Você Me Destruiu escrita por Hyiani


Capítulo 11
Uma Alma Perdida


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui! No segundo dia da maratona, já perdendo o horário! Sério, acho que bati um recorde.
Mas ainda não é 1h da manhã, e não passei tanto da meia noite.
Dessa vez tem uma justificativa plausível, eu tive um pequeno imprevisto (um imprevisto bom), mas enfim, gostei demais desse capítulo! Espero que vocês também gostem!

Amanhã não me atraso! (Na verdade não prometo nada)
Boa leitura!



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Limites são estabelecidos para um bom convívio. Para uma boa relação. Na verdade são estabelecidos para qualquer coisa dar certo.

As vezes eles são impostos com regras, outras vezes com simples conversas. Ou eles são invisíveis.

Pessoas suportam as coisas de acordo com o limite de paciência, de esforço, de vontade, e de orgulho.

É comum você escutar alguém se alterando e gritando "Você já passou dos limites!".

O que acontece é que muitas vezes o seu limite não é o daquela pessoa, ou ela realmente foi muito absurda. Eu não tenho como saber realmente.

A única coisa que eu sei, é que o meu limite para fingir que tudo está bem... Acabou.

*

Eu gostaria muito de saber como eu cheguei aqui. Mas eu não sei. Assim como não sei de diversas outras coisas.

Eu sinto como se tivesse me perdido, mas não é como naquelas frases clichés "Me perdi para me encontrar", eu realmente me perdi, e não é como se eu realmente me importasse com isso.

Chega daquela história de válvula de escape, reflexões sobre as pessoas, sobre a vida, sobre minha infância, e sobre todas as outras coisas ridículas, eu simplesmente quero me desligar um pouco.

Eu me perdi de propósito e sei que algumas pessoas podem estar procurando por mim. Meu celular ficou em casa, também intencionalmente.

Meus pais podem estar surtando agora, mas eu preciso de mais um tempo. Eu vou voltar. Eu sempre volto, independente do que aconteça comigo, com eles e com o mundo. Eu volto. Eu nunca fiz isso antes, mas eu quero dizer que volto para o controle das minhas emoções.

-Sakura?! - alguém grita do outro lado da rua. Eu nem sequer me dou ao trabalho de virar a cabeça para o lado, eu não reconheço a pessoa pela voz, mas ela me reconheceu e isso é o que importa.

Começo a correr desesperadamente por um lugar que eu conheço incrivelmente mal. Achei que iria reconhecer alguma coisa, mas é tudo diferente de noite. Mas eu continuo a correr sem me importar muito com esse detalhe.

Eu preciso de mais tempo. Não vou voltar agora.

-Sakura! Espera! - a mesma pessoa grita de novo, percebo que ela está mais próxima dessa vez, mas ainda não reconheço a voz. Ela continua correndo atrás de mim.

Eu estou começando a ficar cansada, mas a pessoa aparentemente não, pois está quase me alcançando.

O pânico e a adrenalina dominam me corpo, eu já não escuto o barulho dos carros ou vejo a diferença de luminosidade na rua. Eu só estou correndo. Correndo por mais tempo, correndo pelo que acredito. Eu escuto meus batimentos cardíacos invadirem meus tímpanos, eu não estou pensando em nada além de não ser pega.

-Peguei! - a pessoa me segura e me joga por cima de seu ombro, como se eu fosse um saco de batatas, para se certificar de que eu não irei fugir.

-Me solta. - eu não grito em uma cena dramática, eu não me debato, eu não começo a agredir a pessoa. Eu só faço um pedido.

-Se eu te colocar no chão, promete não fugir? - a pessoa pergunta com uma ponta de diversão em sua voz. Se para ela isso é brincadeira, desculpa, mas para mim é muito sério. Eu continuo tentando identificar a voz, mas sem sucesso.

-Não prometo nada. - a pessoa que estava andando para o lado oposto ao que eu estava correndo para me esconder, para de andar, ponderando se deve ou não me colocar no chão. Óbviamente a resposta correta seria: não me colocar no chão. Mas alguém não avisou isso para essa pessoa.

-Tudo bem. - a pessoa me coloca no chão e eu me posiciono para fugir no mesmo instante. Mas quando meu olhar é colocado na altura do sorriso daquela pessoa eu me sinto um pouco perdida. Meu olhar sobe lentamente pelo rosto da única pessoa que me colocaria no chão sem garantia nenhuma de que eu iria permanecer ali, além de sua presença.

-Sasuke... - não sai como uma palavra, ou um substantivo próprio, sai com um toque de dúvida.

-Meu nome fica legal quando você sussurra ele. - ele diz abrindo ainda mais o seu sorriso.

-Quando pessoas correm é porque elas não querem ser pegas. - eu digo retomando minha postura. - Deveriam ter te ensinado isso. - eu falo tentando ser o mais seca possível.

Eu gosto do Sasuke. Possivelmente gosto dele mais do que como amigo. Mas não vou mentir e ser clássica dizendo que o sorriso ou a risada dele me deixaram desconcertada. Eu tinha um objetivo, e queria cumpri-lo, e não é o garoto que eu gosto que vai me impedir.

-Pessoas em fuga devem ser pegas! - ele rebate depois de um tempo dando risada do meu argumento. Isso me deixa extremamente irritada.

-Não estou fugindo! - falou indignada. - Só estou correndo das minhas responsabilidades. - digo cruzando os braços, para ajudar a me manter séria, nem eu estou acreditando no que acabei de dizer.

-Para mim é a mesma coisa. - ele fala convencido, me deixando mais irritada do que eu já estava por ter sido encontrada. - Mas por que ao invés de ficar fazendo caretas, você não me conta do que está fugindo, ou se escondendo? - ele fala ainda com o mesmo sorriso em seus lábios.

Eu fico pensando se isso iria me ajudar. Contar a história inteira para ele. No mesmo momento lembro da Dra. Meredith. Ela também vai querer saber, e talvez ela mereça. Talvez.

-Tudo bem... - eu digo cedendo mais rápido do que ele podia imaginar, ele fica surpreso, mas não reclama, eu indico o banco na praça onde acabei de me sentar para que ele também se sente. - Mas primeiro quero saber como me encontrou aqui.

-Seus pais mobilizaram todos para te procurarem, parentes, sócios, e acabou que me lembrei de um café perto daqui onde fomos uma vez. - ele diz, apontando para um café na esquina da rua onde estávamos. Me culpo no mesmo momento por lembrar que ele conhecia o lugar só agora. - Não sei exatamente por que, mas imaginei que estaria aqui. Eu ainda não avisei que te encontrei, então conte a história com calma. Logo eu mando uma mensagem para os seus pais, eles devem estar preocupados com você, quer dizer, com certeza eles estão.

-É... - não é como se eu tivesse pensado nos meus pais antes de fazer isso, mas me lembrei deles em algum momento, sem me importar muito com aquele detalhe.

-Bom, pode começar a contar. - ele fala com um sorriso discreto, mas adorável em seus lábios. Eu preciso respirar bem fundo para conseguir contar a história.

-Preciso te contar primeiro sobre o dia do meu nascimento, ou sobre um pouco antes dele. Meus pais sempre quiseram ter filhos, e minha mãe descobriu que estava grávida, isso foi um sonho para eles. Depois de algum tempo descobriram que era uma menina. Meus pais decidiram chamá-la de... Sayuri. Minha mãe idealizou uma filha perfeita com futuro brilhante. Mas na hora do parto, quando a Sayuri nasceu, descobriram um problema respiratório grave na bebê. Ela foi levada para a cirurgia enquanto a minha mãe descobria que estava grávida de gêmeas... - depois que eu começo, a história começa a jorrar de mim, me sinto mais leve a cada revelação.

*

"Regras foram feitas para serem quebradas!"

Me desculpa, mas se você pensa assim, você é ou muito babaca ou muito ingênuo.

Regras impõe respeito, elas existem para serem seguidas, elas definem limites. Elas são importantes.

Meu limite foi ultrapassado não de uma vez só. Foram pequenos acontecimentos que se uniram e explodiram minha paciência. Ninguém é obrigado a cumprir com as expectativas das outras pessoas, o mundo precisa entender isso.

Enquanto não entenderem, eles não vão poder conhecer a felicidade.


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Notas finais do capítulo

Mistério revelado!
Eu particularmente adorei as reflexões da Sakura nesse capítulo. E vocês? Adoraria saber suas opiniões!

Até o próximo!



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