O Rei escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 2
O contrato


Notas iniciais do capítulo

Silvinha Hyuuga, muito obrigada pelo seu comentario anterior.. E a todos os leitores..sejam bem vindos xD



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Todo o corpo de Mikaela tremia violentamente no momento em que fechou à porta da sala atrás de si. Permaneceu de escorada na porta sentindo a rigidez e frieza do material. Nada conseguiria movê-la, não enquanto seu corpo continuasse lânguido, apavorado e repleto de receio. Há muito tempo não se sentia daquela forma vulnerável e frágil. Sentia seu rosto molhado devido às lagrimas nervosas que caíam, e infelizmente não conseguia controlá-las. Ela ainda conseguia sentir seu coração bater descompassado ao perceber o olhar de Rusten em si. Sua mão ia de encontro aos seus lábios com o único intuito de impedi-la de gritar. O desespero crescia violentamente em seu íntimo como uma escuridão que se alastrava apesar da luz.

Não conseguia mover-se. Seu cérebro permanecia congelado na imagem de Rusten.

Não posso continuar assim.

Repetia incontáveis vezes em sua mente em busca de algum incentivo, mas não conseguiu efeito.

―Princesa? – A voz inquieta de, Joan, sua secretária não conseguiu tirá-la completamente de seu estado histérico. O olhar de Mikaela voltou-se para a mulher assustada ao seu lado e simplesmente não conseguiu dizer nada. – O que houve? – a voz da secretária transparecia o medo que sentira – O senhor Rusten fez algo? Vou chamar a segurança – disse alarmada, mas Mikaela negou em silencio. – Então...

―Preciso respirar, somente, isso – A assegurou, pálida.

Não posso continuar assim, Pensou antes, de respirar fundo e controlar-se o máximo possível, pois sabia que tudo estaria perdido se continuasse a agir daquela forma.

―Rusten tem um contrato, preciso que pegue e acrescente algumas condições. Entendeu? – a Joan concordou ainda assustada – entre logo lá, precisamos terminar isso o quanto antes. – esperou com ansiedade a sua secretária desaparecer para reunir o restante de sua força e seguir para o seu quarto. Ela precisava se acalmar.

Arrastou-se pelo extenso corredor ate vislumbrar as escadas em mármore branco. Segurou-se no corrimão ao subir degrau por degrau, lentamente.

―Essa é a minha única chance – Murmurou ao olhar para frente – Preciso ser forte agora – A cada passo tentava controlar sua respiração. Mikaela jamais imaginara que odiaria a distância do seu quarto, mas pela primeira vez acontecia. Quanto mais rápido chegasse ao seu quarto mais rápido poderia relaxar a base de seu remédio. Seus passos começavam a tornarem-se desastrados quando avistou a porta do seu aposento. Viu-se sorrindo, aliviada, no instante em que abriu a porta, refugiando-se em seu quarto. Um sorriso terno e amedrontado que resplandecia os temores em seu interior.

O aposento da princesa Mikaela conseguia ser mais deslumbrante que a entrada do castelo. Um grande tapete em tons claros decorava o chão, a cama dossel encontrava-se no centro do quarto, ao lado direito do banheiro havia uma penteadeira e do outro lado havia a porta do closet. Mikaela dirigiu-se para a penteadeira, abriu a gaveta de cima e sorriu ao ver o seu frasco de remédio. Suas mãos tremiam, percebeu ao abrir a tampa e pegar um comprimido. Não pensou antes de levar ate a boca e engolir.

Ela sentiu o comprimido descer por sua garganta, o leve sabor amargo, e, não conseguiu evitar de sentir pena de si mesma. Olhou para si no espelho em frente, sem saber o que deveria achar de alguém como ela. Tocou em sua, face sentindo, a maciez de sua, pele e, em poucos, instantes seu, rosto ficara vermelho.

―Falta pouco – Murmurou para si mesma ao dar as costas à penteadeira e seguir para a poltrona próxima à cama. Sentou-se de forma elegante, enquanto esperava sua secretária. Ela não poderia fazer nada de errado agora. A sua chance de ser livre estava próxima bastava que seguisse todo o plano e tudo acabaria bem. Fechou os olhos a esperando a calmaria tomar conta de seu corpo.

Mikaela não saberia dizer quando pegou no sono, mas acordou sobressaltada ao sentir o toque de alguém em seu ombro. Abriu os olhos atordoada e ao perceber quem era, sorriu.

―Pegou o contrato? – Indagou a sua secretária, Joan.

Ela sorriu preocupada ao entregar a Mikaela um envelope. Joan encontrava-se com seus trinta anos. Seus cabelos negros sempre estavam presos, sua roupa sempre sóbria e seu semblante sempre preocupado. ― Sente-se ali, Joan. Irei ler, escrever as mudanças e irá redigi-lo. Ele precisa estar pronto em duas horas.

―Qual o motivo da pressa? – Indagou contida, pois sabia que Mikaela detestava ser questionada.

―Não posso ser parada agora – Murmurou ao iniciar a leitura do contrato que Thorsten levara.

O quão confiante ele pode ser ao ponto de trazer um contrato sem ao menos me conhecer? Como ele poderia supor que eu aceitaria o seu patético acordo?

Talvez...

Ele saiba de tudo.

Um tremor passou por seu corpo ao tentar se recordar das expressões dele.

Se ele, soubesse não, teria permanecido tão calmo. Ele teria me olhado daquela forma... da única forma com que sou olhada pelos meus pais, com desprezo.

Demorou alguns minutos ate sua concentração fixar-se no documento a sua frente. O contrato era mais detalhado que ela gostaria. A cada novo parágrafo uma recomendação podia ser lida. Ele queria controlá-la o máximo possível. Quando terminou de ler, depositou o documento em seu colo e olhou para sua secretária.

―Traga-o aqui em cima. Seja discreta.

A expressão na face de Joan revelou o quão absurda era aquela ordem. Ela sabia disso, mas não poderia discutir o que desejava em uma sala onde qualquer um poderia escutar. Ela precisava de privacidade. Apesar de hesitar, Joan, não teve outra opção a não ser acatar a ordem.

Os olhos de Mikaela retornaram para o documento a sua frente. Muitas questões teriam que ser retiradas e outras modificadas, mas seria o suficiente para ela.

Uma ovelha negra nobre que acabará me ajudando. Irônico.

Pensou com amargura ao sentir um calafrio percorrer o seu corpo. Seu corpo começava a demonstrar sinais de cansaço quando escutou batidas na porta.

―Pode entrar – Disse da forma mais normal que conseguiu. Não expressou nada ao ver Joan acompanhada de Thorsten, o qual a olhava com curiosidade – Sente-se – Apontou para uma poltrona em frente a dela. Não conseguiu evitar que seus olhos percorressem o seu corpo e percebesse inebriada, o modo como à calça se ajustava em suas pernas as deixando torneadas, a forma como o paletó lhe cai bem. Ela esperou que ele se acomodasse para abrir o documento – Precisamos modificar algumas partes desse contrato. Primeiro colocaremos as minhas condições, depois precisamos retirar tudo que não seja conveniente no momento, e, então, a minha secretaria irá redigir um novo contrato e carimbá-lo. Ela tem autorização para autenticar qualquer documento. Este novo documento será como um pré-casamento. Só poderá ser anulado caso algo que conste neste contrato não seja cumprido ou se os dois estiverem de acordo. Compreende isso? – indagou ao homem que a analisava minuciosamente. – Se não falar nada não poderei seguir com isso.

―Estou curioso sobre os seus motivos – Sua voz calma e traiçoeira a fez arrepiar-se. Ela tinha um péssimo pressentimento sobre ele – Está agindo como uma fugitiva, alteza – a ironiza em sua voz não a surpreendeu – Tens um segredo pelo visto, espero que ele não influencie os meus planos.

―Não irá – Garantiu com frieza. Seus olhos mantinham-se fixos no homem a sua frente apenas para não demonstrar o seu coração destroçado. – Nada em meu passado poderá manchar a sua reputação, afinal ela já é péssima, certo? – Sorriu levemente – Se isso for suficiente podemos retornar ao contrato?

―Claro, alteza.

Mikaela ignorou o sarcasmo em sua voz. Ela não queria lidar com aquilo naquele instante.

―Vamos começar então – Joan lhe entregou uma caneta assim que Mikaela estendeu a mão – Parágrafos sobre como me comportar é ridículo – falou ao riscar um parágrafo – Sou uma princesa desde que nasci, senhor Rusten, sei me comportar devidamente.

―Tem certeza? Irá ficar noiva de um homem como eu. Tenho certeza que nunca foi humilhada, alteza.

―Todos são humilhados em algum momento de nossas vidas – respondeu com um sorriso amargo – o próximo item será sobre aparições em mídias. Não posso aparecer ate meus pais retornarem, e mesmo após, não pretendo fazer da minha vida um circo.

―Preciso de aparições para que acreditem nessa mentira.

―Eu não irei fazer isso.

―Então não nos casaremos – deu de ombros – Posso conseguir o trono de outra forma. Uma mais difícil, é verdade. Mas não serei controlado por uma princesa fútil e inútil. Não esta feliz em verem que engordou? Isso é insignificante.

―Não sou tão.. – calou-se ao perceber que iria falar mais do que deveria – Poucas aparições. Apenas isso.

― Não me importo se forem poucas, contanto, que tenham provas que estamos juntos.

―Próximo item – murmurou ao folhear o documento – Sobre lhe obedecer no que isso irá acarretar? Preciso de exemplos.

―Não precisa. Obedecer-me é exatamente isso. Preciso que me obedeça.

Mikaela suspirou frustrada. Não posso perder essa chance.

― Não estou concordando com isso, mas por hora fingirei concordar com isso. – Ele apenas deu de ombros como resposta. – Colocarei minhas condições aqui, as minhas três condições. E quando pretende começar a história de noivado?

― O quanto antes. Preciso ir a Oslo, então uma semana. É suficiente? – ela afirmou concentrada.

― Devo ir a Oslo também?

Thorsten a olhou como se pensasse seriamente sobre aquela questão.

― Sim, mas antes devemos aparecer em algum lugar juntos aqui.

― Eu não ...

― Não tem outra opção – Thorsten argumentou impaciente – Não posso deixar meus planos fracassarem porque teme ser vista. Isso está fora de questão. Você tem que aparecer comigo ao seu lado. – Mikaela o olhou com desprezo ao concordar em silencio.

―Essa cláusula... é ridícula – Ela se viu falando – Se eu lhe desobedecer tudo estará acabado? – Thosten a encarou seriamente.

―Se me, desobedecer não, a deixarei desaparecer após um ano.

―Isso é ridículo e ultrajante.

―A vida não é justa, alteza – Disse com repugnância – Mais alguma coisa que deseja discutir?

―És realmente difícil de convencer – Falou ao suspirar – Não deseja que tenhamos outras pessoas, é isso?

― Minha vida já possuí escândalos demais. Não desejo ser visto como um corno ganancioso e duvido que deseja ser vista como uma vadia manipuladora. – Ela corou de raiva ao escutar tais palavras – estou apenas facilitando nossas vidas.

― Facilitando. Ótimas palavras – Murmurou antes de falar sobre a nova e ultima clausula – Teremos que dormir no mesmo quarto. O que é isso?

― Não pretendo ser taxado de mentiroso. Empregados são fofoqueiros. E não precisa se preocupar, não tenho nenhuma intensão de tocar em você. Já disse. Mulheres como você não me interessam.

― Como eu, entendi – Sussurrou com o olhar distante. – Acredito que já temos tudo – concluiu ao entregar o documento a Joan – Redija isso o mais rápido possível e traga para que seja assinado.

Joan assentiu antes de ir em direção a porta.

― Precisa que eu chame alguém, princesa? – Questionou preocupada ao perceber que Thorsten mantinha-se estagnado.

― Não, pode ir – Falou séria ao sentir o efeito do remédio em seu corpo. Seu olhar dirigiu-se para o homem a sua frente e indagando-se se deveria ou não tentar conversar com ele.

Isso é ridículo. Não sou uma anfitriã. Pegou-se pensando irritada consigo mesma.

Cruzou os braços em frente ao seu corpo, enquanto tentava ignorar a presença do homem a sua frente. Sua mente começara a lhe irritar, pois seus pensamentos sempre iam de encontro a alguma tópico de conversa para iniciar com ele.

― Um dia terei que saber o motivo que te fez agir dessa forma – Thorsten falou sério ao olhar para a princesa sentada a sua frente. – Não poderei lhe ajudar caso esteja fugindo de alguém, como imagino que está fazendo.

Mikaela escondeu a sua surpresa embaixo de sua expressão fria como se habituara a fazer. Apenas o olhou, e sem, nada a dizer, desviou o olhar. O silêncio impregnou o ambiente como uma nuvem de inquietude tempestuosa. O olhar de Thorsten não se desviava do semblante inexpressivo da princesa sentada a sua frente. A sensação de ela estar escondendo algo não era agradável.

Ser enganado era a última coisa que desejava naquela etapa de sua vida.

Seus pensamentos começaram a divagar ate a porta ser aberta pela secretaria de Mikaela.

― Aqui está, princesa – Joan falou ofegante ao entregar a cada um, uma copia do documento – Espero que esteja de acordo com os seus desejos – Mikaela leu o documento rapidamente, estendeu a mão para a sua secretaria, a qual lhe entregou uma caneta, e assinou sem hesitar.

― Agora somos noivos – Mikaela anunciou sem emoção ao entregar a caneta a Thorsten – Espero que não esteja planejando dar um golpe na família real de Oslo.

Thorsten apenas sorriu de forma sombria ao assinar o documento.

― O que esperava de uma ovelha negra? – Falou ao entregar o documento a Joan. Retirou um aparelho celular do bolso e jogou em seu colo – Essa será a forma como nos comunicaremos. Meu número está na discagem rápida. E não se esqueça de que a partir de hoje é minha noiva, Mikaela Volden.

― Sua noiva temporária e não o seu objeto, Rusten – Respondeu atrevida ao se, levantar ficando, de frente para ele.

Se ela fosse mais alta todo esse excesso de peso não faria diferença. Pensou ao observá-la antes de dar de ombros. Ela é apenas um meio para atingir o meu objetivo. Apenas isso. Não me importo como seja.

― Te ligarei para informar o dia do nosso encontro, Mikaela.

O seu nome saindo dos lábios de Thorsten deixou-a paralisada. Ela não se sentira encantada ou enjoada, apenas não sentiu nada. A sensação que tivera foi de sentir uma brisa fria e nada mais.

― Faça como desejar – Tornou ao encará-lo. Mikaela sabia que seus dias iriam se tornar problemáticos a partir daquela data, mas era a sua única forma de ser livre.


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