Maggie's POV

Eu não dormi essa noite.

Quer dizer, isso não é novidade, já que eu fico acordada praticamente todas as noites.

Mas Glenn dessa vez não conseguiu dormir.

Sei disso porque ele ficava acariciando minha barriga, dizendo palavras doces e gentis para me reconfortar, e que ele não descansaria até estarmos completamente a salvos.

Mas é impossível ficarmos salvos por completo. Pelo o menos em um mundo de escuridão como este.

{...}

14h10

Todos aguardavam antecipadamente no pátio.

Glenn segurava minha mão com força.

–Aconteça o que acontecer, saiba que eu te amo Maggie.

Tive vontade de chorar. Glenn falara como se fosse ocorrer algo ruim, e eu já sabia dessa possibilidade.

–Eu também te amo Glenn.- Abracei ele. Ele beijou meu ombro e devolvi com um beijo em sua bochecha.

Afastamos nossos rostos para um beijo. Selamos nossos lábios em silêncio profundo.

Foi aí que o maldito tanque do Governador estacionou em frente à prisão. Mais uma vez.

Todos já estavam com suas devidas coisas na mochila. Glenn havia me dado uma faca para esconder na meia, caso algo me acontecesse.

Assim que o tanque estacionou, logo atrás dele veio um caminhão, que provavelmente transportava animais antes de tudo isso.

A porta do caminhão se abriu e de lá saiu ele. O infeliz que por algum motivo desconhecido resolveu atormentar a nossa vida em pleno mundo devastado.

Daryl iria junto, o que deixou Carol dividida, pois por um lado ela o queria ao seu lado, mas por outro queria que ele cuidasse de sua filha.

Por fim Beth se ofereceu para tomar conta dela, de Carl e de Judith. Minha irmã adorava crianças, ela provavelmente trabalharia numa creche se o mundo não estivesse desse jeito.

Daryl encarava Philip de uma maneira indescritível. Eu podia ver que através de seus olhos morava uma raiva incontrolável (Nunca subestimei Daryl, mas não duvidava que mais cedo ou mais tarde tentaria bater no Governador) e a vontade insaciável de dar um murro na cara do homem.

–Bem, todos estão aqui...Entrem no caminhão.- Ele ordenou.

Glenn ia ao meu lado. Optamos em ir da mãos dadas, caminhando até o recipiente insalubre.

Quando todos entramos, a porta se fechou do lado de fora.

Sentei no colo de Glenn. Me reconfortei em seu peito.

Ele estava preocupado, sério. Não parecia mais otimista como quando o conheci. Esse mundo lhe tornou mais frio, sem esperança.

Ele era lindo preocupado, aflito. Eu sei que eu também deveria estar preocupada ao invés de admirá-lo. Mas eu sabia que podia ser pior. Glenn estava ao meu lado, ele estaria lá para me proteger não importa o que acontecesse (E isso por um lado era fofo, mas por outro preocupante. Eu sempre temi que ele abrisse mão da própria vida para me salvar. Esse pensamento me aterrorizava).

–Glenn.-Murmurei baixo, pois não queria que ninguém escutasse.- Eu te amo muito. Você é minha motivação para viver.

Ele parou de pensar e me olhou, com um sorriso aflito:

–Mag, eu também tem amo.-Ele beijou minha cabeça.- Você é a única coisa que me restou.

Sorri para ele, tentando ao máximo focar só em Glenn para não me preocupar com a situação toda.

Peguei no sono, e depois de um tempo indeterminado, Glenn me acordou, dizendo:

–Chegamos.

Glenn’s POV

Chegamos ao lugar.

Talvez eu não ficaria tão preocupado assim se estivesse sozinho. Mas Maggie estava comigo. Ela podia estar em perigo, e eu jamais me perdoaria se algo lhe acontecesse.

Além de minha família estar toda em perigo, nas mãos de um pirado.

Acordei Maggie. Ela arregalou os olhos até relembrar que ela estava em um caminhão fedido estacionado em algum lugar desconhecido.

Rick foi o primeiro a sair do caminhão, todos saímos e nos encontramos em uma comunidade.

Muros altos, casas ao horizonte...

Li em uma placa ‘’Woodbury’’.

–Bem, sejam bem-vindos à Woodbury.- O Governador sorriu, será que estava drogado?

–O que você quer da gente?- Rick foi direto ao ponto, perguntando o que todos nós queríamos saber.

Ele riu.

–Bem, você me pegou. Minha comunidade, como eu já disse antes, não há tantas mulheres férteis... Eu quero bebês.

–Como assim?- Rick perguntou.

–Hora, já que vocês não querem que meus homens engravidem suas mulheres.- Ele fez uma pausa. Fiquei nervoso.- Vocês deem um jeito de me trazerem bebês. No mínimo três bebês.

Maggie olhou para mim, horrorizada. Mesmo que ela engravidasse, eu não queria dar nosso bebê para aquele homem. Mas de jeito nenhum. E tenho absoluta certeza de que Maggie também pensava assim.

–Então...Como vai ser. Vocês querem fazer o serviço ou meus homens fazem?- Ele sorriu. Uma onda de raiva percorreu pelo meu sangue.

Ele nos via como animais irracionais?

–Nós mesmos fazemos.- Rick afirmou.

O Governador assentiu a cabeça, decepcionado.

–Bem, vocês tem exatamente três semanas para me trazer três mulheres grávidas. Caso isso não aconteça, além de matarmos todos os homens de seu grupo, iremos nós mesmos fazer o serviço.

Rick assentiu com a cabeça, preocupado.

–Bem, fiquem a vontade. Podem ficar onde quiserem...

Ele se retirou. Me dirigi até Maggie:

–Maggie, não podemos fazer isso...

–Glenn, que opções nós temos? Precisamos fazer..

–Não. Não precisamos...-Coloquei minha mão em seu rosto.

Fomos até uma casa aleatória.

{...}

Estava de noite.

Eu ficava confortável naquela casa, mas isso não importava. Eu não conseguia parar de pensar nos interesses do Governador. Por um lado eu não queria engravidá-la, mas era preciso, para o bem de todos.

Deitamos na cama. Era macia, aconchegante.

–Maggie, você quer mesmo fazer isso?

–Sim, eu quero...-Eu murmurou.

Eu sabia que não era verdade, mas mesmo assim o fiz.

Transamos na cama. Não foi a nossa melhor transa, nos sentíamos obrigados a fazê-lo, mesmo nos amando e mesmo tendo prazer.

{...}

Três semanas transando todas as noites acabou resultando um bebê.

Maggie estava grávida.

É claro que isso não era nenhuma surpresa pra ninguém.

Michonne também havia engravidado de Rick. Isso particularmente me surpreendeu um pouco. Quer dizer, eu até desconfiava que rolava alguma coisa entre os dois...

Assim como Carol engravidou de Daryl. Por incrível que pareça, por mais pequena que fosse a probabilidade de ela engravidar, ela o fez. Sobre eles, todos da prisão (Inclusive Sophia) Já sabiam do rolo dos dois. Era mais obvio do que parece.

Já os outros ‘’casais’’ não obtiveram sucesso. Possivelmente elas estavam menstruadas ou algo do gênero.

Admito que não foi ruim passar aquele tempo lá. Durante esse tempo me esqueci que estávamos em pleno apocalipse. Sem falar que parecia que estávamos numa espécie de lua de mel, apesar de não sermos casado.

Apesar de que perderíamos o possível bebê.

No vigésimo primeiro dia, como o Governador já havia dito, ele nos reuniu para ver se obteve sucesso em seu plano. Eu ficava me perguntava se lá na prisão eles não estavam preocupados . Quer dizer...Uma semana virou três semanas sem ninguém avisar.

–Hora, hora...Vejamos o que temos aqui...- Ele disse, sentindo-se vitorioso.

–Três grávidas.- Rick disse.

–Três? Sério?-Ele sorriu.- Bem, agora vou levar vocês até o aquele lugar de que chamam de lar- Ele revirou os olhos.- E vejo vocês daqui há nove meses.

–Eu vou ficar.- Andrea disse, para o espanto de todos. Ela foi ao lado do Governador.

–Você está doida?- Daryl questiona.

–Eu e Philip ficamos próximos durante esse tempo..-Ela disse. Olhei para Maggie, que deu de ombros.

–A decisão é dela.- Rick disse.

Fomos de novo ao caminhão.

Durante a viagem de caminhão, Maggie vomitou uma vez. Ela estava claramente grávida, e isso me preocupava, não só por causa de que atualmente partos eram extremamente perigosos, mas também pois eu não queria abrir mão do nosso bebê, mesmo não o conhecendo.

–Então Carol...Eu sempre soube da sua relação com Daryl.-Maggie disse, rindo.

–Cale a boca.- Daryl disse.- Fizemos isso para salvar a prisão.

–Aham, sei...-Falei, tentando me distrair.

–Vão para o inferno – Carol disse, o que realmente nos fez rir. Inclusive Daryl riu, pois ele que falava daquela maneira grotesca e rude.

Voltamos à prisão, com todos se perguntando o que houve, o que aconteceria e porque todos nós estávamos aflitos.

Como iríamos explicar a situação toda, era essa a pergunta que prevalecia.