Guardião escrita por Michelle Hawk


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, gente!
Esse é o nosso primeiro contato com a história, então não vou me demorar muito.
Espero que gostem e que se divirtam na companhia de nossa ruiva e do seu guardião!



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LONDRES, INGLATERRA - 02 DE NOVEMBRO DE 1823

O jovem corria desesperadamente pelas ruas geladas. Era o pior inverno de todos e a angustia, que consumia aquele rapaz, fazia o frio ser ainda maior. As lágrimas começavam a se formar nos belos olhos castanhos enquanto ele corria em direção ao casarão da rua principal.

Sabia que a culpa havia sido dele e entendia que se tivesse deixado de lado a vontade de tê-la outra vez, eles nunca a teriam encontrado e ela ainda poderia estar viva, esbanjando graça e beleza por onde passasse, mas aquele não era o caso. A mulher que sempre amou estava morta e com ela uma parte dele também.

Virou apressado em uma esquina e finalmente alcançou a casa. Do lado de fora estava um senhor, de no máximo quarenta anos, que abraçava a filha mais nova. Os dois choravam.

— Dizei-me: onde ela está? — quis saber o jovem, ao se aproximar.

— Está logo ali — respondeu o homem e apontou para um lugar no meio da sala, onde duas outras mulheres pranteavam com bastante dor. Ele esperava que fosse mentira, que fosse apenas um mal-entendido. Acreditava que sua amada fosse aparecer na porta, sorrindo como sempre fazia ou talvez envolvendo os dedos nos belos cachos vermelhos que possuía, mas a sua esperança foi posta de lado quando a mais velha das mulheres se levantou e ele pode ver a sua amada esticada no chão.

Deu dois passos na direção do corpo e parou. Respirou fundo tentando sorver um pouco de ar, enquanto seus olhos não acreditavam na cena que via. Ela não poderia estar morta. Não poderia. Ficaram tantos anos longe um do outro e agora, que finalmente poderiam viver aquele amor, ela havia sido brutalmente arrancada dele.

Voltou a caminhar e quando finalmente se aproximou, despencou gritando ao seu lado, desejando com toda a força que a morte o levasse também — só assim ele poderia fugir da vida que lhe esperava de agora em diante —, mas ela não viria. A morte não o aceitava e aquele era o seu castigo.

A mulher — mesmo depois de morta — ainda mantinha a beleza e a ingenuidade que, outrora, fez com que o jovem caísse de amores por ela. Seus olhos fitavam o teto e sua mão já estava bastante gelada. Porém, sua bochecha estava rubra e o seu perfume ainda conseguia se espalhar pelos vãos da casa.

— A culpa é toda sua — gritou a mãe aos prantos. — Eu nunca lhe perdoarei por tal feito. Tiraste a minha filha de mim outra vez. Que você seja amaldiçoado pelo resto de sua existência.

— Não preciso que me recordes que a condenei a morte. Eu estou perfeitamente ciente disso e garanto que não vou ficar pior do que já estou. — Ele segurou a mulher em seus braços e a colocou contra seu peito. Banhava o rosto delicado com suas lágrimas. — Um pedaço de minh'alma se foi no momento em que ela deixou de respirar. Eu já sou amaldiçoado.

— Deixe a minha casa, imediatamente — gritou a mulher e tentou tirar a filha dos braços do rapaz. O seu marido entrou afoitamente e lhe abraçou apertado, imobilizando-a. Sabia que a sua filha mais velha o amava, de todo o coração, e sabia também que o sentimento era reciproco. Ele precisava ter aquele momento de despedida.

— Porque os cabelos dela estão da cor da terra e não vermelhos? E porque os olhos se tornaram verdes?

— Foram eles — respondeu a filha do meio. Ela permanecia ajoelhada no chão, ao lado do corpo da irmã. — Quando lhe roubaram a essência, levaram isso dela também.

— Malditos — praguejou o jovem e começou a chorar ainda mais forte. — Eu juro que os matarei.

— Não jures sobre o corpo de minha filha — disse a mulher rispidamente. — Principalmente quando não terás coragem de cumpri-lo, já que foi um dos teus que lhe roubou a vida. Prometeste guardá-la e falhastes. Não és digno do amor dela, és um mentiroso.

— Eu sei que falhei. Ela confiou em mim e não fui forte o suficiente para salvá-la, mas não me imponha toda a culpa — os olhos castanhos marejados, encararam o casal abraçado mais ao longe. — Malditos são vocês que lhe abriram os olhos. Ela nada conhecia sobre mim, mas resolveram contar o que sabiam e por isso ela veio ao meu encontro. Têm a sua parcela de culpa sobre o ocorrido.

— Como ousa? — perguntou a mulher.

— Ele tem razão! Fomos nós que falamos a respeito dele e sobre o que aconteceu naquele dia. Não devemos dar-lhe toda a culpa — o pai da garota segurou firme no rosto da mulher e a olhou seriamente.

— Então, prometa-me que não falaremos mais sobre isso. Ela jamais saberá — pediu a mulher entre lágrimas e o homem assentiu.

— Ela jamais saberá — concordou e a abraçou. Voltou a sua atenção para o rapaz que chorava inconsolável, com a sua amada nos braços.

— Eu prometo que tentarei chegar mais cedo da próxima vez, Lizzie. Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

É isso! Obrigada por terem lido! Beijos e até o próximo!!!Flávia Rolim