– Brown?

–Sim fofa..sabe, há uma razão por eu ter te chamado aqui.

–Há! E qual seria?

–Ronald Weasley...

–Fala sério Brown, que perda de tempo me chamar aqui para falar sobre o Weasley.

–É por uma boa razão e tudo mais...é que...eu e ele...bom, você sabe..

–Vocês o que? Bota logo pra fora garota

–Ficamos.

–Oh Brown, e você acha que me deve satisfações pelo que os dois fazem? É que assim, não tenho mais nada com o Weasley, e se um dia tive acabou, fique com ele a vontade, ele já morreu pra mim faz tempo. Vejo-o como apenas mais um nesses corredores.

–Ah, ok então Granger, só não queria problemas pro meu futuro namoro.

–Pode deixar que não terá problema algum..bom..pelo menos da minha parte

–Estamos entendidas então?

–Super.

–Legal falar com você, enfim, sorte na vida Granger!

Dei uma piscadela antes que ela virasse e deixasse a torre. O caráter que Ronald Weasley mostrava pra mim era óbvio: não tinha. Desde o acontecido naquela festa idiota ele só entregara uma carta para mim, o que não fiz questão nenhuma de ler. O fato é que eu não ligo mais para o que ele faz ou o que ele deixa de fazer. Qual é, eu vou fazer 17 anos, sou a aluna mais inteligente da minha turma, gosto de minha aparência e não ligo mais para o que pensam do meu sangue. Eu não preciso de ninguém, ninguém. Meus pensamentos foram interrompidos por passos que introduziam uma pessoa subindo a escada da torre. Me escondi rapidamente.

–Eu já disse que não.- Ouvia-se uma voz masculina.

–Sabe, em minha vida toda eu fiz o que ele quis que eu fizesse, em minha vida toda eu apenas queria agradá-lo. Mas isso eu não farei mamãe, eu não farei. Como pode permitir que isso aconteça com alguém da minha idade? Porra, eu queria poder planejar meu futuro sem influências, queria poder focar no meus estudos sem levar pressão, eu queria não ter pavor de voltar pra casa. Será que você me entende? Por favor mãe. Considere, e fale com o papai sobre essa absurda ideia de me colocar na merda dos problemas que ele arranjou pra vida dele.

O mais curioso disso tudo era que o nervosismo que aquele garoto sentia eu podia sentir também. Não demorou muito para aquele mesmo garoto sentar ali e começar a chorar, do mesmo jeito que não demorou para eu perceber que quem estava ali era Malfoy. O ''grande Sonserino,que nunca chorava'' desabando em lágrimas. Comecei a roer as unhas pelo maldito pensamento de ir ou não ir. Até que por um grande descuido, deixei minha varinha cair, que na hora, gerou um grande barulho para aquele silêncio todo. Merda, mil vezes merda! Malfoy não ficou calado e se levantou rapidamente apontando sua varinha.

–QUEM ESTÁ AÍ?

Eu continuei no mesmo lugar em silêncio, mais encolhida do que nunca.

–É melhor mostrar as caras se não quiser ser estuporado.

Comecei a rir com a mente com aquele comentário e decidi então mostrar a cara.

–E ai Malfoy?

Ele abaixou a varinha- Granger? O que você ta fazendo aqui? Ou melhor, a quanto tempo você está aqui?

– Tempo o suficiente...

Ele veio até mim com pressa e me prensou na parede colocando sua varinha no meu pescoço.- Se você contar alguma coisa sobre o que viu ou o que ouviu, terá consequências.

Empurrei Malfoy com tudo no chão - Por que diabos você vive achando que vou falar algo de você pra alguém? Eu não sou nenhuma dessas fofoqueiras que se mete na vida do outro por qualquer que seja o motivo. Eu não tenho nada a ver com o seus problemas Malfoy... e se você chegar perto de mim novamente, quem terá consequências será você. Não sei se você sabe, mas eu tenho problema demais, e o que quero dizer com isso? QUE NÃO TEM ESPAÇO PARA MAIS UM PROBLEMA CHAMADO DRACO MALFOY.- Eu estava com muita raiva.

Draco abria a boca e fechava, insinuando falar alguma coisa.

Mas não falou. Ele apenas sentou ali e começou a olhar o céu. Draco tinha as mesmas feições que tivera naquela noite quando olhava pro mar. Foi ali que eu entendi. Draco estava sentindo a mesma coisa que eu, por mais que fosse por motivos diferentes. Me aproximei e me encostei no pilar que ele estava encostado e comecei a olhar o céu, que embora escuro, estava cheio de estrelas.

–As vezes eu queria poder ser uma delas- disse Draco

–Uma estrela?

–Sim.

–E por que?

–Porque elas não tem nenhum problema na vida.

–Você que pensa, a cada segundo uma estrela tende a explodir.

Draco começou a rir

– O que foi?- eu disse rindo

– Entendedora de estrelas?- ele disse debochando

– Quase todas

–Quase todas?

Eu me levantei.

– Sim, você é uma das estrelas que eu não consigo entender..boa noite Malfoy.- eu disse, deixando a torre.

– Boa noite...Granger.