“Respire, Stiles, respire” ela dizia, encarando-o enquanto tentava convencer-se a fazer o mesmo. Não seria de muita ajuda caso acabasse entrando em colapso também.

“Não consigo... Eu... Não consigo” ele ofegou. Lydia podia sentir o desespero em sua voz, o mesmo que parecia ferver pelas veias dela. Ela percebeu que odiava vê-lo daquele jeito, odiava saber que ele estava sofrendo e ela não estava conseguindo fazer nada para ajudá-lo. Por que não parecia ser capaz de ajudá-lo?

“Stiles... Olhe para mim... Shh... Stiles...” pediu, segurando o rosto dele entre as mãos, fazendo com que ele a encarasse e, quando ele o fez, sem nem mesmo pensar no que estava fazendo, Lydia o beijou.

Porém, quando se afastou, não era Stiles quem estava com os lábios sobre os dela.

Era... Aiden.

Ele abriu os olhos, fixando-os sobre os dela. Franziu o cenho.

— Está tudo bem, Lydia? — ele indagou, afastando-se levemente dela a fim de observá-la melhor.

Não, não estava tudo bem. Que diabo estava acontecendo? Que tipo de pensamento estúpido era aquele se entranhando em sua mente? Por que, diabos, ela estava pensando em Stiles enquanto estava com Aiden?

E aquela não era a primeira vez que aquilo acontecia. Céus, e ela tinha o pressentimento de que também não seria a última.

Respirando profundamente para se acalmar, Lydia rolou os olhos, voltando-se para Aiden com a expressão carregada de sarcasmo.

— Sério, Aiden? Vai dar uma de garoto preocupado agora? Acha mesmo que é por isso que estamos nessa sala de aula vazia? — bufou, sentindo-se levemente mais confiante.

Ele sorriu, maroto, voltando a colocar os lábios sobre os dela, baixando para seu pescoço logo em seguida.

E tudo em que Lydia conseguia pensar era que não era ele.

X—X

Quando o último sinal soou, Lydia apressou-se pelos corredores, sentindo-se sufocada. Tudo o que queria era sair daquela escola, ir para longe dali. Ela queria respirar e não parecia haver oxigênio suficiente em seus pulmões.

Por que ele? Por que precisava tê-lo beijado? Não deveria haver milhares de outras coisas as quais poderia ter feito para ajudá-lo a controlar a crise? Mas, ao invés de raciocinar, ela o beijara.

E então ele não saia de sua cabeça.

— Certo, Lydia, se acalme. — murmurou para si, sentindo-se levemente aliviada quando chegou do lado de fora da escola. — Você fez o que precisava ser feito. Era para ajudá-lo. — repetiu para si mesma, inúmeras vezes, tentando convencer-se.

“Como você fez isso?” a voz dele ecoou em sua mente, enquanto a lembrança dos olhos verdes encarando-a como se a visse pela primeira vez perscrutavam-na, assombrados.

— Lydia? — ela assustou-se com a voz, a mesma voz, próxima demais, arrancando-a de seus devaneios. Ergueu os olhos somente para encontrar com os dele.

Seu coração descompassou.

— Hey, Stiles. — cumprimentou-o tentando aparentar a leveza que não sentia.

Ele estreitou os olhos.

— Você está bem? — indagou, preocupado.

— Sim. — assentiu, imaginando quando as pessoas parariam de perguntar aquilo para ela.

— Ótimo. — ele sorriu, daquela maneira desengonçada como sempre fazia. O chamado de Scott foi ouvido por eles e então Stiles foi até ele. Ela o observou se afastar, sentindo-se tomar por um sentimento indescritível.

Ela sabia por que o havia beijado.

Não fora para ajudá-lo. Não. Ela o havia beijado para ajudar a si mesma. Por que ela queria fazer aquilo.

Não havia sido ele quem a vira naquela noite, mas sim Lydia que, pela primeira vez em anos, conseguira enxergar algo o qual sempre esteve em sua frente e que, finalmente, era capaz de ver: Stiles.