Percy Jackson- Batalha Eterna escrita por Dark And Black


Capítulo 4
Capítulo 4 - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura e leiam as notas finais.



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POV Annabeth

O táxi estacionou em frente ao Empire Building State, puxei todo o ar que pude e soltei calmamente, dessa vez tinha que dar certo, os deuses não poderiam manter um segredo por tanto tempo, algum dia eles teriam que falar a verdade.

Piper que estava sentada a minha direita me olhou como que perguntando se eu estava preparada, apenas acenei com a cabeça um sim. Hazel, a minha esquerda, me olhava com o mesmo olhar que todos os semideuses tinham sobre mim: pena.

Entreguei um bolo de dinheiro amassado ao motorista do carro e descemos do carro. Entramos no maior prédio de Nova Iorque e nos dirigimos a um elevador com portas douradas, com um aspecto relativamente grego. Sentado perto do elevador estava o guarda que há muito tinha se tornado um amigo próximo, graças as centenas de visitas que eu tinha feito ao Olimpo nos últimos cinco anos. Ele sorriu e disse:

—Pensei que você não voltaria mais aqui, mas mesmo assim boa sorte lá em cima.

—Obrigado. – Respondi enquanto ele passava um cartão prateado no elevador, fazendo com que as portas do mesmo se abrissem.

Nós entramos no elevador e eu pressionei o botão que dizia levar até o sexcentésimo andar, e começamos a subir numa velocidade razoável. Uma música qualquer tocava, provavelmente alguma escolha de Apolo.

—Sinto que dessa vez nós teremos alguma resposta Annie. – Hazel disse confiante.

—Que suas palavras se tornem verdade. – Piper disse. – Já estou cansada de vir no Olimpo semanalmente, sem ofensas é claro. Se Jason tivesse desaparecido eu estaria fazendo a mesma coisa, provavelmente.

—Vocês sabem que não precisam vir, eu consigo fazer isso sozinha garotas. –Respondi ao comentário de Piper rudemente.

—Annabeth, por favor sem drama... – Piper tentou argumentar, mas foi interrompida pelo barulho das portas do elevador se abrindo.

Uma claridade ofuscante invadiu o elevador e minha visão foi preenchida por vários edifícios de mármore, calçadas de ouro, estatuas de deuses e fontes. Deuses menores vagavam pelas calçadas e nas ruas alguns pégasos e carruagens passavam transportando os moradores do Olimpo. Ninfas cuidavam das árvores e flores, tudo aparentava estar perfeito.

Saltamos as pedras flutuantes e colocamos nossos pés no Olimpo, já andando em direção ao prédio em que os deuses costumavam se reunir. Entramos decididas e empurramos as grandes portas que bloqueavam a entrada com toda a força possível, causando assim uma barulheira.

Os deuses olharam para nós estupefatos, e Zeus logo nos cumprimentou:

—Quando você terá educação filha Atena?

—O belo dia que você responder as minhas perguntas vovô. – Respondi dando um sorriso irônico para ele.

Os deuses me olhavam repreensivos, como se esperassem mais de mim e eu não estivesse colaborando.

—Vocês deviam parar com isso. – Piper se intrometeu, apagando a pequena faísca de briga que tinha se acendido entre eu e o Rei do Olimpo. – Há cinco anos a Annabeth vem aqui em busca de respostas sobre o paradeiro de Percy.

—Até que você está certa, garotinha bonita. – Hércules disse. – Mas já se passaram meia década, como você mesmo disse, então vocês já deviam ter chegado à conclusão de que ele morreu. Vamos, saiam daqui, voltem para o acampamento e queimem a mortalha daquele peixe podre.

—Acalme-se irmão. – Atena pediu. – A Garota está certa, já passou na hora de contarmos a verdade para os semideuses.

—Finalmente! – Gritei e bati palmas escandalosas, a intenção era provoca-los e parecia estar dando certo. – Os deuses decidiram fazer alguma coisa boa, colocaram o cérebro para funcionar.

—Seja menos dramática. – Hera me repreendeu. – A questão é, seu namorado está em uma missão especial para nós, não sei se você percebeu nesses anos que veio aqui, mas ele levou até o Ofiotauro em sua missão.

Me senti muito burra por não ter percebido antes o sumiço do “vírus letal para os deuses”, o sumiço de Percy me manteve obcecada ao ponto de eu deixar de prestar atenção nas coisas.

—Mas para onde ele foi? – Hazel perguntou.

—Nós já contamos o suficiente. Já se passou muito tempo, queimem a mortalha dele, o prazo que nós demos para ele voltar se acabou. Poseidon vai ficar furioso. – Atena disse decidida.

—Mais do que ele já está? – Piper perguntou assustada.

Antes que eu pudesse protestar, uma ventania invadiu a sala dos tronos, como se denunciasse a chegada de um ser poderoso, folhas invadiram o amplo salão de reunião dos deuses, e o chão começou a tremer. Estremeci, cada vez que o clima se altera sem que nem porque é sinal de que algo ruim está para acontecer.

Isso tinha se tornado comum nos últimos tempos, eventos naturais catastróficos viviam sendo causados pelo deus do mar em seus acessos de fúria, ele viveu cinco anos de luto pelo desaparecimento de Percy. Mas dessa vez parecia mais forte, uma força que deixaria a ira de Poseidon no chinelo. Não parecia ser algo que um deus qualquer pudesse fazer, sem ofensas ao pai do cabeça de algas. Me ajoelhei e tentei segurar-me no chão de alguma forma para não voar.

Apesar de a ventania ser muito forte, ela foi passageira e logo a situação se normalizou, e antes que qualquer pudesse falar, o deus do sol soltou um grito de dor e começou a brilhar na cor vermelha, ameaçando usar sua forma divina e irradiando um grande calor.

Apolo se jogou no chão e começou a se contorcer, como se estivesse louco, e falava coisas sem nexo.

—Ele está vindo. Nós temos que conseguir ajuda. Ele tem que voltar. Ele não pode voltar.

—Quem? – Atena e eu gritamos quase ao mesmo tempo, em busca de saciar nossa curiosidade.

—É muita coisa, eu estou tentando, ele está acabando comigo. – O deus soltou um último grito de dor, e parou de se contorcer.

Abriu os olhos, e olhou fixamente por vários segundos para o nada. Os Olimpianos olhavam para o deus das profecias curiosos, alguns até com preocupação, afinal, não era todo dia que um deus surtava de repente.

—Voltem. – Apolo falou. – O acampamento está sendo atacado novamente, não é um ataque qualquer, dessa vez eles estão vindo com força máxima.

Em seguida ele caiu no chão roncando. Olhei para Hazel e Piper e elas logo entenderam que já passava da hora de voltarmos para casa. Nos últimos meses, os acampamentos grego e romano foram atacados várias vezes, até agora ninguém tinha morrido.

—Vamos garotas, rápido, temos que pegar um táxi e ir para o acampamento.

—Eu posso ajuda-las, como naquela vez em que eu lancei vocês e aquele barco no acampamento, mas hoje eu lançarei vocês no lago de canoagem. – Zeus disse como se há alguns minutos atrás não estivéssemos brigando. Olhei para ele surpresa.

—Muito obrigado pela ajuda. - Piper disse de forma doce.

—Venham comigo. – O Rei do Olimpo disse se levando de seu trono em sua forma de cinco metros e saindo do salão. Ele cresceu a mão em um tamanho grande o suficiente para colocar uma pessoa inteira. – Podem vir, uma por uma.

Ele pegou Hazel primeiro e jogou-a, depois Piper. Me preparei para subir, e daquele local que eu estava, ouvi o elevador se abrindo, e de dentro dele, saíram duas figuras gigantes, estranhamente familiares, e um humano que trajava uma blusa de frio azul, com o capuz lhe tampando os olhos, maxilares trincados, e emanava muita raiva. Nos lábios um sorriso sarcástico, quase assassino.

—Quem é ele? – Perguntei para Zeus que olhava incrédulo para o homem.

—Impossível. –Ele disse me pegando com sua mão e me lançando para o céu.

Antes de perder o garoto de azul do meu olhar, vi ele desaparecendo em um flash de luz e cravando uma espada na barriga do deus dos céus. Depois disso perdi eles do meu campo de visão, e rapidamente me vi caindo no lago do acampamento.

Bati de barriga na agua e logo nadei até a superfície, onde Piper e Hazel me esperavam molhadas.

—Porque demorou tanto? – Hazel perguntou.

—Eu demorei apenas alguns segundos a mais... – Tentei protestar. -Vocês não vão acreditar, eu vi algo que pode parecer impossível, algum homem invadiu o Olimpo pelo elevador e cravou uma espada em Zeus. Ele estava acompanhado de dois gigantes...

—Não viaja. – Piper disse. – Acho que você está começando a ficar doida Annie.

—É sério, porque eu iria brincar?

—Desde que Percy desapareceu você ficou meio paranoica. – Hazel concordou com Piper. – Hoje mesmo nós queimaremos a mortalha dele.

—Quem sabe se vocês conseguirão fazer isso hoje. – Alguém disse por trás da gente.

Olhamos assustadas e nos deparamos com Quíron de braços cruzados e uma expressão séria.

—Um grande exército de monstros está sendo formado na colina, eles até agora não atacaram, nós estávamos apenas esperando vocês três para começar uma reunião entre os líderes de Chalé.

Apenas assentimos e seguimos Quíron em direção a nossa sala de reuniões. Me perguntei o porquê do ataque ainda não ter acontecido. Eles provavelmente tinham um bom motivo.

Não sei se nossa sala de reuniões pode ser chamada disso, ela era formada apenas por uma mesa de pingue-pongue, que era nosso quartel-general desde a guerra contra Cronos. Vários semideuses estavam dispostos ao redor dela, sentados em cadeiras de plástico do tipo que nós encontramos em qualquer barzinho de esquina.

—Muito bem. – Quíron começou. – O conselho de guerra está reunido.

—Já está passando da hora de criar um novo quartel. – Connor Stoll disse abanando as mãos. – Essa daqui está começando a ficar pequena e quente demais.

—Cala a boca e vamos dar atenção ao assunto mais importante no momento: a guerra. – Clarisse disse de forma autoritária.

Ninguém mais tentou atrapalhar, todos temiam a filha de Ares.

—Primeiro e mais importante, porque eles ainda não atacaram? – Perguntei.

—De acordo com uma pequena investigação que eu fiz usando seu boné da invisibilidade, eles estão esperando a chegada do comandante. – Léo disse sem mais nem menos, como se pegar meu boné sem minha permissão fosse algo comum, que ele fazia todo dia. Olhei para ele meio brava e deixei um aviso mental de mata-lo na minha primeira oportunidade.

—Quem seria esse “comandante”? - Jason perguntou.

—Eu não sei, eles só se referiram a ele usando esse nome. – Léo respondeu.

—Eu pedi a ajuda das caçadoras, em breve elas chegarão. – Quíron relatou.

—E as amazonas também, talvez demorem um dia ou mais. – Reyna completou.

—Precisamos de reforços pra no máximo uma hora. Talvez as caçadoras cheguem.

Mesmo unindo todas as forças de romanos, gregos, caçadoras e amazonas, essa batalha continuaria sendo perigosa, não eram os números de vantagem que ganhariam ela, mas sim os poderes individuais, nesse momento Percy dava falta.

—No Tártaro – Nico disse – as coisas não estão nada boas. Os espiões de meu pai temem esse comandante, eles disseram que todos os monstros estão vindo para essa batalha.

—Isso eu já suspeitava, depois de virar uma águia, sobrevoei o acampamento deles, é gigante. Todos os filhos de Gaia estão presentes. – Frank disse olhando pra mim buscando ajuda.

—Já é o suficiente, quero que todos saiam e mandem os chalés e legiões se preparem, quero que apenas os sete da última profecia fiquem aqui. – Quíron pediu.

Rapidamente as cadeiras se esvaziaram e os semideuses saíram, todos brincando e fazendo piadas, tentando acabar com o clima tenso pré-batalha.

—Nos últimos cinco anos nós tivemos dez confrontos Quíron, mas acho que esse será o pior. –Jason disse.

Quíron mal prestou atenção, ele olhava para o nada, distraído, pensando em algo. Seu semblante era triste e cansado.

—Já estou enjoado disso. – Ele falou finalmente. – Serão tantas perdas hoje, já não basta o Percy desaparecido. Vocês...

—Sim. – Nós respondemos juntos.

—Tomem cuidado para não morrer. Sem sua presença, esse acampamento está condenado a ruína.

Todos ficaram em silencio, refletindo. Oque o velho centauro disse era uma verdade que se tornava cada vez maior com o passar dos anos.

—Como foi no Olimpo Annabeth? – Léo perguntou mesmo já sabendo a resposta.

—Percy está em uma missão especial pelos deuses, em breve ele está de volta... – Eu comecei a dizer.

—Chega disso. – Hazel disse estressada. – Ele está morto pessoal, e já está passando da hora de queimar a mortalha dele.

Annabeth então se levantou e foi embora. Todos sabiam que ela sofria, mas sabiam também que já tinha passado da hora dela cair na realidade, afinal, apenas pela intervenção dos deuses Percy voltaria. E isso definitivamente não aconteceria.

POV Narrador

Quando o elevador se abriu, quase imediatemente, Zeus sentiu um frio na espinha. Ele reconheceu o encapuzado mesmo sem olhar para o mesmo.

O rei dos Olimpíanos sabia que a volta dele seria de um peso gigante para os semideuses, por isso ele mandou Annabeth para longe o mais rápido que pôde. Todas as palavras que foram ditas por Poseidon no fatídico dia que o herói do Olímpo sumiu passaram rapidamente pela cabeça de Zeus.

Poseidon disse que Percy voltaria mais forte, e que haveria guerra. 

O deus dos céus tinha acreditado apenas na parte da guerra. Sobreviver uma vez ao Tártaro, era algo muito difícil para um mortal, agora, sobreviver duas vezes, era impossível. E, por incrível que pareça o impossível tinha acontecido mais uma vez.

E a prova viva disso era o semideus parado na frente de Zeus.

Antes que Zeus pudesse falar algo, o semideus avançou em direção a ele numa velocidade absurda, e perfurou a barriga do deus com uma espada estranhamente familiar, deixando apenas o cabo da espada do lado de fora.

Sem muito esforço ele levantou Zeus apenas forçando a espada para cima, e com o braço que estava livre ele puxou o capuz. O rosto que se revelou era familiar, praticamente o mesmo de cinco anos atrás, isso é, se você levar em consideração o fato de que ele parecia muito mais maduro.

O rosto antes jovem, se assemelhava agora com o de um homem de 35 anos. Com uma barba negra, nem um pouco aparada, maxilares que se mostravam trincados, e ele se parecia rústico, qualquer mortal que olhasse para ele sentiria respeito, e principalmente medo. Os cabelos estavam grandes, quase pegando nos ombros, e muito bagunçados. 

Apesar de todas as diferenças, Zeus sabia muito bem quem era aquele semideus: Percy Jackson.

—Sentiu saudades de mim? - Percy perguntou. Sua voz estava grossa e ao contrário da de Piper, que fazia qualquer um responde-la pelo charme, a voz dele incitava medo.

—Por incrível que pareça, nenhum pouco, Percy.

—Onde estão os outros deuses? - O semideus perguntou, deixando um sorriso sinistro se espalhar em seu rosto. - Meus amigos gostariam de conhece-los.

Zeus olhou para as duas figuras que tinham chegado junto de Percy. Não reconheceu.

—Não é óbvio? Os deuses estão na sala onde o conselho se reúne. - Apesar de estar numa posição nada conveniente, Zeus respondeu ironicamente.

Ironia. O deus Olimpiano devia evitar ao máximo isso, ele sabia que Percy já não era o mesmo, mas mesmo assim ainda tentou brincar com o psicológico do garoto. Desde os tempos antigos a ironia sempre fora uma ótima forma de se provocar e descontrolar um oponente em uma batalha.

Mas Zeus se esqueceu de uma coisa. Eles não estavam mais nos tempos antigos. Tudo tinha mudado. E em pouco tempo o Olimpo caíria.

Eles mal viriam o perigo chegando, primeiro perderiam sua autonomia, e depois...

Perderiam sua existência.

 


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