Você Me Destruiu escrita por Hyiani


Capítulo 13
Com Outro Olhar




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Refletir é importante.

Se você diz que não reflete, você está mentindo.

Só por você ter dito aquela mentira eu posso afirmar que você refletiu, refletiu para saber o que falar, refletiu sobre mentir, e está refletindo sobre eu saber que você mentiu.

Você pode chegar a conclusões incríveis, ou a uma imprestável. Você pode ter grandes ideias ou ideias ruins. Isso depende do quanto você refletiu, e dos seus conhecimentos.

Posso dizer que eu não reflito o suficiente sobre o que vou dizer algumas vezes? Sim, com toda a certeza.

Mas se eu decidi falar tem um motivo, acredite.

*

-Mãe! - eu falo ao subir correndo e abrir a porta de seu quarto de forma ruidosa.

-Sakura! - ela fala surpresa e com receio. - Já chegou da consulta?

-Sim. - "Na verdade não ainda estou lá." Só não faço essa piada sem graça porque tenho um grande objetivo aqui.

-O que aconteceu querida? - ela pergunta preocupada.

-Eu preparei todo um discurso de cerca de três minutos, então eu vou pedir pra você não me interromper. - ela solta uma risadinha, mas sabe que eu estou falando sério. - Vamos começar por alguns pontos principais. Eu não sei voar. Eu não consigo tocar violão. Eu não tenho capacidade pra jogar vôlei. E... eu não sou a Sayuri. - minha mãe me observa atentamente com a face confusa. - A Sakura não deveria ter odiado ninguém que ela não conheceu por causa da intervenção de outras pessoas. A Sakura detesta direito. A Sakura adora borboletas. A Sakura já tentou pintar quadros e sujou a casa inteira sem sucesso. A Sakura é uma pessoa impaciente, preguiçosa, apaixonada pelo Sasuke, se diverte com coisas pequenas, adora borboletas, e fica irritada muito rápido. E a Sakura não é a Sayuri. - minha mãe está com um pequeno sorriso durante todo o período que eu falo.

-Querida eu... - minha mãe tenta introduzir algo, mas eu nem sequer dou a devida atenção.

-Eu queria que vocês me deixassem seguir a carreira que eu quisesse, eu queria que você me aceitasse, eu queria não precisar correr de mais nada. E eu também queria ter conhecido a minha irmã. - eu digo sentindo algumas lágrimas rolarem minha face. - Mas tem coisas que não dá para se ter, não é mesmo?

-Sakura? - ela pergunta enxugando uma lágrima do meu rosto com tanta delicadeza que só me faz querer chorar mais.

-Pode falar. - eu digo finalizando meu discurso mal cronometrado, ele deu menos de dois minutos.

-Eu te aceito. Do jeito que você foi, do jeito que você vai ser e do jeito que você é. Você pode ser o que quiser. - ela diz levantando meu rosto, não tem dúvida em sua voz, ela me olha diretamente nos olhos. - Eu só precisei de uma ajudinha, assim como você sugeriu. - ela diz mostrando que se lembra do meu argumento desaforado em uma das primeiras seções.

-Mãe... - ela acente com a cabeça como quem diz que está ouvindo. - Eu quero seguir em frente sem que ninguém atrapalhe. - eu digo correspondendo ao que ela me disse no dia em que eu corri para longe.

-Eu também meu amor... - ela diz puxando minha cabeça para seu peito. - Só uma coisa.

-O quê? - eu pergunto afastando minha cabeça para olhar para ela, eu já não estou mais chorando e é como se o peso que carreguei por toda minha vida tivesse saido das minhas costas em um piscar de olhos.

-A Sakura está apaixonada pelo Sasuke? - ela fala em um tom brincalhão, fico vermelha no mesmo instante. Deixei esse detalhe passar. - Ele parece um bom garoto...

-Ele é. E isso me lembrou uma coisa. - eu digo levantando e me dirigindo para a porta do quarto. - Preciso ir! - falo descendo as escadas correndo.

Essa correria me lembra o final da minha seção no psicólogo alguns minutos atrás, eu escutei o que ela tinha a dizer e quando o cronômetro apitou indicando o fim da seção, meu coração apertou e eu voltei correndo para casa, o que não foi uma ótima ideia, já que eu estava de carro.

Pego a chave do carro da minha mãe, já que obviamente o meu não voltou magicamente para a garagem. Sei exatamente onde encontrar ele, um escritório planejado para ele na empresa do pai. Ele passa o maior período em que está fora da escola lá.

Não tenho a paciência de esperar o elevador ao chegar no edifício, e como me conhecem não sou barrada. Primeiro andar, segundo andar, terceiro andar e quarto andar. Abro a porta ofegante e quase caio ao por meus pés no andar.

Olho para a numeração nas portas e por não lembrar o número da sala entro na errada cinco vezes e acabo atrapalhando duas reuniões. Mas só tem mais uma. Do jeito que eu tenho sorte eu deveria saber que minha última tentativa seria a certa.

-Sasuke?! - eu acabo gritando um pouco de felicidade por ver que ele realmente está ali, e não está em reunião. - Preciso de alguns segundos apenas, não precisa perguntar nada, só escutar. Pode ser? - eu pergunto ainda ofegante e agitada como nunca.

-Tudo... bem? - ele fala confuso passando seu olhar sobre mim e sobre a porta que eu me lembro de fechar.

-Ótimo, obrigada. - eu digo puxando o ar e abrindo um sorriso. - Você é uma pessoa totalmente oposta a mim, mas que me fez bem desde o começo. Me impressiona você ter ficado ao meu lado todo esse tempo sem eu te enlouquecer, mas você ficou, e eu sou grata por isso. Você foi o primeiro a escutar meus problemas, e foi incrível o jeito como você não me julgou. Pode parecer estranho já que nos conhecemos a pouco tempo, mas a verdade é que eu estou extremamente apaixonada por você, e não queria esperar você tomar uma atitude. Só mais uma coisa, eu vou correr agora não porque eu acho que não sou boa o suficiente para você, eu até acho que eu posso fazer muito bem para você, mas meu surto de coragem está acabando e eu preciso ir antes que isso aconteça! - eu digo abrindo a porta e saindo, durante minha falação incessante ele abriu sorrisos e ficou confuso, mas eu realmente não quero resposta alguma.

Vou de novo pelas escadas, dessa vez estou exausta e preciso parar algumas vezes. Fecho os olhos respirando fundo.

-Não acredito que eu fiz isso... - eu falo sozinha sorrindo e começo a comemorar no meio da escadaria. Até que alguém enlaça minha cintura e encaixa o queixo no meu pescoço.

-Nem eu. - dessa vez eu não demoro para reconhecer a voz como no dia em que eu corri. Sasuke está ali. Está ali correspondendo meus sentimentos.

*

Você nunca vai ter certeza absoluta sobre alguma decisões, não pode ter certeza sobre uma ideia dar certo. Mas às vezes você precisa se arriscar.

Todos refletem, todos precisam refletir.

Vocês deveriam fazer coisas loucas de vez em quando. É uma experiência divertida, se quiserem saber.

Mas também devem pensar antes de fazer e antes de falar.

Então se poupe, me poupe, nos poupe. E aproveite a vida.


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