Eu acredito que as pessoas nunca estão fadadas a nenhum destino.

Você pode mudar o que quiser, escrever sua própria história, apagar as linhas que não gostar.

Quando você acredita que não pode mudar nada, fica mais difícil ter algum progresso. Você fica preso aquela ideia, quando na verdade é tudo da sua cabeça.

Se você tentar, talvez seja mais fácil.

*

-Sakura! - escuto meu nome ser gritado enquanto ando pelo corredor. Eu tento andar mais rápido assim que reconheço a voz, mas infelizmente a garota me alcança.

-Oi. - eu falo forçando um sorriso quando ela me segura pelo ombro. É a mesma garota que me usou na semana anterior para conseguir amigos.

-Queria te agradecer pelo outro dia. - ela diz abrindo um sorriso amarelado, ela está mais estranha do que no outro dia.

-O que você quer dessa vez? - eu pergunto unindo os pontos, ela demorou uma semana para agradecer, obviamente só está o fazendo para pedir outra coisa.

-Olha, desculpa, mas eu preciso que você saia comigo e com os meus amigos nesse final de semana. - ela diz novamente sem nem tentar acobertar suas verdadeiras intenções.

-Tenho compromisso esse final de semana. - digo me soltando dela e voltando a andar. Não estou mentindo, vou sair com o Sasuke, as coisas estão dando certo. Mas caso eu não tivesse compromisso, eu não iria de qualquer jeito.

-Mas você precisa sair comigo e meus amigos! Para eles acreditarem! - ela fala andando atrás de mim entrando em desespero, será que eu tenho esse efeito sobre ela?

-Para começar. Você não tem amigos. - eu digo sempre seguindo em frente. Consigo imaginar sua cara de indignação mesmo sem olhar.

-Claro que tenho! - ela diz batendo o pé com força enquanto anda.

-Claro que não tem! - eu rebato imitando seu ato de bater os pés com força. - São seus amigos por interesse, eles estão com você para se aproximar de mim, achando que VOCÊ é minha amiga. E não é. E uma prova disso, se você não acredita, é que eles duvidam de você. Não é por isso que você quer que eu vá a esse passeio ridículo? Ridículo igual você e seus "amigos". - eu digo sem me importar com sentimento algum da garota desconhecida, ela não caiu na real então eu ajudo. - Agora com sua licença. - digo entrando na sala de aula e mandando um beijo no ar para a garota.

Faço algumas anotações durante a aula, mas estou realmente preocupada em escolher uma profissão.

Sempre estive limitada, mas meus pais conversaram comigo depois que eu fui apresentar meu namorado para eles, dessa vez não como Batman, mas como Sasuke. Disseram que o certo era eu escolher meu caminho, minha profissão. E eu passo todas as aulas com isso em mente.

Nunca tive uma ampla gama de opções, mas agora que tenho cada uma é mais legal que a outra e eu não sei o que decidir.

Quando saio da sala de aula novamente sou perseguida pela mesma pessoa.

-SAKURA! - ela vem correndo atrás de mim, eu me assusto e começo a correr dela, que novamente me segura para que eu pare, quase levando nós duas ao chão.

-Ai meu deus! - eu falo furiosa, não tem muita gente no corredor porque fui uma das primeiras a sair, normalmente permanecem mais um tempo na sala de aula, mas quem está no corredor está rindo de nós. - O que foi agora? - pergunto rezando para ela não insistir no assunto do passeio.

-Quero ter uma amiga como você! - ela diz empolgada.

-É... Tudo bem? - eu falo incerta.

-Ótimo, a gente conversa quando eu não estiver mais irritada por você ter dito a verdade que eu precisava ouvir! - ela diz acenando. A garota desconhecida é... interessante.

-É... Pode ser. - falo sorrindo sozinha.

Eu saio da escola disposta a andar até em casa, o que é razoavelmente pouco para caminhar, já que moro perto.

-Até que enfim! - escuto Sasuke falar quando passo perto de seu carro sem perceber. Fico surpresa e entro no banco do passageiro.

-Não acredito nisso! - digo colando nossos lábios, ele abre um sorriso no meio do beijo. - Suas aulas acabam no mesmo horário que as minhas... Então como? - eu falo extremamente feliz.

-Reunião. Não tive aula hoje, aí decidi vir te buscar. - ele diz com o habitual sorriso encantador que ele possui, começa a dirigir e é quando me lembro de uma coisa.

-Pode me fazer um favor? - eu pergunto com um olhar pidão em meu rosto.

-Claro, o que é? - ele fala mantendo a concentração na estrada.

-Pode passar no consultório onde eu frequentava o psicólogo? - eu pergunto e ele arregala o olho, desviando o caminho para o endereço do consultório.

-Esqueci que você tem consulta! - ele diz com um olhar um pouco triste.

-Na verdade não tenho. Minha mãe cancelou as consultas, disse que agora resolvemos em família. - eu falo alegre.

-Então pra quê? - ele pergunta confuso.

-Preciso entregar uma coisa! Para de questionar tanto! - eu digo rindo.

Assim que ele para em frente ao edifício eu deixo a carta na recepção, endereçada a Meredith.

-Vamos? - ele questiona assim que entro no carro.

-Vamos! - eu digo em resposta.

"Dra. Meredith,

Sabe tem algumas perguntas que eu não respondi no começo das consultas, se quiser refazê-las eu vou pensar com carinho no seu caso (repare que eu disse com carinho).
Talvez não precisasse de uma carta, mas eu sou antiquada, e você já deve saber disso.
Mesmo que no começo eu não aceitasse muito bem esse fato, a realidade é que as consultas me fizeram bem, fizeram bem para o convívio da minha família, e para as minhas relações pessoais. Então eu te agradeço.

Eu mudei e agora entendi da importância de conversar com as pessoas que você ama.

Obrigada.

De coração, Sakura Haruno."

*

A sinceridade importa, os sentimentos importam.

Às vezes você precisa de uma pessoa para despertar os sentimentos em você, alguém para esclarecer sua visão, um empurrãozinho inicial.

Quando você encontrar essa pessoa, ou essas pessoas, tudo vai mudar.

Acredite.