Quebrados escrita por Ellen Cravina


Capítulo 17
A nossa perda.




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Estávamos na casa de praia em East Beach, Califórnia. Uma casa linda, bem harmonizada e tranquila. A decoração tropical e com as rústicas madeiras maciças na sala e nos quartos, os arranjos de flores e as plantas na varanda espaçosa e aberta, dando direto com o quintal natural coberto de areia e de frente para a praia. Eu me sentia em paz, encostada no batente da porta de correr e com os braços de Dante ao redor de mim. Estávamos em silêncio, assistindo o pôr do sol.

A cortina balançava com a brisa do mar e tudo era lindo... Era a sensação mais calorosa que eu tive em muito tempo.

—Você quer ficar aqui por mais algum tempo, meu amor? – A voz grossa, quente e sexy abafou a minha orelha. – Se você quiser, nós podemos.

—Não, eu sei que você precisa voltar logo por causa do trabalho amanhã e Dyl tem aula também. – Inclinei para beijá-lo, sorrindo para o homem mais lindo que já vi em toda a minha vida. Ele concordou com o sorriso de covinhas e aquele brilho em seus olhos...

—Dyl, hoje a mamãe vai passar um tempinho com o papai, tudo bem? – Ele disse para o meu garotinho sentado no sofá atrás de nós, assistindo a tv. – Você pode ficar brincando com a tia Elisabeth?

Olhei a senhora que vinha pôr a mesa do jantar, com seu uniforme preto e o avental, segurando uma bandeja. Era uma das empregadas mais antigas que Dante tinha. Ela acenou para ele como se tivesse recebido uma ordem.

—Sim, papai. – Dyl deu um sorriso rápido para nós e voltou a assistir o desenho de “Masha e o Urso”. Ele estava muito entretido.

—Beth, nós vamos jantar mais tarde. Pode pôr a comida de Dyl primeiro. – Dante informou e me carregou em seu colo com uma rapidez absurda, subindo as escadas até o nosso quarto.

—Você é inacreditável, marido. -  Ri em seu ouvido, os meus braços em volta de seu pescoço enquanto ele subia cada degrau.

—Você não sabe o quanto eu sinto vontade de você, Bele. Você não tem ideia do que eu vou fazer com você hoje naquela cama, meu amor. -  O sorriso descarado estava ali, fazendo-me tremer inteira. – Eu estou duro só de pensar em te deixar com um puta tesão, mulher. Te deixar tão molhada de prazer e te lamber. Consegue imaginar?

—Não, moço, não consigo. – Meu sorriso não condizia com as minhas palavras. Eu já estava toda molhada de qualquer forma...

—Você quer um banho antes? – Ele perguntou, nem um pouco sério.

—Só se você me ajudar... – Sorri, levantando uma das sobrancelhas. – Eu estou bem sujinha, acho que preciso de um booom banho ... Pode me ajudar, criatura sexy? – Mordi os lábios dele.

—Com certeza, esposa deliciosa.

—Obrigada.

Diante dele, nua, as roupas no chão do banheiro e a água do chuveiro escorrendo entre nós, minhas bochechas estavam ainda coradas. Ele sabia da minha marca, a minha dor, a minha cicatriz na barriga? O homem que eu amava tanto, ele sabia? Ele merecia saber?

—Por que está chorando, Cibele? – Ergueu o meu rosto e pude ver a dor nos olhos dele também.

—Você sabe? – Minha voz falhou. – Uma noite, eu me lembrei... – Indiquei a cicatriz.

—Eu sei, meu amor. Eu vi. – A dor aumentou com aquelas palavras. – Me desculpe, me perdoe por não manter a promessa de te proteger... – Os braços dele me apertaram mais forte, quase me sufocando.

—Era o nosso filho, não era? – Murmurei a pergunta que se passava pela minha cabeça mil vezes e eu não encontrava uma resposta exata. – Eu apenas criei uma história na minha cabeça para esquecer que ele era meu filho, não foi?

O corpo dele enrijeceu e eu vi a dor, a sombra naqueles olhos e o medo.

—Sim. Ele era nosso filho, Thomas Kannenberg, um recém nascido e a criança que perdemos.

Abaixei a cabeça e chorei, deixando as lágrimas serem levadas junto com a água,  indo embora até o ralo.

—Como eu o perdi? – O sussurro era quase inaudível.

—Por favor, Cibele... – Ele estava suplicando, a voz tão quebrada quanto a minha. – Hoje não, por favor meu amor...

 Abracei o corpo dele, querendo um beijo que me tirasse de toda essa angustia e sofrimento. Ele me deu. Ele me abraçou, ele me beijou como se precisasse de mim para respirar, assim como eu dele.

—Eu te amo, Cibele. – Disse segurando o meu rosto entre suas mãos grandes e macias.

—Eu também te amo, Dante. – Era a minha mais sincera confissão.


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