e andamos em silêncio até nossos armários para pegar o material da primeira aula: Geografia.

Bom, não sei se citei mas fazemos todas as aulas juntos então se por acaso nós brigarmos teremos que ficar aguentando a cara um do outro durante todas as aulas.

A Aula foi no mínimo interessante, apesar de eu já saber tudo que a professora explicava.

O dia seguiu tranquilo o que me assustou, pois alguma coisa iria dar errado, disso eu tinha certeza.

Quando acabaram as aulas, às duas da tarde eu estava esperando até que um meteoro caísse em cima de mim.

Minha mãe veio buscar eu e Liam e fomos rumo à minha casa. Minha mãe, claro percebeu meu silencio incomum:

—Filha? está tudo bem? vocês estão tão quietos...

—Mau Pressentimento -Eu e Liam dissemos simultaneamente, o que, acredite, não foi combinado.

Depois disso, Liam e minha mãe entraram na função TENTAR ME TRANQUILIZAR.

Ou seja, Liam decidiu que era uma boa hora para passar no Shopping e comprar um colar para mim e minha mãe resolveu que queria comer no Mcdonald's...admito, isso fez aquilo sumir um pouco da minha cabeça.

Depois fomos no mercado comprar ingredientes para fazer Torta de Óreo, com morangos e cobertura de chocolate, que por "acaso" é a minha favorita.

Chegando em casa subi para o meu quarto e abri a porta da varanda onde minha Shih-tzu, Kyra, fica pra não fazer bagunça na casa, e deixei-a correr pelo quarto. E fui até o meu piano me acalmar cantando alguma coisa. Mas acho que minha mãe pensou que isso me daria brecha pra pensar no mau pressagio (algo razoavelmente certo), pois pouco depois Liam entrou no quarto.

Como estava tocando e cantando "I Believe da Christina Perri", eu não o vi chegar e ele, sabendo o quanto eu odeio que me interrompam no meio de alguma coisa (sério, quer me tirar do sério me interrompa, por exemplo, quando estou lendo. Mas você corre o risco de sair com um salto alto preso na sua cara.), ele pegou meu violão, sentou num dos puff's do meu quarto e esperou eu terminar a música para tocarmos outras juntos.

Após terminamos uma sequência de 6 músicas, estava uma atmosfera tão pacifica, que eu coloquei meu teclado e o violão pra dentro e sentei, apoiei minha cabeça no ombro de Liam e ficamos daquele jeito, olhando o céu azul da tarde.

Mas, como tudo que é bom dura pouco...