Quebrados escrita por Ellen Cravina


Capítulo 5
Se você soubesse...


Notas iniciais do capítulo

Sabe, não resisti...eu precisava escrever e postar este capítulo.
P.s.: Era para eu postar isso aqui só semana que vem, mas estava muito ansiosa para continuar e esse foi o resultado. Acabei madrugando hahaha.
Boa Leitura! Escrevendo o próximo*:P



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–Sofia! - Ana gritou ao meu lado, atirando uma bolinha de papel nos meus olhos. Nós estávamos sentadas em uma das mesas do Starbucks que ficava dentro da faculdade, e eu olhava para a janela vendo as pessoas passando e seguindo a sua vida monótona, enquanto Ana reclamava do seu final de semana com o namorado idiota. - Você estava vagando de novo. Mulher, é melhor você arranjar logo um namorado. - Eu olhei para ela meio desconcertada e queria falar "eu arranjei um cunhado, um noivo, um chefe e agora a porra de uma proposta de casamento; tudo em um! Ah. Esqueci, eu também tenho um sobrinho!". Pena que a minha amiga não sabia de nada e eu não podia contar nenhum detalhe da confusão que aconteceu em um simples final de semana, começando com a secretária de Dante ligando para o meu celular; "senhorita, nós temos uma hora marcada para a senhorita falar com o senhor Kannenberg da C&P, se deseja um emprego...". A mulher desligou e eu fiquei com uma cara de bosta olhando para o celular.

–O que você está pensando agora, criatura? - Ela cutucou a minha cabeça e nós rimos.

–Sabe, Ana, acho que eu preciso mesmo de um namorado. - O sorriso dela cresceu.

–Isso garota, vou te apresentar alguns amigos meus. - Aproximou a cadeira mais para a frente e inclinou a cabeça até ficarmos nariz com nariz. - Quem te tirou do puteiro, menina? - Falou séria e eu gargalhei até alguns olhares passarem por mim.

–Não Ana, ninguém me tirou do puteiro. - Sorri, limpando algumas lágrimas. - Eu estou morando com um parente agora, mas se não der certo eu volto para o quarto de Samantha. - Ela fez uma cara de "não, por favor, tenha misericórdia de você mesma" e isso me deixou mais feliz. Eu realmente gostava de Ana, ela era uma boa amiga e muito engraçada. A mulher era ruiva com cabelos longos e um pouco mais alta que eu, usando os coturnos pretos com as calças jeans rasgadas e uma blusa branca, mais o suspensório e uma jaqueta de couro.

–Espera. - Ela pausou, fazendo aquele olhar de que estava analisando cada palavra minha. Ah não... Fechou os olhos devagar e, ela percebeu. - Você não tem nenhum parente, menina órfã. - Afirmou com os braços cruzados.

–Bom, agora eu tenho. - Disfarcei com um sorriso. - É um parente distante, nem sabia que existia. É um velho, gordo e recalcado primo da minha mãe que tem um filhinho... - Se Dante me ouvisse falar isso eu acho que ele ou enfartaria ou me matava. Pego a segunda opção. - Vou tomar conta do filho, por isso estou me mudando. - Ela ainda me olhava desconfiada. - Relaxa, não é nenhum psicopata. Eu já tenho você, senhorita homicida, não preciso de mais nenhum louco. - Pisquei para a minha amiga e ela sorriu, mais tranquila.

–Tudo bem, mas qualquer dia eu vou te visitar. OK? - Não era um pedido, estava mais para uma declaração. Se eu recusasse ela provavelmente voltaria comigo para a casa de Dante.

–Claro. - Menti. Ela não poderia nunca ir até a casa do meu patrão/noivo/cunhado. Olhei para o meu antigo relógio de pulso, um memento de minha mãe, que ainda funcionava e faltava alguns cristais em volta do vidro com formato circular, e eu estava atrasada. Eram 15:00hrs. - Preciso ir, tenho que pegar o filho do meu "tio" na escola. - Peguei a minha bolsa e Ana segurou o meu pulso, antes de eu levantar.

– Se acontecer alguma coisa, você me liga, entendeu? - Ela me deu um último abraço por cima da mesa e revirei os olhos.

–Ok, mandona. - Ganhei um beliscão no braço por causa disso.

–Sofia? - Dante parecia preocupado ao telefone. - Aonde você está? Eu posso ir te buscar...

–Estou no ônibus, já vou chegar, não se preocupe. - O interrompi, olhando as calçadas cheias de gente e os carros passando. - Dylan está com você?

–Sim, eu o peguei. Ele está tomando banho. - Fez-se uma pausa até ele perguntar. - Sofia?

–Dante? - Ergui uma das sobrancelha , imaginando-o sorrir com a minha retórica. - Ainda não sei por que você precisa de uma babá se sabe cuidar muito bem do seu filho. - Falei para ele com o celular no ouvido, descendo do ônibus e caminhando por alguns quarteirões até a casa. - Dante? - Perguntei quando ele não disse nada e eu já estava em frente à minha nova residência, procurando a chave do primeiro portão. Ele tinha 2 portões paralelos que formavam um espaço suficiente para ser um bom banheiro e depois seguia por um corredor e uma pequena escada de vidro coberta até a porta de madeira enorme, e arquitetada apenas para aquela casa, dando de encontro à sala.

O portão se abriu sozinho e eu olhei para cima só para ver os olhos azuis inconfundíveis sorrirem para mim com um canto dos lábios puxado, como se tivesse uma seta empurrando-o e mostrando a pequena e fofa covinha. Ele ainda estava com o celular no ouvido e disse:

–Porque eu ainda preciso de uma esposa. - O meu chefe me pegou na cintura e me pôs para dentro, dando um beijo na minha testa. - Bem-vinda, tia Sofi. - Ele riu. - Seu sobrinho não parou de perguntar aonde você estava, sabia disso? - Disse em voz baixa, inclinando-se para fechar a porta; eu não pude me mexer, eu estava presa entre ele e a porta, praticamente esmagada.

–Onde o meu sobrinho está, Dante? - Eu sorri e o afastei. Apontando um dedo acusatório em seu peito. - Você não pode largar uma criança de 4 anos sozinha em casa, tomando banho, moço. - Estreitei os olhos para ele, fingindo estar brava. - É perigoso, você sabia? Ele pode se machucar.

O meu chefe/noivo/cunhado/sei lá o que, envolveu o meu dedo indicador, cobrindo a minha mão direita com a sua, abrindo-os, entrelaçou os meus dedos com os seus e os beijou; olhando para mim em cada movimento que fazia.

–Meu filho está seguro, Sofia. - Dante me puxou para mais perto dele, pondo os braços em volta da minha cintura e encostou a cabeça na curvatura do meu pescoço. A respiração dele fazia cócegas. - Sou eu que preciso de proteção. - O grande homem de 1,90m bufou, parecendo uma criança.

Eu fiquei petrificada com a sinceridade do meu chefe e não sabia o que fazer...Ele não disse mais nada e ficamos assim, parados.

–Dante, você está bem? - Passei a mão nos cabelos macios dele, confortando-o por algum motivo. Ele não respondeu. - Dante?

–Hmmm. - Murmurou; eu não sabia exatamente se ele estava dormindo ou se lamentando silenciosamente por alguma coisa.

Dois minutos depois ele me soltou, virou as costas para mim e abriu o segundo portão, esperando eu passar primeiro. Ele não me olhou em nenhum momento até eu entrar na sala.

–Tia Sofi!!! - Dylan gritou correndo para mim, saindo do sofá, abrindo os bracinhos e se agarrando às minhas pernas. - Você chegou! - Ele estava muito feliz, sorrindo alegre e pulando, me agarrando como um louco

Eu me abaixei para dar um abraço nele e vi os cabelos molhados.

–Seu pai não secou o seu cabelo? - Os olhinhos azuis de Dylan sorriram; fazendo um não com a cabeça. Olhei para o Dante, atrás de mim, que estava encostado no batente da porta e nos observava, meu olhar de "você vai se ver comigo depois" o fez rir.

–Ele não quis secar o cabelo. - Um sorriso de canto se elevou e o meu chefe levantou as mãos para o alto como uma forma de trégua. - Não foi a minha culpa. Não é, garotão? - Aproximou-se de nós e bagunçou os cabelos de Dylan, fazendo algumas gotas de água caírem em meu rosto; eu o ouvi rir, ou seja, ele fez isso de propósito.

–Tia Sofi, eu queria que você secasse o meu cabelo. - Dylan interrompeu a minha futura ameaça verbal ao pai; abaixando a cabeça e olhando para os pés descalços, envergonhado, ele disse. - Você pode secar o meu cabelo, tia Sofi?

–Como se diz, Dylan? - Dante o corrigiu.

–Por favor? - O pequeno rostinho do meu mini-chefe estava de frente para mim, com um sorrisinho de morder as bochechas. Eu queria mordê-lo. - Tia Sofi, você pode secar o meu cabelo, por favor? - Olhou para o pai, confirmando se estava certo. Dante sorriu e fez um sim com a cabeça.

–Claro que eu posso, meu amor. - Eu tive que beijar a bochecha dessa criança linda e tentar não mordê-lo.

Dylan caminhava alegre até o quarto, puxando a minha mão para segui-lo e Dante ficou na sala, assistindo TV. Aliás, uma puta TV que brotou do chão e ocupava uma parede inteira com um simples controle remoto. Era incrível ser rico...

–Tia Sofi! - O garoto gritava por causa do barulho do secador. - A gente pode tomar sorvete hoje?! - Ele balançava as pernas, sentado na beira de sua cama toda decorada com o filme "carros" e eu estava em pé. O quarto era de um azul claro e alguns objetos eram de madeira com formatos bem diferentes, como a escrivaninha ao lado da cama, que a parte de cima era um triângulo e as 3 pernas tinham um formato em S.

–Depende do seu pai, se ele deixar... - A cara do menino se fechou por alguns minutos, antes de eu falar. - Tudo bem, vamos convencer o seu pai. - Sorri e pisquei para ele, que me abraçou de novo.

Voltamos para a sala e o homem estava em pé, olhando para a piscina, conversando com alguém pelo celular. Eu e Dylan estávamos ao lado da mesa comprida, olhando um para o outro, calados enquanto o meu chefe dava bronca em alguém.

–Eu não quero ouvir mais nada! Dê-me dois relatórios até o final da tarde, senão você e metade do seu pessoal estarão demitidos! - Falou alto com a pessoa do outro lado da linha, que eu juro, deveria estar se cagando agora.
Dante desligou o celular e ficou parado por algum tempo no mesmo lugar. Eu e Dylan não nos arriscamos a ir até ele, então continuamos ali até que o homem se virou e nos viu. Ele apertou o espaço entre os olhos e o nariz com uma mão, parecendo ter uma dor de cabeça.

–Vocês estavam aí... - Ele disse suave, sentando no sofá e me olhando. Um sorriso apareceu em seus lábios quando nem eu e nem Dylan nos movemos. - Eu não mordo, Sofia, pode vir aqui. - Estendeu uma das mãos para que eu fosse até ele e sorriu. - Você também, campeão. - Chamou o Dylan e o garoto saiu correndo para o colo do pai. Eu estava logo atrás.

–Papai, tia Sofi quer pedir algo. - Meu corajoso herói falou, fazendo as sobrancelhas de Dante levantarem.

–É mesmo? - O sorriso que ganhei poderia deixar muitas mulheres com a calcinha molhada, porque eu estava. Para não ajudar menos ainda, ele fazia círculos com o polegar em minha mão direita. - O que a senhorita Sofia tem para dizer? - Os olhos azuis percorreram o meu corpo, usando um vestido florido com o decote em V e mostrando um pouco dos meus seios avantajados. - Sofia? - Eu desviei o olhar dele.

–Nós queremos tomar sorvete, certo Dylan? - Encontrei os olhos do garotinho loiro, que me salvou por um triz por estar ali. - Você pode nos levar para tomar sorvete, Dante? - Voltei a encarar os olhos azuis, sorrindo com satisfação.

–É claro. - Ele se inclinou para mais perto de mim e sussurrou a última parte em meu ouvido. - Minha noiva. - Mordendo a minha orelha!


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Notas finais do capítulo

Então, nunca estive tão ansiosa para escrever uma história assim... sabe quando você fica imaginando todas as cenas e quer chegar logo no clímax? Eu estou desse jeito, tentando juntar as peças para montar logo o meu quebra-cabeças.
Estou adorando escrever...Ahhhhhh....pena que não posso te contar.

P.s.: Oliver, obrigada pelos comentários, fazem-me muito feliz.



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