Potens Summi escrita por Samantha


Capítulo 20
Mentiras


Notas iniciais do capítulo

Alice black potter, obrigada por comentar :D
Boa leitura e não se esqueçam de ler as notas finais!



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— Ah, você está esperando que eu diga algo. – Rachel se manifestou depois de alguns minutos de silêncio.

Peter assentiu com a cabeça:

— Eu sei que isso vai soar estranho, mas... Por acaso você brigou com a minha irmã?

— Quê? – Rach franziu o cenho – Do que está falando, Peter?

Sem mais rodeios, Pete contou tudo que Astrid havia lhe dito mais cedo naquela manhã. Ao terminar de ouvir o relato, Rachel não sabia o que dizer. Trid havia mentido para guardar o segredo da amiga e agora estava em apuros.

Por um instante, Rach pensou em dizer a verdade para o garoto. Ela tinha certo afeto por Pete e, apesar de não se falarem muito, achava-o muito bonito e inteligente; e era exatamente por isso que, segundos depois, ela desistiu de contar seu segredo. Afinal, o que Peter pensaria? Talvez ele não quisesse mais vê-la se soubesse de seu segredo peludo, e ela se odiaria por isso.

A garota abriu e fechou a boca algumas vezes antes de dizer:

— Eu nunca faria isso, Peter. Eu e sua irmã somos amigas. – ela abriu um sorriso fraco – E ela mesma disse que foi uma garota do sétimo ano, o que me descarta da sua lista.

— Eu sei. Mas pelas circunstâncias... Digo, olhe só para você. – Pete disse, analisando a garota com certa preocupação – Parece ter saído de uma briga, então não pude deixar de perguntar. Me desculpe se a ofendi.

— Tudo bem, eu entendo que pareço suspeita. – Rachel disse.

— Afinal, o que houve com você? – perguntou Peter, curioso – Se me permite perguntar, é claro.

Rachel mordeu o lábio inferior, hesitante. Abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida pela chegada de Madame Pomfrey ao quarto.

— Por Merlin! O que faz aqui, senhor Black? – perguntou Madame Pomfrey, confusa. Antes que Peter ou Rachel pudessem explicar, a mulher disse com certo desespero – A srta. Darling precisa de repouso e não deve ser incomodada de modo algum. Ela não pode receber visitas de pessoas não-autorizadas!

— Rachel...? – Peter franziu o cenho, esperando por alguma explicação.

A garota passou a mão pelos cabelos, sentindo os olhos se encherem de lágrimas:

— Ele só veio pedir um livro emprestado. Está tudo bem, Madame Pomfrey. – após mentir, voltou seu olhar para Peter - Esqueça que me viu aqui, ok? Por favor. – ela fungou e Peter assentiu, levemente assustado – Agradeço pela visita inesperada, mas espero que não volte mais. Como Madame Pomfrey disse, pessoas autorizadas não podem entrar.

— Mas eu só queria saber... – Pete começou.

— Pode pedir o livro que queria para Trid, ela sabe onde está. – ela interrompeu-o e tentou soar firme. – A gente se vê depois.

— Você não devia estar na aula, senhor Black? – disse Madame Pomfrey, irritada.

Após ser expulso aos berros pela enfermeira, Peter estava decidido a descobrir o que estava acontecendo. O garoto sempre adorou um mistério, afastar tudo aquilo dele fazia com que quisesse saber ainda mais o que havia acontecido com Rachel e a razão de Astrid ter mentido.

~x~

Depois do almoço, Astrid teve dois tempos de Transfiguração. Sorriu aliviada ao saber que teria um tempo vago depois disso. Foi até os Jardins para tomar um ar fresco, caminhou até uma grande árvore. Parou perto do lago e se aproximou até que pudesse ver seu próprio reflexo nele. Passou a mão pelo corte em seu rosto, pensando na noite anterior. Um calafrio percorreu sua espinha.

De repente, sentiu alguém empurrá-la em direção ao lago e segurá-la ao mesmo tempo. Seu coração quase saiu pela boca.

— AI, MEU MERLIN! – exclamou Astrid, se desvencilhando da pessoa e levando as mãos ao peito.

— Calma, loirinha. Paz e amor! – disse Fred, gargalhando. – Cuidado, dizem que tem uma Lula Gigante dentro do lago.

— E você ia me jogar direto pra ela? – perguntou Astrid, fingindo desgosto – Mas que coisa horrível!

— A água desse lago é ótima para nada. Você devia mergulhar um dia desses. – comentou Fred – Mas é claro, comigo de Salva Vidas. Porque quando te lancei aquele Aguamenti você quase engasgou.

— Muito engraçado, Fred Weasley. – Trid deu-lhe um tapinha de leve – E eu nado muito bem, para a sua informação.

— De qualquer forma, dizem que a Lula Gigante é gente boa. – Fred abaixou-se e contemplou seu reflexo na água, por alguns instantes.

Em questão de segundos, pegou um punhado de água do lago e jogou no rosto de Trid.

— Só que eu não sou gente boa. Tchau! – e saiu correndo.

— VOCÊ VOLTE AQUI AGORA, SEU PEDAÇO DE TRIPA SECA! – Astrid correu atrás dele, rindo.

Quando os dois se cansaram de correr, voltaram até a grande árvore. Fred sentou-se com as costas apoiadas nela e Trid deitou, repousando a cabeça sobre seu colo. O ruivo não se sentiu envergonhado ou desconfortável; em vez disso, começou a afagar seus longos cabelos loiros.

— Que corte é esse no seu rosto, garota? – perguntou Fred, passando os dedos com cuidado pelo hematoma – Entrou em uma gangue e não me contou?

Astrid suspirou. Não queria ter de mentir de novo, tampouco contaria a verdade.

 - É complicado. – a garota disse calmamente – Mas não há motivos para se preocupar.

— Se você está dizendo, quem sou eu para questionar? – ele disse – Mas se um dia quiser me contar, estou aqui.

— Certo. – a garota assentiu, satisfeita.

Astrid Black fechou os olhos e sorriu, sentindo a leve brisa daquela tarde passar por seu rosto. Era sortuda por ter alguém como Fred em sua vida: Para ele não havia nada que não pudesse ser resolvido com bom humor. O garoto se tornou importante – muito mais do que ela imaginava – em sua vida. Quando os dois conversavam, ela se esquecia de seus fardos por um instante. Isso era bom.

Fred Weasley se sentia feliz naquela tarde fresca, perto de uma de suas pessoas favoritas no mundo todo.

~x~

Às 20h, após o jantar, Astrid corria em direção a biblioteca. Todos provavelmente já estavam lá, mas ela pediu às garotas que mentissem e dissessem aos outros que Dumbledore a havia chamado e ela se atrasaria por causa disso.

Na verdade, Trid fez uma parada na enfermaria para visitar Rachel (Dumbledore havia permitido que as outras quatro meninas pudessem vê-la. Sapphire já havia recebido alta, então também estaria na biblioteca). A garota parecia melhor. Contou que Peter havia passado por ali e, se não fosse por Madame Pomfrey, as duas estariam ferradas.

Rachel disse que - por ora - não queria contar seu segredo a ninguém, mesmo com a insistência de Astrid ao dizer que Peter nunca a desprezaria. Seu irmão sempre fora um bom moço e isso não iria mudar.

Assim, as duas decidiram dar continuidade com a mentira: Trid daria um jeito de fazer aquilo parecer real e as outras garotas a ajudariam. Enquanto pensava nisso, viu Bruce Kean caminhando na direção contrária à sua. Deve ser meu dia de sorte, pensou.

— Ei, Bruce! – Astrid chamou-o.

O garoto se virou com uma expressão surpresa.

Bruce Kean era um sextanista da Sonserina e novo batedor do time de Quadribol (juntamente com Sapphire). Era alto e, mesmo estando sob as vestes da escola de Magia, era possível notar que o garoto tinha porte físico musculoso. Tinha pele levemente bronzeada e cabelos negros curtos. Possuía olhos negros típicos de um coreano, um nariz levemente achatado e lábios naturalmente cor de rosa.

— Astrid Black! – Bruce caminhou até ela – Tudo em cima?

— Tudo mais ou menos, na verdade. Sei que não somos muito próximos, mas eu preciso da sua ajuda. – Astrid disse, hesitante.

— Manda. – ele assentiu.

 Astrid contou-lhe o necessário e pediu-o que, caso seu irmão perguntasse, Bruce confirmasse a história de que uma garota do sétimo ano havia brigado com Astrid por causa dele.

— Sinto dizer que não sou tão disputado assim, mas espero que ele acredite. – Kean riu – Eu posso ajudar, sem problemas. Mas e se ele perguntar sobre a outra garota?

— Você não conhece nenhuma garota do sétimo ano que possa nos ajudar? – Trid perguntou, esperançosa.

Bruce fez uma expressão pensativa. Sorriu instantaneamente:

— Já sei! Patricia Lewis, do sétimo ano. Ela é uma grande amiga, nossos pais se conhecem. Tenho certeza que ela vai topar... Pelo preço certo, é claro.

— Três varinhas de alcaçuz. – ela disse prontamente.

— Ela está dentro. – disse Bruce - Foi mal perguntar, mas por que vai mentir para o seu irmão? Não é mais fácil dizer para ele onde ganhou esse machucado?

— Acredite em mim, é mais fácil desse jeito. – Astrid disse, rindo nervosamente.

— Beleza, não irei questionar. – o garoto deu de ombros.

— E você, o que vai querer em troca da sua ajuda? – perguntou a garota, cruzando os braços.

— Quero 100% da sua dedicação em nosso primeiro jogo, que é contra a Corvinal. Já está de bom tamanho. – Bruce disse e ela assentiu – Eu preciso ir, Liam me deve dez sicles por uma aposta e eu estou indo cobrar. Te vejo por aí, Astrid.

Os dois se despediram e Trid continuou seu caminho, satisfeita. Chegou na biblioteca às 20h10 e foi até a seção em que haviam combinado de se encontrar.

— Finalmente! – disse Peter, puxando uma cadeira para a irmã – Agora podemos conversar.

Lupe cutucou Belle, que estava quase cochilando com a cabeça em cima de um grande livro. A garota se endireitou e voltou seu olhar para a recém-chegada.

Para sanar quaisquer dúvidas, Astrid contou em tom baixo tudo o que sabia sobre Potens Summi para eles com o máximo de detalhes possíveis. Todos escutaram em silêncio, sem interrompê-la.

Após o relato, Belle assobiou alto. Ouviu Madame Pince repreendê-la pelo barulho e segurou o riso.

— Caramba... Isso é de zoar o cérebro. – disse em tom baixo.

— Você acha que os estudos dessa tal de Barbara Scamander estavam certos? Será que tem uma outra pessoa como você por aí? – perguntou Harry.

— É possível. Como Matilda morreu jovem, as habilidades de uma Potens Summi não se manifestaram por anos. Pode ser que ao despertar novamente, esse poder tenha se dividido e escolhido duas pessoas. – disse Astrid.

 - Mas é muito estranho que essas habilidades não tenham se manifestado por tempo indeterminado e depois simplesmente tenham escolhido alguém... Isso quebrou o padrão do que sabíamos sobre Potens Summi: Pode ser que os poderes se manifestem na sucessora, pode ser que pulem uma geração ou mais. – disse Peter, com uma expressão pensativa.

— O que quer dizer com isso? – perguntou Lupe.

— Não sei vocês, mas para mim Potens Summi é mais do que um nome para classificar uma raça. – disse Pete, com uma expressão assombrosamente animada – É quase uma entidade.

Todos ficaram calados, refletindo sobre o que havia sido dito.

Astrid quebrou o silêncio:

 - Você pode ter razão, Pete. Não sabemos quando pode ou não se manifestar, e não há padrões nos poderes; as vezes parece até algo aleatório. E cada Potens Summi, além de adquirir muitas das habilidades antigas, sempre desenvolve uma nova.

— Sendo assim, a Potens Summi sucessora sempre será mais poderosa do que a anterior. – disse Sapphire.

— Eu não tinha pensado nisso. – falou Astrid, franzindo o cenho.

— Alguma habilidade já se manifestou, Trid? – perguntou Harry.

 Astrid tinha o Animalium, mas não podia contar isso sem expor Rachel. Mentiu:

— Não exatamente...

— Mas é claro que já! – disse Belle – Ontem a noite, na casa dos Gritos, aquilo que você fez com a...

— Isabelle! – Sapphire disse em tom alto, ouvindo Madame Pince ameaçar expulsá-los dali – Cala essa sua boca.

Deja de hablar, perra! — Lupe sussurrou, cerrando os dentes.

Astrid e Guadalupe se entreolhavam sem saber o que dizer. Belle percebera que havia dito o que não devia e levou as mãos à boca. Sapphire era a única ali que parecia tentar manter a calma. Harry olhava para elas com uma expressão confusa. Peter sentia algo parecido com o garoto, mas em seu caso era um misto de confusão e raiva.

— O que foi dessa vez? – perguntou Pete – Por que parou de falar?

— Não podemos falar sobre isso, foi mal. – disse Sapphire em tom neutro.

— Se não contarem tudo, como vou poder ajudar? – perguntou o rapaz, em tom irritado – Vocês precisam confiar em mim!

— Isso envolve uma outra pessoa, Pete, e não posso dizer nada sem a autorização dela. Você só precisa de um pouco de paciência. – disse Astrid em tom suplicante.

— E enquanto a gente espera a autorização da tal pessoa, você vai encher a minha cabeça com mentiras, não é mesmo? – ele disse, irado – Astrid, nós somos irmãos. Nós nunca escondemos nada um do outro, por Merlin.

— Só espere mais um pouco, Pete. Eu prometo que tudo vai ser esclarecido logo. – ela disse.

O garoto passou a mão pelos cabelos e respirou fundo antes de dizer no tom mais calmo que conseguiu:

— Eu preciso de um tempo longe de tudo isso. – ele caminhou até a irmã e beijou sua testa – Eu não vou conseguir fazer isso se você não confiar em mim, Astrid. Quando você decidir ser totalmente sincera comigo, me procure.

O rapaz saiu da seção com passos firmes e um silêncio constrangedor se instalou pelo local.

Belle se levantou com uma expressão culpada, e disse antes de sair do local com passos rápidos:

— Fui uma idiota... Eu sinto muito, de verdade.

Astrid abriu a boca para chamar Isabelle, mas Lupe interrompeu-a:

— Grite e Madame Pince vai surtar. – Astrid assentiu com a cabeça, sem dizer nada – Pode deixar, eu vou atrás dela.

Astrid agradeceu Lupe, que sorriu levemente e deixou o local. Sapphire também fez menção de sair.

— Você também está brava? – perguntou Astrid.

— Não, estou de boa. Só vou fazer um lanchinho antes de dormir. Até amanhã. – a garota se despediu e foi embora.

— Quantas saídas dramáticas em um dia só. – Harry disse.

Com tudo o que havia acontecido, Trid havia até esquecido de que o garoto continuava ali. Ela deu de ombros. Ele tentou sorrir.

Ela saiu de sua cadeira e sentou-se em uma perto do garoto:

— Foi um desastre.

— Não foi de todo ruim, Astrid.

Ela desatou a chorar silenciosamente. Pouco lhe importava se Harry ou qualquer outro a visse com o rosto inchado naquele momento; Astrid Black só queria desabar. Tudo aquilo mal havia começado e ela já sentia uma vontade enorme de desistir: Estava cansada do perigo e das inúmeras mentiras que teria que contar dali para frente. Por que essa merda de Potens Summi não podia ter escolhido uma outra garota para atormentar? Ela só queria ser normal! Queria estar preocupada com os N.O.M.s como os outros alunos, ou até mesmo pensando em sair com alguém para o próximo passeio em Hogsmeade... Queria preocupações comuns.

Ela precisava aprender a levar tudo aquilo numa boa ou explodiria.

Harry a abraçou desajeitadamente, deixando-a chorar em seu peito. Potter sentia grande afeto por Black e partia-lhe o coração vê-la daquela forma: prestes a se quebrar. Sirius não havia dito uma palavra sobre isso, mas o garoto tinha certeza de que o padrinho gostaria que Harry a ajudasse no que fosse preciso.

— Vai ficar tudo bem... Estamos todos juntos nessa, somos seus amigos. Vamos tirar a limpo essa história da Barbara Scamander.

— Como vamos fazer isso sem o Pete, Harry? – a garota disse, levantando a cabeça e secando as lágrimas com a manga das vestes. – Não conseguiríamos...

— É claro que não conseguiríamos. – Harry concordou – Mas quem disse que vamos fazer isso sem ele? Peter é seu irmão, Astrid. Ele nunca vai te deixar para trás, não importa o que aconteça.

Trid mordeu o lábio inferior, sem dizer uma palavra. Harry continuou:

— Negue o quanto quiser, mas é visível nos olhos do seu irmão mais velho o quanto ele te ama e tudo o que ele faria para ver você segura.

 

 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
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