Acho que não contei, to entrando para o ensino médio a partir de hoje, por falar em hoje tenho que correr se não vou me atrasar mas que o normal.

Sai correndo que nem uma louca pelo quarto, sou muito desorganizada e não faço ideia de onde larguei nem meu teniz muito menos o resto.

Paro de correr um pouco e respiro fundo, fico no meio do quarto e olho para relógio.

– 6:00. Certo tenho meia hora para me arrumar antes do Lucas chegar. -- Disse em voz alta enquanto tentava pensar por onde começar.

Estava tão concentrada que nem percebi que minha mãe continuava a me olhar da porta do quarto. Parecendo ler meus pensamentos ela fala:

– Que tau um banho querida? -- Se está pensando que ela tem habilidades como eu você acertou, ela tem a habilidade de conhecer a filha desorganizada dela que faz isso todo santo primeiro dia de aula.

Sorri e corri para o banheiro. Quando já estava no corredor ouço ela gritar:

– Filha a toalha!

Voltei com a mesma velocidade, pego a toalha que já estava na mão dela.

– Valeu mãe tô te devendo uma. -- Falei em quanto dava um beijo na bochecha dela e ia para meu banho.
– Não corre lana, você pode cair! -- Falou era quase gritando do quarto.

– Se eu cair do chão não passo.-- Falei rindo das minhas próprias palavras.

Estava quase chegando quando tropeço no tapete e caio de cara no chão.

– É chão eu também te amo. Levanto rindo da ironia do momento vou escovar os dentes em quanto tomo um banho com uma água bem fria para terminar de acordar de vez.

Não passaram nem cinco minutos que estava tomando banho e meu celular começou a tocar, é uma musica bem legal mais com o celular tocando insistentemente estava começando a me dar nos nervos.

Termino o meu banho já pensando em onde encontrar minhas roupas, não sou muito de me arrumar, mas se eu não estiver no minimo razoável o Guto me enche até eu voltar para casa e trocar de roupa, eu geralmente faço isso só para ver a cara dele, só que estou atrasada e não faço a minima questão de dar duas viagens hoje.

Cheguei no quarto e o celular já tinha parado de tocar.

– Que menino mais sem paciência-- Falei em quanto dava uma olhada pelo quarto.

Só nessa hora percebi minha calça jeans e meu tênis cano médio favoritos em cima da cama.

– Ei, mais cadê a camisa?-- Pensei olhando mais atentamente para a cama. -É acho que isso vou ter que achar isso sozinha. Olhei com uma cara de desanimada para meu guarda-roupas. "Tenho que arrumar isso algum dia desse, aposto que acho até um portal para Narnia". Ri com esse pensamento e criei coragem para procurar, já tinha até uma camisa em mente. Acabei encontrando ela pendurada em um cabide.

Nem me preocupei mais com o tempo, ainda eram 6:20, Tinha no máximo 20 minutos para não perder o ônibus. Me arrumei na maior tranquilidade possível.

Depois de pronta me olho no espelho e aprovo o visual: Uma calça jeans colada branca com alguns rasgos, uma blusa preta e combinando com a blusa meu tênis cano médio preto. Não uso maquiagem mas ainda sim acho meu rosto bonito, tenho olhos castanhos escuros e cabelos pretos com as pontas pintadas de ruivo. Lembro do dia em que pintei as pontas cabelo, minha mãe só faltou infartar, mas depois ela se acostumou.

Vou para a sala e assim que chego já vejo os cabelos ruivos do Guto que está sentado no sofá, ele se vira ao perceber que estou ali e posso ver seus olhos castanhos claros e as sardas espalhadas pela bochecha, ele sorrir, mais por pouco tempo logo aparece aquela cara carrancuda que ele sempre faz quando estou atrasada.

– Você está atrasada. -- Ele fala fazendo uma expressão estranha que me faz rir.

– Pare de rir! -- Agora fala realmente irritado.
– Tá, vamos logo antes que você resolva me dar sermão. -- Falo e ele abre e fecha a boca sem acreditar no que falei, o que me faz rir mais ainda.
– Sua chata-- Ele fala rindo junto comigo.

Vamos conversando e rindo até o ponto onde encontramos uma colega de classe nossa que vivia olhando para o Guto de uma forma que me deixava com uma sensação estranha, não sei explicar acho que me deixava incomodada. Ela se mudou para uma quadra de nossa casa faz um ano mais nunca falou com agente, parece que finalmente resolveu tomar coragem para deixar de olhar e falar.

–Oi. -- Falou em um tom de voz baixa.
–Oie. -- Eu e Guto falamos ao mesmo tempo e sorrimos.
Ela estendeu a mão e o Guto apertou e ela ficou vermelha.
–- "Estranho"-- Penso.

Com esses pensamentos esqueci até que estava sem a mitene e apertei a mão dela, e como em um flach centenas de coisas começaram a passar diante dos meu olhos, seu nome era Anne e ela sofria bullying e por isso se sentia insegura e excluída, vi que veio de uma família de bem e que tem gostos parecidos com os meus, mas uma coisa me chamou mais minha atenção que todas as outras, ela estava gostando do Guto, não sei porque, mais aquilo me afetou muito mais do que esperava e depois disso ainda consegui sentir o Guto me segurar em seus braços antes de tudo ficar escuro e eu apagar.