Justice for All - As Noites da Justiça escrita por Mirella


Capítulo 1
Frank




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"Frank"


Era noite em Griffith City, Frank conseguia ver a cidade pela vidraça de seu apartamento, tinha visão dos outros arranha-céus da cidade degradante, esta que um dia havia sido um nome importante e considerada até uma das mais bonitas hoje era apenas uma grande ocupação de espaço tomada pelo crime e corrupção.

A sala era grande, os móveis caros tomavam grande parte dela, o sofá e grande parte das coisas ali era em cinza, uma de suas cores favoritas, transmitia calma para uma mente conturbada e tomada por vozes quase interruptíveis. A parede era azul escura, o ambiente era mal iluminado, Frank sempre gostou dessa sensação de estar escondido nas sombras, fazia com que ele se relembrasse de quando vigiava a cidade, já fazia um certo tempo desde sua última vez que estava em um terraço, porém recordava bem do vento bagunçando seus cabelos e da sua primeira máscara que vivia escorregando em seu rosto quando corria atrás de vendedores de droga, sensações que nunca esqueceria e decisões que o formaram agora, um herói aposentado e um empresário que convive com a corrupção, calado e conciente, não parecia que lutou contra tudo isso tempos atrás, mas esse era o novo Frank, o antigo herói festejado e hoje apenas mais um que se negava a fazer algo.

Era tarde, a cidade estava a mil, barulhos das sirenes dos policiais, festas pelos hotéis de luxo de sua vizinhança e a comemoração de pessoas cegas e esquecidas que haviam votado em Ryan Oxell para governador, "Imbecis" era o que Frank pensava sobre estes, mesmo não sendo tão diferente se considerava levemente melhor, na época que lutava nas ruas estava sob o governo de Ryan, ruas tomadas pelos crimes e a população apavorada viu nos Protetores uma esperança para a cidade que estava em ascenscão naquela época, foi seu momento de ouro, brilhou junto com vários desconhecidos que depois se tornariam amigos fiéis, brilhou até o momento que não aguentava mais. Parecia que sua máscara mudava sua personalidade, sempre sério e neutro, quando vestido, se tornava agressivo e irritado, era um dos maiores temores dos ladrões de Griffith City junto de seus parceiros, em especial John, ou melhor, Capitão Estrela Vermelha, antigo melhor amigo, hoje, um homem que nunca mais sequer ouviu falar.

Ele estava sentado quando ouviu os três toques na porta que cortavam o som da música calma e relaxante que tomava conta de seu apartamento. Havia um certo tempo desde que ouviu alguém batendo em sua porta, não parecia ser alguém que conhecesse, porém pelo horário parecia algo que não poderia ficar para depois. Passos largos e silenciosos até a porta, o punho cerrado e pronto para se defender caso algo acontecesse, mas não aconteceu, nem mesmo aconteceria, ninguém seria louco o suficiente para atacar o queridinho dos antigos heróis e um empresário que colaborava com esquemas corruptos, mas não era o que Frank imaginava que fosse acontecer, era paranóico e ainda esperava a cobrança de seus pecados, porém ele estava enganado. Ao abrir a porta via a figura que menos esperava rever, fazia tanto tempo desde que não a via, mas era a melhor das surpresas.

Mary-Lynn havia sido parceira de Frank durante o tempo que defendiam a cidade, ela era noiva de John quando se conheceram, era estranho, tinham quase tudo diferente, ela era idealista e queria mudar o mundo, o rapaz era um lunático que queria ver o mundo sangrar. Não demorou para que os dois se aproximassem, tinham uma química boa e se sentiam bem juntos, não romanticamente, mas com conversas e visitas em suas respectivas casas, foi a primeira a saber onde ele vivia, era quem tinha mais de sua confiança e a primeira mulher que amou.

Ao abrir a porta a surpresa foi facilmente notada em sua expressão, tão assustado e surpreendido pela presença desta, Frank só conseguia sorrir quando abria a porta para Mary adentrar, o lugar já era conhecido, tudo no mesmo lugar de sempre.

— Mary... Faz tanto tempo... - Ele falava, com certa dificuldade, enquanto se sentava no sofá, não era dos tipos mais extrovertidos e bons em conversar. A timidez tomava conta de Franklin, aquelas sensações estranhas e o nervosismo de falar com alguém que gosta, era do tipo que pensava bastante antes de agir. - Por favor, sinta-se em casa.

— É, você está certo... Me desculpe chegar assim depois de tanto tempo, se eu estiver atrapalhando é só me dizer que eu volto outra hora. - Ela sempre era assim, não gostava de atrapalhar os outros e sempre evitava confusões, ela arrumava os cabelos castanhos escuros enquanto se sentava em uma cadeira de costas para a janela, tinha medo de altura, sempre odiou aquela vista.

— Então... O que você tem feito? Não se preocupe com isso, você nunca atrapalhou. - Perguntava calmamente, um pouco envergonhado, o sorriso se desfazia lentamente, o rosto era sério e observava a maneira que ela agia, comparava mentalmente o antes e o depois, faziam 5 anos desde que se viram pela última vez, mas ela ainda se movimentava pela casa do mesmo jeito de sempre.

— Frank, eu poderia gastar todas as horas da noite contando como tem sido a minha vida, mas eu não vou perder tempo com isso. Eu preciso da sua ajuda. - A feição calma, encarava-o como se fosse algo normal, simplesmente desaparecer do mapa 5 anos e voltar pedindo ajuda.

— É... Isso é um pouco estranho... - Frank perguntava um pouco sem jeito, não queria negar o pedido, afinal, ela já havia estado ao seu lado quando precisou, anos atrás. - Em que posso te ajudar?

— Ele sumiu novamente, já faz uma semana desde que não tenho o menor sinal dele. Você poderia pedir para Oliver procurar por ele junto com os outros? - Mary havia se casado com John, poderiam ter sido felizes se não fosse o relacionamento abusivo e a agressividade do lendário e aposentado vigilante, e a submissão desta para um homem que nunca a tratou como deveria foi uma das principais causas para o abandono do manto de Frank. Oliver era agora o atual líder dos Protetores, tinha o nome de Saltador, ficava nos prédios a noite e seria de grande ajuda caso quisessem encontra-lo, como já encontrou outras vezes.

— Eu posso tentar alguma coisa, você tem alguma idéia de onde ele possa estar?

— Eu sinceramente não sei... Isso está se tornando algo tão comum ultimamente, ele sumir semanas e semanas e aparecer como se nada tivesse acontecido... - A tristeza em sua voz era facilmente notada, mesmo com todas as falhas, John era quem tinha o amor dela, Mary havia investido tanto tempo em salvar um casamento já feito perdido que agora não tinha outra alternativa, talvez tivesse, mas não queria que outras pessoas pagassem caso falhasse, sempre foi do tipo que se importava mais com os outros. - Eu não sei mais o que fazer, logo as crianças vão ter que mudar de escola ou vamos ser expulsos do apartamento... As coisas se tornaram tão dificeis... Eu preferia quando ele era presente, por mais que fosse o pior tipo de marido e um péssimo pai, ele pelo menos nos mantinha fora de dificuldades, hoje ele é só mais um peso.

— Você sabe que ainda pode sair dessa situação, não precisa ser assim... Eu sei a importância que John tem, mas como você disse... Ele só é mais um problema agora. Você só precisa falar que sim, todos nós sabemos que você errou, mas pode ser diferente. - Por mais que 5 anos tivessem se passado, Frank ainda amava-a como na primeira noite juntos, havia sim se envolvido com outras pessoas, mas nenhuma tão importante quanto a antiga parceira. Tinha inveja de John, ele, com todos os seus problemas, conseguia ter uma mulher tão apaixonada ao lado.

— Eu poderia abandona-lo, me divorciar e ficar com as crianças, mas e ele? John não se formou, se tornou um alcóolatra e não tem um trabalho fixo. Eu poderia viver muito bem, mas eu não vou fazer isso, ele não tem pra onde ir e além do mais, continua sendo o pai dos meus filhos. Ele pelo menos não fugiu dessa obrigação. - Mary teve dois, Sean e Daisy, gêmeos e com várias características do pai, os mesmos cabelos negros e os olhos claros que John nunca teve. Sua expressão era de certa raiva e talvez um pouco de angústia, se Frank tivesse a coragem de assumir as crianças talvez tivesse sido diferente, mas nenhum dos dois quis ver a reação de John ao saber das traições. - De qualquer maneira, eu não vim aqui para julgar nem ser julgada, eu só quero saber se posso contar com você.

— Você ainda me pergunta? É claro que eu vou ajudar, por mais que eu não concorde... É a sua decisão, eu não vou interferir nisso. Mais tarde eu sairei e vou falar com Oliver, ele ou Guy devem saber de alguma coisa sobre John. - A resposta vinha de maneira leve, mas com muito pensamento antes, tinha que aceitar a escolha dela, por mais dolorosa que fosse.

— Obrigada, eu sabia que podia confiar em você e, me desculpe por tudo isso... Eu só ando estressada. - Um leve sorriso surgia em seu rosto, as discussões sempre terminavam dessa maneira, primeiro começavam explosivas e terminavam rapidamente, como fogo de palha.

— Não se preocupe, eu imaginei isso. - Ele tentava ser simpático, tinha um sorriso no rosto enquanto olhava para ela e suspirava fundo - Existe mais alguma coisa em que posso te ajudar?

— Não, na verdade, não... Eu acho que é isso.

— Tudo bem, de qualquer maneira foi bom te ver de novo, mesmo não sendo na melhor das ocasiões... Não deixou de ter sido algo agradável e você pode vir aqui sempre que quiser, acho que você consegue entender o que eu quero dizer. - Frank se levantava e ia em direção a ela, Mary evitava encará-lo, virando o rosto para o outro lado enquanto se também se levantava da cadeira e se afastava, indo em direção á porta.

— Já está tarde. Eu preciso ir, as crianças estão com a vizinha e eu não quero que ela tenha muito para reclamar... - Ela se dirigia até a porta com o guarda-chuva que havia trazido consigo, os cabelos castanho-escuro que estavam soltos logo eram presos em um coque, Mary então olhou para Frank uma última vez antes de sair e apenas disse, com um sorriso no rosto. - Eu sei disso.

Mary saiu do apartamento rápido o bastante para que Frank a impedisse, mas ele não quis tentar, não quis arriscar talvez aborrecê-la e sabia que ela tinha problemas para resolver, não queria se tornar mais um. Ele se aproximava da porta e desligava a luz, gostava daquele ambiente sombrio, mas era naqueles momentos que ele percebia como seria muito melhor na claridade e com a presença de outro alguém. Frank se dirigia para a cozinha americana e pegava um copo e o enchia de água enquanto observava sua sala e imaginava como tudo poderia ser diferente se ele tivesse feito as escolhas certas ao invés de ter cometido tantos erros que haviam o levado á solidão e feito-o abandonar a única coisa que o deixava bem. No relógio batiam 23:54, logo poderia encontrar Oliver nos terraços dos prédios e pedir sua ajuda, não seria difícil, eram melhores amigos e sempre que podiam se reuniam junto com os outros, Guy, Lauren, Scott, Samuel e Rose, hoje eles eram os quais protegiam as pessoas nas ruas, desta vez tinham o apoio dos policiais com quais trabalhavam em conjunto, mesmo as vezes sendo vistos como superiores. Nunca foi do tipo sociável ou falante, era mais reservado, mas isso não o impediu de criar fortes laços com os novos Protetores, muito menos o impediu de se relacionar com Rose.

Faziam 5 anos desde que havia utilizado seu uniforme pela última vez, tivera que abandonar as ruas pelo medo, seu caso com Mary havia sido descoberto por Lewis, um dos participantes do grupo, covarde e metido, havia ameaçado contar para John o que haviam feito, e mesmo sendo um homem que resolvia as coisas de maneira diplomática, Frank não se segurou e espancou-o em um beco ás 3 da manhã, a maior surra que deu em sua vida inteira, Lewis ficou marcado por meses, se não anos, e por medo do que poderia acontecer decidiu desistir de contar, mas o medo do que poderia acontecer caso ele enlouquecesse e decidisse falar fez com que Frank abandonasse seu manto, passando-o para um rapaz que era um fã do trabalho que ele fazia, Scott Vickens era seu nome, um adolescente de 18 anos que se mostrou capaz de substitui-lo. Junto com a sua saída, John e Mary também abandonaram a defesa do crime e decidiram por cuidar de suas famílias, se desligando completamente do restante do grupo. Lewis e Samuel continuaram nas ruas e se tornaram uma espécie de mentores para os outros jovens que queriam ajudá-los, e foi aí que ele conheceu Rose, enquanto os outros criaram seus próprios nomes, ela quis utilizar o nome de Solar, o mesmo de Mary, e mesmo com a grande diferença de idade os dois começaram um relacionamento um tanto quanto conturbado, se é que se pode chamar de relacionamento.

Passavam-se alguns minutos, o relógio digital indicava com seus barulhinhos, meia-noite em ponto, a cidade continuava brilhando, dessa vez com mais sirenes policiais e uma menor quantidade de pessoas andando nas calçadas da cidade. Frank pegava seu casaco e olhava uma última vez para seu apartamento antes de desligar as luzes e descer até o saguão do prédio. Não conhecia muitas pessoas ali e nem tinha o interesse, mas via a formalidade e a educação como as coisas mais importantes no mundo, cumprimentando as pessoas ali presentes antes de se dirigir até a rua, a grande maioria já mostrava sinais da bebida excessiva causada pelas festas que comemoravam a eleição.

As ruas se mostravam bem movimentadas para o horário considerado tarde, as mulheres usavam roupas extravagantes enquanto esperavam os táxis junto com seus acompanhantes vestidos com smokings e tuxedos e os cabelos cheios de gel, a parte da cidade em que Frank morava tinha os melhores hotéis e era considerada a parte rica, portanto, muitas pessoas dali eram convidadas para a festa que aconteceria no Hotel Richmond Larkin, um dos hotéis que também era parte da família de Lewis. Por mais que vivesse naquela área e tivesse popularidade o suficiente para ser convidado para as festas, ele sabia que não pertencia á aquele mundo recheado de hipocrisia e corrupção, ele lutara contra aquilo uma vez, não poderia esquecer dos seus ideais. Frank se dirigia até um dos distritos mais pobres da cidade, era a área de atuação favorita de seu amigo, todos adoravam aquela adrenalina que era correr atrás de bandidos e morrer de medo ao vê-los armados, mas todos amavam isso, o diferencial de Oliver é que ele amava os telhados, pular por eles era sua atividade favorita, observava todos do alto com seu uniforme desgastado e preparado para agir.

Ao chegar na parte de atuação de Oliver, Frank conseguia ouvir os sons de sirenes rondando a área e os passos de bandidos que corriam para logo serem presos, no rosto esboçava um sorriso, andava pela calçada observando os quarteirões iguais que se estendiam até onde sua visão conseguia alcançar, apenas para após dar alguns passos ouvir um assovio vindo de cima de um dos prédios residenciais de mais ou menos três andares. No alto do terraço estava Oliver, ou melhor, Saltador. O olhar fixo em Frank e um sorriso no rosto após ser percebido.

— O que você faz essa hora nas ruas do Distrito 4? Ninguém nunca te avisou que aqui é perigoso? - Oliver falava enquanto arrumava a máscara roxa na cabeça e se dirigia para as escadas de emergência do prédio, estas eram praticamente invisíveis por causa da escuridão nos becos que separavam os prédios.

— Na verdade me falaram sim, mas eu soube que tem um grupo que está fazendo um ótimo trabalho limpando a cidade... - Ele colocava as mãos dentro dos bolsos do casaco preto, quando falava o ar gélido tomava conta de sua boca enquanto formava um sorriso leve no rosto.

— É verdade, principalmente por causa do líder deles, aquele tal de Saltador é um cara incrível, adoro ele. - Ele soltava uma gargalhada quando falava e arrumava o uniforme roxo com detalhes pretos. - Então, Sr. Harris, o que traz você até o lar da ralé de Griffith City?

— Mary foi no meu apartamento não faz muito tempo...

— Você diz a Mary-Lynn? Não acredito em você... É sério, você só pode estar ficando louco... Já faz tanto tempo que eu não a vejo que acho que ela já nem existe mais. - Ele falava em tom de brincadeira, enquanto ria e coçava a cabeça, já Frank desfazia o sorriso e endurecia o rosto. - Mas falando sério, o que aconteceu?

— Ela foi no meu apartamento hoje, o John já está sumido faz uma semana e ela já não sabe o que fazer. Ela foi pedir minha ajuda, eu disse que você talvez poderia conseguir alguma coisa. Posso contar com você? - Frank falava seriamente, não esboçava nenhuma emoção, por mais que sua raiva fosse evidente.

— Como eu posso ajudar? Você sabe que com sorte eu ainda consigo encontrar o corpo dele em uma lixeira qualquer, não tem muito o que fazer agora, uma semana já significa que ele está morto. Mary só tem que aceitar isso. - Ele não parecia crer que John estava vivo, falava com certo desinteresse enquanto olhava para os lados calmamente.

— Você acha que eu estou brincando? Ele sumiu e ainda está nas ruas, vivo. - Ele respirava fundo enquanto cerrava os punhos, mas logo os relaxava, não era brigão, preferia ser diplomático e continuaria assim.

— Tá bom, mesmo que ele esteja vivo, ela vai continuar sofrendo e é questão de tempo para que ele fuja novamente. Pensa comigo, Frank, se ele estiver morto você tem caminho aberto pra Mary e pras crianças, você vai poder ser feliz e se redimir dos erros passados, não concorda comigo? - Ele falava calmamente, enquanto olhava para Frank, um pouco mais sério, mas ainda com um sorriso no canto da boca.

— E como eu iria viver pensando que eu não me esforcei o bastante para procurá-lo enquanto ele estava vivo? Ele já foi meu parceiro e éramos grandes amigos, você sabe disso.

— É só pensar que você deixou o cara que agrediu a mãe dos seus filhos morrer, é bem simples, na verdade. - Dessa vez, Oliver soltava uma risada, mas logo ela era cortada no meio quando ele percebia o que tinha dito - Desculpa, Frank, eu não pensei antes de falar....

Ele se manteve em silêncio, respirou fundo enquanto pensava nas séries de agressões que ela poderia ter sofrido, naquele momento se perguntava se estava fazendo o certo em procurá-lo, mas era o que Mary queria, e ele faria isso.

— Não se preocupe, depois de um tempo com isso martelando a minha cabeça todos os dias se torna algo fácil de se acostumar. - Estava com raiva, raiva e vergonha, odiava pensar que tinha se acorvadado no momento em que mais precisava, mas logo respirava fundo e olhava para os dois lados da rua, mas logo voltava o olhar para Oliver. - Só me avise se encontrá-lo, ok?

— Eu vou fazer o melhor que posso, mas eu não vou garantir nada, só quero que você saiba disso. Então se eu vê-lo contra algum traficante, eu não vou fazer nada. - O rosto continuava duro e a expressão era de alguém que realmente não dava a mínima, Oliver agia como uma criança que ouvia as lições dos pais enquanto revirava os olhos.

— Isso é uma coisa bem ruim de ouvir saindo da boca de um dos heróis da vizinhança. Achei que vocês ainda protegiam as pessoas, mas acho que me enganei.

— Não, você acertou, protegemos pessoas, não agressores ou monstros como John. - A raiva era visível no seu modo de falar, mas tentava se controlar, não era algo comum vê-lo daquela maneira, mas falar de gente como John era a garantia de que ele se irritaria.

— Uma coisa que eu aprendi usando essas roupas foi que não existe distinção das que devem ou não ser protegidas, nós não temos poder de escolha, Oliver, você não pode sair julgando quem acha que deve ou não ser defendido. - Frank já havia se acalmado, mas ainda achava que ele estava errado, e não poderia deixar por isso. - Se você for escolher, Oliver, sinto muito, mas está do lado errado nessa briga.

— Tudo bem, mas quem continua usando essas roupas sou eu, eu e o resto de nós, que ao contrário de você, decidimos continuar cuidando da cidade. - Ele parava um tempo para pensar e logo estampava no rosto o sorriso novamente - Agora não é hora de discutir, você sabe, cara, vamos acabar falando coisas que nos arrependemos, como eu acabei de fazer... Acho que você deve ir embora, amanhã conversamos sobre isso... O que você acha?

— É, pode ser... Na verdade, encontre John, vivo ou morto, e já ficaremos quites. Bem, eu já vou indo... Tenha uma boa noite, Oliver, cuide da cidade por mim. - Ele começava a se afastar aos poucos, virava de costas e ia andando lentamente pelas ruas vazias e gélidas da cidade, até que se virava rapidamente já em uma distância considerava e gritava para o amigo que o observava ainda parado no mesmo lugar. - Só cuidado com o que você fala, vai que sem querer você irrita algum John da vida? Pode acabar morto em uma sacola de lixo.

E ele saía dali sem ouvir a resposta para os seus dizeres, seguia rumo á sua casa novamente, sabia que nada lhe aconteceria naquele dia, as ruas eram rondadas pelos seus amigos e pelos policiais, aliados perigosos, mas não deixariam que houvesse algum caso sequer de morte naquele dia, não no dia da comemoração do corrupto mais amado. Enquanto andava pelas ruas, algumas movimentadas e outras tão desertas quanto uma cidade fantasma, ele se lembrava dos momentos que havia passado, há 10 anos atrás tudo era diferente, estaria agora, provavelmente, batendo em algum batedor de carteiras e talvez mais tarde fosse se entregar nos braços de sua amante, mas aqueles tempos haviam passado, tinham sido ótimos, mas também muito prejudiciais para ele, não só fisicamente, afinal, eram muitas brigas que se envolvia, como mentalmente, havia começado a ser um homem agressivo e ignorante, capaz de bater apenas por prazer e ele sabia que aquele não era ele.

Quando ele chegava na portaria do prédio, o celular começava a tocar, o nome de Rose brilhava e fazia seus olhos arderem pelo brilho que logo diminuía, ele apenas recusava a chamada e logo via que havia perdido 5 de suas chamadas, ela era insistente, não que fosse um defeito muito grande, mas naquele momento era. Rose usava agora o codinome de Solar enquanto saía na noite, era igual a Scott, que havia pego "Noite" como seu nome, após Frank ter liberado. Ela já havia se envolvido com ele, não só uma vez como várias, mas sempre como algo casual e não sério, mas de alguma maneira ela queria algo mais sério, mesmo com o jeito estabanado e espalhafatoso, Frank conseguia ter certo carinho por ela.

Frank se dirigia até seu apartamento calmamente, algumas pessoas conversavam com os seguranças, estavam fora de si por conta da bebida, a noite acabara de começar e vários casos já iriam surgir, Frank gostava de pensar que os ricos tinham um estômago fraco para bebidas.

Ele morava em um dos últimos andares, sempre gostou de ver a cidade de cima, caminhava com passos curtos e lentos, colocava a chave perfeitamente na fechadura e girava a maçaneta, abrindo a porta, o ambiente estava escuro e ele colocava o casaco atrás da porta e arrumava os cabelos até que ouvia um barulho diferente seguido de uma voz.

— Eu achei que depois de tanto tempo você ao menos iria mudar a fechadura... - A voz veio seguida de um gole, o cheiro de bebida tomava conta do ar.

Primeiramente um frio na espinha, se perguntava quem poderia ter sido, mas logo acabava com o suspense quando ligava o interruptor, ligando todas as luzes da casa. E, sentado no sofá, com um copo de bebida e observando a vista, estava ele, o dono de uma voz já conhecida. John.


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