Skye acordou ofegante.

O mesmo pesadelo de sempre. Mas o pior é que quando acordava tudo que havia acontecido nele era real. Porém finalmente chegou o grande dia. Ela não teria que aguentar mais aquele inferno.

A Rainha passou o resto da manhã caminhando pelos jardins do Castelo. De vez em quando seu sobrinho, Rilian, passava correndo ao seu lado, esbanjando energia que um dia Skye também esbanjara.

Ela já não era mais a mesma. O tempo havia passado e a aos poucos Skye envelhecia cada vez mais. A Rainha continuava tão bonita quanto já fora. Porém se sentia cada vez mais cansada.

Do jardim, a mulher conseguiu ver seu irmão na varanda de seu escritório. Eles precisavam conversar.

[...]

— Essa é a minha decisão Caspian. Não há nada que você possa fazer.

— Mas Skye...

— Por favor. Aceite. Eu não consigo mais viver assim.

Caspian analisou a irmã. Ela realmente nunca mais fora a mesma, desde muito tempo.

Após a partida dos Reis e Rainhas do passado, Skye mudou. Não totalmente. Mas um pouco da alegria que antes fazia parte da garota que um dia Skye fora, sumiu. Porém, um ano depois tudo pareceu voltar ao normal com o nascimento de Arya, a garotinha que cresceu forte e saudável, trazendo alegria para o castelo. A garotinha que tinha o mesmo gênio de Skye. Que tinha o rosto de Edmundo. Que via Ethan como um pai. E que morreu com ele, enquanto viajavam para as Ilhas Solitárias, no naufrágio do Peregrino da Alvorada.

O navio que um dia enfrentou tempestades e Serpentes Marinhas e chegou até o fim do mundo, foi derrotado ao bater numa pedra.

Foi ai que o mundo de Skye morreu, e não existia mais nada bonito para ela. A garota independente e corajosa, que um dia fora nomeada como a melhor espadachim de toda a Nárnia, estava desistindo.

— Você não precisa de mim aqui. – explicou Skye – Você nunca precisou. E agora você tem Liliandil e Rilian.

— Skye...

— Eu não tenho ninguém. – insistiu Skye – Edmundo me deixou. Arya e Ethan partiram. Todos acabaram me abandonando no final. Ninguém precisa mais de mim.

— Eu preciso. – berrou Caspian, dando um soco na mesa do escritório.

— Não Caspian. Você não precisa. E se você me ama de verdade, entenderá que eu não suporto mais isso. Eu não quero partir se você não entender.

Caspian suspirou, andando de um lado para o outro. No fundo ele sabia que estava sendo egoísta, mas ao olhar para a mulher que Skye havia se tornado a única imagem que vinha na sua mente era do bebezinho bem seguro nos braços de sua mãe.

— Tudo bem. – disse Caspian, por fim.

— Muito obrigado. – agradeceu Skye, abraçando o irmão.

— Mas você fará isso do meu jeito, certo?

— Certo.

Naquele mesmo dia, um navio saiu do porto de Cair Paravel. Seu destino? O fim do mundo.

[...]

Skye remou o mais rápido possível. Ela tinha pressa. Em menos de 10 minutos o bote chegou ao banco de areia.

Aquele lugar estava do mesmo jeito que Skye se lembrava. A areia branca e macia, a grande onda que caia sem cessar e sem sair do lugar. Tudo exatamente igual. As memórias atingiram Skye e a vontade de chorar veio junto. Mas ela segurou as lágrimas, pois estava prestes a realizar seu maior desejo.

— Eu esperava que um dia você voltasse.

Aslam surgiu bem ao lado de Skye. A mulher sorriu, afagando a juba do Leão.

— Então que dizer que você sabia o que iria acontecer? – perguntou Skye.

— Não. Mas algo me dizia que aquela não era a sua última vez aqui.

— Eu tenho a esperança de que talvez Arya esteja no seu país. E mesmo que não esteja, eu não pretendo voltar agora.

Aslam olhou para Skye. Seus grandes olhos pareciam felizes. O Leão então rugiu. Um rugido que fez os ossos de Skye tremerem.

Uma abertura foi feita na onda e do outro lado da abertura existia uma luz forte. Uma pequena criança estava parada lá e acenava para Skye. Arya.

A mulher ficou boquiaberta, e andando ao lado do Leão, entrou na abertura, entrando no País de Aslam, onde bem a sua frente estavam Ethan e Arya de mãos dadas.

Ethan não estava mais como da última vez que Skye o vira. A aparência de homem foi trocada pela a adolescência. O garoto loiro com olhar sarcástico.

Então Skye percebeu que ao entrar no País de Aslam, ela também havia mudado. A mulher de quarenta anos que tinha como companheiro o cansaço foi substituída pela a garota animada na flor de seus 18 anos. Tudo havia voltado ao normal.

— Oi mamãe. – disse Arya, com seu grande sorriso infantil, esbanjando a felicidade e inocência que se é esperada em uma criança de oito anos – Estávamos esperando por você.