Guardião escrita por Michelle Hawk


Capítulo 3
Parceiro de Biologia


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!! Boa tarde!!! Então, novamente, estamos aqui para mais uma atualização de "Guardião"... o/
Espero que gostem do novo capítulo, já que é agora que nosso menino Dylan entra em cena... preparem-se, apertem o cinto e vamos nessa!!

Agradeço pelos comentários no capítulo anterior. Estão todos respondidos e posso dizer que morri lendo-os. Vocês são os melhores!!! Sem sombra de dúvidas!!

A quem chegou agora: sejam muito bem-vindo
A quem já está aqui desde o inicio: meu muito obrigada!!



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O carro da família parou no estacionamento reservado aos professores e as quatro pessoas desceram dele. Julia colocou sua mochila nas costas e acompanhou as irmãs que já haviam engatado uma conversa sobre esmaltes e maquiagens para o baile de boas-vindas da escola. Geralmente acontecia três semanas depois do início do ano letivo, mas as jovens já sabiam até a data. O pai foi o encarregado de ficar vigiando os beijoqueiros na pista de dança.

Diziam que por serem novatas, as chances de conseguirem pares eram maiores, principalmente se elas se tornassem populares. Julia apenas queria aproveitar o dia de folga para assistir um filme qualquer que tivesse em cartaz. Talvez Anitta quisesse ir ao baile, ela gostava dessas coisas. Então poderia apenas se contentar em ter a noite sozinha para si mesma. Não era de todo ruim.

Seguiram o senhor Adams entre as passarelas de acesso, deparando-se com tudo completamente novo. Não havia muitos alunos ali e os poucos que já haviam chegado, estavam sentados na grama que crescia em frente ao primeiro pavilhão de aulas. Ninguém sabia ainda onde ficariam, exceto aqueles que já haviam ido até a secretaria e já tinham solicitado os horários. Julia e as irmãs seguiram direto para lá, conforme orientação do pai.

Quem as atendeu foi uma senhora esbelta e com bastante sardas. Extremamente simpática e com uma alegria que contagiava quem quer que fosse até ela. Os dedos pequenos batiam com agilidade nas teclas do computador e em menos de cinco minutos entregou as grades para as três, com um sorriso largo e os dentes brancos. Também lhes passou um papel para que todos os professores assinassem. Deveriam entregar a ela na saída.

— Bem-vindas a Cambridge High — as cumprimentou e as jovens deixaram a sala, agradecendo pela cordialidade com a qual foram tratadas.

As duas mais novas resmungaram sobre suas primeiras matérias, enquanto Julia só tinha a agradecer pelo que estava escrito em seu cronograma. Como eram de idades diferentes, cada uma cursava um ano diferente. A ruiva agradecia ao fato de ter, em seu primeiro dia, aula de história, inglês, espanhol, governo e biologia. Vibrava por não ter pego um horário semelhante ao de Tina. Ninguém merecia Educação Física justo no primeiro horário.

Na verdade, Julia não havia conseguido decidir se era melhor no início do dia ou no final, como ficou sendo a sua grade. Imaginou que estaria super cansada quando tivesse que encarar o seu professor, de quase dois metros de altura, usando o uniforme com as cores básicas da escola que era o vermelho e o amarelo.

Tina seguiu até a sala dos professores, na esperança de seu pai conseguir mudar seu horário — a realidade era que a jovem não gostava mesmo da matéria —, mas Julia sabia que não era assim que funcionava. Mesmo que conseguisse, teria que ter aula com o treinador Ortega naquele dia. Só adiaria o inevitável.

Depois de várias tentativas, a filha do meio retornou chateada para perto das irmãs e as três sentaram-se nos bancos da praça por alguns minutos. Conversaram coisas bobas por um tempo, antes que os pátios começassem a superlotar. A escola era grande e, consequentemente, o transito de alunos era numeroso. Julia conseguiu ver os grupinhos que já existiam, visto que elas eram as novatas e os outros se conheciam desde sempre.

Haviam os clássicos nerds, os rapazes vestidos com as camisas do time de futebol — mesmo tendo cartazes por toda parte informando que os testes só começariam no segundo dia de aula — e aqueles que pouco se importavam com a escola. Só estavam ali para fingir que se importavam. A realidade era que se preocupavam mais com o que fumariam do que com as matérias. Também não podia faltar o time das populares, que era o grupo mais disputado por todas as jovens da escola, mas poucas eram bonitas ou ricas o suficiente para entrar nele.

Julia as examinava de uma forma quase meticulosa. Como Tina e Marie conseguiam? Todo aquele brilho e cor-de-rosa chegavam a cegá-la. Preferia estar no grupo dos nerds ou daqueles pouco amados. Encarou aquela que estava bem na frente das outras. As mãos na cintura, segurando no cós da minúscula saia.

— Vocês devem ser as novatas, filha do professor novo de Biologia, não são? Deve ser horrível ter o professor como pai — ela comentou. Era a líder, pelo jeito como as outras apenas concordavam com ela. A mais velha revirou os olhos impacientemente.

— É mais fácil saber as respostas das provas — Tina comentou piscando um dos olhos — E não apenas de biologia — olhou para as duas irmãs e se levantou. As meninas fizeram o mesmo. As três seguiram em direção ao prédio de aulas e a mais jovem se continha em não rir, enquanto fazia uma contagem regressiva em tom de sussurro:

— Cinco, quatro, três, dois...

— Vamos dar uma festa amanhã, na casa da Sylvia — ouviram a voz da mesma jovem atrás delas. As meninas se viraram e a líder apontou para uma das moças do lado esquerdo. Era uma belíssima negra de cabelos compridos e trançados. — Os pais dela estão na França. Serão bem-vindas se aparecerem.

— Estaremos lá, com certeza — concluiu Tina.

— Fale por si só — Julia sussurrou. Não conseguia mesmo fingir ser o que não era. Aquele mundo nunca a agradou, principalmente quando percebia algumas atitudes maldosas por parte delas. Claro que suas irmãs nunca aceitavam isso, mas sempre existia a maçã podre do cesto.

— Me passem o número de vocês. Mando o endereço por mensagem — concluiu. Julia apenas deu as costas e seguiu para sua aula.

— Vejo vocês mais tarde — informou para as irmãs que apenas assentiram. Como sempre, conseguiram entrar no grupo das populares no primeiro dia. Julia não fazia questão.

____ ღ ____

As aulas seguiram conforme estavam programadas.

A de história, com um professor gorducho que atendia pelo nome de Sr. Harris, não podia ter começado pior. Ele passou um trabalho gigante sobre a Revolução Americana. Era tudo o que Julia menos queria no primeiro dia de aula — De repente sonhou em ter educação física no primeiro horário. — O prazo de entrega era no último dia de aula, antes das férias de inverno. Tinha três meses até lá, mas a ruiva se preocuparia em finalizá-lo o mais rápido possível. Odiava acumular trabalhos escolares.

A professora de espanhol, a senhorita Hernandez, era bastante nova. Não deveria ter mais do que trinta anos e conversou bastante com a turma. Julia gostou dela logo de cara e sabia que se dariam bem. Ela disse que não passaria trabalhos antes das férias e isso foi um ponto tremendamente positivo na concepção da jovem.

A aula de inglês foi vaga, porque a professora sofreu um acidente nas férias e ainda não tinham arranjado ninguém para substituí-la. Por conta disso, Julia limitou-se a sentar na grama, enquanto contava tudo o que tinha acontecido para Anitta. A jovem não conseguia acreditar que as irmãs haviam sido convidadas para a festa de Thiffany.

— Típico nome para patricinhas — Julia comentou ao telefone.

— Não acredito que perdi essa chance — a voz rápida, fina e triste de Anitta fez-se ouvir. — É extremamente raro ser convidado por elas. É quase igual ganhar na loteria por dez vezes seguidas.

— Não teve um caso assim no Alabama? — debochou.

— Estou falando sério Ju. Como elas conseguiram?

— Tina comentou sobre conseguir o gabarito das provas de biologia e de outras matérias.

— Sério que podem conseguir as respostas? — Perguntou curiosa. Julia percebeu a euforia que sua amiga tentava não deixar transparecer.

— Claro que não. O papai toma todos os cuidados do mundo quando vai fazer as provas. Não podemos ficar a menos de dez metros de distância dele. Quando estão prontas, a prova é salva apenas em um pen-drive e colocado em um cofre ou num colar em seu pescoço.

— E vocês, por um acaso, já tentaram pegar?

— Já, afinal não são todos que tem a sorte, ou azar, de ter o pai como professor — a ruiva respondeu. — Estávamos quase conseguindo quando fomos pegas. Além de ficarmos de castigo em casa, ainda tivemos que fazer trabalhos extras ou reprovaríamos. Não é sensato tentar saber o gabarito. Aprendemos da pior maneira possível.

— Então quer dizer que Tina e Marie não têm de onde tirar as respostas e as populares vão descobrir mais cedo ou mais tarde. Vai ser o inferno na terra.

— Não se preocupe com isso, Anitta. Elas serão as líderes em uma semana ou menos. Pode apostar.

— Só queria descobrir como elas conseguem — comentou a amiga e ouviu o telefone fixo tocar — Ju, eu tenho que ir. Mais tarde vou na sua casa para pegar o que os professores passaram.

— Está bem, tenho aula de Biologia daqui a dez minutos.

— Divirta-se — respondeu sorrindo.

— Você nunca teve aula com meu pai, não é? — Anitta gargalhou do outro lado antes de desligar.

Julia apressou-se em deixar tudo pronto para quando o sinal tocasse. Guardava o celular na mochila quando percebeu que havia colocado o bloquinho de anotações ali também. O puxou e folheou algumas páginas, parando no sonho que teve três semanas antes.

Ela guiava uma carroça, no meio de uma paisagem semiárida, quando os cavalos se assustaram com uma cobra. Os dois se puseram a correr sem rumo, mesmo que a jovem pedisse para que parassem ao puxar as rédeas. Estavam apavorados e corriam desesperados em direção a um precipício famoso por várias quedas certeiras para a morte.

Ela gritava com todo o pulmão por ajuda, mas sabia que não tinha ninguém por ali e que certamente morreria. Perguntava-se quais eram as chances de não quebrar o pescoço ou algum osso, se pulasse da carroça, mas sabia que pela velocidade dos cavalos eram mínimas.

Já havia aceitado que morreria quando um homem aproximou-se de sua carruagem. O cavalo escuro corria, o mais rápido que conseguia, para alcança-la. Assim que ficou lado a lado ele lhe esticou a mão e, sem pensar duas vezes, a jovem a pegou e o rapaz a puxou. Acomodou-a gentilmente em sua frente.

A carruagem foi erguida, violentamente, quando a roda direita ficou presa entre duas pedras. Desprendeu-se dos cavalos e caiu sozinha no precipício. Os animais tiveram tempo de parar, quando se perceberam livres.

A jovem ainda tremia quando finalmente resolveu ver quem era seu salvador. Lá estava ele: o mesmo rapaz de olhos castanhos e expressão triste. Usava uma roupa típica para a época, que era a do velho oeste.

— Obrigada — agradeceu. Sua voz foi mais firme do que ela poderia esperar, mas ainda assim tremia de medo.

— Por nada — respondeu. Colocou uma das mechas ruivas, dos cabelos desgrenhados pelo vento, para trás da orelha dela e sorriu. Pela primeira vez Julia lembrou-se de vê-lo sorrir.

— Eu me chamo Maggie — se apresentou e ele retirou seu chapéu.

— Eu sou Dylan, ao seu dispor — respondeu.

O sinal da escola tocou, assustando Julia. Ela mergulhara tão fixamente naquelas anotações que as imagens retornaram como se as tivesse realmente vivido além dos sonhos.

Balançou a cabeça, tentando espantar as imagens que ainda se formava em sua mente, quando guardou o bloquinho de anotações na mochila. Levantou-se e saiu o mais rápido que conseguiu pelos corredores. O professor de biologia era o seu pai e ela o conhecia bem demais para saber que não tolerava atrasos. Pior ainda se fosse uma de suas filhas.

Chegou quando todos se acomodavam nas mesas do laboratório. Escolheu uma bem na frente, do lado esquerdo , porque a vista dava para um jardim muito bem cuidado pela secretaria alta e de sardas. Ela entendeu, naquele momento, por que o cheiro do ambiente era tão agradável e aconchegante. O cheiro das flores invadia o lugar e Julia adorou aquilo.

Exatos dois minutos se passaram e seu pai entrou na sala. Fechou a porta e a jovem sentiu pena de quem poderia chegar depois. Certamente receberia advertências pelo atraso e seria impedido de assistir aula. Seu pai era mesmo bem rígido quanto a horários.

— Bom dia, turma — falou enquanto colocava as suas coisas na mesa reservada. — Meu nome é Bruno Adams, sem piadas com aquela família da TV — alguns alunos riram — e eu vou ensinar Biologia para vocês nesse ano — escreveu seu nome no quadro, mesmo que não fosse necessário — Não sou daquele tipo de professor que pede para os alunos se apresentarem no primeiro dia. Não se preocupem com isso. Eu vou ter um ano inteiro para conhecer vocês e acreditem, eu vou saber não só seus nomes quando nosso tempo terminar — alguns alunos fizeram careta. — Sim, eu falei para assustar. Por isso eu quero que vocês se empenhem na matéria. É um assunto fácil, mesmo sendo matérias do último ano, mas não se preocupem que prometo deixar as coisas o mais explicado possível para vocês.

O senhor Adams olhou rapidamente para a filha e sorriu. O pedido para não haver apresentação foi dela. Agradeceria ao pai mais tarde.

— Bom, eu posso não conhecer todos vocês, mas quero saber o que aprenderam sobre Biologia. Em cima da mesa tem um papel, estão vendo? — cada dupla pegou o seu e examinou. — São vinte questões sobre o conteúdo que foi explicado até agora para vocês. Dez discursivas e dez de assinalar. Quero que você e o colega do lado, que será seu parceiro pelo resto do ano, tentem responder essas perguntas sem consulta. Quem conseguir, guardarei os nomes e lembrarei se tiverem precisando de créditos extras — sorriu para a turma. — Podem começar.

— Professor — Julia o chamou baixo. Bruno preferia assim, sabia que os alunos poderiam tratar a menina de uma forma diferente, se soubesse que ela era sua filha. — Eu estou sozinha.

— Verdade, mas sei que você consegue — piscou para ela e voltou sua atenção para a classe. — Vocês têm exatos trinta minutos para responder. Boa sorte.

Todos rapidamente pegaram seus lápis e começaram a discussão baixa sobre o que sabiam e o que lembravam, enquanto Julia apenas se empenhava em resolver o máximo de questões que podia sozinha. Seu pai foi seu professor nos dois anos anteriores e não queria decepcioná-lo.

Estava absorta em seu questionário que nem sequer percebeu quando a porta da sala se abriu. Um jovem entrou por ela, seguindo direto ao professor. Bruno o mirou seriamente, com os olhos arregalados, enquanto se aproximava. Lhe entregou o mesmo papel que Julia tinha em mãos e esperou.

— Você chegou atrasado. Não permitirei que fique nessa aula — comentou, sussurrando o restante da mensagem. — Não precisa voltar na próxima também.

— Nesse papel explica o meu atraso, professor. O computador da secretaria pifou e tive que esperar, como outras centenas de alunos, pela grade e autorização. Por hoje estou limpo. Não foi culpa minha — respondeu. Bruno analisou o papel com cautela e olhou para ele outra vez. Assentiu antes de erguer as vistas e perceber que o único lugar vago da sala era ao lado de sua filha.

— Estou lhe avisando — sussurrou. Era uma ameaça nada velada. — Fica longe.

— Eu estou fazendo meu trabalho, Bruno — o jovem respondeu no mesmo tom. Jamais se deixaria ser intimidado. — Tenta me impedir — pegou o único livro que ainda estava na mesa e seguiu para o lado de Julia. Sentou-se na cadeira e a olhou de soslaio. Estava realmente concentrada. — Quer ajuda com isso? — perguntou.

— Consegui responder as de assinalar, mas essa terceira discursiva... — ergueu a vista para encarar o seu parceiro de biologia e paralisou completamente. Ela reconheceria aquele olhar onde quer que fosse. Os cabelos escuros e repicados, levemente assanhados. A boca fina e cor de rosa, erguida em um sorriso de lado simples. A jovem começou a tremer imediatamente.

— Você está bem? — perguntou. Ela não estava bem. O garoto de seus sonhos estava ao seu lado, falando com ela. O jovem de olhar triste que ela tinha pena. Não podia ser real.

— Eu...eu... — gaguejou antes de continuar. Respirou fundo para que sua reação não fosse mais estranha do que já estava —... eu acho que sim.

— Que bom — sorriu. O mesmo sorriso que ela se lembrava de ter visto alguns minutos antes, quando estava sentada no gramado. Como ele poderia ser real? — Meu nome é Dylan Norton — se apresentou esticando-lhe a mão.

— Eu sou Julia... — respondeu. Sorriu antes de concluir —... Adams.

— Adams? Como o professor? — quis saber ainda mantendo um sorriso largo. Julia perguntou, a si mesma, se as bochechas dele não doíam de estar daquela forma desde que sentou ali, mas não se importava de vê-lo assim. Geralmente tinha os olhos tristes e feição abatida. Gostou de vê-lo diferente. Gostou de vê-lo alegre.

— Ele é o meu pai, mas não conte a ninguém — pediu. Dylan piscou um olho para ela.

— Seu segredo está guardado comigo. Não se preocupe — ela retribuiu o sorriso, desviando o olhar. Encontrou seu pai com os braços cruzados e os encarando como se fosse expulsar Dylan da sala a qualquer momento. Julia pigarreou e voltou a encarar o questionário. — Então, posso dar uma olhada?

— Claro — lhe entregou o papel. Dylan pegou o lápis de Julia e começou a ler. Escreveu da melhor maneira que conseguiu, tomando bastante cuidado para não deixar uma letra feia demais no papel. Respondeu todas as que ainda estavam faltando e, ao finalizar, colocou o lápis em cima da mesa e entregou o trabalho pronto para Julia.

A ruiva o leu com atenção, antes de encarar o jovem com os olhos arregalados.

— Como você...?

— Eu amo Biologia — respondeu sorrindo, mas assumiu uma feição mais séria quando percebeu o professor se aproximar.

— Estão conversando demais. Espero que seja sobre o questionário — Bruno interrompeu, colocando suas mãos para trás. Não era só para cobrar o trabalho que ele estava ali.

— E não era mesmo — respondeu Dylan. Julia arregalou os olhos para ele. — Até porque o questionário está pronto — pegou a folha da mão da jovem e entregou ao professor. O senhor Adams franziu o cenho, colocou os óculos de leitura e observou a folha em sua mão. Os olhos corriam pelas respostas enquanto Dylan mantinha os braços cruzados. Ao terminar de ver todas as questões, olhou para o rapaz por cima dos óculos em um claro sinal de desaprovação.

— Estão todas corretas. Parabéns — respondeu retirando os óculos e os colocando no bolso. Novamente havia o olhar ameaçador ali. Dylan nem sequer se importava, mas Julia ficou tremendamente curiosa.

Na verdade, ela pensava que o pai estava agindo por causa do instinto de proteger, porque um garoto com aparência duvidosa e respostas ásperas estava ao seu lado na sala, mas não era simplesmente aquilo ali. Tinha alguma coisa a mais.

Aos poucos, os outros alunos foram entregando seus questionários e aqueles que não terminaram no prazo, entregaram com apenas o que havia conseguido responder. O professor afirmou que não os esqueceria caso precisassem, afinal eles haviam tentado.

A aula continuou depois dali. Nos minutos que seguiram, o professor introduziu alguns assuntos sobre genética e o que os alunos veriam durante o ano. Era apenas uma aula mesmo de apresentação, mas Julia nem sequer prestou atenção.

Sua mente não parava e sempre que sabia ser possível, olhava demoradamente para Dylan. Examinava cada traço do jovem. Reparou em sua camisa branca, com uma estampa de uma banda de rock pesado, uma jaqueta de couro e calça jeans rasgada.

Automaticamente lembrou-se dos inúmeros sonhos que teve com ele. Fosse no velho oeste, em 1873 ou em Londres, cinquenta anos antes. Era ele mesmo, não mudava nada.

Como pode ter sonhado com ele, sem nem ao menos conhecê-lo? As chances de tê-lo encontrado antes, em sua vida, eram mínimas. Julia acabara de se mudar para a nova cidade e mal saiu de casa. Nada explicava o que estava acontecendo e a jovem só teve uma certeza: ela tinha que se manter distante.

Em todos os seus sonhos, ele estava lá quando ela morria. Poderia se chamar Maggie ou Lizzie, mas sabia que era ela. A aparência não negava.

Estava decidido: Mesmo que se tornasse seu parceiro de classe, só porque sentou-se ao seu lado, Julia não deixaria que se aproximasse mais do que aquilo. Estava limitando o seu relacionamento com Dylan a algo apenas dentro da escola. Era a decisão certa a se tomar.


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Notas finais do capítulo

É isso, amores!
Beijos gigantes para vocês e até Sábado... o