Olivia escrita por Loren


Capítulo 24
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***

Quase me engasguei com o susto.

Minha reação pareceu divertir Argus Filch, o zelador, por alguns breves segundos, antes de ele voltar a fechar sua expressão e o bom humor de sempre retornar.

—O que está fazendo por aqui?

—Hã...

—Não deveria estar em aula?- perguntou o zelador, com um sorrisinho de vencedor.

—Hoje é Sábado, senhor Filch.

Voltou a se emburrar e bufou. Virou as costas para mim, começando a murmurar para si enquanto arrastava uma vassoura.

—Dois dias de folga. Uma grande piada. Botar jovens para trabalhar. Isso que deveriam fazer. É.

Eu deveria ter sentido alívio quando a figura encurvada e magra de Filch se distanciava, porém fiz o que poucos, se não nenhum, aluno teria feito em seus anos de Hogwarts fizera: o chamei de volta.

—Senhor Filch!

O mesmo girou nos calcanhares, com as sobrancelhas juntas e o olhar de ódio que costumava carregar baixo as mesmas. Parecia, entretanto, mais irritado ainda pelo fato de eu o estar chamando.

—Sim?

—Bem... Minha detenção é somente para próxima semana, mas eu poderia começar esse final de semana?

O mesmo franziu as sobrancelhas e fitou-me desconfiado.

—A senhorita quer adiantar sua detenção? Por quê?

A ideia pipocou na minha cabeça logo quando o mesmo virou-se para retirar-se do local. Eu tinha um plano do que fazer. Entretanto não me sentia ainda confortável com a ideia de voltar a encontrar alunos e principalmente os de minha casa. Em algum momento eu deveria fazê-lo. Mas se eu podia evitar, eu evitaria. Talvez fosse covardia, no entanto eu não me importava com isso. Apenas não tinha forças para enfrentar o que quer que fosse acontecer.

—Apenas... Não quero fazer durante a semana. Pode complicar meus estudos e...

—A senhorita quer evitar todos falando de ti em sua frente?- arregalei os olhos.

—O senhor sabe?

—O colégio inteiro sabe. Siga-me.- respondeu e voltou a andar.

Descemos alguns andares e em um corredor tão vazio quanto o anterior, porém mais iluminado, havia uma única porta de madeira escura e esta mesma Sr. Filch abriu e entrou. A primeira coisa a se ver no pequeno cômodo é um fogão a lenha preto, de onde podia-se ver o fogo aceso pelas grades da portinha. À direita, uma cadeira e outra porta do lado da mesma, de onde imaginei ser o banheiro ou depósito de alguns produtos de limpeza. À esquerda uma outra porta e encostada a parede, uma mesa redonda com duas cadeiras dispostas ao redor, sendo ocupadas por duas criaturas ruivas. Pisquei duas vezes até perceber realmente quem eram e sem entender o porquê de estarem ali.

—Weasleys?- perguntei, curiosa e estranhada com suas presenças.

Seus sorrisos estavam à mostra e com aquele clássico ar de “nós cometemos uma travessura que pode custar nossas cabeças porém não nos arrependemos”. Nada melhorava suas posturas, com as costas bem escoradas na parte de trás das cadeiras, as pernas dobradas e as mãos juntas, vez ou outra balançando os polegares. Quem não os conhecesse pensaria que havia um espelho em um dos lados, mas claro, quem não conhecia os gêmeos Weasley? Filch, pelo menos, parecia conhecer bem demais.

—O que estão fazendo aqui?!- indagou com o tom mais mal humorado ainda, se é que era possível.

—Detenção.- responderam juntos.

—A última detenção de vocês foi Quarta-feira.- sinalou o zelador, estranhado.

—Sim, senhor.

—No entanto, verá que fomos pegos em nossa segunda tentativa.

—Pegos porém com a missão completa.

—Portanto a detenção foi dada hoje mesmo para ser cumprida hoje mesmo.

—O que vocês fizeram?- grunhiu Filch, com os ombros já caídos.

—Bombas de bosta no escritório de Snape.

Era para ser uma risada porém como me controlei, mais pareceu um bufo. De qualquer forma, sabia que meu rosto estava vermelho pelo calor que eu sentia. Eu só conseguia imaginar a expressão de Snape ao encontrar sua sala em tal estado. Minha vontade era de estender a mão e parabenizar os rapazes porém o olhar de Filch apenas me fez cruzar os braços e apertar os lábios em silêncio.

—Bem... Esperem aqui. Vou pegar suas coisas.- murmurou e seguiu para a porta fechada ao lado da mesa.

Quando entrou, deixou a porta entreaberta mas não podia se ver muito lá de dentro. Apenas um armário. Desviei o olhar e encontrei os rapazes me fitando, com os sorrisos todavia ali. Me perguntei como faziam para diferencia-los. As cores dos cabelos eram as mesmas, o nariz grande e os lábios finos. Até mesmo as sardas pareciam iguais! Logicamente não são, mas à primeira vista não havia como diferenciar. Os dois limparam a garganta e eu despertei de meu devaneio.

—Desculpa.- pedi, envergonhada com as mãos para trás.

—Estava tentando nos diferenciar?

—Porque se sim...

—Sentimos muito.

—Mas não tem como.- e os dois deram de ombros no mesmo momento com as mesmas expressões. Não pude evitar a risada.

—Mensagem anotada. Não se repetirá.- eles assentiram.

Um deles soltou um suspiro, enquanto corria os olhos pelo local. Estiquei o pescoço, tentando encontrar Sr. Filch, porém a única visão que continuava a ter era do armário. Seria aquele seu quarto? Mas por que manter materiais de limpeza ali?

—Ei De Angellis.- voltei-me para um dos ruivos, o da minha esquerda. Não tinha mais o ar zombeteiro, mas também não se podia dizer que era sério. Era apenas limpo.- Como tu estás?- dei de ombros, confusa.

—Normal, por quê?

—Soubemos do que houve.- arregalei os olhos em surpresa.

—E sentimos muito.- engoli em seco.

—Ah...- baixei a cabeça, já respirando fundo e esperando pelas perguntas e acusações. Porém me surpreendi.

—Se alguém estiver te incomodando...
—Ou te dando muito trabalho com piadinhas...

—Fale com a gente.

—Será nosso prazer testar nossas travessuras em alvos diferentes.

Pisquei duas vezes, desorientada e estupefata com o imprevisto.

—Verdade?- assentiram e eu sorri.- Mas por quê?

—Qualquer amiga de nossa irmã...

—E que tenha salvado a vida dela...

—É nossa protegida.

—Assim como ela.

—Além do mais, ninguém deveria mexer com Lufanos.

—Vocês são muito gente boa.

Ri, agradecida. Até então foi a primeira atitude de apoio que eu vira desde que saíra da enfermaria e eu não podia ser mais grata. Encenei uma pequena reverência e logo os fitei.

—Muito obrigada, Weasleys.

Um deles acenou com a cabeça e o outro me sorriu, dizendo:

—A qualquer momento, De Angellis.

 

***

 

Filch saíra em seguida do quarto, col braços e mãos cheios de baldes, panos, esponjas, escovas e garrafas com produtos gosmentos dentro.

Na verdade, meu material foi apenas um balde, uma garrafa com um líquido de coloração dourada e um pano. Ao sair do recinto, agradeci por não receber as garrafas de gosma e ri internamente ao ver as expressões dos gêmeos.

O caminho da sala de Filch até a dos troféus era descer todos os andares até o Grande Salão e neste, ao fundo, passando a mesa dos professores e diretor, uma entrada à esquerda com grades douradas a servir como a porta.

Filch me passou as instruções de: tire o pó, despeje o líquido, espalhe o líquido. Nada fora do normal. Felizmente não encontrei ninguém durante o curto percurso e o resto do dia foi baseado em esfregar aqui e esfregar lá. Nada de anormal ou estressante, apenas que após o terceiro troféu me dei por conta que aquela tipo de detenção era realmente para fazerem os alunos se arrependerem de suas malcriações. Após deixar os materiais na sala de Filch, voltei para meu Salão com as mãos doloridas e avermelhadas. Com o pensamento de que teria que repetir todo aquele processo de cinco horas, adentrei no recinto e me deparei, novamente, com silêncio.

Ergui o olhar e encontrei todos fitando-me, como aconteceu mais cedo no Salão Principal. Mal observei o local para tentar encontrar alguém familiar. No primeiro olhar torto que recebi, apressei os passos para o quarto. Tomei a ducha necessária, vesti o pijama, mesmo o horário não sendo o adequado, e me foquei na pasta de desenhos. Gale e Alene não estavam por ali, apenas as outras colegas de quarto: Arabella Cook e Georgiana Justice.

Não que tivéssemos uma relação ruim, porém não era ao mesmo tempo algo que se sobressaísse. Éramos colegas de quarto e colegas de sala, o que levava aos cumprimentos rotineiros e uma ou outra vez perguntas sobre horários de aula e dúvidas decorrentes das mesmas. Nada mais. Porém era palpável no ar o sentimento de medo e receio. Me foquei nas folhas de rascunho: Sr Garboso dormindo, Gale rindo, Sr Garboso com os gigantes olhos amarelos abertos, Alene estudando, Sr Garboso bicando o cabelo de Gale, Bicuço entre as abóboras, e a mulher.

Peguei a folha já com uma tonalidade amarelada, por conta de seu tempo de vida. Cada vez que eu sonhava com a mulher, algo a mais aparecia, ou algo antigo tomava mais forma. Por ora, o que eu tinha era uma cabeleira cacheada e desgrenhada, envolvendo as linhas de um rosto magro. Após minha entrada em Hogwarts, os pesadelos diminuíram e poucas se tornaram as vezes que voltei a sonhar com a forma de tal mulher desconhecida. Toda vez que vejo o rabisco ou recordo de meu sonho, um arrepio sobe pela minha espinha e sinto dentro de mim um desespero, como se a qualquer momento, fosse aparecer e me pegar, com as garras que uma vez sonhei que teria...

—Oli.

Pulei da cama e suspeito que Arabella assustou-se tanto quanto eu. Meu coração palpitava e só então percebi que minha nuca suava. Peguei o desenho da mulher e removi para debaixo de todos os outros, tentando não parecer mais estranha do que já me mostrava.

—Ah, oi Arabella, tudo bem?- perguntei em um sorriso amarelo.

Ela assentiu, dando um sorriso de lado.

—Vim lhe perguntar se não vai jantar. Eu não sei se almoçaste, não a vi hoje na mesa...

—Ah, estou bem. Almocei sim. Mas não estou com fome agora. Obrigada.- respondi, abanando as mãos.

Ela assentiu, todavia sustentando o meio sorriso e deu meia volta. Dirigiu-se para a porta, onde Georgina a esperava. Esta, me cumprimentou com um aceno da cabeça e saiu do quarto. Arabella fechou a porta e eu pude soltar um suspiro, como se há muito não estivesse respirando regularmente. Da minha mochila que estava no chão ao meu lado, retirei uma folha de pergaminho e escrevi.

Querida Lotte,

Como está? Quando foi a última vez que lhe escrevi? Não faz muito, verdade? Ainda assim, concordo com o pensamento que passou por sua cabeça: deveria lhe escrever mais.

Ah minha amiga, se soubesse das últimas notícias, não sei com quem ficaria mais furiosa: comigo ou com as pessoas ao meu redor. Recorda-se que lhe contei que não havia, todavia, contado todas as 'façanhas' de minha mãe para minhas colegas? Bem, abreviando, elas sabem. E não posso lhe afirmar que receberam a notícia muito bem. Ninguém da escola inteira, na realidade, recebeu bem. Como todos sabem? Um internato é como uma cidade pequena: as notícias voam.

Sei que não devia reclamar. Me aconselhaste a contar e eu não o fiz. Não me arrependo, no entanto. Acredito que se voltasse no tempo, não o teria feito mesmo assim. Mas não posso evitar esse sentimento de solidão. Ah Lotte, quando me dizes que se sente sozinha, é deste modo? No desespero do escuro, sentindo que vai ser atacada a qualquer momento? Ou como que se algo lhe atacasse, não haveria ninguém para lhe socorrer?

Se assim for, eu sinto tanto por não estar junto de ti. Eu realmente sinto. Caso contrário, ignore meu momento de melodrama. Acredito que aprendi uma ou outra coisa com vossa pessoa.

Sinto sua falta. Se pudesse, voaria para Siena, agora mesmo, em um piscar de olhos.

E como andas tu? Decidiste afinal? Grande modelo ou misteriosa figura? A propósito, como anda o senhor Tonelotto? De fato, sinto falta do mau humor do velho.

Com carinho,

Olivia



Observei a carta e respirei fundo. Não era como se todo o aperto se tivesse se desfeito de meu peito ou todo o peso dos ombros tivesse se esvairido, mas me sentia melhor. Quando comecei a escrever, não pensava em enviá-la. Era um desabafo. Para mim, para uma pessoa que eu não queria que lesse mas se fosse ler, seria a que mais confio. No fim, coloquei outros desenhos por cima da carta, larguei tudo no chão e puxei a coberta até o queixo. O silêncio e a pouca luz que passa pela chaminé, acalentava a sensação de conforto e o sentimento bobo de 'tudo vai ficar bem'.

***

Acordei com batidas na porta do dormitório.

Enquanto coçava o olho e resmungava, dirigi-me a porta, com o humor não muito bom para quem tinha atrapalhado a parte boa do sono. Ao abri-la, deparei com a pessoa mais improvável que poderia estar ali, com um sorriso acanhado e as bochechas rosadas de sempre.

—Cedrico?- murmurei mais como um grunhido.

—Oi, Olivia. Como está?

—Hã...

Tal foi minha resposta por volta de trinta segundos, enquanto eu pensava: Cedrico. Cedrico Diggory. Cedrico Diggory bateu na porta do dormitório feminino. Cedrico Diggory bateu na porta do dormitório feminino do segundo ano. Meu ano. Cedrico Diggory. Minha paixão platônica.

—Oli? Tudo bem?- ele repetiu a pergunta, fitando-me um pouco mais sério.

—Ah claro. Sim. Tudo bem sim.- respondi em um sorriso enquanto ria nervoso e ajeitava o cabelo, pondo-o para trás das orelhas.- Por que não estaria?

—Bem... Eu soube o que houve. Na aula de Defesa.

—Ah...- disse em um murmúrio desanimado.- Sim. E?- falei de volta, um pouco grosseira.

A verdade é que não me sentia com mente para discutir o assunto ou receber outro olhar torto. Ainda mais se fosse um comentário direto. Não acreditava que Cedrico seria capaz de tal coisa, mas no momento era a única razão que me parecia mais propensa a acontecer. Já me sentia até mesmo com coração apertado, por algo do tipo vindo dele, quando me surpreendi. De uma maneira positiva.

—Sinto muito.

O fitei, com olhos arregalados e a boca aberta pendendo em um 'o'. Totalmente desacreditada em meus ouvidos.

—O... Como... Perdão, o que disse?- indanguei, balançando a cabeça em descrença.

—Eu sinto muito, Olivia. Sinto muito pelo seu Bicho-papão e sinto muito pelo o que tem feito contigo.- explicou e no fim meneou a cabeça para o salão atrás de si, onde alguns alunos conversavam ou estudavam.- Não é justo e nada gentil.- estendeu para mim um embrulho.- Eu não a vi no jantar. Deduzi que fosse pular como o almoço.

Desembrulhei o guardanapo, encontrando um sanduíche. Voltei o olhar para ele, ainda surpresa.

—Eu sei que não nos conhecemos muito, mas... se precisar de algo, pode falar comigo, okay? Não quero que se sinta sozinha.

No momento, não pensei muito. Apenas agi e aproveitei aquela coragem estúpida que me cresceu no peito, para avançar e abraçar a cintura de Cedrico. O que eu podia fazer? O mais belo rapaz da Lufa-lufa me dava apoio e suporte, coisa que até então me parecia distante. Para minha sorte, o carinho foi retribuído e aqueles foram os mais mágicos dois minutos do dia, do mês e se não, do ano inteiro. Após o afago nas costas e em minha cabeça, afastei-me e ergui o olhar, envergonhada, para encontrá-lo sorrindo de maneira bondosa, como quem estava cuidando da irmã caçula. Obviamente, tal pensamento não me passou pela cabeça no momento. Eu só conseguia em pensar como era lindo seu sorriso.

—Desculpe.- murmurei.

—Tudo bem. Às vezes, é somente de um abraço que precisamos, não?- falou, sem deixar de sorrir.- Bom... Agora eu preciso ir dormir. Mas se precisar de algo, bem, me diga, sim?

Assenti e ele alargou o sorriso. Ao passar por mim para o fundo do corredor, tapeou duas vezes meu ombro e afastou-se para seu dormitório. Observei sua figura desaparecer e suspirei, com um sorriso bobo nos lábios.Entrei no dormitório segurando o sanduíche com as duas mãos e fitando o lanche em minhas mãos, deixei um riso escapar. Era um sanduíche. Era apenas um sanduíche. Mas no momento me parecia a melhor coisa que podia ter em mãos. Não somente por quem havia trazido, mas, bem, eu também estava com fome.

***

Despertei.

Segundo dia após a surpresa da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Olhei ao redor: Gale e Georgina roncavam, Arabella dormia profundamente e as cortinas de Alene estavam fechadas. Do lado de for a, no entanto, escutava-se passos, conversas e risadas. O que era costume se repetiu: a higiene usual, olhares do Salão Comunal até o Salão Principal. Chegava perto do marco da grande entrada e pensava se pularia o café da manhã outra vez, quando uma voz conhecida soou estridente pelo meu nome.

—OLIVIA!

Levantei o olhar e não pude ver o rosto da pessoa, visto que a mesma abraçava-me fortemente pelo pescoço, porém o cabelo ruivo que bateu em meu rosto era resposta suficiente.

—Bom dia, Gina.- grunhi em seu aperto.

—Meu Merlin! Eu sinto muito, muito, muito mesmo!- afastou-se mas continuou a segurar pelos meus braços.- Eu te visitei na enfermaria depois da aula mas depois tive que ir embora. Quando voltei na outra manhã, tu já tinha ido embora! Passei o dia inteiro te procurando! Tudo bem que pela noite eu poderia ter ido tentar te ver mas...- encolheu os ombros e me soltou- admito que pensei que talvez tu quisesse ficar sozinha. Mas depois Fred e George me falaram que te encontraram e que tu não parecia muito bem então eu percebi que devia ter insistido! Eu devia ter te procurado! Oli, eu sinto muito! Eu... Por que está rindo?- indagou ao fitar meu, provavelmente, indiscreto sorriso.

Balancei a cabeça.

—Nada. Estou feliz por estar comigo agora.- as sobrancelhas relaxaram.

—Ah Oli!- voltou a abraçar-me.- Eu sinto muito. Mas estou aqui agora.- separou-se e sorriu, pegando na minha mão.- E hoje tomará café, almoço e jantar comigo. Em minha mesa. Okay?- assenti, sentindo-me nada menos do que agradecida.- Vem, hoje estou sentada com meu irmão.

Enquanto Gina me guiava para seu local de assento, senti tranquilidade e um pouco de embaraço. Será que meus pensamentos do último dia foram demais? Será que eu estava exagerando internamente? Se sim ou não, não me ative a isso no momento. Poderia debater o assunto mais tarde. Ali, apenas apreciei o momento de sentir paz e uma amiga estar segurando minha mão.

—Muito bem! Ron, chega mais para lá. Oli vai sentar conosco.

O ruivo resmungou alguma coisa enquanto deslizava e puxava seus dois pratos e tigela de comida consigo. Ao sentar-me, cumprimentei Ron, Harry e a amiga deles, a que eu conhecia pelo nome, Hermione. A mesma me fitava intensamente, com a postura reta e o cenho franzido. Os rapazes me responderam de volta, mas da parte dela veia apenas um aceno da cabeça. Os lábios finos estavam apertados e os olhos castanhos continuavam a me analisar. Me mexi no banco, um pouco desconfortável. Parecia que lia minha alma com a tamanha concentração que me dava. Gina, ao meu lado, não deixou de perceber isso. Bufou e revirou os olhos.

—Pare com isso, Hermione! Olivia é minha amiga e ela não é uma louca pelo o que aconteceu na aula. Eu já te disse.- ralhou a ruiva, enquanto pegava um muffin para si.

A grifina mais velha, piscou os olhos, surpresa com a reação da ruiva e passou a fitá-la por um momento. Em seguida, balançou a cabeça junto de um suspiro.

—Tem razão...- murmurou e ergueu o olhar para mim.- Me desculpe. Foi maldade da minha parte julgá-la, sem saber dos fatos.- estendeu a mão para mim por sobre a mesa.- Hermione Granger.

Apertei de volta, sorrindo levemente.

—Olivia De Angellis.

Hermione soltou de minha mão, voltou-se para uma jarra de suco e encheu dois copos, estendendo o segundo para mim.

—Bem, ouvi dizer que eres da Itália. Como é lá?

***


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)
Beijos e abraços.



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