Como eu já havia dito, sou péssima em Química. Por isso sempre precisei ficar em monitoria na escola. Então, lá estava eu, ás duas da tarde ainda caminhando pelos corredores da sala aonde ocorriam as monitorias de Química.

Quando entrei na sala, tive a surpresa de a encontrar vazia. Olhei meu relógio de pulso; realmente, eu estava adiantada, faltavam dez minutos para que desse duas horas certinhas. Mas, mesmo assim, algum aluno já deveria ter chegado...

Eu ainda estava parada na porta, perdida em pensamentos, quando senti uma mão tocar meu ombro levemente. Me sobressaltei, olhando para trás, mas me acalmei quando vi sorridentes olhos castanhos por de trás de óculos. Thomas.

– Thomas... – corei quando percebi o quão ofegante soei.

– Amélia... – ele sorriu, endireitando a bolsa que trazia – Já está aqui?

– Geralmente eu sou pontual. – dei uma risadinha.

Isso mesmo, Mia, seja uma idiota como no casamento... fique só sorrindo!

– Bem, - ele olhou para a sala vazia – parece que seremos só eu e você hoje.

– É... – comentei e me sentei delicadamente na carteira da frente.

Tentei me controlar quando Thomas puxou a carteira para o meu lado e me dedicou toda sua atenção.

– Então, - ele sorriu – quais são suas dúvidas?

Será que se eu fosse sincera e dissesse que em relação a Química eu era burra ele ficaria muito horrorizado?

– Eu sou burra em Química. – fui sincera – E em Matemática e Física também.

– Você não é burra. – a voz dele era terna – Uma pessoa burra nunca se esforçaria para melhorar como você.

Senti meu rosto corar novamente. Eu não sabia se era para agradecer, não sabia o que deveria fazer ou dizer. Então apenas abri meu caderno e mostrei minhas principais dificuldades.

Eu estava gostando de passar o tempo sozinha com Thomas, até porque nós só nos víamos em festas, e eu nunca tive a chance de conversar com ele e conhece-lo de verdade. Mas apesar de não estarmos conversando sobre outra coisa se não Química, eu sentia uma espécie de energia suave que me atraía até ele. O tipo de energia que, apesar de eu clamar ter estado apaixonada por Steven, eu não sentia com ele.

Por isso, quando Thomas se virou para mim após ter me mostrado um exemplo no quadro para que pudesse ter melhor visualização, eu decidi não pensar por um instante.

Deixei meus lábios tocarem os de Thomas e meus braços rodearem seus ombros; fechei meus olhos com força para não ver a loucura que estava fazendo, mas meus sentidos entraram em alerta. Por isso, senti quando ele me abraçou. E senti, também, quando ele subiu as mãos pelas minhas costas até chegar em meu cabelo e senti quando ele forçou mais ainda seus lábios contra os meus.

Mas eu voltei a mim, então abandonei esse momento de loucura e reuni toda força emocional que consegui e me afastei totalmente dele.

Thomas estava com o rosto corado e ofegante e seus óculos tortos; seria cômico se eu não estivesse me sentindo prestes a chorar.

– Me desculpe... – quase gritei, e peguei minha mochila e cadernos, tentando guardar tudo enquanto corria saindo da escola.

Quando cheguei em minha rua, não parei de correr quando passei em frente a minha casa, continuei até a casa de Katrina. Se alguém poderia me ajudar agora, seria ela.