Enamorados escrita por Millsforever


Capítulo 45
Let It Go


Notas iniciais do capítulo

Oiê! Voltei!!! Galera não sei se o título do cap. entrega, mas assim né... Para os fãs de CapitainSwan ou os outros 50 milhões de ship que existem aqui, este capitulo é meio triste, porque não explora tanto os casais já formados, mas sim outras relações e outros problemas. De toda forma, é um capítulo importante para a fic.

Espero que gostem, que comentem, que se manifestem, fantasminhas. Um beijo para vocês, uma boa leitura e desculpem qualquer coisinha.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/657492/chapter/45

—Obrigada tia! – Elle 

—Não precisa agradecer, Elle. Eu nunca deixaria algo assim acontecer com você, nunca.  – Rebecca 

—Como você consegue achar ela ruim? – Elsa perguntou ao irmão.

—É sério Elsa, não me diga que você está cogitando se relacionar com ela? – Edu 

—Você quer a verdade ou o que te conforta? – Elsa 

—Eu quero que você comece a gostar de homens. – Edu 

A loira gargalha.

—Eu sinto muito maninho, mas é que alguém da família tem que ter um pé no arco-íris. – Elsa 

—E eu devo dizer que a seleção foi impecável. – Rebecca falou passando ao lado dos dois.

—Está vendo? Não tem como não querer ela, Edu. – Elsa disse indo até a mulher, caminhando lado a lado com ela.

—Regina. – manhoso. – Elas não vão ter a minha benção.

—Você acha mesmo que a sua irmã está ligando pra isso? Deixa a Elsa se divertir, quem sabe assim ela não sossega.

—É, talvez a chegada da Rebecca traga algo de bom pra minha irmã. Seria ótimo ver ela com alguém ao invés de sozinha naquela casona. Me deixaria menos preocupado.

—Pois bem, deixa acontecer. Apesar de tudo eu tenho que reconhecer o que a Rebecca fez pelo nosso filho hoje, ela ajudou, e muito.

—Eu concordo. Ela não é a melhor pessoa do mundo, mas também não é a pior. – Edu 

—E vamos combinar, ela é linda. – Regina 

—Isso é alguma pegadinha onde eu concordo e você me degola? – Edu 

—Não! – rindo – Isso é um fato. Até eu dormiria com ela, Edu. – Regina 

—Ah não, isso não. Pode esquecer! – rindo. – Você é só minha, Regina Mills. – Edu 

—Só sua. Sempre. – Regina 

—Ouviu isso, Rocco? – falou fazendo Regina gargalhar

Uma hora mais tarde

No hospital de Storybrooke, toda a família Mills estava reunida, contrariando a ordem de descanso que havia sido pedida por Whale em relação à situação de Aurora, mas a ruivinha não estava se importando nem um pouco de toda a família e seus novos membros estarem ali.

—Mas e aí? Como ela reagiu ao te ver entrar, Becca? - Aurora perguntava animada para Rebecca, colocando em dia o último ocorrido.

— Nada nem ninguém nesse mundo vai ser capaz de reproduzir aquela cena, mas foi épico!

Encostada em uma das paredes do quarto, Regina observava a cena com Zelena do seu lado.

—Becca? Desde de quando essa mulher e a minha sobrinha são tão íntimas, Zelena?

Tudo que a ruiva fez foi abraçar a irmã e segurar o riso diante da cara emburrada de Regina.

—Não sabia que era tão fácil assim entrar para a nossa família.

—Ah mana, você sabe que a Aurora faz amizade fácil e a Rebecca não me parece uma pessoa ruim.

—Ah não Zelena! Você também não, eu não admito! - encarando a ruiva.

A ruiva sorriu pra irmã.

—Eu não acho que ela seja ruim, mas se você quiser a gente pode formar um clube contra ela.

—É por isso que eu amo você, verdinha.

—Eu gostaria de saber quando esse seu amor por mim vai me visitar.

—Foi você quem quis sair de casa verdinha, lide com isso.

—Você não estava falando sério quando disse que não iria lá em casa, né?

—Oh, mas é claro que sim! 

—Você não pode fazer isso, nós somos irmãs. Como você vai visitar seu afilhado ou afilhada se você não for na minha casa?

—Eu dou meu jeito, é só você…

A morena olhou para a irmã de olhos arregalados.

—O que foi Regina? - preocupada - Você está bem? Mana!

—Eu vou ser madrinha? - emocionada.

—Mas é claro que vai, Regina!

—Mas eu já sou madrinha da Aurora, eu achei que…

—Que eu não iria te escolher? Não tem como ser outra pessoa! Você foi e é incrível para a Aurora, é minha irmã e minha melhor amiga. Mesmo que às vezes nós desejamos a cabeça uma da outra, eu nunca escolheria outra pessoa.

Regina segura a ruiva num abraço apertado beijando a bochecha da irmã em seguida e continuando o abraço.

—Eu tenho a impressão que você já contou pra ela. - Jeff disse se aproximando das duas junto com Edu.

As irmãs desfizeram o abraço.

—E você acha que a Regina me abraça assim por nada é?

—Idiota! - a morena disse brincando com a irmã. - Ela me disse sim, e eu não poderia estar mais feliz.

—Não tinha como não ser vocês dois! São nossos melhores amigos e vão ser maravilhosos para o nosso bebê. - Jeff falou ficando ao lado de Zelena antes de dar um selinho na ruiva.

—Vamos fazer o nosso melhor! E bem, a gente vai poder ir treinando. - Edu disse olhando para Regina.

—Treinando para que? - Jeff.

—Ah céus! Você está grávida? - a ruiva disse quase gritando.

Todos na sala voltaram seu olhar para Regina.

—Como? - Henry 

—A senhora está grávida? - Killian 

—Não gente! Pelo amor de Deus Zelena! Cuidado com as coisas que você fala.

—Mas ele disse que…

—Não tem ninguém grávida aqui além da Zelena e da Ruby. Eu tô certa, né? - olhando para Elle e Aurora. As mais novas concordaram. 

—Ótimo! Linguaruda. - a morena disse beliscando a irmã.

—Ai, desculpa, mas explica isso direito. 

Do outro lado do quarto.

—Eu acho que a minha pressão caiu por um breve momento. - Killian disse se sentando na cama da prima.

—Ah qual é, vai me dizer que não ia gostar de ter um irmãozinho? - Aurora 

—Eu já tenho o Henry e você Aurora. Sem contar no bebê desses dois aí. - Killian 

—Você não vai levar nossa filha embora, Killian. - Ruby

—Eu posso até não levar, mas quero ver você impedir a Emma de realizar um sequestro noturno. Acho bom você ficar preparado, Robin. - Killian 

—A minha filha deve ter puxado a mim. - Robin 

—E eu posso saber o porquê? - Ruby disse com os braços cruzados.

—Não é óbvio? Ela mal nasceu e todo mundo já está apaixonado por ela. - Robin 

Killian, Aurora, Elle, Ruby, Kristoff e Henry encararam o rapaz

—Me diz aí, Ruby.  Como você aguenta o Robin diariamente? - Elle 

—É uma luta constante, eu não nego, mas vale a pena. Ele é um amor. - Ruby 

—Viu, durmam com essa agora! - Robin disse caçoando dos amigos 

—Aff, gente apaixonada... Eu vou te falar. - Aurora.

—Eu deveria entender alguma coisa com isso? - Kristoff disse fazendo os outros rirem.

—Não meu amor, não mesmo. - ela disse sorrindo enquanto o puxava, fazendo Kristoff sentar ao seu lado.

—Mas e então, quanto tempo vai ficar aqui, Aurora? - Elle

—Bem, acho que não muito. Apesar do pouco tempo, o Whale disse que eu não sofri grandes lesões, estou aqui mais por um processo de praxe. Então talvez depois de amanhã. - Aurora 

—Eu fico feliz por você, teve muita sorte ruiva. - Henry 

— Nem me fale. Foi o momento mais aterrorizante da minha vida. - Aurora 

—Isso é muito estranho. Por que uma coisa dessas foi acontecer? - Killian 

—Essa é uma boa pergunta. A investigação começou hoje, mas ninguém sabe de nada ainda. - Aurora

—Ele não roubou nada de você, só veio te atacar. - Robin 

—Teria matado ela se vocês não tivessem chegado bem na hora. - Ruby 

—Exatamente, e qual é a razão disso? - Killian 

—Inimigos? - Elle

—Tirando o Graham, que já foi retirado da lista de suspeitos, eu não vejo ninguém. - Aurora 

—E você não lembra de nada que ele te disse? - Henry

—Não é que eu não lembre, eu não consegui ouvir. A máscara fazia ele parecer uma versão péssima do Darth Vader. Eu não compreendia meia palavra, só o “ruivinha”. - Aurora 

—Então é isso. Não temos nada. - Ruby

—Temos alguém ferido. - Robin 

—É, alguém ferido em toda a Storybrooke. Não me soa promissor. - Killian 

—Eu não descartaria o Graham tão rapidamente. - Kristoff disse meio incerto.

—Como assim? Você mesmo confirmou a história dizendo que ele estava com você ao celular quando tudo aconteceu. - Aurora 

—Tá, eu afirmo de novo, ele estava trocando mensagens comigo. Mas…

—Mas? - Killian

—Eu conheço o Graham. Algumas coisas aconteceram enquanto estávamos na delegacia, coisas um pouco estranhas. - Kristoff - Não sei se podem refletir em algo assim, mas acho que vale a pena checar.

Os jovens trocaram olhares preocupados.

—O que vamos fazer então? - Henry 

—Vocês sabem que não são detetives e que isso é trabalho para a polícia, né? - Elle 

—Já ouviu a expressão: a união faz a força? - Ruby 

—A gente vai tentar, Elle, e você é muito bem vinda ao clube. - Aurora 

—Bem, no que eu puder ajudar, é só falar. - Elle

—Todos que estiverem de acordo digam um sonoro “sim”. - Killian 

*Sim! Eles disseram em alto e bom som, fazendo os adultos os olharem de forma intrigada.

—O que estão aprontando aí? - Edu 

—Por favor, não nos tragam mais problemas. Um por dia está de bom tamanho. - Elsa 

—Não se preocupem, a gente só concordou sobre um assunto qualquer aqui. - Killian 

—Acho bom! - Regina 

—Vamos esperar até o início da semana, Emma já vai estar oficialmente sem castigo e vamos poder nos reunir sem que sejamos interrompidos. Tudo bem? - Killian 

Eles concordaram com a cabeça.

—E o que fazemos enquanto isso? - Robin 

—Recolhemos informações de onde puder, sem entregar nada. - Killian 

—Parece que a quadrilha dos Desencantados cresceu! - Aurora 

—Como é? - Elle 

—Já estão no grupo do Whats, nos atualizamos por lá. - Ruby - Você também está, Kristoff.

—Valeu! - ele disse de forma tímida.

Na pequena lanchonete do hospital.

Rebecca estava se servindo de um café quando Elsa apareceu por trás da moça, quase colando seus corpos.

—Um para mim também, por favor. - Elsa

—Você já ouviu sobre uma coisa chamada espaço pessoal, loirinha? - Rebecca disse se virando, ficando frente a frente com Elsa.

—Eu achei que nessa altura do campeonato, com você chamando meu irmão de cunhadinho, essa questão de espaço pessoal já tivesse sido deixada de lado, Rebecca.

—Hum - inclinando a cabeça para o lado - Eu prefiro quando você me chama de Rocco.

—Se for por que meu irmão te chama assim…

—Santo Deus, pode chamar de Rebecca. - ela falou rapidamente.

A loira riu, se inclinando na direção da morena. Rebecca automaticamente entreabriu seus lábios esperando uma atitude da loira. Elsa estendeu seu braço para além da vista de Rebecca e pegou seu copo de café. Voltando a sua posição inicial com um sorriso no rosto.

—Não é só você que tem efeito sobre mim, Rebecca. 

—Eu estou começando a notar. - ela disse indo até uma mesa com Elsa a acompanhando.

As duas se sentaram.

—Mas me diga. O que você tem contra o meu irmão?

—Eu não tenho nada contra ele.

A loira arqueou uma sobrancelha.

—É sério! Eu só gosto de ter alguém para tirar do sério constantemente e bem, o Eduardo cai no jogo, então.

—Então é só isso mesmo, certo?

—Correto, mas porquê da pergunta?

—Bem, quando éramos mais novos Eduardo e eu fizemos um acordo de não nos comprometermos com ninguém que pudesse colocar nossa relação de irmãos em jogo.

—E levaram isso para a vida toda?

—Mas é claro! Vamos ser irmãos a vida toda, o acordo tem que ter a mesma validade.

—Então você cogita se comprometer comigo? Não se relacionar, mas se comprometer.

Os olhos de Elsa levemente cresceram e a mulher ficou com a postura um pouco mais rígida e desconfortável na cadeira, o que não passou despercebido por Rebecca.

—Bem eu…

—Afinal, se você não quisesse se comprometer, porque me faria essa pergunta? Certo?

—Rebecca é…

—Sim?

—Com licença.

A loira levantou, retirando-se da lanchonete, deixando seu café e uma morena extremamente contente para trás. 

O jogo que as duas faziam era instigante, mas Rebecca não queria um jogo. Gostava da sensação de ser provocada e da tensão sexual que se instalava entre as duas, mas não era uma pessoa de se envolver por uma noite. Se esse fosse o resultado ou não passava de beijos ou ela preferia ficar sozinha. Como a mesma gostava de dizer, seu quarto era seu templo e ninguém indesejado ultrapassava esse limite.

Mas ela notava os sentimentos de Elsa. A loira gostava dela, gostava de uma forma que nem a própria parecia saber, mas que Rebecca estava adorando. 

Na sala da paciente. 

—Eu não vou sair daqui. Porque é tão difícil assim de entender? 

Zelena falava impaciente com a irmã e Jeff, os dois insistiam para que a ruiva fosse pra casa 

—Me fala, qual é a sua profissão mesmo? - Regina

—Olha, eu sei os meus limites e isso não me faz mal. Eu não vou sair e deixar a Aurora aqui sozinha.

— Só pra constar, eu não estou sozinha. - a ruivinha interferiu de sua cama.

Zelena a encarou de forma severa 

—Meu Deus, não me deixe aqui mãe! - ela disse fazendo seus amigos rirem 

—Estão vendo? - Zelena 

Regina e Jeff se olharam. O homem pegou o casaco e a bolsa de Zelena, entregando para Regina.

—Você cuida dela por mim? - Jefferson 

—Não precisa pedir, Jeff. - Regina  

—Mas vocês não estão me ouvindo, eu tô bem! - Zelena 

—Se despede da sua filha que você vai pra casa da sua irmã. - Jefferson 

—Primeiro, se eu fosse pra casa, eu poderia ir pra minha tranquilamente. Sou adulta e não uma criança que precisa de babá. Só se ela for a Mary Poppins, porque seria épico. E em segundo, desistam. Eu não vou sair. – a ruiva faliu cruzando os braços.

—Lena, você sabe o quanto seu descanso é importante. Você ficou o dia inteiro de pé, não se alimentou muito bem, sem contar todo o estresse pela manhã e a noite mal dormida. Então eu não me importo se você vai bater o pé, fazer pirraça ou me esmurrar. Você vai pra casa da Regina, onde alguém vai poder te ajudar caso algo aconteça, vai dormir e ter uma boa noite de sono, você e o bebê. E a Aurora vai ficar bem aqui comigo. – Jeff

—Não. - ela disse olhando para o lado.

—Certo, todos aqui viram que eu tentei. Ruiva, se segura. - Jeff

—Mas como? – Zelena

Jeff se agachou um pouco e pegou Zelena no colo, ouvindo um grito de surpresa da ruiva como resposta. 

—Me coloca no chão! - nervosa enquanto estapeava o peitoral de Jeff.

Aurora aproveitou a ocasião para tirar uma foto do momento, os demais se divertiram vendo a cena.

—Jefferson Hat, o nosso relacionamento está oficialmente acabado! 

—É uma pena, eu realmente amo você. - ele disse saindo do quarto com a ruiva em seus braços - Te esperamos no carro, Regina.

—Estou logo atrás! Vamos meninos? Robin, Ruby e Kristoff, se quiserem a gente dá uma carona pra vocês. - Regina 

—A gente aceita sim, já passou da hora da nossa garotinha se alimentar. - Robin.

—Quanto a mim, eu… - Kristoff

—Ele também aceita, tia! - Aurora 

—Você quer muito me expulsar né? - Kristoff 

—Eu não quero ter que dividir você com o Henderson por mais tempo, isso sim. - Aurora 

Elsa chega ao quarto.

—Por que a ruiva está gritando lá fora? - Elsa 

—A Zelena é histérica, você sabe. - Regina

—É coisa de irmãs então. - Elsa 

Regina deu um beliscão na amiga que devolveu o gesto mostrando a língua.

—Vocês já estão indo? - Elsa disse perguntando ao sobrinho e Elle.

—Sim, inclusive, você sabe onde está a minha tia, Elsa? - Elle 

—Na cantina, Elle. - Elsa 

—Okay, eu vou falar com ela e volto logo - olhando para Henry.

—Vou te esperar lá fora. - Henry 

—Beleza.  - a garota disse e saiu rumo à cantina.

Os garotos se despediram de Aurora e se encaminharam para o estacionamento. 

—Edu, Elsa… Estão prontos? - Regina 

—Ham, antes eu preciso conversar com você, irmão. - Elsa 

—Gina, eu tenho que levar a Rebecca também. Ela não pode dirigir.

A morena apertou os olhos 

—Por que você não deixa a sua irmã levar a namoradinha dela? - Regina 

—Antes de tudo, não somos namoradas. - Elsa 

—A gente tá vendo como você não quer isso. - Regina disse fazendo a loira sentir suas bochechas esquentarem.

—Tudo bem por você, Elsa? - Eduardo 

—Sim, eu… acredito que sim - Elsa falou um pouco nervosa 

—Está tudo bem, mana? - Eduardo 

—Eu vou deixar vocês dois conversarem. Te espero lá fora. - Regina disse dando um selinho em Eduardo e beijando a bochecha de Elsa.

—Até daqui a pouco. - Eduardo

A morena se afastou e Elsa sentou em uma cadeira no corredor com Eduardo fazendo companhia.

—O que está acontecendo? - Edu 

—Rebecca. - Elsa 

—Eu disse que ela não era boa companhia. - Eduardo 

—Não é isso! - Elsa

—Então o que foi? Por que está tão nervosa? Isso não é do seu feitio.

—E você acha que eu não sei! Eu sinto que eu vou surtar com o que a minha mente está pensando.

—Agora eu estou ficando preocupado. A Rebecca está doente?

—Não, a saúde dela vai muito bem. E eu devo dizer, que saúde!

—Elsa, por favor! Não me faça imaginar as impurezas que passam aí dentro.

—Não me julgue, você é tão santo quanto eu, Eduardo.

—Okay, de acordo. Agora fala.

—Eu estou doente.

—O que?

—Acho que é um estágio terminal. - ela falou deitando sobre as cadeiras.

—Como assim? - Eduardo falou levantando rapidamente - Você está morrendo? Elsa, não brinque com esse tipo de coisa eu…

A loira observou seu irmão começar a andar de uma lado para outro com as mãos na cabeça.

—Eu não posso perder você Elsa, é minha irmãzinha! O que você tem? Tem cura? Não importa o preço eu pago, eu dou um jeito.

—Eduardo…

—Tem que ter uma forma de contornar isso.

—Eduardo…

—Meu Deus, o Henry vai ficar destruído!

—EDUARDO!

Ele parou e a encarou.

—Eu não vou morrer, eu só me expressei mal. - ela disse um pouco culpada pelo estado de seu irmão.

Edu tomou uns segundos para processar o que tinha acabado de ouvir.

—Eu vou matar você Elsa, e com as minhas próprias mãos! Quantas vezes já falei para parar com esses seus exageros?

—Foi mal, é que é bem similar.

—Desembucha de uma vez, antes que eu te coloque no armário das vassouras.

—Você se lembra do acordo que fizemos quando éramos jovens? De não namorar ninguém…

—Que coloque nossa união em risco. Eu lembro sim.

—Pois bem, questionei a Rebecca sobre a implicância que ela tem contigo e só pra esclarecer, ela só gosta de te chatear e você cai como um pato, sempre.

—Eu fico com a ideia de que ela é insuportável. Mas e daí?

—Você não percebe? Eu estou cogitando a possibilidade de namorar alguém! De namorar a Rebecca!

—E você só notou isso agora? - franzindo as sobrancelhas. Não conseguia imaginar que Elsa estava surtando por algo que estava tão na cara.

—Isso é brincadeira, não é?

Eduardo se aproximou mais da irmã.

—Elsa, eu conheço você a vida toda e já te vi ficar com garotas uma hora após conhecê-las. Está na cara que a Rebecca não é um caso para você. Eu achei que tinha notado.

—Olhando por esse lado faz sentido. Eu tive chances com ela no escritório da Regina e tudo que eu fiz foi jogar lenha na fogueira.

—Você tentou conquistá-la, à sua maneira, mas tentou. E pelo que dá pra notar você conseguiu. 

—Ou ela, a julgar pelo meu estado. Eu não acredito nisso. - cobrindo o rosto com as mãos.

—Em que?

—Que eu caí no meu próprio jogo! Eu quem costumo fazer as outras mulheres se apaixonarem por mim Edu, nunca o contrário. Eu não sou disso, você sabe. Relacionamentos me dão alergia.

—Eu não vi você se coçar do lado da Rebecca, nem qualquer outro tipo de reação alérgica. - ele disse rindo.

—Não é tempo pra brincar, espertinho. Me ajuda vai, o que eu faço?

—Vive isso! 

—Esse é o seu conselho? “Vive isso”? Faça-me o favor. - levantando as mãos em descrença.

—Minha irmã, não tem nada de errado em se relacionar romanticamente com alguém por mais de uma noite.

—Só os telefonemas, a prestação de contas… Meu Deus, as datas comemorativas. Eu sou péssima com datas! Como vou lembrar do dia do aniversário da Rebecca? Eu vou ser uma péssima namorada. - ela falou andando de um lado para o outro.

—Meu Deus, você está tão apaixonada. - Edu disse rindo 

—Eu tô tão ferrada! - com as mãos na cintura

—Isso também, mas faz parte. Você vai descobrir isso das melhores formas possíveis.

—Ei, não fale como se eu fosse namorar a Re… Gina, Regina.

—Pera o que? - Edu.

—Eu não sabia que vocês eram do tipo que compartilhava os relacionamentos. - Rebecca disse se aproximando dos dois irmãos.

Eduardo ouviu a voz da mulher e entendeu a mudança súbita da irmã.

—Nós não fazemos isso, seja lá quem for essa Regina, com certeza não é a minha namorada. - Eduardo 

—Não mesmo! - Elsa disse olhando nervosamente para a mulher à sua frente.

—Bem, você esqueceu o seu café lá na lanchonete. Já está frio, mas… - Rebecca 

—Ah valeu! - Elsa 

—Disponha. Eduardo, eu gostaria de ir agora, ainda tenho que encontrar um lugar para ficar. - Rebecca 

—E você insiste em me tratar como seu chofer. - Edu 

—E de que outra maneira eu trataria você, cunhadinho? - Rebecca 

—Eu vou indo Elsa. - beijando a bochecha da irmã - Nos vemos amanhã. - Edu 

—Mas e quanto a mim? - Rebecca.

—Se vira! - ele disse sumindo pelo corredor.

—Ah que ótimo! - Rebecca 

—Eu te levo, Rebecca. - Elsa 

—Eu não sei se a sua Regina vai gostar. - Rebecca 

—Como? - Elsa 

—Esquece, já vi que não é nada. - ela disse sorrindo com a cara confusa de Elsa, o que levou Rebecca a entender que uma namorada chamada Regina, como ela ouvira no fim da conversa, não existia.

—Bem, enfim. Por que você não fica na mansão? A Regina não se importaria. - Elsa disse e as duas começaram a caminhar para fora do prédio.

—Você não é muito esperta, né loirinha? Sua cunhada me odeia. – Rebecca

—Não odeia não, mas ela não gosta que você se insinue para o meu irmão. Eu acho justo. – Elsa

—Não gosto de quem trabalha com achismo. – Rebecca

—Nesse caso eu afirmo. É justo! – Elsa

—Ah é? - Rebecca

—É, meu irmão é comprometido e, me desculpe se você se sentir ofendida, mas esse tipo de atitude não é educada. – Elsa

—E é muito educado sair de uma conversa sem se despedir e deixar a outra pessoa falando sozinha? - se referindo ao ocorrido na lanchonete de hospital.

—Me desculpe por isso, não foi nada gentil. - Elsa 

—Ah eu notei que não. E você vai me falar o porquê de ter corrido? - Rebecca 

—Eu precisava muito ir ao banheiro. - Elsa 

—Olha, eu não sei se você quis me ofender agora, mas eu espero muito que você não tenha pensado em subestimar a minha inteligência e a sua péssima capacidade para mentir, Alcântara.

—Ei, ei, ei! Você nunca me chamou assim, pelo sobrenome, é algum efeito do nervosismo? - Elsa perguntou olhando para a morena que a encarava séria, com os braços cruzados e cara de poucos amigos - Okay, você está me assustando, Rebecca.

A morena permaneceu na mesma posição.

—Okay, okay. Foi um erro, me desculpa! - ela disse segurando os braços da mulher - Pode, por favor, voltar ao normal? Eu não quis te ofender. 

—Acho bom. - se desarmando 

—Cara, você é um pesadelo quando está nervosa, e não durou nem meio minuto. - olhando de forma desconfiada para a morena.

—Eu não gosto que levantem suposições contra mim, muito menos as que são falsas. 

—Anotado! Nunca mais te enganar ou passar para trás.

—Ótimo, agora diga. Por que você correu?

Elas alcançaram o carro de Rebecca no estacionamento e entraram no veículo, dando de cara com Kristoff.

—Eu espero que isso não seja um assalto - Elsa.

—Não é Srta. Elsa, mas o seu irmão, o Eduardo, disse que eu podia entrar. Que me daria uma carona para casa. - Kristoff 

—Ah sim, tudo bem. Só falar o lugar que nós vamos. - ela se voltou para Rebecca - Vou te levar até o Granny’s, lá eles…

—Alugam quartos. Eu sou daqui, esqueceu?

—Por um momento. 

—Mais eu não e, falando nisso, depois conversamos.

Elsa a olhou, nada contente.

—E sem reclamações, loirinha. - Rebecca disse sorrindo com sarcasmo para a figura no assento do motorista.

Na Mansão.

Regina, Eduardo, Zelena, Killian, Elle e Henry chegam à casa. 

—E aí? Quem está com fome? - Edu disse caminhando até a cozinha.

—Acho que nem precisa perguntar. - Regina - A Zelena é a primeira, né verdinha? 

A morena olhou em volta ao notar a ausência da voz da irmã.

—Zelena? - Regina

—Ela subiu, mãe. Acho que foi atrás do antigo quarto. Eu vou lá em cima ver ela. - Killian 

—Okay, lembra de trazer ela pra jantar. - Regina 

—Pode deixar. 

O rapaz sobe as escadas sumindo da vista dos demais.

No andar de cima.

—Tia Zelena? - Killian pergunta batendo na porta

—Indisponível! 

Killian sorri e entra no quarto.

—Você é tão atrevido quanto a sua mãe.

—Oi pra você também. 

—Olha, eu já estou avisando que não pretendo sair e confraternizar com as pessoas que me impediram de ficar ao lado da minha filha.

—Você é uma típica Mills, bem dramática.

—Está perdendo o respeito mesmo. É um direito meu. 

—É um direito seu, também, cuidar do seu filho, Tia Zelena. Você não é mais só mãe da Aurora e também não está sozinha. O tio Jeff também existe, sabia? E ele tá lá com a Aurora. Então para de fazer cena e fala logo o que está acontecendo.

—Primeiro, se disser que eu estou fazendo cena mais uma vez eu deixo a sua mãe sem o filho dela. Não se esqueça que eu ainda sou sua tia.

—Desculpa.

—Muito bem e segundo… Eu queria estar com ela Killian. Quando eu vi a Aurora no estado em que ela chegou em casa foi devastador. Eu pensei que… pensei que…

—Eu entendo, tia. 

—É por isso que não quero me afastar. Eu quero ter certeza de que quando eu acordar eu vou olhar para o lado e ver a minha filha, respirando, viva.

—E você vai. É só ligar pra lá. Mas pra fazer isso você tem que descansar, se alimentar e acima de tudo cuidar do meu primo. A Aurora explode de alegria só de comentar que vai ter um irmão ou irmã e eu não acho que você se auto colocar em risco a deixa muito feliz. E eu sei que você não quer ver ela triste. Tô certo?

—Você não passa de um manipulador barato, projetinho de Regina Mills.

—É um prazer! Mas ela tá bem tia e nada nem ninguém vai machucar ela de novo. Não se preocupe. - ele falou bem mais que sério.

A ruiva o olhou desconfiada 

—Okay, desembucha. O que você sabe sobre isso tudo?

—Mas eu não disse nada. - batucando os dedos 

—Tá muito confiante pra quem não sabe de nada. Você e sua gangue tão arrumando alguma e eu acho bom você me contar logo. 

—Tia Z…

A ruiva espreitou os olhos 

—Nós temos suspeitas… mas nada certo ainda. É o período de investigação 

—E o que eu devo saber?

—Por hora, nada. Nós não temos nada ainda. 

—Eu espero que não esteja mentindo.

—E não estou, eu juro tia. Absolutamente nada.

—Então eu vou te dar uma dica. Policial Martin.

—Eu não entendi.

—Abre o olho com ele Killian, e eu digo pra você em especial. Quando fomos à delegacia ele pareceu demonstrar uma atenção muito grande em relação a você. E me desculpa, mas toda aquela empolgação com o seu caso… A historinha de jovens sem escrúpulos não me convenceu.

—Eu não posso dizer que concordo muito, mas eu vou prestar atenção. Mesmo não achando o Martin um perigo. 

—Eu acho que deveria. 

—Eu vou ficar de olho 

—Ótimo e me mantenha informada. 

—A gente vai descer agora? Eu estou realmente com fome e falei com a mamãe que iria te levar comigo.

—Vamos, se não é bem capaz daquela baixinha vir aqui e…

—Zelena! Eu vou ter que te buscar ou o que? - eles ouviram a voz de Regina no andar de baixo.

— O que era que eu estava dizendo? - Zelena

Os dois se olharam sorrindo 

—Ela sente sua falta. É capaz de chutar o Edu pra dormir com você hoje, tia. 

—Eu também sinto a falta dela. Tirando o período em que eu morei com Jeff e ela com seu pai, na adolescência, vivemos juntas todo o resto. Acredite, não foi fácil sair daqui. Mas eu precisava.

—A gente sabe e a mamãe também, mas você conhece ela. Ela não admite.

—Sua mãe gosta de se fazer de forte, mas no fundo ela é bem frágil, Killian. A diferença é que a Regina é resiliente. Sua mãe não desiste antes de lutar e olha que ela tem um soco de direita muito bom.

—Eu devo perguntar como você sabe?

—Era pra ser uma discussão amigável, mas a gente não soube controlar. Eu fiquei com o nariz quebrado e ela ganhou uma cicatriz no lábio.

—Eu não creio! Vocês reclamam tanto de mim e das minhas brigas, mas olha só isso! 

—Às vezes você tem que negar o sangue e permanecer firme.

—Você acha que você me compra com essa história, tia Z? 

A porta se abre 

—E então, verdinha? - Regina 

—Eu já estava descendo. - Zelena 

—Ah, é? - Regina 

—Sim, e agradeça ao seu filho. – Zelena

—Alguém vai contar o segredo? - Regina 

—Falar mal de você. Eu fico disposta bem rápido. – Zelena

—Engraçadinha. Vem, vamos descer. – Regina

No andar de baixo.

—Mas olha só quem deu o ar da graça. - Eduardo 

—Não começa, que pra eu subir de novo é daqui pra li. – Zelena

—Esse seu mau humor é fome. - Regina 

—Mas e a tia Elsa? Cadê ela? - Henry 

—Sua tia foi levar a Rebecca pra arrumar um lugar pra dormir. Muito provavelmente estão no Granny's. - Edu

—E até então sem previsão de volta. - Regina disse de modo bem insinuativo.

No centro da cidade.

—Obrigada Granny. - Rebecca 

—Disponha Rebecca. - Granny disse entregando as chaves.

A morena sai do estabelecimento acompanhando de Elsa e as duas andam até os fundos da lanchonete.

—Então é isso. Está entregue. Tenha uma boa noite Rebecca. - a loira disse num fôlego só, se retirando. 

—Um minuto, loirinha. 

A mulher suspirou e virou o calcanhares. 

—Veja bem, eu não costumo ser gentil, mas como você me trouxe até aqui eu faço questão de abrir uma exceção. Quer subir? – Rebecca

—E pra que? – Elsa questionou nervosa

—Pra conversar, beber alguma coisa. Nada demais, se é o que te preocupa. – Rebecca

—Eu não estou preocupada. – Elsa

—Tá batendo o pé assim porque então? - a morena falou olhando o corpo da loira reagir a um simples convite.

—Um caso de tic nervoso na família. Acontece. – Elsa

—É, eu aposto que sim. Vem, vamos. 

A garota permaneceu no mesmo lugar, em pé do lado de fora. 

—Jesus! - Rebecca caminhou até a loira e a segurou pela mão, puxando Elsa para dentro - Só me faltava essa, ter que lidar com uma criançona.

—Eu não sei o porquê da insistência.

—Você me trouxe aqui enquanto seu irmão me deixou ao léu, é o mínimo que eu posso fazer. O nome disso é decoro. - ela disse quanto tentava abrir a porta inutilmente - Mas que droga de fechadura! 

A morena socou a porta frustrada, mas acabou se arrependendo ao sentir a mão queimar em dor.

—Por Deus, Rebecca! Você está bem? - Elsa perguntou segurando a mão dolorida da morena.

—Não tá nada agradável. - fazendo careta 

—Vai, me dá a chave. 

Elsa abriu a porta do quarto e ambas entraram. Enquanto Rebecca se sentou na sala, Elsa foi até a cozinha atrás de um pouco de gelo. 

—Olha, foi o mais próximo que eu consegui. - Elsa

—Antes água gelada que nada. - ela disse colocando a garrafa sobre os nós dos dedos, que já estavam um pouco inchados. 

A loira ligou a TV em um canal qualquer e aos poucos a voz dos personagens foi preenchendo o quarto. Frozen estava no ar.

—Ah céus, lá vai ela com todo esse Let It Go. - Elsa 

Rebecca riu da loira 

—Vai me dizer que não gosta da sua xará? - Rebecca 

—Não mesmo! Gente, ela tem magia e mora num castelo enorme daquele. Quem é que foge de tudo isso? - Elsa 

—Você com certeza não viu o filme direito. - Rebecca disse encarando o rosto da loira completamente incrédula.

—Eu nunca nem me dei ao trabalho. – Elsa  

—Você tá brincando comigo, né? – Rebecca

—Não mesmo. - tomando a garrafa das mãos de Rebecca e bebendo a água.

—Okay, vamos consertar isso. – Rebecca

A morena retirou os sapatos e o casaco que estava usando, aumentou um pouco o volume da TV e se ajeitou na cama confortavelmente, sinalizando em seguida para Elsa se juntar a ela. 

—Você não vai me obrigar a fazer isso, né? 

—Anda logo, loirinha. Senta aqui. - ela disse batendo a mão sobre o colchão.

Elsa se desfez de sua bota e jaqueta preta, expondo mais seu vestido num tom azul claro.

—Aí, até os vestidos de vocês são iguais. 

— Já vi que esse vai ser um filme longo.

—Pode apostar, loirinha de Arendelle. - Rebecca disse rindo enquanto Elsa revirava os olhos. 

Algum tempo depois, na casa de Kristoff.

POV Kristoff

Já havia passado das oito, e fazia um calor insuportável no que eu acredito ser toda a cidade, e meu jantar ainda estava me esperando. 

Ele era trocado com muita facilidade quando eu começava a conversar com Aurora, na verdade qualquer coisa ficava pra escanteio quando o assunto era ela. 

Exceto uma coisa, naquele momento. O que estava por trás de tudo isso. Era estranho pensar que alguém iria querer magoá-la por simples prazer. A ruiva não costumava ser ruim com ninguém, bem, exceto Graham e qualquer pessoa que criticasse seu gosto pra moda, e até hoje eu nunca vi ninguém ter tamanha audácia. 

O que reduzia minha suspeita a ele, somente. Mas odiar o Graham não era motivo de ataque, não para ele. Ou então já teria feito algo contra meia Storybrooke. Mas a Aurora… 

*Kristoff!!! O Policial Martin quer falar com você. 

*Estou indo mãe!

Policial Martin Teller, a nova aquisição do Departamento de Polícia de Storybrooke. Um completo babaca! Não que ele deixe esse seu lado transparecer na frente de Henderson, que é seu superior, mas esse momento bem que podia chegar.

Ele tinha sido transferido logo que Graham e eu entramos na delegacia e até esse momento tudo bem. As coisas se tornaram piores quando ele começou a me supervisionar e ao Graham também.

Por algum motivo ele gostava de fazer o trabalho dele da forma "correta" comigo, enquanto que com o Graham tudo parecia um pouco mais fácil. Mas eu sempre suspeitei que de algum forma o Sr. Gold tivesse entrado em contato com a DP e amenizado as coisas, só isso explicaria o fato de ser sempre o Martin a estar conosco.

Saí do meu quarto e caminhei até a entrada da casa, me abanando no meio do caminho, o clima não estava fácil. Na porta de entrada, lá estava, a estátua impetuosa e sem sal que era Martin. Era como levar um soco no estômago. 

—Policial Martin. - disse sem ânimo.

—Jovem Kristoff. Penso que seus serviços são muito fáceis, já que falta sempre que deseja. - ele falou ajeitando aquele cabelinho puro gel.

—O senhor pensa errado. Foi uma emergência e Henderson já sabe de tudo. Sabe tanto que já aumentou alguns dias de serviço para mim. Não se preocupe.

—Ah mais isso é ótimo! Sabe Kristoff, todos nós temos nossos compromissos com a sociedade. Tudo de ruim que fizemos deve ser reparado, olho por olho. As pessoas devem pagar.

—Eu não acho que essa expressão seja a mais adequada, policial Martin, ainda mais vindo de você. Não acho que seja sua função incitar a violência.

—E não é, e por isso não o faço. Por isso que ao invés de colocarmos você e seu amigo em um carro sem os parafusos, colocamos vocês para cumprir serviço comunitário.

Tenho quase certeza que se fosse uma escolha exclusiva dele a ideia do carro já teria sido posta em prática.

—Certo. Mas a que devo a sua visita?

—Bem, como você sabe, o resto da semana você foi remanejado para o hospital. Me pediram para lhe avisar e te entregar isso. O documento que confere mais alguns dias de trabalho a você.

—Excelente! - falei num tom sarcástico. 

—Se não queria isso, era só ter ficado em casa ao invés de salvar a sua namoradinha.

—Não se retira a ela desta forma, e o que eu faço ou deixo de fazer não lhe diz respeito! 

—Mais é claro que diz, Kristoff, enquanto eu estiver supervisionando o seu servicinho de merda, o que você faz ou deixa de fazer é totalmente minha responsabilidade. Então sim, me diz respeito, pivete! - ele disse colocando um dedo na minha cara. Aquele policialzinho de merda.

—Mais alguma coisa, policial Martin? - disse em baixo tom

—Não mesmo, não passo mais um minuto aqui. Esse calor infernal vai acabar comigo.

Tomara.

Ele aproveitou a deixa para retirar o suor que escorria em sua testa. Não foi a única coisa que saiu. Eu senti meus olhos crescerem por um momento, mas ele aparentemente não notou que parte da maquiagem que estava usando tinha saído e sujado a manga de sua camisa. Eu tinha que fechar a porta, me conhecendo como conheço, para entregar o que eu tinha visto pouco custava.

—Bem, é… É isso. Passar… Passar bem, policial.

Disse e tranquei a porta, me apoiando nela depois. Só podia ser uma coincidência. 

Em um quarto alugado na pensão da Vovó...

As duas mulheres seguiram assistindo o filme, com Rebecca mantendo sua implicância afiada. A morena não conseguia entender como Elsa não gostava do filme, uma vez que ela e a Rainha de Gelo tinham mais em comum do que o próprio nome. 

As duas tinham uma afeição absurda pelo isolamento (por motivos diferentes, claro, mas ainda assim), eram fechadas emocionalmente e mesmo assim conseguiam ser sensíveis o bastante.

Isso a morena percebeu ao olhar para a mulher ao seu lado e vê-la chorando por Anna estar morrendo congelada ou Olaf derretendo perto da lareira num ato de amor verdadeiro.

Se conteve a apenas olhar a moça ao seu lado e sorrir para não estragar a experiência de Elsa e fazê-la se camuflar de novo. Era só apontar algo e pronto, a loira se escondia e desviava.  

—Um soco bem merecido, seu boy lixo! - Elsa gritou animada ao ver Anna acertar o rosto de Hans. - Mano que cara babaca! Como ela pensou em se casar com ele? 

—Não me pergunte, loirinha. Nunca passei por essa experiência. Mas e então, qual sua opinião sobre Frozen depois de ver o filme?

—Uma obra prima de verdade e eu me sinto uma idiota por não ter visto isso antes. Obrigada! 

—Disponha. 

—E sua mão, tá melhor? - olhando para a mão de Rebecca.

—Eu acho que sim, um pouco mais de gelo e vai ficar tudo bem. - Rebecca

—Certo, eu vou descer lá embaixo pra ver se encontro. - Elsa 

—Não, fica aí, você é visita. Enquanto isso, vê se acha Frozen 2 na tv. - Rebecca

—Essa dádiva existe mesmo? - Elsa perguntou animada

—Existe sim, eu já volto - Rebecca 

—Okay. - Elsa 

Rebecca saiu do quarto e desceu até a lanchonete. O estabelecimento já estava fechado àquela hora, às 21, então a morena caminhou sobre as pontas dos dedos dos pés. 

Tentando fazer o máximo de silêncio possível, Rebecca passou atrás do balcão e alcançou um pequeno frigobar que Granny tinha na lanchonete. A morena o abriu e encontrou uma pequena bolsa de gelo, saiu do lugar e caminhou até seu carro, pegando uma garrafa de vinho que tinha trago consigo de Augusta. 

Alguns minutos depois ela retornou ao quarto e viu Elsa deitada sobre a cama, distraída com celular enquanto na TV passava uma propaganda aleatória. Rebecca sorriu pensando que poderia se acostumar com aquela imagem facilmente ao fim de cada dia.

— Nada de Frozen 2? - questionou fechado a porta.

— Nada. De onde tirou essa garrafa de vinho? - a loira perguntou vendo a mulher se aproximar com duas taças.

—Eu sempre trago comigo, o vinho e as taças. Nunca se sabe se você vai encontrar aquilo que gosta.

—Então você carrega o seu próprio kit vinho?

—Exato. - enchendo as taças 

—Você sabe que isso é proibido né?

—Ah é? 

—É, mas parece que você não liga muito. Faz sentido você não ter habilitação agora.

Rebecca sorriu. 

—Não dá pra se preocupar com tudo, não tem tanto espaço assim. Sabe beber vinho? 

—Mas não é só beber? - a loira falou sorrindo, se lembrando da manhã daquele dia, quando ensinou Rebecca a beber whisky.  A morena a acompanhou. - É, eu sei sim. Mas não sou muito fã. Vinho é uma bebida que me derruba muito fácil.

—É só não beber muito. 

—Você tá certa, é só uma questão de controle. E, bem, isso eu tenho. - levando a taça à boca. 

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mwah!!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Enamorados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.