Sou totalmente contra a teoria de que se pode usar uma pessoa para substituir outra. Todos são únicos.

E também sou contra o fato de dizerem que para se esquecer de uma pessoa, você precisa ficar com outra.

Atualmente, faz 6 meses que eu não vejo a Sakura, desde o dia em que ela pediu o "divórcio". Mais de um ano que sofremos o acidente.

E atualmente, eu não penso na Sakura com tanta frequência. Às vezes me preocupo com alguma coisa, como ela está se virando sozinha, a situação com os pais, e coisas do gênero. E de tempos em tempos Ino me liga para esclarecer essas dúvidas ela mesma, porque sabe que eu jamais pediria.

Eu estou saindo com uma pessoa bem legal, ela é gentil, carinhosa e bastante atenciosa. Eu estou muito feliz com ela!

Hoje nós fomos à um café que abriu aqui na região, está calor, mas sempre é uma boa época para aproveitar para beber um bom café.

-Obrigada por hoje... - ela falou sorrindo.

-Eu que agradeço, foi muito divertido. - falei retribuindo seu sorriso.

-Precisamos marcar mais vezes! - ela falou bastante empolgada.

-Claro! - eu respondi em concordância. Ela me deixa bastante feliz, e está sempre com bastante energia para fazer várias coisas.

Nós fomos andando e conversando banalidades, derrepente eu percebi que estávamos seguindo o caminho para a minha casa, de forma inconsciente. Nós continuamos seguindo esse rumo, e entre risadas eu avistei uma pessoa na minha varanda.

-Sakura? - eu perguntei quando paramos em frente a minha casa. Eu ainda estava acompanhado.

-Me desculpe. - ela falou assim que levantou a cabeça e percebeu que havia uma pessoa pela qual ela não esperava.

-Ah... Tudo bem! - minha acompanhante falou ainda animada, talvez eu tenha citado algumas coisas do meu passado para ela. - Vocês precisam conversar. Então eu vou indo. - ela disse e sem esperar resposta começou a andar em direção a sua casa, me deixando sozinho com Sakura.

-Eu não... Eu não sabia, me desculpe... É que...

-Está tudo bem? - eu falei ignorando totalmente o fato anterior, de que a pessoa com quem eu estava saindo foi gentil o suficiente para não perguntar nada e simplesmente me dar licença.

Farei questão de depois agradecer pessoalmente, mas não acredito que talvez eu conseguisse fazer o mesmo, e por esse motivo depois de agradecer eu irei me despedir, para sempre.

-É que, eu me mudei novamente e no meio das mudanças tinha uma caixa que eu não havia visto nem da primeira vez, então estava fechada. - ela disse indicando a caixa em suas mãos, que até então eu não havia percebido. - Eu abri ela ontem, e tinha algumas coisas que eu pensei... Talvez...

-Talvez eu quisesse ver? - falei ajudando-a a completar a frase, aquela era uma situação incomum, o fato de faltarem palavras a Sakura, mas aquilo era um fato incomum apenas para a Sakura que eu conhecia.

-É eu pensei que talvez fosse interessante, eu gostei bastante. - ela falou abrindo um sorriso discreto e olhando para o chão. Ela estava envergonhada?

-Claro! - eu falei tentando imaginar o que teria dentro daquela caixa. - Quer entrar? - eu perguntei imaginando que talvez ela recusasse, como havia feito tantas outras vezes.

-É, tudo bem, seria bom. - ela disse aceitando e me surpreendendo.

Eu busquei dentro do meu bolso a chave de casa. Sakura estava sentada quando eu cheguei em frente a casa, mas havia se levantado assim que eu a chamei, ela se postou ao meu lado enquanto eu abria a porta. Assim que consegui abri espaço para que ela passasse, fechando a porta logo em seguida.

Sakura ficou olhando para as paredes, examinando cada canto do lugar, seu olhar parou por alguns ssgundos na parede onde tinham vários porta retratos antigamente. Ela fez questão de tentar disfarçar, desviando o olhar para outro ponto logo em seguida.

-Sente-se! - eu falei depois de um tempo esperando que ela se sentasse por conta própria, ofereci quando percebi que não o faria.

-Obrigada. - ela falou sentando-se e colocando a caixa sobre seu colo, em momento algum soltando-a, como se fosse algo de extrema importância.

-O que tem aí dentro? - eu perguntei deixando de conter a minha curiosidade.

-Tem várias cartas que você me mandou, a última data é de dois anos atrás, eu consegui ler todas ontem, e eu adorei! Elas são realmente muito fofas! - ela falou ainda sem graça, repetindo o gesto de momentos atrás, ficou encarando os pés.

Ela me estendeu a caixa, quando eu hesitei ela me olhou com curiosidade. Eu peguei a caixa lentamente de suas mãos.

Eu demorei um tempo considerável para me decidir se eu abria ou não. Eu fiquei tanto tempo sofrendo por ela, com saudades, mesmo depois que eu decidi deixá-la. Tudo aquilo vai voltar? Eu realmente não sei, mas... Eu não me lembro de todas as cartas e com certeza elas serão lembranças agradáveis. Talvez.

" Querida Sakura,

Hoje foi um dia consideravelmente diferente. Você surtou no meio da noite e me fez atravessar a cidade, só porque queria ver o nascer do Sol na cerra.
Mas eu não reclamo, porque por mais que tenha demorado, foi realmente encantador olhar para toda aquela beleza por tantas horas. Ah, o nascer do Sol também foi lindo!

Com amor, Sasuke. "

" Amor,

Hoje é seu aniversário! Meus parabéns! É seu primeiro aniversário que comemoramos casados. Você não tem noção do quanto esse pensamento me deixa feliz.
Eu te desejo muita saúde, que você continue sendo essa mulher maravilhosa, louca, animada, doida, cheia de vida, louca, atenciosa, doida e louca!
Não se esqueça que eu te amo!

Um beijo, Sasuke. "

" Querida Sakura,

A primeira vez que eu te vi, toda descabelada por ter acabado de tropeçar na minha mala, brava com a pessoa que tinha deixado a mala lá (no caso eu), e preocupada com o horário da sua reunião, foi quando eu me apaixonei.
No final de semana passado, nós fomos dar uma volta na praça, e quando nós passamos por um lago onde tinham alguns patos, nós vimos uma mãe ensinando o bebê dela a "voar" (eu acho), eu comecei a dar o meu apoio moral ao pato, do meu jeito, claro, e enquanto eu gritava frases para incentivar o pato bebê, com seja lá o que ele estivesse tentando fazer, você ficou olhando e dando risada ao meu lado.
Quando o pato conseguiu alcançar o objetivo dele, eu fiquei comemorando sozinho enquanto várias pessoas passavam me olhando torto e você dava risada.
Quando eu fiquei finalmente quieto, você parou ao meu lado e colocou a mão sobre o meu ombro, você ficou olhando para o céu e suspirou um "Eu te amo".
Foi a primeira vez que você me falou isso, e eu ainda não falei para você atualmente, mas eu queria que você soubesse que: Eu escutei! E foi naquele momento que eu descobri que queria me casar com você.

Com amor, Sasuke.
Ps: Não se esqueça que eu te amo (viu? Admiti!). "

-Essa... Foi a que eu mais gostei. - Sakura falou indicando a carta na minha mão, sobre o dia em que ela falou que me amava.

Acho que são lembranças suficientes. Eu até gostaria de ler mais, mas eu realmente não aguento. É desanimador lembrar de tudo isso, e foi pensando nisso que eu soltei a caixa.

-Essa daqui... Foi a única que eu não gostei. - Sakura falou sem demonstrar qualquer sentimento, mas me estendeu uma carta que logo eu reconheci.

Foi uma carta que eu escrevi no dia em que ela saiu da minha casa, quando veio me questionar se eu sabia sobre a traição. Foi em um momento de loucura, eu simplesmente não pensei sobre ela, só escrevi e mandei.

De todas as cartas, aquela era a que eu menos queria ver, mas talvez...

" Sakura,

Você estava sofrendo tanto hoje quando veio me ver, e eu simplesmente não sabia como reagir, nunca vi você assim, desde o dia em que te conheci.
Eu fiquei todos esses meses tentando não me culpar, mas sabe... Se eu não tivesse cometido aquele erro, você não teria que reviver tantas lembranças ruins que você lutou tanto para superar, que você conseguiu deixar para trás. Coisas que te fizeram sofrer.
Se não fosse a minha falha, você não estaria passando por nada disso, e nós teríamos chego em casa e comido pizza, teríamos seguido nossas vidas juntos e felizes.
É ridículo, simplesmente ridículo.
SE NÃO FOSSE A MINHA FALHA VOCÊ AINDA SERIA A SAKURA!
Eu... Quero te pedir desculpa, por tudo o que você vai enfrentar por minha causa. E por tudo que você já enfrentou e terá que enfrentar novamente, também por minha causa.

Só saiba que eu sempre vou te amar, mesmo que você me odeie.

Com todo o meu amor, Sasuke. "

-Sabe, eu quero levar todas as cartas de volta. Menos essa daí. - ela falou indicando a carta na minha mão.

-Eu...

-Não te culpo. Porque não foi sua culpa. - ela disse me fazendo olhar nos seus olhos.

-Mas é claro que foi! - eu disse me exaltando.

-Não, não foi. - ela disse pegando a caixa e guardando todas as cartas dentro, menos a que eu segurava. Ela deixou bem claro com aquele gesto que iria ignorar todo e qualquer protesto meu.

-Você vai embora? - eu perguntei me sentindo tão frágil quanto eu nunca havia me sentido.

-Vou. Eu só vim para isso mesmo. - ela disse se levantando e indo em direção a porta, quando ela estava a um passo de sair, soltou a maçaneta e virou para mim. - Eu espero que você não se culpe, e que tenha uma vida muito feliz. Você é uma pessoa incrível, e eu adoraria te amar, mas não amo... Adeus Sasuke. - ela disse saindo.

Naquele momento eu soube que aquela era realmente nossa despedida. E que se eu voltasse a ver ela, seria por algum acaso da vida.

Ela foi embora da minha vida, e eu não sabia o que fazer.

-Mas já amou...

Era a única coisa que se passou pela minha mente, colocar aquilo em palavras só tornou tudo mais doloroso. Novamente eu me encontrava chorando.

Mas eu senti que aquela seria a última vez.