B. A. D -Hiatus escrita por mazu


Capítulo 12
Brendon -Parte 2




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Assim que passo Brendon fecha a porta e me manda sentar em um canto. Obedeço e ele dá uma arrumada no local, que tinha muitas latas de tinta spray jogadas e embalagens de doces.
—Que lugar é esse, Brendon? -Pergunto curiosa e ele se vira pra mim.
—Bom... É o meu quarto. -Ele responde com a voz abafada por causa da máscara.
—Então você mora mesmo aqui, né?
—É... E acho que não vou embora tão cedo.
Ele termina de jogar as embalagens numa sacola e depois se senta de frente pra mim. Tudo que eu consigo ver em seus olhos verdes é uma tristeza profunda.
—Qual é a sua história? -Pergunto e ele hesita um pouco antes de começar.
—Bom... Minha mãe abandonou a mim e meu pai quando eu tinha 8 anos, depois disso o pai surtou. Ele é uma pessoa má, Barbara. Ele me batia muito... Tenho cicatrizes pra comprovar.
Brendon levanta a camisa e eu dou um pulo. Ele é cheio de cicatrizes e algumas manchas roxas que estão quase sumindo em seu tronco.
—Essas manchas que estão sumindo são antigas, algumas fazem alguns anos... Pra você ver a gravidade da situação. Mas a pior de todas foi quando eu fui conversar com ele há um mes. -Ele diz, tira a máscara e começa a esfregar o olho esquerdo.
—Quando eu voltei da reunião fingi que ele tinha negado o acordo amistosamente, principalmente por causa da Hyorin, pra não assustá-la... Mas a verdade é que ele me encheu de porrada.
Agora seus dedos estavam todos sujos de maquiagem e eu conseguia ver a marca roxeada enorme em volta de seu olho.
Eu tiro a minha máscara e a guardo no bolso, Brendon não vê porque está com a cabeça baixa. Eu levanto seu rosto com as mãos, o fazendo me encarar.
—Você não precisa ter vergonha das suas cicatrizes, Brendon. Elas só provam que você é forte e consegue superar qualquer barreira. Esse roxo no seu olho prova que você é uma pessoa boa e que o seu pai é um idiota. -Digo o encarando e ele sorri.
—Depois, quando eu me apaixonar de vez você não reclama.
Ele diz e eu me afasto.
—Brendon... Eu gosto do Alan.
—Isso não me impede de me apaixonar por você e... Não estou pedindo pra deixar de gostar dele, só peço que reconsidere. Tô louco por uma chance de te fazer feliz. Você não tem noção.
Ele sorri de um jeito tão doce que não consigo deixar de sorrir.
—Vou pensar no seu caso. -Digo e ele balança a cabeça empolgado. -Agora eu vou voltar pro dormitório.
—Quer que eu te acompanhe?
—Não, pode ficar tranquilo... Até amanhã de manhã, senhor. -Digo e presto continência a ele.
—Descansar, soldado. -Ele responde e quando eu obedeço dá uma gargalhada.
—Boa noite, Brendon.
—Boa noite, princesa.
Saio do quarto, fecho a porta bem direitinho e começo a caminhar em silêncio de volta ao dormitório.
(...)
—Ela tá dormindo? -Escuto uma voz perguntar.
—Sim... Sortuda. -Outra responde.
Abro os olhos e a primeira coisa que penso é:
"deu ruim".
Me levanto às pressas e olho ao redor. Todos estão no dormitório, mas estão esquisitos. Uma menina fica colada na porta e de vez em quando olha pro lado de fora mas rapidamente volta o rosto pra dentro. Uns meninos ficam encolhidos num canto enquanto o resto conversava mas mesmo assim mantiam os olhares atentos.
—Bom dia. -Escuto Alan dizer e quando me viro o vejo segurando um copo de café que logo me entrega. Dou um beijo na bochecha dele e ele dá um sorriso de leve.
—O que está acontecendo? -Pergunto.
—Problema... Tem a ver com o Brendon. Nos mandaram não sair daqui então não sabemos muito.
Ergo uma das sobrancelhas enquanto dou uma golada no café. Ando em direção a porta enquanto o Alan me segue.
—Oi, meu nome é Barbara. Sabe o que está acontecendo? -Pergunto pra menina que está ali.
—Oi, meu nome é Laila. Desculpa Barbara mas sei pouca coisa. Só sei que tem a ver com o Brendon e que todos estão lá em baixo, no salão principal.
—Isso já basta, obrigada. -Agradeço e abro caminho entre ela.
—Hey! Não pode ir lá! Eles querem que fiquemos aqui.
—Olha minha cara de quem se importa pro que eles querem. -Respondo e ela se encolhe. Quando achei que Alan ia brigar comigo ele fez bem diferente, saiu do dormitório e juntos começamos a seguir até o salão principal.
Quando chegamos lá vemos que todos estão de frente pra uma enorme tela, nela havia uma águia enorme e a bandeira dos EUA. Percebo que esse símbolo não estava só na tela, mas sim em todas as telas de computadores e telefones. Brendon estava exatamente no meio do salão, encarando a tela sem nem piscar enquanto a Kim segurava sua mão. Todos estão tão concentrados que nem notam nossa presença. Desçemos as escadas e nos juntamos ao pessoal. Ando entre aquelas pessoas até chegar perto do Brendon e quando chego seguro sua mão livre. Ele me olha e posso ver um certo medo em seus olhos.
—O que foi? -Pergunto assustada e ele aperta um pouco minha mão, mas sem responder. Uma musiquinha começa a ecoar pelo salão e Brendon começa a tremer.
Depois de alguns segundos, uma pessoa que conheço muito bem aparece na tela.
—Puta merda. -Xinga o Coronel Ygor que estava ao meu lado com seu sotaque russo.
Jeremy Christopher XIV está na tela, seu olhar é tão penetrante que sinto um calafrio percorrer a espinha.
—Olá e bom dia a todos. Sei que pode parecer estranho mas isso é uma coisa necessária. Sei que muitos de vocês, bons cidadãos dos EUA, não sabem mas... Eu tenho um filho. Seu nome é Henry Christopher Hicks. Ele... Ele foi embora de casa há alguns anos e eu só vim pedir que... Henry... Se você estiver vendo isso, por favor, volte pra casa. Eu sinto tanto sua falta. Obrigado e boa tarde à todos. -Ele diz e depois uma tela com "e agora, voltamos a nossa programação" aparece.
Brendon agora tremia mais que antes.
—Então é assim? Agora eu sou o vilão!? -Escuto ele dizer baixinho e o encaro preocupada.
—Brendon... Calma. -Kim pede mas ele solta nossas mãos.
—Calma? CALMA? EU QUERO QUE SE FODA! ELE NÃO VAI ME TRANSFORMAR NO MONSTRO DA HISTÓRIA! ELE CONTA A HISTÓRIA DO JEITO DELE E EU VIRO O FILHO INGRATO QUE FUGIU! -Ele grita enquanto derruba uma mesa cheia de computadores. 5 militares vão até ele e o seguram enquanto Coronel Ygor anda até ele.
—Henry... Você tem que se acalmar.
—NÃO ME CHAME DE HENRY! MEU NOME É BRENDON! HENRY MORREU! Eu... EU VOU MATAR AQUELE MALDITO! ME SOLTEM.
Brendon grita e se debate enquanto os militares com dificuldade o seguram.
—Tsc... Levem ele até o meu quarto e o tranquem lá. -Coronel Ygor ordena e os homens levam Brendon escada á cima.
—Não precisa ficar preocupada... O Coronel é como o pai do Brendon, sabe lidar com ele... Vai ficar bem. -Kim me tranquiliza enquanto uma menina começa a arrumar a bagunça. Eu e Alan começamos a ajudá-la e mesmo daqui de baixo podíamos ouvir os gritos do Brendon.
—Precisamos nos preparar. -A menina que estava limpando diz e eu e Alan a encaramos. -Isso mesmo... O Presidente parece disposto a encontrar o Henry... Logo ele vai nos achar e vamos ter que estar preparados.
Ela diz e Alan me encara, posso ver a preocupação em seus olhos.
Volto ao meu trabalho tentando afastar a sensação estranha que começava a fazer eu me sentir mau.
Continua...


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