Céu e Mar escrita por ParkBruh


Capítulo 8
Capítulo VIII - Você balança meu mundo


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora!! Mais o tamanho do capitulo deve compensar minha demora. Espero que gostem e boa leitura!



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Capitulo VIII – Você balança meu mundo.

 

  Minha cabeça estava doendo muito, só que nem chegava perto de como me sentia por dentro depois que fora traído por minha família daquele jeito horrendo que Poseidon e Reia – a vadia – me trataram. Por quê? O que planejavam me jogando direto na boca de Caríbdis? É isso que se passa em minha cabeça agora, quem sabe não se passará sempre? Quando penso em como protegi, defendi, manchei meu orgulho por causa de meu pai... Meu coração se quebra como uma janela ao receber uma pedrada muito forte de arruaceiros. Tudo dói! Meu corpo, alma, coração: tudo! Tudo mesmo! Nem faço idéia de quem sou, ou o que faço.

  Meus braços estavam em volta de mim, apertando tanto que senti meus músculos protestarem. As lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, meu cérebro não trabalhava. Acho que ele foi tirar uma folga de trabalhar vinte e quatro horas por dia, descansando somente quando durmo. Eu sei muito bem que meus olhos estão abertos, mas não conseguia focar-me em algo. Tudo permanece confuso, ainda nem faço idéia de quem eu sou exatamente, nem o que faço ou onde estou nesse instante.

  As coisas não fazem o menor sentindo pra mim, tudo está embaçado como um vidro em um dia de chuva, ou talvez até pior. Ouvia meus balbucios, mas não conseguia identificar o que eles significavam porque o som não penetrava meus ouvidos; só percebo que tudo parece uns sussurros esquisitos. Por quê? Pergunto-me o que fiz pra merecer tudo isso que aconteceu em meus 17 anos de vida. Os olimpianos mereciam sobreviver? Mereciam comandar esse mundo tão hipócrita que vivo? Tudo está podre, tudo não passa de um conto de fadas paras todos, mas eu sei que a realidade é mais cruel do que imaginam. Cronos estava certo, os olimpianos não merecem cuidar da humanidade. O tempo deles acabou. Tudo que farão é ver como aquilo que eles preservaram irá ser destruído pedaço por pedaço; pedra por pedra. Ah sim, os idiotas verão como é bom humilhar os meios-sangues, verão que eu não sou burro nem nada parecido. Eu devia ter escolhido ajudar meu avô quando tive a chance, devia aniquilar o Olimpo para nuca poder se reconstruir.

  Meus pensamentos voltaram, mas eram malignos e vingativos. Minha visão voltou e percebi que estava num quarto muito bonito, percebendo que o dono tinha um bom gosto. Foquei os olhos no chão, vendo que o mármore era bem antigo e raro, feito de algo bonito e complicado; na verdade, tudo nesse quarto é feito de material incomum das cidades da qual já passei – e olha que são várias. O chão é azul como o oceano e, não sei se é impressão minha ou não, só que juro que vi peixes nadando pacificamente pelo chão como se nada acontecesse na superfície, chegando a ser mega estranho. As paredes tinham desenhos do mar. Os peixes, as algas, tudo que tem dentro do oceano e lhe trás uma beleza magnífica. Já observei as crianças olharem encantadas para o mar, ver como a beleza dele é tão esplêndida a ponto de você querer juntar aquela quantidade gigantesca de água, querer fundir-se a ela para assim se tornarem um só. Eu mesmo já desejei isso quando era criança e ia à praia com minha mãe, antes de Gabe nos impedir dizendo que não tínhamos dinheiro suficiente.

  O teto parecia ser transparente, pois mostrava o céu estava tão límpido e puro como eu nunca havia visto antes. É como se fosse um mar tão azul... Chegava a me deixar paralisado só de olhar aquela beleza sensacional que via nesse instante. Mas uma voz soou cansada e irritada ao mesmo tempo:

  - Ah, a donzela adormecida acordou.

  Olhei na direção que devia ser a porta e vi uma garota simpática. Ela parecia bem irritada com algo, pois seu rosto estava franzido, as sobrancelhas erguidas e os lábios soltavam resmungos parecidos com pragas gregas. Ela era bonita, parecia uma mistura entre o céu e o mar, e não menos parecida com a terra. Os cabelos negros estavam presos na trança mais perfeita que eu já havia visto, superava até mesmo as mãos habilidosas das filhas de Afrodite lá do Acampamento Meio-Sangue. A pele bronzeada era perfeita, exatamente como eu desejava que fosse a minha, que parecia ser queimada pelos raios solares como a do papai é toda vez que o vejo – coisa que desejo nunca mais acontecer. Os olhos azuis profundos e brilhantes como o oceano, chegando a parecer calmo e suave como os mares que tenho o costume de ver todo o santo dia. Sério, juro que nunca vi uma garota tão bonita como essa que me olhava de um jeito engraçado.

  - quem é você? – perguntei, olhando na direção dela como um bobo.

  A garota ergueu mais ainda as sobrancelhas e fez um bico muito, muito bonito. Andou na minha direção, quando chegou perto o suficiente colocou a mão na minha testa; creio que devia estar medindo minha temperatura, mas eu me sentia vivo e bem como nunca me senti nesses dias tão dolorosos. Meu coração quase voou pela boca quando a mão dela encontrou minha pele, parecia muito... Tão... Ah, sei lá. Ela era a mulher mais perfeita que eu já havia visto em todos esses anos que meu cérebro foi capaz de identificar as coisas melhores, sendo que ela é melhor que Afrodite.

  - Pelo visto a febre já passou – ouvi a voz dela, que parecia o vento soprando com delicadeza, o mar com ondas tão leves que eram poucos perceptíveis. – Mais continua parecendo um idiota.

  Opa! Precisava ser grosseira? Mas, talvez, eu realmente estivesse parecendo um idiota acabado como um mendigo fedorento e imundo dos becos das cidades. Não como Apolo que daquela vez se disfarçara de mendigo, mas sim como Tyson antes de se revelar um ciclope e meu meio-irmão. Olhei para garota que cuidava de mim, e notei que ela tinha olheiras embaixo dos olhos, sinal que estava me vigiando o tempo todo; sem nenhum descanso.

  Pisquei um pouco, vendo se isso não era apenas uma ilusão e – Graças a Hades – não era uma coisa que minha cabeça inventara. Meus olhos encontraram aquelas águas maravilhosas que era os dela, vendo dúvida junto com a curiosidade refletidas nos olhos dela. Acho que ela não sabia o porquê que cuidava de mim se nem fazia idéia de quem eu era.

  - Juro que mato o imbecil do Poseidon – resmungou ela. – O que aquela cabeça cheia de peixes tem?

  Então a ‘miss’ beleza aqui conhece meu pai. Chega a ser intrigante, mas ao mesmo tempo normal. Tenho certeza que ela tem uma relação com o mar, já que sua casa é toda enfeitada pelos desenhos dos oceanos que nem mesmo meu pai tinha em seu castelo da vez que fui fazer uma visitinha a ele. Continuei olhando para a dona dessa casa onde estou, e ela também continuava me olhando com interesse.

  - Você... Conhece meu pai? – gaguejei.

  A senhorita da beleza arqueou uma sobrancelha.

  - Conheço. O Velho das Algas é meio louco, mas é homem de bom coração.

  Oh nossa! Tem um ótimo coração, só se for o contrario. Se tivesse mesmo um bom coração não me jogaria na boca de Caríbdis como ele e a psicopata da Reia fizeram a sabe-se lá quanto tempo. Nem sei quanto tempo fiquei em choque.

  - É, super legal – murmurei.

  Ela riu com meu comentário, se bem que não falei como piada; se ela quer rir que ria a vontade. Franzi o cenho, esperando que ela me dissesse logo o nome. Não tenho o dia todo pra ficar olhando-a, creio que ela deve saber disso.

  - Meu nome é Tálassa – apresentou-se.

  Fiquei surpreso em ouvir seu nome, afinal eu conhecia esse nome de algum lugar. Nem deu tempo pra pensar direito, eu dormi como uma pedra do nada.

oooOooo

  Credo! Mal acordei de novo e a louca já pediu para eu me aprontar pro treino, pois ela pegaria bem pesado, não deixando nada escapar de seus olhos. Fui obrigado a me arrumar as pressas, saí correndo para o lugar onde Tálassa disse que estaria me esperando para começar de uma vez o treino que Poseidon ordenara que ela fizesse. Não que eu me sentisse bem com a ordem vinda desse deus, mas ele continuava a ser meu pai, portanto teria que me acostumar com a proteção dele.

  Cheguei ao lugar e vi que era bem espaçoso, sendo perfeito para treinos de todo tipo, mas o meu seria com espadas. Soube que minha nova professora de batalha é bem habilidosa, pois eu mal pisei na área de treino e quase tive a cabeça decepada. Os movimentos dela eram perfeitamente calculados, o corpo movia-se como uma borboleta e os braços eram ágeis quando movimentava a espada para atacar o adversário. Ela disse que eu ainda não tinha sincronia e perfeição com minha espada, que eu ainda precisava treinar muito para ficar na altura de um Deus. Ofendeu, já que venci Ares uma vez e nem tinha treinado direito. Mas Tálassa comentou que eu tinha jeito para ser um grande espadachim, só precisava do treino certo.

  Hoje ela decidiu que me ajudaria em como ser rápido no campo de batalha com uma espada desproporcional em minha mão. Vou falar uma coisa: uma espada não é leve como todos pensam, mas essa espada que ela me deu parecia pesar uma tonelada e eu tinha que dar um jeito de empunhá-la direito. Tálassa usou uma igualmente pesada, só que pra ela parecia palito de fósforo; ela empunhava a espada com despreocupação, como se fosse uma coisa comum a fazer. Segundo minha nova professora, uma espada desse tipo traria desvantagem ao inimigo quando ele tentasse me desarmar e daria de encontro com uma espada pesada.

  Foi uma luta manter essa coisa na minha mão, o peso quase quebrou meu pulso e meus ossos do braço. O primeiro passo era eu conseguir empunhar a espada, tendo que fazer meus braços agüentarem o peso enorme da mesma, e só assim avançaríamos para o próximo passo.

  Um terror! Foram dias! Não, foram meses pra me acostumar com a merda da espada de sabe-se lá quantos quilos! Tálassa ficava apenas me olhando, esperando o dia que eu me acostumasse ao maldito peso daquela arma tão comum. Quando me acostumei com o peso, pensei que avançaríamos para, sei lá, algo mais perigoso; mas minha decepção foi que ela só fez aumentar o peso, fazendo eu quase perder meus braços de uma só vez.  Céus! Mundo Inferior! Hades! Sei lá! Ajude-me, por todo o Olimpo! Isso dói demais! Estou perdendo cada músculo do meu corpo. Sei que sou imortal agora, mas continuo sentindo dores de quando eu era – e tenho esperança de voltar a ser – um meio-sangue.

  Bom... Foram longos dias para me acostumar com novos pesos. Apesar de voltar pra cama bem dolorido depois de suportar espadas de vários quilos, graças a Hades tinha descanso de alguns minutos. A comida da Tálassa era uma delicia, passava da comida da mamãe. O bom é que era tudo saudável, sem essas coisas gordurosas que vendem por ai. É quase igual ao Acampamento Meio-Sangue, tudo light, nada que possa nos fazer mal. Abençoei meus raros minutos de descanso, e aturava os gritos de professora dizendo que eu não estava me esforçando e que assim nunca venceria Ares.

  Os treinos eram horríveis, mas ao menos eles me ajudariam na hora que eu precisasse mais do que nunca. Disso eu tenho certeza.

oooOooo

  - Vai comer ou não, Percy? – ralhou Tálassa, irritada.

  Ela falava isso porque não estava com cada parte do corpo totalmente dolorido. Havíamos acabado de treinar os últimos passos dos meus treinamentos, o que era uma verdadeira benção. Eu já tinha me acostumado com tudo: espadas pesadas, armaduras pesadas e tudo que me pudesse prejudicar antes em batalhas. Graças – ou não – aos treinos de Tálassa, eu agora sou quase infalível na batalha; vejo tudo, prevejo cada movimento dos meus inimigos, me movimento mais veloz que um leão, talvez eu esteja melhor que Aquiles nas guerras dos tempos antigos. Supero qualquer herói, até mesmo Hercules.

  - Vou, só estou tentando mover meu corpo – resmunguei. Poxa, é difícil se mover com o corpo todo acabado como o meu tava.

  Ela revirou os olhos, irritada. Ao menos pensou em mim, e me ajudou a ir até mesa para poder comer algo. Estou contente, pois hoje estarei descansando para amanhã já estar pronto pra voltar e chutar a bunda do deus da guerra de uma vez por todas. Não faço idéia de quantos  dias ou quem sabe meses treinamos, mas posso dizer que cada um foi realizado com muito esforço e determinação da minha parte e da Tálassa.

  O jantar foi agradável, sem estresse e nem nada do tipo, tudo na paz e amor. Suspirei aliviado. Nossa... Depois que o treino finalmente acabou quase desmaiei ali mesmo na arena de treino de tão cansado que eu estava. Já comentei que a comida de Tálassa é incrível né? Então não vou falar de novo, mas é uma delicia inédita! Meus braços – graças a Hades. – moveram-se com dificuldade, só que pude comer normal. Nunca dispensaria essa comida por nada, nem mesmo se me oferecessem ser um deus novamente ou assumir o lugar de Poseidon; se bem que ainda estou ressentido com meu pai, então fica difícil eu querer algo vindo dele, muito menos vindo daquela... Bah! Melhor nem falar nada!

  Fui o primeiro a terminar de comer, deixando minha professora pra trás e indo para a sala dela. A sala é um lugar aconchegante, bom para descansar ou ler em silêncio. É pintada de branco e azul, como o céu cheio de nuvens, a tinta é tão luminosa que talvez nem precise de luz exatamente. As lâmpadas são um modelo bem antigo, embora fossem mais duradouras que essas modernas, coisa que tenho certeza que a mamãe adoraria ter em casa. Os formatos das peças de porcelana – como a coleção de xícaras, talheres, pratos, bules e outros tipos de coleções – eram tão bonitos. Tenho até vontade de roubar – coisa que um filho de Hermes já teria feito há muito tempo.

  É engraçado que tenha rádio aqui. A casa da Tálassa é um lugar bem desconhecido. Esqueci de falar, para chegar aqui nessa casa é preciso da força que Caríbdis cospe para poder entrar nos domínios dessa casa tão legal. Tudo é feito de um material bem antigo: as tintas, os objetos e até mesmo a madeira é bem antiga. Ou seja, um lugar super perfeito para morar sem ter um pingo de perturbação. Como eu queria ter morado aqui antes de saber que era um meio-sangue, mas nem tudo é como desejamos. Principalmente nesse assunto de morar em um lugar diferente e sem perigo.

  Encaminhei-me para o rádio, tentando ver uma estação que agradasse meus ouvidos. Pelo visto as músicas são que nem aquelas do elevador do Olimpo, em suma: horríveis. Apenas uma realmente chamou minha atenção, e eu gostei da letra. Foi tão bom ouvir aquilo, era agradável até mesmo (olha que eu não duvido nem um pouco) pra Zeus, meu tio mais idiota e estúpido dos olimpianos. Achei que chegava a combinar com Tálassa. Poxa... Essa música me deu sono, então dormi sentado na poltrona que tinha sentado, já que era a mais confortável que havia achado.

 

  Quando abri os olhos, vi que estava no mesmo quarto da primeira vez que tinha chegado. Até me acostumei com aqueles peixes andando debaixo dos pés, o que era bem engraçado de se ver. Esfreguei os olhos, tentando me livrar da pequena porcentagem de sono que ainda restava e consegui a tempo de ver a mulher demônio entrar pela porta furiosa, parecendo um touro bem, bem zangado. Os olhos azuis faiscavam em fúria, os dentes trincavam e os punhos estavam cerrados, prontos pra disparar um soco no queixo.

  Pior que eu tinha um pressentimento que ela descontaria sua raiva em mim. Talvez estivesse enganado, ou talvez não; só torcia pra que fosse o lado positivo, jogando o negativo oceano abaixo.

  - Você! – Tálassa apontou o dedo bem perto dos meus olhos, e olha que eu pensei que ela os enfiaria adentro. – Não deixe o rádio ligado nunca mais, ouviu?! Sabe o quanto de energia aquilo custa?

  Como sempre! Ela sempre fazia um escândalo por uma besteirinha de nada. Pelo amor dos Deuses, eu tenho mesmo que aturar essa criatura do mar tão perfeita e mimada? É, eu realmente tenho sim. Rodei os olhos, segurando o riso. Tenho certeza que ela estava fazendo de propósito. Faz uns dias que sinto uma atração maior do que sentia antes por Annabeth, já que eu quase flutuava na direção da Tálassa. Acho que parecia com a atração que senti por Calipso naquela vez que fui parar em Ogígia, mas por minha professora era tão grande que chegava a me esmagar como um inseto é esmagado por algo mais pesado. Não me pergunte como, mas eu me encontrava apaixonado por Tálassa.

  Descobri isso há duas semanas. Nossos treinos haviam ficado mais pesados, como já tinha me acostumado ao peso das espadas de pesos diferentes, Tálassa resolveu que lutaríamos até não ter forças pra levantar do chão. Começamos primeiro a nos avaliar, tentando localizar um ponto fraco ou coisa parecida, quando julgamos que havíamos encontrado foi a vez de atacar com tudo que tínhamos. O incrível foi que levamos a sério, atacamos sem nenhuma piedade um ao outro, só que foi nessa hora que descobri que não conseguia atacá-la a sério demais como deveria estar fazendo. Quando ela veio pra cima de mim... Tudo que eu conseguia ver era a graciosidade com que ela vinha, de como ela empunhava a espada com facilidade; de tudo, praticamente. Quando voltei do estado paralisado pela beleza da Tálassa, eu estava jogado no chão, ela sentada no meu abdome e a espada ameaçando cortar minha garganta.

  Ela estava com os olhos estreitos, me olhando desconfiada e confusa por eu tê-la deixado fazer tudo que quisesse. Quando se levantou não estendeu a mão como sempre fazia, apenas me encarou com intensidade, tentando arrancar a resposta de tê-la deixado fazer o que bem entendia no treino quando eu devia ter revidado aquele ataque. Levantei-me com hesitação, sustentando o olhar intenso que Tálassa lançava em minha direção, pois eu não queria de jeito nenhum parar de olhar uma pessoa tão bonita quanto ela.

  Foram horas de insistência vindas da parte dela pra eu desembuchar o que tinha acontecido. Lógico que fingi estar distraído com um pássaro que tinha visto, pena que não era fácil enganar alguém tão velho quanto Tálassa. Depois de dar uma desculpa mais esfarrapada ainda, ela foi obrigada a engolir porque notou que eu não abriria a boca por nada.

  Amém! Eu nunca, jamais, contaria a ela que estava me apaixonando por ela. Foi difícil, só que até hoje continuo mantendo a boca fechada...

  - ESTÁ OUVINDO O QUE ESTOU FALANDO, PERSEU JACKSON?!?

  O susto foi tão grande que cai de bunda no chão. Por quê? Mereço ouvir esses berros? A resposta exata é: Não.

  - O que foi? – berrei de volta. Sério, juro que calarei essa boca caso Tálassa desse outro berro chato como esse de poucos segundos atrás.

  Ela deu um belo chute nas minhas costelas e saiu do quarto com o nariz empinado de um jeito arrogante. Anotação mental: puxar os cabelos da antiga deusa do mar com bastante força. Sei, sei. Eu gosto dela, mas ouvir esse berro maluco não é nada agradável para minha audição, já que vou precisar deste sentido para lutar contra o imbecil do meu primo; coisa que ela nem deve lembrar agora.

  Levantei com as pernas bem doloridas devido ao mau jeito que caí. Fui andando pra cozinha, sentindo o cheiro de biscoitos de chocolate da minha mãe e as outras guloseimas que ela sempre fazia. Tálassa é uma cozinheira nata, é fato. Quando entrei naquela cozinha tão idêntica ao quarto que eu estava agora a pouco, fui pego de surpresa por ver o modo que ela andava na cozinha. Não vou negar, Tálassa tem mesmo um jeito especial para cozinhar. Acho que seria legal ser marido dela.

  Enquanto a olhava, uns trechos da música que me fizera dormir na noite anterior começaram a ecoar na minha mente num jato bem forte.

 

 And girl, I know that this is love

 Garota, eu sei que isto é amor  

 I felt the magic's all in the air

 E sinto toda a mágica no ar 

 And girl, I'll never get enough

 E garota eu nunca terei o bastante

 That's why I'll always have to have you here

Isto porque eu sempre tenho que ter você aqui

 

  Acho que essa parte já bem no final da música é a que mais combina com o que sinto por Tálassa agora; principalmente quando estava tão linda enquanto fazia nosso café-da-manhã. Céus! Isso é loucura! Mal conheço essa garota e já estou apaixonado. Pai! Ajude-me agora que preciso do senhor outra vez.

  Outra vez os malditos trechos daquela musica. Argh! Não pode parar não? Isso irrita. É uma chatice ficar lembrando da música tão legal.

 

My life will never be the same

Minha vida nunca mais será a mesma

'Cause girl you came and changed

Porque garota, você veio e modificou

The way I walk

O modo como caminho

The way I talk

O modo como falo

I cannot explain 

Eu não posso expicar  

These things I feel for you       

Essas coisas que sinto por você

But girl, you know it's true

Mas garota, você sabe que é verdade

Stay with me

Fique comigo

Fulfill my dreams

Realize meus sonhos

And I'll be all you need

E eu serei tudo que você precisa

 

  Ok. Agora pensamentos nada decentes vieram a minha cabeça com esse trecho e os outros que vieram. Balancei a cabeça, tentando tirar essas coisas pervertidas da minha cabeça, ou caso não conseguisse o titulo de pervertido poderia mesmo vir pra mim. Mas não dá! Não com Tálassa rebolando bem a minha frente dessa maneira! Pelos deuses, isso é impossível até mesmo pro homem mais durão do mundo inteiro! Poseidon, me dá um soco na cara ou eu vou fazer besteira.

  - Hey! Você tá com uma cara estranha – agora que percebi o rosto dessa garota tão bonita perto de mim. Meu rosto ficou bem vermelho, me afastei, tentando falar algo só que tudo que saía era uns vários “aahh...”. Ela não segurou as gargalhadas quando ficou me vendo nesse estado tão vergonhoso, só que já aviso que não é fácil ficar frente a frente quando poucos segundos antes estava imaginando você e ela fazendo coisas para menores de dezoito anos. Minha respiração estava bem acelerada, e o pior foi que ela insistiu em querer ficar perto de mim todo o tempo, querendo sabe-se lá porque tocar meu rosto.

  Fui indo pouco a pouco para trás até que finalmente cheguei ao final do corredor e bati a cabeça. Outro trecho chegou à minha cabeça:

 

In time I knew that love would bring 

No devido tempo eu sei que o amor trará

Such happiness to me

Esta felicidade para mim

I tried to keep my sanity

Eu tento manter minha lucidez

I've waited patiently

Eu tenho esperado com calma

And girl, you know it seems

E garota, você sabe que pelo jeito

My life is so complete

Minha vida está totalmente completa

A love that's true because of you

Um amor que é verdadeiro devido a você

Keep doing what you do

Continue fazendo o que você faz

 

  Olha aí! Outro trecho não muito agradável! Por Zeus! Você sabe o trabalho que é se apaixonar? Dê uma ajuda agora! Meus olhos se arregalaram. Se ela não lembra, temos que tomar café-da-manhã. Bem, até fico aliviado por não ser o único pervertido por ver essa cara bem... Como posso dizer... É, acho que posso dizer travessa. Socorro! Alguém pelo menos me ajude agora!

  - Nossa, não é uma coisa legal de se ver logo depois de tomar café.

  Não acredito que alguém me ouviu. E fiquei aliviado de olhar aquela cara tão abençoada agora de Hermes, meu amigo mensageiro. Ele estava com a mesma roupa de corredor que vejo na maioria das vezes, o caduceu estava no bolso da blusa e notei que ele parecia bem cansado. Acho que correr não é muito agradável.

  - Graças aos deus... err... Olá – disse eu, aliviado e constrangido.

  Tálassa olhava com puro ódio por Hermes ter nos atrapalhado, mas eu o agradecia. Aliás, quem não agradeceria nessas horas? Sabe-se lá. Só sei que ele devia se preparar para os gritos que ela daria, pois com certeza a audição eu perderei.

  Lá se vai minha boa e bela manhã. Adeus, mundo cruel. Mas uma coisa eu descobri e não vou negar.

  Tálassa, você balança meu mundo.

 

 


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Notas finais do capítulo

A musica que o Percy ouviu é: You Rock My World - Michael Jackson. Só coloquei os trechos que deviam combinar com a historia, mas essa musica é realmente legal =3
Ah, sim. Devo dizer que pra minha infelicidade esta historia esta no fim. Esse é o penultimo capitulo, sendo que o próximo terá a luta do Percy e Ares, e as outras coisas que estou planejando. Então creio que devera ser tão grande como esse.
Beijão a todos! ;*