Alex

Sexta feira chegou e com ela o fim de mais uma semana. Tenho que dizer que essa semana foi produtiva, eu e Joshua conseguimos fechar dois contratos com uma das empresas mais bem vistas de Nova York, estamos conseguindo crescer.

“O que acha de irmos comemorar esse novo contrato no bar aqui da esquina?” Pergunta Robert, o presidente da empresa que fechamos contrato.

“Eu acho uma boa ideia. E você Alex?” Josh responde.

“Sim, é uma boa ideia. A semana foi corrida, precisamos nos distrair um pouco.” Eu digo e começo a guardar a papelada.

“Fechado, nos encontramos lá” Robert diz, acena com a cabeça e segue em direção a saída.

“Cara, esse contrato fará com que a empresa ganhe mais nome no mercado. Já posso até sentir como seremos mais procurados a partir de agora” Josh diz “É o nosso sonho se realizando Alex.”

“Sim. Vovó e vovô ficariam felizes com o rumo em que as coisas estão tomando” eu digo nostálgico. “E ai, como ta se sentindo como um cara noivo?” eu pergunto rindo.

“É a melhor sensação da minha vida.”

“Te entendo.” Eu digo, pego minha pasta e sigo em direção a porta “Nos vemos daqui a pouco irmão.”

Olho pro relógio e vejo que já se passa das cinco horas, fiquei tão entretido no trabalho que esqueci completamente de avisar a Julia que irei sair com os rapazes. Tanto tempo que eu não saio sem ela que me sinto até estranho, mas vai ser bom ter um tempo só com os homens, às vezes precisamos disso. Faz bem pro ego masculino. Pego o telefone e ligo pra ela, no terceiro toque ela atende.

“Oi baby” ela diz docemente. Adoro quando ela me chama assim, com certeza tenho um sorriso bobo estampado na cara.

“Oi meu amor. Como minhas meninas estão?”

“Estamos bem, e com saudades de você.” Ela diz e ouço um barulho ao fundo e sei que é o cachorro. “E o Thor também” ela rir.

“Também sinto saudade dos meu amores, e do Thor também” eu digo “Amor só liguei pra avisar que irei a um bar com os rapazes, fechamos dois contratos e vamos comemorar. Tudo bem?”

“Parabéns querido, e tudo bem por mim. Só não chegue tarde e tenha cuidado. Te amamos.” Ela diz e eu tenho vontade de cancelar essa maldita saída pro bar e correr pra casa e ficar com ela.

“Também amo vocês, e chegarei o mais rápido possível.” Desligo e sinto um aperto no peito. Em oito meses de relacionamento, essa é a primeira vez que vou sair sozinho. É como se eu tivesse voltando pra aquela vida vazia que eu tinha, mas eu sei que é falta de costume, e sei que jamais irei voltar pra minha antiga vida, porque agora eu tenho uma casa, uma noiva amorosa, uma filha e um cachorro me esperando. Eu agora tenho uma família e sou fodidamente feliz.

Julia

“Somos só eu e você Thorzinho. O que faremos, meu amor?” eu pergunto ao cachorro e ele simplesmente abanda o rabinho e sai correndo pela casa. Que diversão é ter um cachorro em casa. Eu às vezes tento entender como ainda tem gente que consegue fazer mal a um ser que só quer carinho, amor e um pouco de cuidado. Eu sempre tive paixão por animais, e sempre tive cachorros, mas quando me mudei eu fiquei sem tempo de conseguir comprar um, pois sabia que não teria tempo suficiente pra ele, até que Alex fez a minha vontade e agora eu tenho essa bola de pelo que é o Thor. O meu amorzinho. Decido por fim dar uma voltar com Thor pela vizinhança, ainda é cedo e o tempo está convidativo.

Depois de ter a sua coleirinha em volta do seu pescoço gordo, eu e Thor fazemos o caminho pra fora de casa. Começamos passeando por toda a rua. Ele brinca com algumas crianças e avisto a minha vizinha.

“Olá Ruth” eu digo e aceno, e vejo-a vindo em minha direção.

“Olá querida, como essa barriga está crescendo” ela diz passando a mão sobre a mesma e em seguida se ajoelha e afaga a cabecinha de Thor.

“Sim, essa menininha já está me dando trabalho.” Eu digo carinhosamente e começamos a conversar sobre assuntos banais.

Já passa das sete horas quando resolvo voltar pra casa. Meus pés estão cansados e sinto uma dor imensa na coluna. Sigo em direção ao banheiro, encho a banheiro com alguns sais e em seguida mergulho na água quentinha que rapidamente relaxa todo o meu corpo. Delícia. Quando sinto a água começar a ficar gelada, vejo meus dedos parecendo uvas passas resolvo sair da banheira. Depois de colocar uma roupa levinha, decido descer e fazer algo pra comer, mas eu não sinto fome e nem animo. É chato ter que cozinhar apenas pra você. Eu sinto falta de Alex, sei que pode parecer carente, mas é costume. Estou acostumada com ele chegando em casa por volta das seis horas, tomando seu banho, brincando com Thor e por fim, jantando junto comigo e depois passamos algum tempo juntos antes de eu pegar no sono. Sinto lágrimas brotando nos meus olhos e resolvo ligar pra ele. O telefone toca e nada dele atender, e por fim cai na caixa de mensagem, isso é estranho, pois nunca aconteceu antes, mas mesmo assim resolvo deixar uma mensagem.

“Estou com saudades. Espero que esteja se divertindo. Te amo.”

Faço uma refeição rápida e sigo em direção a sala junto com Thor. Ele se deita no sofá ao meu lado e começo a zapear os canais na TV e não encontro nada interessante passando. Olho pro meu celular e nenhuma resposta de Alex. Ele está se divertindo, não encha o saco.Meu subconsciente zomba de mim. Resolvo esperar mais algumas horas e torno a ligar pro seu celular e novamente cai na caixa de mensagem. Já estou ficando nervosa. Olho pro relógio e vejo que já passa das dez horas. Nunca Alex ficou até tarde fora de casa. Ligo mais algumas vezes e me dou por vencida, ele não quer falar comigo. Simples. Puta da vida sigo em direção ao quarto, arrumo a cama e me deito nela, e tento a todo custo dormir.

Alex

Depois te perder as contas de quantas cervejas e tequilas tínhamos tomado, resolvo que está na hora de ir embora. Julia me espera em casa, e espero que ela não esteja puta comigo. Apalpo meus bolsos e por um momento sinto um pânico correr por minhas veias, meu celular não está comigo. PUTA. QUE. ME. PARIU. Com certeza Julia tentou entrar em contato comigo e eu o imbecil que sou, esqueci o celular no carro. Ponto pra você, idiota.

“Valeu pessoal, a farra ta boa, mas tenho que ir.” Eu digo pegando algumas notas na carteira e deixando em cima de mesa, deixo Joshua e Robert aproveitando e sigo em direção a saída e rezando mentalmente pra que Julia não esteja puta comigo.

Chego em casa e estaciono o carro na garagem. Juro que estou tentando entender como cheguei em casa, estou um pouco alterado. Fui irresponsável, mas a minha vontade de chegar e ficar com a minha mulher era maior que tudo, pego meu celular e noto que tem mais de quinze chamadas não entendidas de Julia. Eu estou simplesmente fodido. Ando pelo gramado e vou em direção a porta da frente e está trancada. PORRA! Pego a chave no meu bolso e tento a todo custo enfiar a chave no buraco certo, mas não consigo. Você ta bem de buraco, imbecil. Zomba meu diabo interior. Na terceira tentativa consigo abrir a porta. O interior da casa está escuro, não há nenhum sinal de Julia e Thor. Tiro meu paletó e sigo escada acima sem fazer muito barulho. Espero que minha mulher esteja dormindo, só assim poderei entrar no quarto sem que ela veja e sem que ela note que cheguei tão tarde e tão bêbado.

Paro em frente à porta do nosso quarto e giro a maçaneta, porém noto que a porta está trancada. Julia está muito puta! Eu tenho certeza.

“Querida, cheguei” eu digo e bato suavemente na porta e depois de alguns segundo a porta se abre, revelando uma Julia com os olhos pegando fogo.

“Jura? Eu não teria percebido. Você fede a álcool, e não irá dormir comigo.” Ela fala e entra no quarto e volta com um travesseiro e duas cobertas e me entrega “Durma no quarto de hospedes ou então no sofá, você escolhe.” E dito isso, fecha a porta na minha cara.

“Mas amor...” eu digo enquanto colo minha testa na porta do quarto “Eu esqueci meu celular no carro. Me perdoa.” Eu peço e ouço barulinhos atrás de mim e sei que é Thor. Ele para do meu lado e começa abanar seu rabo e coloca a língua pra fora, me pedindo carinho. Começo a brincar com sua cabecinha.

“É amigão, será eu e você hoje à noite.” Eu digo e ele começa a arranhar a porta, e em segundos a porta se abre e vejo Julia em pé nela. Abro um largo sorriso e me preparo pra entrar, porém ela coloca a mão na frente impedindo minha passagem e quando olho pro lado vejo Thor entrando.

“Você, fora daqui.” Ela diz e mais uma vez bate a porta na minha cara.

“Cachorro traira.” Eu grito. Pego minhas coisas e sigo em direção ao sofá, onde será a minha cama por uma noite inteira. PORRA!