Quebrados escrita por Ellen Cravina


Capítulo 10
Minha culpa.


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo ficou curtinho porque a continuação será mais longa e resolvi dividir entre 2 capítulos... se é que dá para me entender ^.^



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Nós descemos da BMW preta de Dante e seguimos juntos até a entrada da escola de Dylan. O meu sobrinho, o anjinho que era, conseguiu dar um soco em um coleguinha de sua sala e foi mandado para a diretoria. A professora logo ligou para o celular de Dante e nós saímos com a desgraça de uma pressa da empresa. Eu poderia dizer que o meu cunhado era um super pai, ele colocava o filho sempre em primeiro lugar, independente da hora e do lugar. Esse lado dele eu adorava, era estranhamente fofo e protetor. Apesar da preocupação por Dylan e do homem ter dirigido como um louco, eu ainda me perguntava se fazer parte dessa família seria um erro...?

–Sofia, eu acho melhor você ficar aqui fora... - Ele me olhava preocupado, mais do que deveria estar, enquanto batia na porta da diretoria e esta se abria, mostrando uma senhora com os cabelos brancos e um pouco acima do peso sorrindo para o Dante.

–Senhor Kannenberg! - A senhora rechonchuda falou, abrindo os braços para abraçá-lo e esmagando o meu pobre chefe, que parecia um pouco sem jeito com o gesto. - Entre, por favor. - Ela deu passagem para nós e parou por um instante, me analisando com cautela antes de falar. - Senhora Kannenberg?! - Um ponto de interrogação estava escrito em sua face, contrastando com a surpresa em sua voz um tanto aguda para os ouvidos.

–Não, eu sou a ... - O que eu era?

–Senhora Jonnes, esta é a senhorita Lafayette, minha amiga. - Eu fiquei muda, claro... Ele sempre me interrompe quando quer e quando coloca um ponto final na conversa, e assim estava feito. A mulher também não disse mais nada, mas me olhou de relance com uma sobrancelha levantada e eu tinha uma certa suspeita de que ela queria saber qual era realmente o meu relacionamento com o Dante. Eu apenas sorri e levantei a mão.

–Sofia Lafayette, muito prazer. - Ela retribuiu o gesto e nos deixou entrar.

A sala da diretoria parecia tradicional como nos filmes: uma mesa de madeira, a cadeira temida da diretora, uma janela quadrada atrás, duas cadeiras na frente para os visitantes, vários armários de madeira cheios de livros e muitos certificados ou prêmios grudados na parede.

–Onde está o meu filho, Senhora Jonnes? - Sim, por que Dylan não estava em nenhuma das cadeiras ou em pé nesta sala gelada?

Viramos para olhar a senhora, fechando a porta e seguindo até a sua cadeira de couro. Nós também sentamos, esperando a resposta.

–Ele ficou na sala, mas as crianças estão todas no pátio brincando. - Olhamos entre nós dois e ele não estava entendendo.

–Agora é a hora do lanche, Dante. - Ele levantou uma sobrancelha e um meio sorriso sexy apareceu. Esse homem levou as minhas palavras pelo lado errado e eu apertei a sua coxa como um aviso. - Sem brincadeiras, Dante Kannenberg.

–Eu sei, ma belle. - Pôs a mão em cima da minha, que estava em sua coxa, e voltou a atenção para a diretora. - Por que ele ficou na sala, senhora Jonnes? Ele deveria estar aqui.

–Senhor Dante... - Ela apertou os dedos entre os olhos e aquilo indicava uma dor de cabeça. - Seu filho deu um soco em um dos colegas, deixando o garoto sangrando o nariz e não quer falar o porquê de ter feito isso. Ele se recusa a dizer uma só palavra e também não quis sair da sala até que você chegasse.

Dante franziu o cenho e apertou o punho.

–E o outro garoto, ele não disse nada? - Perguntei antes de Dante explodir.

–Ele disse que o Dylan bateu nele de repente, sem nenhum motivo...O seu filho sempre foi muito adorado pelas professoras e colegas de classe, senhor Kannenberg. Está tudo bem em sua casa, com o seu filho? Tem ocorrido alguma coisa para o Dylan se revoltar assim?

–Senhora Jonnes, o meu filho sempre foi muito bem educado e nunca maltratado em nenhum aspecto se é isso que quer saber. - Ele estreitou os olhos, fazendo aquela pequena ameaça com a voz deixar o meu estômago ansioso. - Tem certeza de que esse garoto não disse nada ofensivo para o meu filho? Porque se ele o fez, são as palavras do meu filho que eu vou acreditar e tenha certeza que se ele disser que alguém o feriu de algum modo, tanto verbalmente como fisicamente, pode ter certeza que eu vou entrar com um puta processo. Senhora Jonnes, saiba que não vai ser só os pais que eu vou processar.

Ui. Eu não queria ser ameaçada pelo Dante nunca. Ele deixou bem claro que consegue fazer a pessoa ficar beeeeem lá embaixo. Aquele orgulhoso homem conhecia as suas próprias palavras e era admirável como ele sabia usá-las.

–Sim, senhor Kannenberg. Eu vou conversar mais uma vez com o outro menino e os seus pais. Dylan nunca foi de bater em ninguém ou ser violento, isso que achamos estranho. Nós aconselhamos que você converse bastante com ele antes de dar alguma bronca. - A mulher sorriu. - Seu rosto vai deixá-lo com medo, Senhor Kannenberg.

–Verdade. - Eu ri. O rosto dele estava com uma carranca que qualquer um teria medo, principalmente os funcionários. - Deixa de ser tão bravo, Dante. - Puxei o rosto dele para a minha direção e apertei os meus dedos entre as linhas franzidas de sua testa. Ele sorriu.

– O que você está fazendo, Sofia? - As adoradas covinhas substituíram a feia carranca que antes marcava o rosto dele.

–Estou limpando o seu mau humor.

–Então você o está fazendo certo. - O sorriso dele me fez sorrir também.

A tosse ou engasgo, eu não sabia o que era, da Senhora Jonnes nos interrompeu e eu percebi o que tinha ocorrido entre nós, bem na frente dela. Minhas bochechas ficaram vermelhas.

–Eu vou levá-los até a sala de Dylan, tudo bem? - Nós acenamos e seguimos ela sair da sala, passar pelo corredor, subir alguns degraus, virar a direita, a esquerda, mais uma direita e ficar entre as portas paralelas das sala, marcando 1-A, 1-B, 1-C etc...

Dylan estava no jardim 2 e quando entramos na sala, uma nostalgia bateu em mim ao ver uma pequena criança sozinha, com a cabeça baixa em uma das 5 mesas redondas e a mochila em cima da mesa. Ele me lembrou Thomas, que sempre se encontrava sozinho na sala de estar e com a cabeça baixa esperando por alguém na própria casa. Uma criança sozinha que não tinha a proteção dos pais. Deus, eu queria chorar por cada momento que Thomas não teve com um pai como Dante ou uma mãe como a minha.

–Sofia, você está bem? - Dante acolheu-me com os seus braços. Ele sabia que eu estava me lembrando de Thomas.

–Sim, eu estou bem. - Solucei. - Ele está dormindo? - Dylan não se mexia, ele nem ouviu a gente entrar. A diretora saiu logo após e apenas nós ficamos ali, parados em pé perto dele.

–Sim, ele está dormindo. - Dante o pegou no colo com cuidado. - Ele deve ter chorado bastante, os olhos estão inchados. - Acariciou o rosto do meu pequeno garotinho dormindo pacificamente nos ombros dele. O sorriso triste de Dante era outra forma dele de se sentir culpado. Eu sei que ele estava pensando em alguma coisa e se culpando. Era a mesma vulnerabilidade que ele me mostrou.

–Por que você está se culpando? - Estendi a minha mão para o rosto dele.

–Porque eu sei o motivo dele ter batido na outra criança. Eu tenho um certo palpite do porquê dele ter feito isso. - Tentou sorrir, mas foi fraco. - É a minha culpa, Sofia.

–Você pode me dizer o que é? - Ele desviou os olhos de mim. Não estava sendo fácil entender esse homem.

–Dylan irá te contar quando acordar. Ele vai precisar fazer isso, eu preciso que ele faça isso, eu só não sei como ou quando... - Beijou a testa do pequenino e pegou a minha mão. - Espere que ele te conte, por favor.

–Tudo bem, eu vou esperar... - Suas palavras eram um enigma, um código difícil de decifrar ou alguma coisa parecida. Eu precisava entender o jogo primeiro, não era? O problema é que ele estava jogando sozinho e muito rápido para eu acompanhar.


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Notas finais do capítulo

Então, prometi que o Dylan faria a sua festa de fofura...mas, acho que será no próximo mesmo. Desculpa, pessoal! -.-'



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