O Rei escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 3
O encontro, quase, romântico


Notas iniciais do capítulo

Oie, sei que andei bem sumida... mas sabe como é época de festas, né? Espero que gostem do capitulo rs

Beijos



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Joan ainda não conseguia compreender a persistência e a loucura de Mikaela e, por mais que a questionasse sobre isso sempre ouvia a mesma resposta: essa é a única forma. Todos sabiam que envolver-se com alguém da família Rusten era sinônimo de problema e miséria e tinha sido assim por anos.

―Ele irá acabar com a sua tranquilidade, reputação e dinheiro – Joan havia a avisado com o olhar repleto de compaixão, entretanto Mikaela apenas sorriu e afirmou ser isso o que desejava.

―Joan, nunca pensou como seria ser normal? – Mikaela a questionou com o olhar sonhador – Vivo me perguntando isso – confessou antes de voltar a sua atenção para o livro que lia. Depois deste dia, Joan não se atreveu a falar mais nada.

Para ela, Mikaela era uma princesa que precisava ser independente para aprender sobre a vida.

Dias depois...

Mikaela mantinha a sua atenção focada no livro que aguçava a sua curiosidade em seu quarto quando um barulho peculiar lhe chamou a atenção. Um barulho irritante e incessante. Seu olhar direcionou-se ate o aparelho ultrapassado que Thorsten havia lhe entregado dias atrás. Resmungou antes de levantar-se da cama e ir ate a penteadeira.

Havia apenas uma mensagem.

Amanhã. 13h no Parque Principal.

Mikaela sentiu suas mãos trêmulas ao colocar o celular de volta no lugar. O dia que ela postergara enfim tinha chego e nada iria poder salvá-la.

―Preciso ficar calma, apenas isso. – Disse a si mesma inúmeras vezes antes de se render e tomar uma de suas pílulas.

***

Um dos mais belos e movimentados parques da Suécia localizado, em uma pacífica ilha ao leste de Estocolmo era conhecido como o Parque Principal. Inúmeros turistas entusiasmados visitavam o parque. O parque Djurgarden conseguia mesclar o esplendor natural da paisagem com características românticas. O lugar ideal para um encontro. Um belo lago completava a idílica paisagem como se pudesse refletir as matizes do brilhante céu azul.

Em meio às pessoas entusiasmadas e sorridentes, Thorsten mantinha sua expressão inalterada. Thorsten mantinha-se parado ao lado de seu secretário e amigo, enquanto olhava em volta em busca de sua noiva, a qual ainda não havia dado nenhum tipo de sinal.

― Talvez ela tenha desistido – O secretário de Thorsten disse com a voz baixa ao olhar discretamente à sua volta.

―Ela não fará isso – Respondeu concentrado ao olhar para frente. Apesar de poucos minutos depois sentir-se um tolo. – Ela não pode fazer isso comigo – Murmurou com olhos raivosos até perceber uma movimentação diferente.

Um grupo de pessoas movimentaram-se como se estivessem dando passagem a alguém, e não demorou para ele reconhecer uma escolta e em seguida Mikaela com o olhar desanimado. A princesa transparecia toda a sua má vontade e descontentamento pela sua postura e olhar. Naquele dia, a princesa trajava um vestido floral que ia ate o meio de suas pernas e seus cabelos encontravam-se presos. Ela estava perfeitamente arrumada. E perfeitamente depressiva. Entretanto, isso não causou nenhum efeito em Thorsten, o qual mantinha a sua expressão neutra ao encará-la, a espera de sua aproximação.

Logo que Mikaela parou em sua frente ele sentiu o aroma doce de seu perfume, e fez uma careta em seguida. Ele odiava aromas adocicados.

― Aqui estou o que devo fazer? – A voz fria e completamente profissional de Mikaela o fez sorrir satisfeito.

A expressão incrédula e ultrajada da princesa ao sentir a mão de Thorsten em seu braço o fez ter certeza sobre o quanto ela odiava aquela situação. Ele a notou estremecer no momento em que a tocou.

― É bom se acostumar. Afinal teremos contatos como esse – comentou indiferente – Um fotógrafo está tirando fotos nossas. – Como se tivesse sido atingida por um raio, ela começou a tremer e não demorou para a palidez tomar conta de sua face – Eu o contratei. Se continuar com essa expressão, poderão pensar que eu a sequestrei.

Mikaela controlava-se ao máximo para não afastá-lo de si e correr para o seu refúgio. Mas a cada segundo a presença dele se tornava mais consciente. O calor do corpo dele contra o seu, o toque de sua mão em seu braço, o cheiro dele tão próximo a si. Tudo isso apenas a deixava trêmula e assustada.

Eu não vou conseguir.

O coração de Mikaela batia descompassado, inversamente proporcional aos passos lentos que dava com Thorsten. Ela sentia os olhares das pessoas em si, os sussurros, os risos, os gritos; nada a fazia sentir confortável e tolerante para com a situação. A única coisa agradável era a paisagem quase idílica.

―Eu não vou conseguir – Ela confessou minutos depois ao parar abruptamente ainda com a mão dele em seu braço – Eu... vou para casa – Ele não a soltou apesar dos esforços dela. – Me largue – Sua voz refletia o seu estado de espirito. Solitária, triste e desesperada. – Me largue – Repetiu como se isso fosse ajudá-la se afastar, porém Thorsten apertou o seu braço.

―Temos um contrato. Não seja tão mimada – Disse ríspido ao puxá-la para si. Seus corpos tão próximos provocaram desespero na princesa – Pare de agir como se eu estivesse a estuprando.

―Eu só...

―Droga! – Thorsten proferiu com raiva aproximar o seu rosto do dela – Se não quiser que eu a beije, apenas pare. – A ameaçou esperando que ela parasse ou sorrisse, mas o efeito foi o contrário. Ela se desesperou ainda mais. Impaciente disse o que lhe veio à cabeça – Se não parar jamais será livre, é isso que quer? Continuar sendo a merda de um pássaro na gaiola? – Mikaela o encarou pasma.

―Eu não sou um pássaro – Disse ainda atordoada.

―E quem se importa com uma merda assim?

―Eu – Falou sem perceber e logo se deu conta que o medo diminuíra. – O seu... amigo já está tirando fotos nossas?

―Desde que chegamos – Admitiu com casualidade – Podemos voltar a andar como pessoas normais sem que você tenha uma crise de pânico? – Ela assentiu constrangida. Eles caminharam pelo parque por mais alguns instantes ate pararem, minutos depois, em cima de uma ponte existente no centro do parque. – Agora vem a parte mais difícil. – A abraçou, puxando, para si – Só não faça essa expressão. Fique normal.

Mikaela engoliu em seco ao sentir as mãos dele em sua cintura. Controlou o seu medo, enquanto a vontade de espernear e gritar aflorava em seu íntimo. A cada segundo, seu corpo notava ainda mais a presença dele tão próximo a si. Ela percebia os segundos se arrastarem até que, aliviada, o viu afastar-se dela. Sua respiração retornara calmamente ao normal.

―Isso deve estar bom – Thorsten comentou ao olhar em volta. Pegou o aparelho celular em seu bolso, digitou rapidamente e logo assentiu – Ele já tem as fotos que precisa. Pode ir embora – falou sem emoção não percebendo o olhar vazio da mulher ao seu lado.

―E agora? – Mikaela questionou com a voz, baixa evitando encarar o homem próximo a si.

―Vamos esperar a realeza atacar.

Mikaela o encarou por um segundo antes de desviar o olhar.

Eu não deveria ter aceitado participar disso.

***

Na bela cidade de Oslo, o estonteante palácio encontrava-se tumultuado no inicio da manhã. Todos os empregados conversavam entre si, emitindo olhares cúmplices assim que avistavam alguém da realeza. Uma fumaça de intriga começava a formar-se na cidade real.

Na cidade, não havia uma só pessoa que não soubesse da notícia mais impactante que tiveram há anos. A princesa Volden havia retornado à mídia e trazendo consigo um companheiro excêntrico, um homem odiado por todos que tinham o sangue real.

Em um dos salões do palácio de Oslo, o rei mantinha a sua expressão raivosa ao olhar pela janela, a qual dava acesso a um dos mais belos jardins do país.

―Querido, será que isso é um aviso? – A rainha Adine disse com o olhar preocupado. Desde que fora coroada rainha, ela sabia do perigo que a família Rusten representava para eles, para o seu reinado. – Deveríamos fazer alguma coisa – Sua voz resplandecia a preocupação que lhe afligia.

Olhou para o seu marido tentando encontrar alguma esperança para conter o possível ataque que receberiam. Percebeu o corpo já envelhecido do rei, os olhos cansados e os cabelos brancos que avançavam cada vez mais. O rei Sean havia sido um jovem estonteante em sua juventude, entretanto, o trabalho real havia lhe envelhecido mais do que gostaria. Adine pegou a revista que se encontrava acima da pilha e leu sem perceber o tom raivoso de sua voz.

O maior assunto da semana está sendo sobre duas pessoas nunca vistas antes juntas. A princesa Mikaela Volden, herdeira do trono da Noruega, e Thorsten Rusten foram vistos em um encontro romântico na Suécia. Após o sumiço da princesa Mikaela Volden por anos, eis que ressurge totalmente diferente. Como pode ver pelas fotos ela está, quase, irreconhecível. Será que Thorsten se tornou preparador físico ou estamos presenciando um romance exótico?

―Como isso pode ser verdade?

O rei suspirou antes de virar-se e encontrar a sua esposa. Uma esposa que havia sido escolhida pelos seus pais, e que ele aprendera a amar apesar de seus defeitos. Adine pensava apenas em poder e dinheiro.

―Deve ser algum engano. Mikaela jamais se permitiria ser usada por alguém dessa família desprezível.

―Fala como se a conhecesse – O veneno saia de seus lábios facilmente como uma brisa que balançava as flores: de forma natural e tranquila – Ela está ridícula. Como uma princesa, herdeira deste trono, ficou tão desleixada? O que os pais dela estão pensando? Alguém tão nobre não deveria ter um corpo como esse aqui – Disse ao jogar o jornal no chão – Se você não fizer nada, eu farei.

O rei suspirou ao tentar acalmar-se.

―Não se meta, Adine. Se ele fizer algo, eu farei. Senão, vamos deixar tudo como está. Minha família brigou com a família dele durante anos, apenas vamos manter a paz.

―Como se algo como a paz fosse possível. Ela é apenas superestimada.

―Já chega, Adine – Gritou impaciente – Se eu souber que fez algo se arrependerá.

―Mas...

―Não continue se quiser prosseguir sendo a exemplar rainha de Oslo – A ameaçou com olhos frios antes de sair da sala. No instante em que se viu no corredor, suspirou pesadamente. Ele odiava falar daquela forma com Adine, mas sabia que se não fizesse ela poderia causar algum problema. – Preciso descobrir o que Thorsten deseja ao se envolver com Mikaela, mas, acima de tudo, tenho que tomar cuidado com Adine. – Um suspiro de frustração escapou de seus lábios ao caminhar sem destino. Sua mente vagava por todas as possíveis resoluções para o problema que se aproximava dele.

Ainda sentada, Adine, sorriu ao pegar o seu aparelho celular. Discou um numero que havia decorado muito tempo atrás não demorando em escutar a voz do homem no outro lado da linha.

― Conseguiu um trabalho – declarou vitoriosa – preciso que assuste uma pessoa. – Um sorriso perverso enfeitou a face da rainha de Oslo.

Ninguém irá tirar esse trono de mim, pensou com o ódio brotando em seu coração.

***

Mikaela jamais imaginara o quanto a sua aparição iria modificar a sua vida. Claro que ela já pensara sobre a repercussão que haveria, mas jamais passara pela sua mente o quão afoitos e desesperados todos estariam por uma foto ou entrevista sua. Inúmeras teorias já rondavam por todos os lados sobre o seu desaparecimento da mídia por todos aqueles anos. Desde o seu aparecimento, ela não sairá mais para o jardim frontal com receio de ser vista por algum fotografo. Ela havia se libertado de uma prisão para adentrar em outra.

Por mais que as notícias sobre a sua aparição estivessem circulando pela Internet, assim como a sua, possível, relação com Thosten, o que mais a atormentava era imaginar a reação de seus pais ao descobrirem o seu casamento.

Naquele início de tarde, a princesa mantinha a sua atenção no livro em suas mãos, enquanto relaxava na biblioteca. Seus cabelos estavam soltos e o vestido que usava lhe deixava confortável.

― Princesa – a voz de Joan a despertou da história intrigante – Temos um problema – anunciou sem jeito.

― O que houve?

― O senhor Thorsten Rusten parece que dará uma entrevista.

― Isso é uma piada?

― Infelizmente não – Meneou a cabeça atordoada.

Sem ao menos pensar com coerência, Mikaela levantou-se da poltrona e seguiu para o seu quarto, ao entrar olhou para o aparelho que Thorsten havia lhe entregado. O aparelho que não saia do lado de sua cama. Apertou um único botão e logo escutou a voz rude e mal humorada de seu noivo.

― Entrevista? – começou ao tentar controlar o tom de sua voz em vão – Como ousa marcar algo assim sem me comunicar? Espero que não esteja querendo anunciar o nosso noivado.

Do outro lado da linha, Thorsten apenas se manteve em silêncio até perceber que ela se calou.

― Não precisava ligar tão histérica – disse com a voz impaciente – Não sou desocupado como você, princesa. Conversas triviais como essa apenas me atrapalham, e saiba que eu não pretendo falar sobre nós nessa entrevista. Isso não está dentro dos meus planos.

― Então sobre o que irá falar?

― Acredito que não importe para você, princesa – Diz com escárnio – Se for apenas isso vou desligar – anunciou antes de desligar sem importar-se com ela.

― Que droga foi essa? – Mikaela se perguntou ainda segurando o aparelho. E enfim ela percebera que toda a vida de Thorsten se resumia a boatos e histórias sobre a sua família. – Preciso saber tudo sobre ele. Boatos não surgem do nada – Tornou decidida.

***

No momento em que Thorsten desligou o aparelho celular, o seu olhar percorreu o lugar onde estava. Um escritório escuro e silencioso. Thorsten tentava ignorar os gritos que ecoavam em sua mente sempre que adentrava aquele local, pois sabia que aquele tipo de negócio representava um risco alto demais para pagar naquele momento. A FN foi a primeira coisa que construiu com seu próprio esforço. Aquela empresa de modelos era sua, mesmo que ninguém pudesse saber, pelo menos não ainda. FN conseguia ser o seu refúgio apesar de todo o ressentimento que preenchia o seu íntimo.

Por culpa daquela família fui renegado por todos, mas isso irá acabar quando anunciar o meu noivado e em seguida derrubá-los, pensou amargurado. Pela primeira vez naquele, dia sentia-se mal pela escolha que fizera no passado, apenas para ter o que era seu por direito.

Fiz apenas o necessário para sobreviver.

Repetiu aquilo incontáveis vezes em sua mente até ser distraído por uma voz familiar. O seu secretário, Grant, lhe chamava de forma contida e educada.

― O que houve? – Thorsten indagou sem encará-lo.

― É perigoso para a empresa que fique aqui – Tornou sem graça. Grant não achava justo tudo pelo que Thorsten tivera que passar em sua vida.

― Ninguém irá me ver e de qualquer forma não importa – O desânimo conseguia ser escutado com facilidade – Logo todos descobrirão a verdade – Deu de ombros ao se virar e encarar Grant percebendo um envelope em sua mão – Algo que devo assinar? – Ele negou ao lhe estender. Com calma, Thorsten abriu e se deparou com inúmeras perguntas – Isso é para a entrevista?

― Sim, precisamos treinar todas as perguntas possíveis, apesar deles terem enviado as que farão, mas não confio neles.

― Você não confia em ninguém, meu amigo – sorriu levemente antes de começar a ler. A cada pergunta sentia a sua garganta secar e a raiva lhe consumir – Isso é...

― São perguntas que podem ser usadas – Disse com calma ao perceber o semblante de Thorsten – Todos vão querer saber sobre a sua família, seu dinheiro, e se os boatos são verdadeiros. Não há como escapar dessas perguntas.

Thorsten olhou para o papel à sua frente e em seguida ao seu redor.

― Não sei se fiz a escolha certa indo atrás de vingança – Murmurou cansado – Sinto que o único que sairá sem nada serei eu.

― Ainda pode desistir.

― Não, eu não posso – assegurou firme – Confirme a entrevista e talvez eu possa tornar tudo mais interessante.

Grant apenas assentiu antes de se retirar da sala e seguir para o elevador. Por mais que gostasse de Thorsten, temia o dia pelo qual ele conseguisse o poder que tanto ansiava. Para Grant, o poder transformava qualquer pessoal em um monstro.


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Notas finais do capítulo

Ah, não posso esquecer de comentar que o parque mencionado não é conhecido como o parque principal, mas ele existe, viu? rsrs e é super lindo pelo que vi nas fotos.

Comentem o que acharam xD
Beijinhos e ate a proxima!



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