Hello, mrs. Death. escrita por Marcela Dias


Capítulo 3
Finalmente o nível 1.


Notas iniciais do capítulo

Geeeeeente, o capítulo não tá dos melhores mas espero que gostem e ansiem pelo próximo. Beijão e boa leitura.



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As pálpebras ainda inchadas da garota de cabelos castanhos e órfã de mãe abriram-se naquela manhã de segunda. Ela virou-se para seu criado-mudo para ver as horas. Eram dez e meia da manhã e ela se pôs de pé rapidamente, abrindo as cortinas enormes de seu quarto a seguir. O dia estava ensolarado fazendo-a bufar insatisfeita e fechá-las novamente. Então, subitamente ela se dirigiu ao pequeno banheiro do seu quarto para tomar um banho e trocar suas roupas amassadas da agitada noite passada.
A irmã mais velha de Susie estava na sala quando ela passou por lá. A morena nada disse. Passou direto para a cozinha sem sequer olhar para trás. Larry não estava lá, como ela já previra, mas assim mesmo tomou seu café da manhã tentando não emitir som algum a não ser o de sua mastigação. E o dia passou-se assim, silencioso. Susie não quis conversar nem com seu pai, a única pessoa em que ela gostava realmente de conversar. E os dias foram se passando assim. Quietos, mortos, sem o menor sinal de cor, a não ser os famosos preto e branco. Cores que já haviam se tornado as preferidas de Susie por estarem tão presentes na vida dela.
Quatro dias antes das férias de Susie acabarem, seu pai resolveu visitar o quarto da filha mais nova; e lá estava Larry diante da sempre solitária e traumatizada filha caçula.
– Eu realmente não consigo te imaginar saindo de casa. – disse o homem loiro fechando a porta atrás de si. Susie sorriu pra ele quando o mesmo sentou-se na cama dela. – Mas colocamos pequenos pássaros no mundo, não filhos. Alimentamos, protegemos e carregamos nas nossas asas quando pequenos até crescerem e tiverem como fazer isso sozinhos, voarem sozinhos.
– Pai, o senhor que está me fazendo voar para longe. Eu não quero morar lá, quero continuar aqui. – Os olhos de Susie arderam com as lágrimas que estavam querendo vir, mas ela as impediu.
– Você tem que ir, filha. É para seu bem, vai garantir o seu futuro. E você vai se divertir lá, sabe? São os anos de fazer as merdas que os jovens fazem. Os anos da diversão, porque depois vem as responsabilidades maiores. E eu, como pai, quero que minhas filhas passem por isso.
– Eu não vou ver você todos os dias, nem comer a comida que só você sabe fazer. Pai, eu não vou ter dias como os de ontem com o senhor mais. Eu vou sentir muito a sua falta. – Falou Susie, agora sua voz estava trêmula e ela não pôde retardar mais suas lágrimas inconvenientes que agora rolavam por seu rosto. Seu pai a puxou para o colo dele e alisou seus cabelos tentando acalmá-la.
– Eu sempre vou estar aqui pra você, Susie. Você é minha filha. E ninguém te ama no mundo como eu te amo. Você vai para a faculdade sim, mas todo fim de semana vai vir para casa e eu vou estar aqui esperando você. – As palavras de seu pai – como sempre – a acalmaram, mas ela permaneceu ali no seu refúgio, sentindo o homem mais importante da vida dela, sem desperdiçar um milésimo dos últimos momentos que ela teria com ele. As horas passaram-se rápido demais e seu pai a avisou que ia descer para fazer o jantar e mesmo não querendo o deixar ir, ela cedeu. Susie não queria que seu suicídio fizesse seu pai sofrer, mas ela já não via motivos nenhum para continuar no mundo, então ela lamentou profunda e verdadeiramente por seu pai. Ela desceu triste para jantar naquela noite de quinta, mais triste que nos dias normais.
– Você vai ficar agindo como uma criança e me ignorando por mais quanto tempo, Susie? – Perguntou Annie, na noite de sábado – um dia antes do semestre da faculdade se iniciar –quando Susie se negou a ir com ela para a faculdade na segunda de manhã.
– Espero que por muito tempo. Você não é o tipo de pessoa que me faz bem, Annie.
– Me desculpe. Só não sei porque você não gosta de mim, sabe? Quando nossa mãe me disse que estava grávida de uma menina, eu fiquei mais radiante de felicidade do que quando não sabíamos o sexo, pois achava que além de ganhar uma irmã, também ganharia uma melhor amiga. – Falou Annie sorrindo e parecendo entrar em um flashback.
– Você conviveu dois anos a mais com ela que eu, Annie. E eu não pude salvá-la quando precisei, ela já tinha se matado em minha frente. Era o mínimo que eu poderia ter feito, porque era a minha mãe em questão. – Annie abriu a boca para argumentar, mas Susie já tinha voltado a falar. – Não diga que a culpa não foi minha, já estou cansada de ouvir os mesmos discursos das pessoas, mas nenhuma delas estavam lá, eu estava e não fiz nada. – Disse Susie com um sorriso fraco e um olhar triste e longe.
– Éramos crianças, Susie. Você ia fazer oito anos e eu dez! O que poderíamos fazer?
– Não adianta, já a perdemos mesmo.
– Vai fazer dez anos em abril. – Annie disse parecendo desconfortável. Susie assentiu e o silêncio impregnou no cômodo por longos vinte minutos.
– Eu gosto de você, Annie, é claro, você é minha irmã e eu ainda te amo, mas eu não suporto suas futilidades. Você só pensa em você mesma e só faz as coisas com algum interesse. Não tá nem aí pro pai maravilhoso e único que tem e vive de internet e vaidade. – Susie estranhou o contínuo silêncio e completa atenção vindo de Annie, mas ela por alguns instantes nada disse.
– Peço desculpas, mas eu sou assim, Susie. Peço desculpas sinceras por tudo o que te disse no dia daquele jantar e por não ser uma irmã legal para você durante os últimos anos. Posso tentar melhorar, mas vou continuar sendo assim, não posso mudar. E eu amo o nosso pai, óbvio. Mas mais uma vez, desculpe, não consigo ser a melhor pessoa do mundo. – Cada nervo do corpo Susie paralisou-se ao ouvir aquilo vindo de sua irmã, e então sorriu e assentiu, pois só isso que ela foi capaz de fazer antes de subir ainda perplexa para dormir.
O domingo foi totalmente dramático, triste e ao mesmo tempo divertido e feliz para Susie. A família Mitchell – que há muito tempo não agia como uma – fizeram todas as coisas juntas. Cozinharam pela manhã, assistiram filmes a tarde e foram a uma pizzaria a noite como sempre faziam quando a mãe das meninas era viva e Susie sentiu-se voltar no tempo.
Na tão temida e esperada segunda, o dia – felizmente para Susie – amanheceu frio. E depois de se arrumarem completamente, Larry enfim chamou o táxi que levaria Susie e Annie para um ano que prometia ser completamente diferente dos outros. Completamente diferente.
Os últimos abraços de Larry em suas filhas foram diferentes dos normais, eram abraços carregados de amor, saudade e felicidade. Quando Susie entrou no táxi, ainda haviam rastros de lágrimas em suas bochechas.
– Se não quiser se sujar, fique perto de mim. – Susie ouviu Annie falar minutos depois de saírem de casa. – Todo começo de semestre os veteranos fazem o trote com os calouros e alguns deles são até violentos. – Susie concordou ao mesmo tempo que o carro fez uma curva.
– Provavelmente, iremos ficar em quartos separados porque eu já tenho um há dois anos. Mas você deve pegar alguém legal.
– Tanto faz pra mim. – E o silêncio penetrou o carro exceto pela música que tocava no rádio do táxi. E em minutos, o carro parou.
– Chegamos senhoritas, – Annie tirou o dinheiro do bolso e estendeu a mão ao taxista – seu pai já pagou. – Annie sorriu e acompanhada de Susie, saiu do carro. O homem tirou a bagagem das irmãs do porta-malas e após entrar em seu veículo sorriu.
– Tenham um bom ano e se divirtam, garotas. – E seguiu a rua até o carro ficar totalmente fora de vista. As meninas viraram-se para o enorme e verde campus já cheio de estudantes. Finalmente, Susie cumpriria seu objetivo. A loira olhou para a morena.
– Vamos? – E Susie assentiu colocando seu pé direito na grama e indo atrás de sua irmã.


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Notas finais do capítulo

Ansiosos para o próximo? Postarei o mais rápido que eu conseguir. Bjssss.



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