Harry se aproximava da cada dos Weasley acompanhado de Gina, Rony e Hermione.

–O que nós vamos fazer agora? -perguntou Rony.- Passar a noite olhando para o teto?

–A gente podia planejar o que podia fazer no aniversário do Harry -disse Gina sorridente.

–O quê? Não, nada disso! Não quero nada no meu aniversário.

–Você pode até não querer, mas isso não quer dizer que não vá ganhar nada -disse Hermione.- Vamos lá, Harry, vai ser divertido fazer uma festa.

–Mas eu não quero uma festa.

–A gente podia sair com você para todos os seus lugares favoritos e sem hora pra chegar, até porque ainda falta um mês para as aulas começarem.

–Boa ideia, Rony! -exclamou Hermione.- Até que você não é um inútil por completo.

–Ei! -reclamou Rony já no batente de sua casa.

Os quatro adentraram no recinto, onde encontraram Snape, Tobias, Arthur e Molly conversando.

–Já voltaram? -indagou o pai de Rony.

–Só podia entrar quem fosse maior de dezessete -respondeu Gina.- Fred e Jorge entraram e nos deixaram sozinhos.

–A gente vai subir e tentar encontrar alguma coisa para fazer -avisou Rony.

–Tudo bem, mas nada de magia, ouviu bem? -disse a senhora Weasley fuzilando Rony com o olhar.

–Tá, sem magia.

Os quatro subiram as escadas e foram em direção ao quarto de Rony. Era um recinto bastante rústico, porém, bem aconchegante na opinião de Harry.

–Devíamos sair mais, sabe? -começou Rony.- Todo mundo da nossa idade sai com os amigos para lugares legais e a gente aqui.

–Seria legal -disse Harry-, mas a gente é o que é. Nenhum de nós fica à vontade em festas e nada do tipo. É chato ficar em casa só jogando conversa fora, mas, afinal, é isso que nos agrada.

–Tadução, nós somos um bando de idiotas.

–Claro que não, cada qual tem seu gosto -falou Hermione.

–Eu queria ser como Fred e Jorge, sempre se divertindo por aí, seja em qualquer lugar, com qualquer pessoa -desabafou o ruivo.- Eu faço uma coisinha errada e já fico me sentindo mal e eles vivem fazendo brincadeiras na escola com todo mundo, inclusive com os professores, inclusive com o Snape!, e mesmo assim saem ilesos e sem remorsos.

–Isso é porque nós somos excepicionais e você é um bobão -disse Fred aparecendo no pé da porta aberta ao lado de Jorge.

–O que estão fazendo aqui? -Gina perguntou.

–A festa tava a maior chatice, então voltamos pra casa. Acho que encher a paciência do Rony vale mais à pena do que ficar naquele lugar.

–Ei, por que que hoje tem que ser meu dia de ser insultado?

–Porque não pode ser sempre o dia de encher o Percy -respondeu Jorge.- Mas fica tranquilo, só estamos deixando ele em paz por um tempinho, depois largamos do seu pé e voltamos à implicar com ele. Então, o que vocês estão aprontando?

–A gente tava planejando o que fazer no aniversário do Harry -disse Gina.

–Contra a minha vontade -ressaltou Harry.

–Que legal e o que vamos fazer!? -disse Jorge.

–Eu sugeri que nós saíssimos e passeássemos para todos os lugares que o Harry gosta -falou Rony.

–É uma boa ideia -disse Fred-, nem parece ter vindo de você.

–Eu por acaso vivo em uma tribo de retardados mentais para toda ideia boa que eu digo, vocês acharem que é algo inédito na minha vida? Eu só dou ideia que não presta?

–Sim -responderam os demais presentes no quarto ao mesmo tempo.

–Harry, vamos -disse Snape aparecendo na porta.

–Mas já? Eu ainda não quero voltar.

–Você não está fazendo nada.

–Mas eu estou fazendo nada com os meus amigos.

–Venha logo, garoto. Vocês vão se vê todo dia quando as aulas voltarem.

–Tá -disse Harry se levantando da cama.

O garoto se despediu dos amigos, logo depois do senhor e da senhora Weasley, esta, por sua vez, agarrou-o em um abraço sufocante e quase sem fim.

Uma semana se passara desde a ida até a casa dos Weasley. Harry ainda estava dormindo quando Edwiges o acordou fazendo um barulho suficiente para acordar toda a vizinhança. O garoto levantou, soltou-a de sua gaiola e de lá a grande coruja branca saiu alegremente voando. Voltou a se deitar em sua cama e olhando para o teto, lembrou-se de seu aniversário há exatos quatro anos, quando descobrira sobre Snape, a confusão que fora na época e que agora, como nunca imaginara antes, fazia parte de uma família.