As Crônicas de Awenasa escrita por Sonata


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Estou postando o prólogo pessoal! Por favor, me digam o que acharam :3 Logo eu posto o próximo capítulo (acho que não vai demorar muito, pois já comecei a escreve-lo...)



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Fomos traídos...

Na fundação milenar de nosso continente, os sete reinos juraram solenemente perante Dewin – nosso amado deus dos elementos – que respeitariam o território traçado e que sempre colaborariam com qualquer assunto que Awenasa necessitasse. Como suma lei – assinada com o próprio sangue dos fundadores -, jamais nenhum awenasan poderia derramar o sangue de um humano se seus interesses fossem egoístas e colocassem em risco a unidade do continente. Entretanto, no ano 839 do Segundo Alinhamento, os habitantes de Derevo Jorden relataram estranhas atividades advindas do norte, além das Montanhas do Sorriso da Besta, no território de Haya Jorden.

Quando perceberam do que se tratava era tarde demais... Centenas de milhares de sahires haya irromperam da Floresta Boreal e atacaram a capital de Derevo Jorden, Med Drevesi. Estava declarado nesse momento o início da Tortura dos 200 Anos, que consumiria nosso continente.

A maldade de Haya Jorden rapidamente se alastrou pelos dois outros reinos do norte nos dois anos subsequentes, subjugando-os ao poder de sua capital, Város Veri. Cerca de 50 milhões de homens, mulheres e crianças foram assassinados cruelmente e outros milhões tornaram-se escravos, dando aos sahires haya um poder que seria inimaginável até para o próprio deus Dewin. Poucos foram os que escaparam, a maioria pelo Oceano das Águas Inquietas, seguindo a esmo para o leste.

Os reinos do sul, desesperados com o crescente poder destrutivo dos sahires haya, reuniram o maior exército que o mundo já havia presenciado, com um número que ultrapassava facilmente os 200 mil. Dentre eles estavam presentes outros sahires, inúmero guerreiros e arqueiros. A enorme força armada marchou em direção a Muedin Jorden, onde o exército principal do inimigo estava reunido.

Contudo, não foi o suficiente... Nossas forças foram dizimadas quase que completamente na batalha que ficou conhecida como A Noite das Trevas – ano 842 -, criando um enorme rombo no poder militar dos quatro reinos sulistas. Awenasa não foi conquistada nessa ocasião graças à épica bravura de nossos soldados, que resistiram até que o último homem caísse ao chão, criando uma considerável baixa nos exércitos de Haya Jorden, que acabaram por recuar.

O reino do extremo norte ficou em silêncio por dez anos consecutivos, o que deu a oportunidade de Awenasa reestruturar-se parcialmente, tanto militarmente quanto socialmente. Mas um acontecimento muito maior ocorria em Palo Jorden, que reavivaria a esperança em nossos corações. Relatos dos sahires palo confirmavam que o grande Sahir alymitallis havia se revelado e estava em treinamento pelos grandes sábios de Ilma Jorden. Pouco se sabia sobre o Mestre Sahir, – como alguns preferiam chama-lo – sua existência era lendária, aparecendo em tempos difíceis para salvar o continente das trevas que ameaçavam dominá-lo. Seu nome entrou para a história: Taikuri Mai.

No ano 853, Haya Jorden voltou a atacar, investindo contra Yerkir Jorden sem piedade. Porém, havia uma aura diferente sobre ambos os lados - podia-se dizer que até havia uma pontada de medo se espalhando entre os sahires haya - pois boatos sobre Taikuri Mai haviam chegado ao norte. Entretanto, a batalha continuou a se alastrar pelo reino, chegando aos portões de sua capital, Brez Vode, no ano 860.

Foi nessa ocasião que Awenasa presenciou a primeira aparição do Sahir alymitallis, surgindo misticamente sobre os muros da capital de Yerkir Jorden. Relatos indicam que seu poder foi tão devastador que o tremor invocado por Taikuri pode ser sentido no extremo do continente, nas Asas do Sul. Todos os 100 mil sahires haya presentes foram mortos em questão de algumas horas. Os que estavam dispersos pelo reino - em sua maioria - recuaram para Muedin Jorden, já os outros atravessaram o Grande Rio Aislim em direção ao oeste, misturando-se com a população local, condenados a nunca mais poderem utilizar sua magia, sob o risco de serem mortos. Ainda, nos dias atuais, existem alguns deles refugiados entre nós.

A vitória de Taikuri Mai abalou seriamente Haya Jorden, que evitou qualquer investida por cerca de 50 anos. Eles não tinham pressa... Logo o Mestre Sahir morreria devido à idade e Awenasa – que havia depositado toda a sua fé nele – estaria submissa.

De 860 a 905, os quatro reinos do sul – liderados pelo Sahir alymitallis – presidiram a construção da colossal Grande Muralha, que se interpôs sobre a frente do inimigo e a frente liberta do continente. Haya Jorden arrependeu-se amargamente pelo seu ócio... Qualquer ataque ao sul – mesmo com centenas de milhares de homens – teria menos da metade da potência, pois apenas uma pequena parcela dos soldados conseguiria escalar o gigantesco muro feito de pedra e ferro, com mais de 500 metros de altura, especialmente durante os meses de inverno.

Em 910, inicia-se a Marcha da Liberdade, a campanha de retomada dos reinos do norte, que avançou durante quinze anos sobre Derevo Jorden e Muedin Jorden, eliminando os sahires haya da região. A cruzada foi um sucesso até que uma fatalidade caiu como uma sombra sobre nossos ombros...

Na noite de 25 de julho de 925, nas terras da cidade de Calendas – ao sul da capital Város Vas – um mal muito maior veio dos céus... Algo que, pela primeira vez, Taikuri Mai temeu profundamente... O Imperador Negro – cujo nome não ousarei pronunciar – deixara o Trono de Sangue em Város Veri para dar um fim àquela batalha... Montado em um dragão de trevas, ele retirou a vida de milhares de soldados – tanto sahires haya quanto homens da frente libertadora - e incendiou completamente os campos ao redor da cidade. Quando o banho de sangue havia chegado ao fim ele voltou-se para o Mestre Sahir, que aceitou o desafio corajosamente. Foi assim que a épica Batalha dos Céus Estrelados travou-se sobre aquela fatídica noite, que decidiria os principais acontecimentos que culminariam no fim da Tortura dos 200 Anos alguns anos mais tarde.

Não houve vitoriosos... O Imperador de Haya Jorden e o Sahir alymitallis saíram gravemente feridos do embate, que durou até a alvorada do dia seguinte. A participação do monarca na guerra indicava que o reino do extremo norte estava desesperado com o resultado final da Marcha da Liberdade. Alguns comentam que seu único objetivo era destruir Taikuri Mai, no que obteve sucesso. No dia 26 de Julho daquele ano, às 10h da manhã, morre o Mestre Sahir. Alguns minutos mais tarde, a morte leva também o soberano de Város Veri.

Nossos corações se dividem entre alegria e profunda tristeza... Mesmo os sahires haya ficaram transtornados com o incidente, pois seu líder lutar na guerra indicava que haviam sido ineficientes em atender suas vontades. Isso ocasionou uma onda de revoltas em Haya Jorden, que dividiu o reino, enfraquecendo-o. Uma parcela da população desejava o fim daquela disputa interminável, porém a outra já organizava a próxima investida como uma vingança à morte de seu líder.

Ainda com o domínio de grande parte do norte de Awenasa, os sahires haya apostaram suas chances no desenvolvimento de máquinas de guerra movidas pela magia de seu povo. Durante cinco anos, as fornalhas de Muedin Jorden reacenderam e as florestas de Derevo Jorden foram derrubadas, em busca de combustível para o fogo incessante que ardia ao leste do Grande Rio Aislim. Os escravos – compostos de sahires derevo e sahires muedin – vivenciaram o pior pesadelo de suas vidas, sendo submetidos a condições que ultrapassavam o nível de desumanidade habitual dos sahires haya. Porém, com o reino enfrentando uma crise e um novo imperador ineficiente, vários dos habitantes tornaram-se espiões, vendendo informações para os reinos sulistas sobre o funcionamento dos equipamentos que estavam sendo desenvolvidos em segredo, com o pretexto de que assim terminariam de uma vez por todas com aquela disputa sem fim.

Quando os sahires haya atacaram a frente da Marcha da Liberdade – ano 930 -, em um terreno próximo à latitude do Lago das Estrelas Cadentes, estes foram surpreendidos pelo contra-ataque direcionado aos pontos fracos de seus engenhos de guerra, o que provocou sua iminente derrota.

A população de Haya Jorden, revoltada, marchou em protesto à capital Város Veri, clamando desesperadamente pelo fim dos conflitos. Guerras gastam muitos recursos e, após quase 100 anos de embates, os de Awenasa estavam se esgotando rapidamente. A convocação militar dos homens com idades entre 18 e 65 anos – tanto do norte quanto do sul – deixara cargos essenciais vazios, em especial a agricultura do continente. O período de 930 a 960 foi marcado pela fome generalizada da população, em especial o ano de 947, do qual o Inverno da Morte - o pior inverno que Awenasa já enfrentara – destruiu os poucos campos produtivos e matou milhares de frio e fome.

Os deuses, não satisfeitos com a desgraça que nos afligia, mandaram sobre os sete reinos a Febre Negra – em 962 – que perdurou até o ano 1000. A população, já fragilizada pela escassez de alimentos, sucumbiu facilmente à agressividade da doença. Milhões morreram...

Sem condições de prosseguirem com a guerra, o Imperador de Haya Jorden convoca em 1002 o Conselho dos Sete – o encontro dos monarcas dos sete reinos de Awenasa – e lhes propõe um acordo de paz. Segundo o Tratado, o reino do extremo norte jurava encerrar os embates, com a condição de que os quatro reinos do sul retirassem suas tropas do norte da Grande Muralha e declarassem o território setentrional como pertencente à Haya Jorden, incluindo os escravos e as Ilhas Aponi, no Oceano da Tormenta.

Obvias foram as negações dos outros seis líderes – em especial os governantes de Muedin e Derevo Jorden, refugiados no sul, pois seriam seus reinos que arcariam com as maiores consequências. - O Conselho, sem chegar a uma unanimidade, logo se dissolveu, e Awenasa continuou em seu estado de decadência. A situação apenas piorou com a chegada do Segundo Inverno da Morte em 1010...

Mais fatal que o primeiro, o frio foi tão intenso que grande parte do Mar de Cristal – nos extremo austral do continente – congelou nas primeiras semanas de janeiro. As plantações que haviam suportado o inverno anterior foram devastadas perante as baixíssimas temperaturas desta estação. Algumas localidades de Palo Jorden ficaram cobertas por dois metros de neve durante meses, uma memória que ficou bem vívida na mente de todos.

Tal cataclismo reforçou exponencialmente as revoltas que se alastravam pelo norte e, naquele momento, também pelo sul. A pressão sobre os monarcas foi tão grande que estes se viram obrigados a discutir uma solução imediata para aquela crise, mesmo sabendo que tal decisão seria profundamente amarga. Em 1025 ocorre o Segundo Conselho dos Sete - sediado na capital de Vesi Jorden, Byen Vedet – ocasião em que os termos do Tratado propostos em 1002 foram retomados e aceitos pelos líderes. Não com satisfação – deve-se salientar -, mas sem o Sahir alymitallis aquela guerra se prolongaria por mais várias décadas, ou até séculos, levando Awenasa à ruína.

Há a lenda de que uma nova cláusula foi inserida no que ficou conhecido como o Tratado da Tortura dos 200 Anos, que dizia que, se o Mestre Sahir retornasse como habitante de um dos reinos do sul, ele deveria ser entregue a Haya Jorden como sacrifício, pois somente a ideia de sua presença indicava que os reinos austrais tinham em mente um plano de vingança contra o império do norte. Porém são somente boatos, pois o documento original está guardado em segurança na Biblioteca da Luz, longe dos olhares do público.

A guerra apenas oficialmente chegou ao seu término no ano 1039, com a fundação da Cidade das Luzes, no encontro dos reinos Palo, Yerkir e Ilma Jorden, que se tornou a capital das Terras Livres - esta englobando todas as terras sulistas. - Sua ilustre criação teve como único objetivo salientar a Haya Jorden que os reinos do nosso lado da Grande Muralha estavam unidos e não tolerariam qualquer imposição setentrional.

A cidade mais bela de Awenasa abriga a Esplanada da Paz – onde se encontra a Sala dos Seis Tronos -, a Biblioteca da Luz e o Memorial da Tortura dos 200 Anos.

Em memória do centenário do Tratado da Tortura dos 200 Anos

~Anais de Awenasa, 1139 do Segundo Alinhamento~


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Notas finais do capítulo

Reviews beautiful people! ♥



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