Hello, mrs. Death. escrita por Marcela Dias


Capítulo 5
Olá, senhora morte.


Notas iniciais do capítulo

Oi, galera! Fiz esse capítulo com muuuuuito amor e espero que tenha ficado grande e envolvente o suficiente. Boa leitura, até lá em baixo.



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O despertador do celular que estava sobre o criado-mudo ao lado da cama da morena tocou. O que significava que Susie sobrevivera ao primeiro dia em Warford. Agradecia mentalmente pelo dia anterior. Passara o dia como a sombra de Mack, perseguindo-a por todo o canto no seu primeiro dia de caloura. Mack não havia parecido se incomodar em momento nenhum com Susie atrás dela para lá e para cá. Quando finalmente a noite chegou, Susie retornou ao seu quarto e depois de se distrair um pouco com um livro e um banho, adormecera.

— Desliga essa droga, Susie! É cedo! – Susie percebeu que Mack gritava e que seu celular urrava ao lado de sua cama. Ela o pegou e o desligou. O celular informava ser 9h30 da manhã.

— Mack! A gente não tem aula? – Susie perguntou, perplexa por ter esquecido completamente que estava ali para estudar. Mack bufou debaixo de seu cobertor e o abaixou para encarar Susie.

— É óbvio que não, Susie! Temos uma semana para nos organizar. As aulas só começam oficialmente semana que vem. – Falou Mack sua voz estava muito rouca.

— Porquê?

— Porque sim. – Falou ela cobrindo a cabeça com o cobertor novamente. – Agora boa noite.
Susie sentiu seu celular vibrar minutos depois e viu que era uma mensagem de Annie.

“Esteja pronta em uma hora no máximo, pois vou passar no seu quarto para a gente descer e comer alguma coisa. Bom dia, XX.”


A morena correu para o banheiro para tomar banho e fazer sua higiene pessoal de todos os dias. Annie bateu na porta de Susie exatamente no horário dito por ela. Após cochichar para Mack que já estava de saída e bater a porta com cuidado, ela seguiu o longo corredor com sua irmã ao seu lado.

— Você está de biquíni? – Annie perguntou quando iam chegando ao primeiro andar. Susie negou com a cabeça fazendo Annie parar de andar. – Como é que é?

— Eu não vou me molhar, Annie. E nem sei se trouxe meu biquíni para cá.

— Que droga, Susie! É uma festa na praia! – Berrou Annie colocando as mãos no rosto. – Vamos ao meu quarto, talvez eu tenha um biquíni para você. – A loira deu meia-volta e pegou o pulso de Susie guiando-a. Susie se soltou.

— Não vou usar biquíni, Annie. Ou vou assim – Disse Susie apontando para seu vestido branco solto e fresco e suas sandálias abertas. – ou não vou. – Annie bufou derrotada, dava para ver em seu rosto que ela queria que sua irmã fosse para a festa com ela, então ela cedeu.

— Tudo bem, então vamos comer logo. – Susie assentiu. De qualquer jeito, nenhum dos biquínis de Annie caberia nela. O corpo de Annie era cheio de curvas, o de Susie era o oposto do da irmã e ela gostava de mantê-lo coberto. Já era um grande milagre ela está usando um vestido de decote. Ao chegar no destino, Susie percebeu que o que ela vira no dia anterior não era uma cantina, era um refeitório e dos grandes. Não haviam muitas garotas ali, mas era grande o suficiente para o prédio todo. Cadeiras vermelhas e mesas brancas enchiam o lugar e era muito limpo e organizado. Ela seguiu sua irmã até uma pequena fila formada para pegar comida. Susie só percebeu que estava faminta quando sentiu o cheiro do bacon e dos ovos sendo fritos mas ela optou por um sanduíche com suco e frutas. Annie só pegou uma maçã e um iogurte. Elas comeram rápido pois Annie havia dito que Drew esperava por ela nos jipes que o pai dele emprestara.

— Graças a Deus, Annie! Está meia hora atrasada. – Drew disse ao avistar as irmãs Mitchell.

— Bom dia, Drew. – Cumprimentou Annie com um sorriso. Susie notou seis jipes vermelhos e verdes no estacionamento da faculdade e umas 30 pessoas animadas esperando. Provavelmente, ela e Annie eram as últimas a chegar pois as pessoas começaram a entrar nos jipes agradecendo.

— Com quem eu vou, Annie? – Indagou Susie para a irmã. Annie virou para encará-la.

— Comigo, é claro. – Falou Annie. Drew fez uma careta e só depois Susie notou Patricia ao lado dele com o menino de cabelos negros que queria molhar ela e a menina que estava com Annie e Patricia no dia anterior. Eles encaravam Susie com raiva mas ela os ignorou.

— Só são cinco lugares no jipe, Annie, nós somos seis. – Falou Susie.

— Megan ou Jack podem ir em outro jipe. – Annie virou-se sorrindo para o casal de cabelos negros que Susie não sabia o nome até o momento. Megan cruzou os braços e Jack deu um passo a frente.

— Eu vou. – Falou ele dando as costas e indo em direção a um jipe verde há alguns metros do que ele iria antes. Susie sentiu-se uma intrusa mas não ligou, ela não gostava dos amigos de Annie e de qualquer forma, era a última vez que ela sairia com a irmã e seus amigos. Eles foram os últimos a partir para Tybee Island, o dia estava ensolarado e mesmo que Susie visitasse a ilha com o pai, a mãe e a irmã quando era criança e gostasse de ir para lá, ela não estava tão feliz agora. Estava indo encontrar seu destino muito esperado mas um buraco abria em seu peito quando pensava em seu pai. Ela odiava ter que magoá-lo, ela se odiava naquele momento, pois seu pai não merecia isso em nenhuma circunstância. Mas o que ela estava prestes a fazer era escolha dela.

— Ela é sempre assim, Annie? – Susie ouviu uma voz doce e um pouco nervosa fazê-la sair de seu devaneio. Era Megan que falara. Annie negou com uma expressão um tanto apreensiva.

— Desculpe. – Susie resolveu falar. – Estava distraída em pensamentos. – Megan sorriu para Susie. – Quanto tempo para chegarmos?

— Faz 10 minutos que saímos – Agora Drew falava olhando a estrada. – Devemos chegar em 15 ou 20 minutos se tivermos sorte. – Susie mais nada falou depois. Ela só observava o céu e certas vezes ouvia murmúrios da conversa dos jovens que estavam ali com ela, mas ela estava imersa a pensamentos. Tudo o que ela queria era acabar de uma vez com sua dor, pois não aguentava mais sofrer pelo mesmo motivo e pessoa. Porquê Annie não parecia sentir o que ela sentia? E Larry? Era uma dor tão devastadora. Seu pai havia dito que ela iria de algum modo ter que seguir sua vida em frente, mas ela não conseguia, mesmo sempre tentando. A dor não cessava nunca, a deixava dormente, oca, sem querer viver. Ela sentia uma falta muito profunda de sua mãe e tinha certeza que não ia conseguir viver por mais anos com aquela ferida muito inflamada em seu coração. Tinha que seguir seu destino. Tinha que cumprimentar a morte. Ou ela enlouqueceria.

O jipe parou.

— Chegamos, galera. – A voz de Drew invadiu Susie assim como o cheiro da água do mar.

Tybee Island não mudara. Ainda era limpa, linda e muito acolhedora. Aquela pequena ilha era tão familiar a Susie que os tímpanos da garota não absorveram de primeira a música que havia começado a tocar ali, nem os risos de adolescentes, eles apenas ouviam o barulho das pequenas ondas, as gaivotas e a brisa que passava cantando por ali.
Susie desceu do jipe assim que Drew deixou o veículo no estacionamento acompanhada da irmã e seus amigos.

A morena percebeu que estavam muito próximos do Píer onde as estruturas do lugar costumavam ter banheiros limpos e bons lugares para comer.

— Mais tarde que tal irmos ver o Cockspur? – Annie sugeriu. – Podemos ir na hora que formos andar no iate de Drew.

— Não acho boa ideia, Annie. O iate vai estar lotado de pessoas que eu acho que não vão querer parar para entrar num farol. – Annie fez uma careta.

— É verdade. – Annie falou tirando a blusa e soltando o cabelo para ficar mais a vontade, fazendo suas mechas loiras caírem até um pouco abaixo de seu ombro. De repente Drew estava ao lado dela e de Susie.

— Meu iate já está pronto, vamos sair em alguns minutos. – Falou ele correndo para a areia onde estavam os outros adolescentes.

Você vai navegar? – Indagou Annie para a irmã.

— É claro. – Annie sorriu satisfeita com a resposta de Susie.

Era um iate de luxo, percebeu Susie ao entrar finalmente no mesmo alguns longos minutos depois. Já havia quinze ou vinte pessoas espalhadas por ele. Annie foi sentar-se com Drew, Megan e Jack em um canto cheio de jovens enquanto Susie procurava por um lugar mais vazio no grande iate. Após avistar um lugar com menos pessoas foi rapidamente para lá. Alguns minutos depois a música que antes estava baixa, foi a um volume quase ensurdecedor e ela fechou os olhos pedindo que chegasse logo a parte mais funda do mar. Algo a poucos metros chamou a atenção de Susie quando ela abriu os olhos. O sol refletia brilhante em algum objeto.

Uma âncora.

Uma corda estava amarrada a ela e dois sacos pretos estavam ao seu lado. Não eram apenas os sacos que estavam muito próximos ao objeto. Dois garotos de altura exatamente igual e cabelos castanho-escuros estavam de costas muito próximos da âncora. Uma ideia acendeu-se na cabeça de Susie de repente. Se aproximar, amarrar e pular. Um sorriso se esboçou no rosto da morena. E ela quase nunca sorria. O único problema eram os dois garotos muito próximos de seu destino, como se estivessem ali justamente como um obstáculo. Como se fossem a impedir. Ela teria de tentar usar a paquera, mesmo que o obstáculo fosse não apenas um, mas dois. Ela se pôs rapidamente de pé para tentar, mesmo achando que não fosse interessante o suficiente para distrair dois garotos. Dois.

Inspirou fundo, arrumou seu vestido simples, passou os dedos pelos fios de cabelos para ajeitá-los e deu o primeiro passo. Seu coração bateu mais rápido querendo saltar dos pulmões. No segundo passo, suas pernas se tornaram trêmulas. No terceiro, – mesmo com o calor que fazia – suas mãos gelaram. Há apenas uns cinco passos dos garotos, ela parou, resolvendo desistir e pensar em outro plano. Susie girou em seus calcanhares para voltar para aonde estava.

— Ei, você! – Uma voz masculina gritou atrás dela. – Você é Susie Mitchell? Irmã de Annie Mitchell? – Susie bufou de irritação e virou para encarar o dono da voz, mas seus olhos colaram na âncora, agora completamente à mostra. Era como se ela fosse um imã para o olhar de Susie, pois ela não conseguia tirar os olhos e encarar o garoto que falara com ela.

— Sim, sou eu. – Ela disse impaciente se aproximando do objeto que estava em um lugar perfeito e em uma hora perfeita. – Agora me dê licença. – Disse Susie empurrando o que parecia os dois garotos que estavam perto da âncora. Ela se atirou ao chão e pegou a corda para amarrar em seu tornozelo esquerdo. O mundo parou para ela naquele momento, a morena nada mais ouvia, nada mais a impedia de seguir seu destino. Ela estava prestes a segui-lo assim como sua mãe seguira o dela anos atrás.

— Será que pode nos dizer o que você pensa que está fazendo? – Ela ouviu a voz do estranho novamente. Susane Mitchell paralisou-se, um nó se formava em sua garganta agora. Os garotos eram como um muro para ela naquele momento, a escondia da vista dos outros jovens que se divertiam mas ela estava tão focada e desesperada para pular que se esqueceu que os garotos a observavam.

— Isso não é da conta de vocês. – Ela disse com frieza finalmente. – São só mais dois amigos de Annie que só vieram falar comigo porque sou irmã dela.

— Bom, na verdade só sabemos o nome de sua irmã e não achamos que é o necessário para sermos amigos dela. – Ele disse. – Nosso primo Robert – ele sim é amigo de Annie. – mandou a gente vir falar com você para conhecer alguém como a gente: calouros.

— Acho que tem mais calouros além de mim aqui, rapazes, – Susie disse se concentrando na grande corda novamente. – e além disso, estou ocupada agora e se não se importam, quero que me deixem em paz.

— Tudo bem mas não podemos deixar que um suicídio aconteça bem diante de nossos olhos, vamos ter que comunicar com alguém. – Disse ele em um tom provocante. A raiva subiu a cabeça de Susie. Como aqueles desconhecidos achavam que podiam fazer algo para impedi-la de fazer o que queria? Porquê não a deixavam em paz? Porque não iam cuidar de suas vidas? Ela iria cuspir o nó de sua garganta ali, agora, com a corda amarrada ao seu tornozelo mesmo , na cara daqueles intrometidos.

— O quê? – Disse Susie levantando-se com todo o cuidado para o nó de seu tornozelo não se desfazer. – Quem vocês acham que são para me impe...? – Susie congelou aonde estava quando encarou quem estava a sua frente. A visão que teve dos garotos fez seu queixo se escancarar. Os garotos morenos eram gêmeos idênticos. Seus olhos eram extraordinariamente encantadores. As íris que ficavam à direita do rosto eram tão azuis quanto o céu sobre eles e as esquerdas eram de um castanho-mel fantástico. Uma heterocromia maravilhosa em cada par de olhos. Eles a encaravam com curiosidade e sarcasmo, esperando ela cuspir as palavras envenenadas de raiva que ela pretendia, mas a morena não o fez; apenas continuou a olhar cada detalhe do rosto dos gêmeos, desde os alargadores em suas orelhas direitas e seus brincos dourados nas esquerdas exatamente iguais, até o formato delicado e quase oval de seus rostos, a pele lisa e com aparência de serem muito macias e seus cortes de cabelo rebeldes que faziam seus fios castanhos ficarem mais destacados.

Susie tentou desesperadamente falar algo mas sua tentativa foi ridiculamente falha. Suas pernas agiram sozinhas quando deram os passos involuntários para trás e ela só de deu por si quando a água fria e salgada encharcou seu vestido branco, invadiu seus pulmões, o oxigênio sumiu dali e ela foi sendo puxada para cada vez mais fundo do mar sem fim. Seus olhos se fecharam e ela sentiu que estava completando seu objetivo. Olá, senhora morte, é um prazer poder finalmente conhecê-la. foi seu último pensamento até ela perder totalmente seus sentidos.


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Notas finais do capítulo

OS GÊMEOS CHEGARAM!!!!!! Espero que tenham gostado. Por favor, favoritem e comentem pra me inspirar! Quero avisar que vou entrar em semana de provas e não vou poder postar capítulo durante a semana que vem, mas se eu conseguir escrever, vou postar! Até muito em breve!



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