Plano de Mestres escrita por livsnow


Capítulo 3
CAPÍTULO II


Notas iniciais do capítulo

HEY! Demorei muito? Esse capítulo era pra ter saído mais cedo, porém, quando eu tava terminando ele, perdi o arquivo no PC. Ai né, tive que reescrever tudinho
Mas em compensação ele tá bem grandinho haha
Ah, e novamente eu digo ~~não~~ sigam meus conselhos de cola na vida real, porque não é garantia de que funcionem kakaka



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— O que é isso, o QG de vocês? — eu perguntei para os quatro a minha frente.

Já havia se passado uma semana desde que eles haviam feito a proposta a mim, e hoje Luke me avisou que íamos ter uma “reunião” no dormitório dos três meninos. Ele me disse que sempre se encontravam lá, pois como não dividiam o quarto com mais nenhum outro menino, não corriam o risco de um outro colega de quarto acabar ouvindo os planos deles.

— Basicamente — Percy respondeu.

Em linhas gerais, na base, o quarto dos meninos era igual ao meu: uma cama de solteiro, um beliche encostado na parede, uma bancada suficientemente grande para duas cadeiras, um armário. Porém, o quarto dos meninos era exageradamente mais bagunçado que o meu (que não era um exemplo de arrumação). Tinham pôsteres de várias bandas colados nas paredes, roupas espalhadas por todo lado, um amontoado de fios perto de uma tomada, e os lençóis nas camas todos revirados. Mas, o papel de destaque era para um quadro de cortiça apoiado num cavalete com rodinhas no centro do quarto.

— E esse é O Quadro — Nico me disse — Anotamos tudo relacionado as provas ai, pra ter certeza que não estamos esquecendo nada. Datas, assuntos, salas, notas... Essas coisas.

Eu dei um passo mais pra perto dO Quadro, lendo os diversos papeizinhos coloridos, em sua maioria amarelos, pregados com alfinetes. Eles continham o que Nico tinha dito, alguns estavam até riscados já. O último riscado tinha escrito: “Prova de trigonometria: 27 de fevereiro” e embaixo, com outra caneta, acrescentaram “NOTA: B” Eles tinham tirado a porra de um B naquela prova?

— Espera, como vocês sabiam que a prova de trigonometria ia ser dia 27?

— A gente tinha uma ideia, mas não era certeza — Luke explicou — A Thalia tinha visto na mesa do professor uns papeis com essa data escrito, então imaginamos que fosse isso. Na maioria das vezes, a gente desenrola as datas.

— Mas agora, loirinha, chegamos a um ponto crucial — Thalia começou a dizer — Se você olhar direitinho, a próxima prova é dia 15, na sexta, daqui a quatro dias. E é de química. Você tá com o assunto em dia?

— Sim, eu acho — respondi. Tinha algumas coisas atrasadas, mas nada desesperador.

— Ótimo — Percy respondeu e seu celular fez um barulho. Ele olhou pra tela e continuou — Foi mal, mas o treinador está me chamando. A gente marca a reunião pra depois, pode ser? Pra te ensinar alguma técnica.

— Técnica? — eu repeti rindo. Todos os quatro me encararam e eu decidi que eles levavam essa coisa muito a sério para piadas — Ok, certo. Reunião. Depois.

— Alguma dúvida? — ele perguntou, enquanto pegava uma mochila e colocava uma toalha azul dentro, provavelmente para o treino de natação – cujo time ele era capitão.

— Na verdade, sim... Eu entendo que Thalia, que quer direito, fique com as humanas, Nico e Luke com exatas, e você biologia. Mas por que eu, que quero arquitetura, tenho que ficar com química?

— Por que você é uma droga em matemática. E boa em química — ele respondeu jogando a bolsa sobre o ombro.

●●●

— Annie, você tá me ouvindo? — a voz de Silena, minha colega de quarto, tirou minha atenção do livro de química no meu colo.

— Ãn?

— Claro que não — ela mesmo respondeu a sua pergunta e depois repetiu — Sábado é aniversário da Katie, e a gente combinou de ir almoçar naquele sushi lá na cidade, já que coincide de ser fim de semana de passeio. O que você acha?

— Por mim, está ótimo — disse, voltando a atenção para os livros — Vai avisar ao pessoal?

— Na verdade, a gente combinou isso junto, depois do almoço. Onde você tava?

— Ah, tava com o pessoal do grupo de estudos.

— Grupo de estudos?

— É, eu te disse. O que o Sr. Turner falou pra me ajudar em matemática.

— Ah, sim. E quem é esse pessoal?

— Ah, você sabe, di Angelo, Castellan, Grace e Jackson.

— Jackson, de Percy Jackson, de Percy da Rachel?

— Jackson, de Percy Jackson. Percy da Rachel? — repeti a pergunta dela sem entender.

— É. Não vai dizer que você esqueceu? — ela me encarou — A Rachel encheu nosso saco com isso por uns dois meses! Quando eles ficaram no verão passado e ele deu um pé na bunda dela.

— Ele deu? Eu pensei que eles não eram nada sério na época. Por isso que não foi pra frente — disse me recordando do caso dos dois.

— Bom, a Rachel achava que iria pra frente. Até ele dizer que não queria nada sério e acabou com ela.

— É meio que implícito para toda a sociedade saber que Percy Jackson não queria nada sério num caso de verão.

— Você tá defendendo ele?

— Não. Só analisando a situação. De qualquer jeito, ela ainda sente alguma coisa por ele? — perguntei estranhando. Afinal, já faziam muitos meses.

— Ela diz que não. Mas, sei lá. Você sabe, é a Rachel. A gente nunca pode imaginar — ela respondeu.

E era verdade; Rachel podia ser uma rainha do drama quando quisesse. Eu só espero que o que quer que ela teve com Percy não signifique que eu não possa me tornar amiga dele. Até por que acho que isso estaria fora de cogitação.

— Bom, ela sentindo alguma coisa ou não, ele vai me ajudar em matemática de qualquer jeito.

Silena não disse nada, só deu de ombros e eu voltei a minha atenção para o livro de química, quando Rachel, que era a terceira moradora do nosso quarto, entrou.

— Hey, Annie, a Sil já te falou sobre os planos de sábado? — ela perguntou prendendo sua cabeleira ruiva e sentando na ponta de minha cama.

— Já, sim — confirmei — Almoço no sushi.

— Isso. Vê se não vai esquecer!

— Não vou.

Ouvi um barulho no celular e o procurei pela cama, vendo a notificação de uma mensagem na tela.

Nos encontramos amanhã na hora do almoço?P. Jackson”

— Algo importante? — a ruiva perguntou.

— Não. Só mensagem de operadora — menti. Ok, talvez Rachel realmente fosse a rainha de um drama que eu queria evitar.

Enquanto ela conversava com Silena sobre presentes para Katie, digitei uma resposta rápida.

Claro. Até amanhã ;) – Annie Chase”

●●●

— Hey — Percy disse caminhando em minha direção com um saco papel marrom na mão.

— Hey — respondi com um sorriso.

— Eu pedi pro pessoal nos encontrar no “QG”, — ele faz aspas com a mão e eu ri — assim teremos mais tempo. Peguei dois hambúrgueres pra gente, se importa se almoçarmos lá?

— Claro que não — neguei com a cabeça me levantando da mesa.

— Então vamos — ele chamou. Peguei minha bolsa e o blazer azul marinho que estavam jogados na mesa e o segui em direção ao dormitório masculino.

Caminhávamos lentamente ao longo do campus. Eu havia arregaçado as mangas da blusa branca de botão, aproveitando a brisa de primavera que soprava, e Percy também carregava o blazer na mão.

— Posso te fazer uma pergunta? — ele disse me encarando através de seus olhos verdes.

— Diz.

— Você é tão boa em química, e ao mesmo tempo não manja muito de matemática. Por que quer arquitetura? Quer dizer, tem muito cálculo e tal, né?

— Sim — eu disse e abri um sorriso — É que minha mãe é essa arquiteta muito famosa e bem sucedida, com um escritório enorme e essas coisas. Então, sei lá, acho que desde pequena eu estava fadada a seguir sua profissão, dar continuidade ao império.

— E você gosta de arquitetura? Ou só faz por herança? — ele perguntou. Desacelerei o passo e ele me olhou com o rosto curioso — Desculpa se for muito pessoal.

— Não, tudo bem. E sim, eu gosto — respondi cruzando os braços — Pelo menos, eu penso que sim. Acho que nunca pensei em fazer outra coisa. Quer dizer, já tentei me imaginar fazendo direito, medicina... Direito foi completamente cortado da lista.

— Medicina?

— É. Apenas por um tempo tive essa ideia. Sabe, é a “profissão dos sonhos”. Viver pra salvar vidas. Todo mundo no fundo gostaria de ser o herói de alguém.

— Sim — ele respondeu encarando sem foco um ponto a sua frente — E desistiu?

— Sim, eu acho. Ainda é uma profissão muito bonita, mas...

— Sua mãe é essa arquiteta muito famosa e bem sucedida.

— Minha mãe é essa arquiteta muito famosa e bem sucedida — repeti mordendo o lábio inferior.

— Sabe, a noiva do meu pai é médica num hospital próximo daqui. Sábado é o plantão dela e ela me convidou pra ir visitar o hospital. Pra saber como funcionam as coisas, e tal. Por que não vem comigo? Assim você sabe como é ser médica sem toda a fantasia da “profissão dos sonhos”. Se não gostar, você risca de vez da sua lista e assim sabe que você nasceu pra ser arquiteta, e não escolheu por causa da sua mãe.

— Sábado? — perguntei.

— Isso, de manhã.

Refleti sobre o que ele me dissera. A escolha de uma profissão é muito difícil se você não deixar de lado as profissões dos seus pais. Não que eu não goste de arquitetura, mas... Ir ao hospital realmente tiraria minhas dúvidas.

— Você acha que estaríamos na cidade por volta da hora do almoço?

— Ah, acho que sim. Por quê?

— Tenho um compromisso a essa hora — respondi enquanto entrávamos no bloco masculino.

— Uma garota com uma agenda cheia — ele brincou.

— Sim — respondi rindo.

— Mas então, te vejo sábado?

Encarei ele por alguns instantes. Percy sustentava um sorriso amigável e levemente esperançoso, me encarando de volta com seus olhos da cor do mar. Não o conhecia muito. Na verdade, quase não falava com ele até algumas semanas atrás. E, mesmo assim, sabia que a expressão no seu rosto era calma, serena, animada e confiável – apesar de qualquer coisa que Rachel pudesse dizer que negasse isso. Tudo o que eu sabia sobre Percy Jackson podia ser resumido em poucos itens: era capitão do time de natação, tinha em di Angelo, Castellan e Grace amigos inseparáveis – era primo da última, inclusive – tirava notas boas, era amigável com relativamente boa parte da academia. Fatos gerais, nada especifico. Mesmo assim, não tive outra opção a não ser aceitar passar a manhã do sábado de folga com ele em algum hospital quilômetros daqui.

— Sim, você me vê sábado — respondi e ele abriu um sorriso, destrancando a porta e me deixando entrar primeiro em seu quarto.

Os outros três já estavam lá. Nico estava deitado na cama de baixo do beliche, comendo algum tipo de sanduiche, enquanto Thalia e Luke estavam sentados nas cadeiras da bancada, ela terminando de comer batatas fritas e ele terminava de tomar uma garrafa de soda.

— E aí, galera — Percy disse jogando-se na cama de solteiro com o nosso saco de comida. Ele abriu o saco e entregou um sanduiche para mim, me convidando a sentar do outro lado da cama.

— E aí — Nico o único a responder — Preparada para ser arrastada para o lado negro do conhecimento, Annabeth?

— Pode chamar de Annie — eu disse pegando uma batatinha frita que Percy havia trazido — E acho que vocês me arrastaram para esse lado no dia que eu decidi entrar pra o “grupo de estudos” de vocês.

— Ah, mas as coisas vão ficar mais sombrias — Luke prometeu rindo.

Terminei o resto do meu almoço sem muita conversa, apenas acompanhando os diálogos dos outros quatro. Luke me deu uma latinha de refrigerante que ele tirou do frigobar que havia no quarto e quando todos tínhamos acabado de comer Nico arrastou O Quadro para um canto do quarto, posicionando as duas cadeiras da bancada no centro do dormitório. Acho que a preparação começa agora.

— Ok, Annie — ele me chamou pelo apelido — Vamos começar. Primeiramente, para essa técnica, é extremamente necessário que a gente fique um atrás do outro na fileira. E que você seja a última.

— Então, chegue na prova cedo, ok? Não queremos correr riscos — Thalia completou.

— Certo — assenti — O que eu vou ter que fazer?

— É simples. Algum de nós estará na sua frente, e você vai ter que passar as alternativas certas pra essa pessoa, por meio de toques. Um toque, letra A, dois toques, letra B e assim por diante.

— Assim — Luke pegou uma caneta e começou a dar leves batidas no encosto da cadeira — Tem que ser discreto, mas não muito baixo por que senão não dá pra gente ouvir. Beleza? Agora tenta.

Luke sentou-se na cadeira da frente e me entregou a caneta. Respirei fundo e fiz meu primeiro teste. Dei três batidas e esperei uma resposta.

— Não, tá muito alto. Desse jeito, quando você estiver nas últimas questões, o professor vai desconfiar. Tenta de novo, mais sútil.

— Ok — assenti e tentei novamente. Quatro batidas.

— E então?

— Você já deu os toques? — Luke virou-se pra mim — Foi muito fraco, não percebi.

— Ok, vamos lá, mais uma vez — Percy disse pra mim.

Balancei a cabeça e tentei de novo. Quatro toques.

— Eu contei três. Era C? — Luke perguntou.

— Não, era D — respondi — Acho que o último foi muito baixo.

— Ok, tenta de novo.

Dessa vez, dei cinco toques. Segundos depois, ouvi a voz de Luke.

— Letra E?

— Isso! — assenti abrindo um sorriso. Havia achado o jeito certo de dar as batidas!

— Ótimo. Mas não comemora tanto assim, loirinha — Thalia disse pegando um papel e anotando alguma coisa — O teste tem quinze questões. Vê se consegue passar as quinze.

Ela colocou o papel em minha mesa e entregou outro a Luke, junto de uma caneta. O meu tinha uma sequência de quinze letras entre A a E.

— Ah, outra coisa — Luke acrescentou — Você só pode passar para a questão seguinte quando tiver certeza que eu peguei a resposta, se não confunde tudo. Para saber disso, eu vou fazer algum gesto com minha mão direita se eu peguei a questão, e com a mão esquerda se eu não peguei. Ok?

— Ok.

Comecei a passar as respostas. Já tinha aprendido o jeito certo de fazer as batidas, então foi mais fácil. Luke compreendia a maioria, fazendo gestos com a mão direita que iam desde coçar a cabeça e alisar o cabelo, esticar a mão para se espreguiçar. Quando acabei a lista de alternativas, Thalia pegou o meu papel e o dele para conferir quantas questões havíamos acertado.

— 9 das 15 — ela anunciou — Mais uma vez, ainda dá pra melhorar.

Repeti todo o processo das batidas por mais umas três vezes, até conseguir o resultado satisfatório de 14 das 15 questões. Olhei no relógio e vi que já passava das três da tarde, e eu tinha aula de literatura inglesa em menos de meia hora.

— Se importam se eu já for embora? — perguntei me levantando e pegando minhas coisas na cama do Percy — Tenho aula daqui a pouco.

— Claro que não — Nico respondeu — Já conseguimos um resultado bom.

— Certo. Então, vejo vocês na sexta?

— Com certeza — Luke disse também se levantando — E não se esqueça, loirinha, chegue na sala cedo!

— Não vou esquecer! — prometi me despedindo e saindo do quarto 221-B, o QG.


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Notas finais do capítulo

(pra vc que é ama Sherlock que nem eu, dá um abraço se reconheceu a referência no quarto dos meninos)
E aí? Gostaram?
Não sei quando o próximo capítulo vai vir, vou tentar começar a escrever logo hoje. Ah, e muito obrigada pelos reviews do capítulo passado, vou responde-los agora!
Vejo vocês nos comentários,
Um xêro,
liv