POV’S Mike

Ah, meu deus, estamos mortos. Charlie nos odeia, só pode ser isso! Ele já havia levado mais bonecos, então, por que diabos ele queria mais?

Eu e Ana entramos na pizzaria e demos de cara com Frederick e dois de seus guardas pessoais, que pareciam dois tratores disfarçados de gente. Frederick sorriu e acenou. Forcei um sorriso que desapareceu assim que vi as caixas. Eram ao todo cinco caixas gigantes.

Engoli em seco, nervoso, e me aproximei de Frederick.

–Hã, boa noite, doutor Robbins- cumprimentei-o.

Ele deu um sorriso.

–Ah, bobagem, não precisa dessa formalidades todas!-disse ele-me chame de Frederick, ou apenas Fred, se preferir, Mike...

–Certo, dout...Frederick–eu quase disse “doutor” de novo.

Ana se postou ao meu lado e acenou para Frederick.

–Ah, olá, minha jovem!-cumprimentou o homem-quem é essa, Mike?

–Minha irmã gêmea, Ana Schmidt-apresentei.

–É um prazer minha jovem-disse Frederick, apertando a mão de Ana- eu sou Frederick Robbins, o responsável pela construção de novos animatronics e salas novas, ou simplesmente o “Homem da Manutenção”, se preferir...

Ana abriu um sorriso. Então, ela se apoiou em uma das caixas.

–Então, estes são as novas atrações?-perguntou minha irmã.

Frederick assentiu com um aceno de cabeça.

–Mas por quê Charlie quer mais animatronics?-perguntei.

Frederick suspirou cansado e seus ombros se curvaram. Seus olhos cinzentos, geralmente alegres, estavam um tanto sombrios, como uma tempestade perigosa.

–Charlie está competindo com a pizzaria nova que chegou-explicou Frederick- ele está cada vez mais paranoico; ele acha que quanto mais animatronics tiver na pizzaria, mas sucesso e público ele vai conseguir...

–E se tem mais animatronics, mais trabalho!-resmunguei.

Frederick abriu um sorriso compreensivo.

–Não é só você que está trabalhando horrores-comentou Frederick- hoje, faz-se cinco dias que não durmo, pois estava muito ocupado programando o designer, as funções e modelos de animatronics, além de ter que arquitetar cada sala para cada um deles, que envolvesse coisas relacionadas a cada personagem!

Ana assobiou, impressionada.

–E quantos animatronics chegaram, no total?-perguntei, curioso.

Frederick franziu a testa e começou a contar baixinho.

–Hum...-emitiu Frederick- se eu não tiver me esquecido de nenhum, temos, no total, uns quatorze animatronics novos...

Se Frederick tivesse me dado um soco no estômago, teria surtido o mesmo efeito de suas palavras. Quatorze animatronics? Quatorze?! Charlie só podia estar ficando maluco! É isso, ele deve ter sofrido algum acidente mental ou algo do gênero!

Olhei para Ana e estava prestes a implorar para que ela voltasse para casa, mas então, eu vi aquele olhar; era o olhar determinado dela, que ela sempre exibia quando estava determinada a terminar aquilo o que começou.

Suspirei, desanimado; era inútil tentar persuadir Ana a voltar pra casa.

–Bem, Frederick, é melhor a gente ir trabalhar-falei, mudando de assunto.

Frederick concordou com um aceno de cabeça.

–Então, até outra noite, Mike, Ana- despediu-se Frederick, pegando uma maleta de cima da mesa e acenando para seus guarda-costas, pedindo que eles o acompanhassem.

Logo, apenas eu e Ana estávamos na pizzaria. Ela me puxou pelo braço.

–Vamos, hora de trabalhar-disse ela.

–Mas nem Kevin, Fritz ou Jeremy chegaram-exclamei.

–A gente espera e vai começando sem eles-retrucou ela, como se fosse muito simples cuidar de quatorze animatronics novos, além dos antigos!

Fomos para a sala de segurança. Ana pegou um tablet das câmeras, mas eu o tomei de suas mãos e o coloquei em cima da mesa, ao lado do ventilador.

–Ei!-exclamou ela-o que você pensa que está fazendo, Mike?

–Não vamos precisar disso-comecei.

–É claro que vamos!-retrucou ela- temos que vigiar os bonecos e...-ela se calou quando ouviu alguém bater na porta.

Nos viramos e vimos Chica acenando da janela. Ana ficou de boca aberta e olhos arregalados; eu segurei o riso. Ana olhou para mim como se eu fosse louco. Então, soltou um grito agudo. Tapei os ouvidos até ela se acalmar e parar de gritar.

–A...a...a...C-c-c-chica, e-ela...ela...ali...mas...-gaguejou Ana, confusa e assustada.

Coloquei uma mão no ombro de Ana, tentando reconforta-la.

–Vem comigo, Ana-chamei minha irmã- eu vou te explicar tudo...

Então, eu e Ana seguimos uma animada Chica.

POV’S Ana

Agora sei por que Mike estava tão preocupado; os animatronics estão vivos!

Eu estava entre Mike e Chica, o que me deixava bastante nervosa, por que eu não sabia bem se devia confiar na robô.

No meio do caminho, Chica me perguntou:

–Quem é você?

Ainda um pouco nervosa, respondi hesitante:

–Hã...eu sou Ana Schmidt, irmã gêmea do Mike...

Ela sorriu.

–Por isso se parecem tanto assim!-comentou ela.

Eu consegui sorrir.

–Sério?-perguntei- eu sempre me achei muito mais bonita do que Mike...

Chica riu e Mike fez uma careta.

–Bem, Chica, agora você pode ver qual dos irmãos é o mais modésto!-comentou Mike, sarcástico, apontando para mim.

Chica riu mais.

–Ela vai se dar muito bem com os outros!-afirmou Chica.

–Eles...não vão...tipo assim, me matar...né?-perguntei, um pouco hesitante, mesmo sabendo que era uma pergunta um tanto ridícula.

Chica pareceu surpresa com a pergunta.

–Mas é claro que não vamos te matar!-exclamou ela, chocada-por que faríamos isso?

Dei de ombros.

–Vocês são robôs vivos-expliquei- parece-me suspeito...

Chica encolheu os ombros, meio cabisbaixa.

–Eu entendo...-disse a animatronic, um tanto pensativa.

Continuamos o caminho em silêncio. Paramos em frente a duas portas madeira escura. Chica as empurrou e minha boca se escancarou automaticamente.

POV’S Blake

Eu estava jogando cartas com Hunter e Ghost em “Ballade”. Era a sétima vez que Ghost ganhava a partida; eu tinha a leve impressão de que ele estava roubando, mas ele jurou que não.

Ghost ganhou a oitava partida. O garoto de cabelos brancos exibiu um sorriso vitorioso. Hunter bufou, irritado. Ghost riu e pegou as cartas para embaralhar, mas Hunter as tomou.

–Ei!-exclamou Ghost, irritado.

–Você está trapaceando!-acusou Hunter.

–Não, eu não estou-disse Ghost, com um sorriso provocador- é você que é um péssimo jogador e um péssimo perdedor!

Hunter rosnou. Parecia estar prestes a bater em Ghost, mas nesse momento, Chica entrou e meu irmão voltou a parecer um cavalheiro instantaneamente.

Ela estava acompanhada de um cara e de uma...menina. Ambos tinha pele clara e cabelo e olhos castanhos, mas, em minha humilde opinião, a menina era bem mais...atraente.

Eu fiquei encarando-a sem perceber. Logo, ela se virou para mim e nossos olhares se cruzaram. Ela esboçou um sorriso encantador. Eu continuei encarando a menina, até que saí de meu transe quando Ghost estalou seus dedos na frente de meu rosto.

–Hey, pizzaria chamando Blake!-brincou ele.

Balancei a cabeça, constrangido, e olhei para meus amigos.

–Cara-chamou Hunter- o que foi isso?

Fiquei vermelho.

–Do que você está falando?-perguntei, mesmo sabendo ao que ele se referia.

–Mano, foi só aquela garota entrar que você se desligou do mundo!-disse Ghost. Então, deu um sorriso malicioso-Blake tá apaixonado....

Bufei, irritado.

–Não, não estou...-retruquei.

–Blake tá apaixonado, Blake tá apaixonado!-cantarolava Ghost, risonho, junto com Hunter.

–Dá pra pararem de criancice e voltar pro jogo, por favor?-pedi.

Eles riram e voltaram ao jogo de cartas, mas era difícil me concentrar enquanto Ghost cantava “Blake tá apaixonado, Blake tá apaixonado!”. Mesmo assim, arrisquei olhar para a garota de novo.

Levei a mão ao meu peito; meu coração nunca bateu tão rápido assim.