Harry continuava sentado à mesa, pasmo com a notícia.

–Vai ficar tudo bem, Harry -tentou tranquilizar Hermione.

–É, aposto que todos os dementadores estão atrás de Você-Sabe-Quem agora -disse Rony, com uma feição não tão convincente.

–Não vamos pensar nisso agora -falou Fred.- Hoje é o seu aniversário, Harry, não vamos estragá-lo com Aquele-Sem-As-Ventas.

–É isso ai -exclamou Jorge-, vamos para onde agora? Loja de doces? Tô com uma vontade imensa de me empanturrar com besteiras. A mamãe há séculos não nos deixa levar travessuras para casa.

–Vocês estão certos -disse Harry recuperando a voz.- Voldemort já me causou muito estrago, não vou deixar que ele arruine o dia do meu aniversário!
–Vamos então? -perguntou Gina sorridente.

–Vamos sim -respondeu Harry retribuindo o sorriso.

Os seis garotos saíram em direção à porta do estabelecimento, mas sem antes se despedir de madame Rosmerta, a simpática moça que lhes atendeu.

–Como está gelado-exclamou Hermione cruzando os braços, tamanho o frio.- Venham, vamos logo à loja de doces, senão morreremos congelados aqui.

Os garotos caminharam, então para a loja, um pouco mais à frente, o mais rápido que puderam, porém não tanto quanto queriam, pois o intenso frio, a volumosa neve e o fortíssimo vente os impediam de serem mais velozes.

–Ah não -exclamou Gina, que estava bem mais adiantada que os demais, em frente à uma porta de vidro.- Está fechada!

–Então, o que faremos agora? -disse Harry com a pele muito avermelhada, como se o frio estivesse derretendo seu rosto e a parte interna estivesse à amostra.

–Vamos voltar então -disse Hermione.

–O quê? -disse Jorge.- Mas nós acabamos de chegar!

–E o que sugere que façamos? Tá um gelo aqui fora!

–Que tal isso? -disse Rony jogando uma bola de neve bem no meio da cara de Hermione.

–Rony! Quantos anos você tem, garoto idiota?! Eu vou embora, quem não quiser morrer congelado me siga!

Quando Hermione virou-se, outra bola de neve lhe atingiu, desta vez na nuca.

–Rony... -falou a garota virando-se com uma expressão de fúria- eu estou avisando!

Paft. Outra bola de neve jogada pelo ruivo, novamente no rosto da garota.

–Ora, seu... -disse Hermione juntando um tanto de neve e jogando-o em Rony, quepor pouco se desviou, atingindo o rosto de Jorge.- Ah, desculpe... a minha intenção era atingir o cabeçudo do seu irmão.

–Ah é? -disse Jorge emoldurando uma bola de neve com as duas mãos e jogando-a em direção de Hermione, que, por sua vez, saiu do caminho e atingiu Fred.

Dali em diante, os garotos começaram uma guerra de bola de neve interminável. As pessoas dentro dos estabelecimentos observavam com reprovação àquela cena infantil. Gina acertou Rony bem no olho, que por sua vez revidou, mas a garota empurrou Hermione, que recebeu o golpe na orelha; Fred e Jorge àquela altura estavam no chão brigando feito dois gatos, ambos tentando enfiar neve um na boca do outro.

–Espera um pouco! -disse Fred se levantando do chão, fazendo todos pararem para ouvir.- Por que que o aniversariante está só olhando, rindo da gente? -falou encarando Harry, que estava sentado em um batente de pedra, em frente à casa dos gritos, apenas observando e rindo dos amigos.- Uhm? Por que que ele não tá no meio da guerra? Eu acho que nós deveríamos ensinar uma lição pra ele.

–Concordo -disseram os outros ao mesmo tempo, juntando neve e emoldurando-a em bola.

–Espera aí gente -Harry disse se levantando e recuando.- Hoje é o meu aniversário, vocês não vão querer me machucar vão?

A resposta não veio em palavras, mas sim em uma amontoado de bolas de neve jogados contra o garoto pelos amigos, fazendo-o cair no chão.

–Já basta -Harry falou se levantando com dificuldade, correndo e pegando na bolsa, sua capa de invisibilidade, colocando-a em volta de seu corpo.

–Com a capa não Harry -disse Fred tentando encontrar qualquer sinal de movimento do garoto.- Ai! -exclamou ao receber uma bola de neve em sua nuca.

–Então vai ser na deslealdade? -falou Jorge pegando um montante de neve.- Vamos então jogar para todos os lados -disse aos outros, que logo obedeceram e começaram a jogar por todos os cantos neve, atingindo as vidraças das lojas, recebendo olhares de repreensão de seus donos.

Harry corria de um lado para outro, tentando não ser atingido pelos lances dos amigos, segurando-se para não rir da situação, até que de repente, topou em algo e caiu por cima daquilo.

Não era exatamente algo e sim alguém. Alguém que quase desaparecia na neve, devido sua palidez, mas ao mesmo tempo, destacava-se pela vermelhidão de seus longos cabelos.

–Desculpe Gina -disse Harry ainda em cima da garota, retirando a capa de invisibilidade, tornando-se visível aos olhares dos demais.

–Sem problema -disse a ruivinha, que agora aparentava além dos cabelos avermelhados, o rosto também.

–Deixa eu te ajudar -Harry falou levantando-se e oferecendo a mão à garota, que a segurou, um tanto envergonhada.

–Já está ficando tarde -observou Rony.- É melhor irmos andando.

–É, aqui de noite podem aparecer alguns batedores de carteiras -confirmou Hermione.

Os seis garotos limparam-se e caminharam na direção da casa de Harry.

–Está entregue -exclamou Rony ao chegarem em frente à casa de Snape.

–E vivo -falou Fred sorrindo.

–Obrigada pessoal -disse Harry-, foi o melhor dia em muito tempo. Me diverti bastante!

–Nos vemos na volta as aulas, Harry -disse Hermione.

–Já que já saímos da escola, solicitamos sua presença sem falta na nossa loja no Beco Diagonal -disse Jorge.

–Com certeza -respondeu um Harry sorridente.

–Então, até mais -disse Rony dando as costas.

–É... -começou Gina.- Eu acho que esqueci meu casaco dentro da sua casa Harry, hoje mais cedo quando viemos buscá-lo.

–Mas você está vestindo ele -disse Rony.

–Bom... é o meu outro casaco. Se importa se eu for pegá-lo, Harry?

–Claro que não.

–Vocês podem ir na frente, logo alcanço vocês -disse Gina aos demais.

–Tudo bem -falou Fred, enquanto se afastavam dos dois que adentravam na casa verde.

–Casaco... -disse Jorge sorrindo.

– O quê? -indagou Rony parecendo perdido na conversa.

–Ah, Rony -exclamou Hermione-, você não nota nada mesmo, não é?

Enquanto isso, dentro da grande casa verde, Gina e Harry entravam na sala.

–Onde você acha que o deixou? -perguntou Harry olhando por debaixo das almofadas do sofá.

–Deixei o quê?

–O seu casaco. Você não disse que o esqueceu?

–Ah, sim... -disse a ruiva começando a ficar avermelhada.- Bom... eu não o esqueci aqui.

–Como não?

–É que... eu só disse isso porque queria te falar uma coisa que não podia ser na frente dos outros.

–Ah sim... é algo grave?

–Vai depender da forma de como você vai interpretar. Bom... eu... eu...

–Harry! -disse uma voz vinda do corredor.

–O que foi? -indagou Harry virando-se para ver quem era.

Era Snape. Um Snape com uma cara bem assustada.

–Ainda bem que você chegou, temos que conversar!

–Eu acho que sei sobre o que é -disse Harry.

–Sabe?

–É. É sobre Voldermort, não é? Fiquei sabendo hoje que ele escapou de Azkaban. Por que o senhor não me contou? Aposto que sabia!

–Bom, não era disso a que eu estava me referindo. Isso é uma questão para depois. O que eu tenho para falar tem muito mais importância -disse com uma feição atordoada.

–O que é mais importante do que o maior bruxo das trevas estar andando solto por aí? -indagou o garoto parecendo surpreso.

Snape nada falou. Apenas virou-se de lado, revelando duas pessoas na entrada do corredor.