─ Você está bem? – Kallan lhe perguntou ao entrar no quarto.

Ariza estava sentada numa poltrona amarrando os cadarços da bota.

─ Não. Estou péssima. Mais que péssima, estou quase abrindo um portal para a China e sumindo por alguma aldeiazinha. – Kallan sorriu.

─ Não faço a mínima ideia de onde fica isso. – Ariza estalou a língua, claro que ele não sabia. – Mas, o que lhe preocupa? – Ela suspirou.

─ O medo. O medo direcionado a mim. Todos os meus amigos estão com medo de mim, com medo de quem sou agora. – ela colocou a cabeça entre as mãos.

─ E você mudou? – Ariza olhou para Kallan. – Eu não vejo nada diferente. Você é a mesma menina que visitei em sonhos, a mesma que tirou meu novo povo do vazio e ajudou-os, eu lhe conheço e não tenho medo de você, eles também irão lhe conhecer, lhe reconhecer.

Ariza levantou da poltrona, seu queixo tremia e seus olhos começavam a encher de lágrimas. A parte do seu coração que amava aquele menino vibrou quando ela o abraçou, sua mente se acalmou e seu corpo ficou quente.

─ Obrigada.  - sua voz era rouca de encontro ao peito de Kallan. – Apenas algumas palavras, e já me sinto melhor. – ela levantou o rosto e olhou para ele, Kallan erguei a mão e tocou seu rosto, secando uma lágrima com o dedo, nesse instante a porta abriu.

─ Opa, estou atrapalhando algo? – E Tony foi entrando – Se tiver atrapalhando, ótimo, porque é pra isso que padrinhos servem. – Ariza riu.

─ Não estava acontecendo nada Tony. – Mas ela sabia que estava, ela sabia que se ninguém tivesse entrado por aquela porta por uns 30 minutos Kallan poderia ter tomado totalmente o coração dela. – Eu apenas chorei um pouco.

─ Loki esta pronto no topo da torre, você pode ir conversar com ele lá... Thor está junto como um brinde de lanche infantil. – Ariza sorriu e limpou o rosto com as mãos.

─ Obrigada. – beijou a bochecha de Tony e saiu acompanhada de Kallan.

─ Ele precisa mesmo ir com você? – Na verdade Tony se sentia melhor se Kallan fosse, mas sentia vontade de perturbar Ariza com isso, exatamente da forma como faria em uma situação menos estranha. Ariza se virou para ele.

─ Ele é meu brinde de lanche infantil. – ela piscou, pegou uma mão de Kallan e caminhou para o elevador.

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─ Nós podíamos subir voando. – Kallan já estava entediado de esperar o elevador 1 minuto depois que Ariza apertou o botão.

─ Já está chegando, falta apenas um andar.

─ Essa caixa de metal é estranha e apertada. – Ariza riu. Ela se sentia estranhamente poderosa, ontem assustou á todos e ficou por horas em um quase coma, mas hoje já estava bem, estava se sentindo absolutamente normal.

O elevador chegou, eles entraram, e apesar de não os ver, Ariza soube que Endo e Peter a viram e voltaram alguns passos para esperar o elevador fechar, ela se sentiu mal, mas não podia culpá-los.

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Encontraram Loki quieto, o que era um feito e tanto, ele estava sentado num sofá vestido em um terno, enquanto Thor caminhava pela sala chacoalhando uma armadura.

─ A criança chegou. – Loki anunciou a Thor.

─ Eu não sou uma criança. Tenho nome. Ariza Fritz O’Neill, muito prazer.

─ O que você fez a Loki para que ele permaneça tão quieto? Nem Odin conseguia isto.

─ Talvez Odin seja subestimado? Cheio que Loki poderia ser um governante mais poderoso que Odin, se tivesse algum juízo. – Loki sorriu para Ariza, já Thor fechou a cara.

─ Como ousa falar assim de meu pai! – Thor fez menção de caminhar para próximo de Ariza, mas Kallan se colocou no caminho, Ariza tocou seu ombro.

─ Deixe Kallan. Você também é fraco Thor. Um deus que depende de um martelo para invocar aquilo que lhe dá o título, já Loki tem algum controle sobre seus poderes sem usar nenhuma antena. – Ela olhou para Loki, ele estava sorrindo. – Só lhe falta caráter. – Loki fechou o sorriso.

“ Talvez a pessoa que vai aparecer em alguns minutos trate isso, uma amiga do passado? – Um portal abriu-se próximo a Loki e uma mulher saiu, parou em frente a ele e deferiu um tapa épico.

─ Quem é essa? – Thor perguntou a Loki.

─ Eu não sei. – ele respondeu, olhando a mulher à sua frente.

─ Você não lembra quando nos conhecemos? Eu sim!

─ Então vocês são amigos? – Thor fez a pergunta, ele estava claramente perdido naquela cena.

─ Conhecidos. – dito isso a estranha olhou nos olhos de Loki. – Ou talvez... Talvez apenas inimigos! – Assim que falou ela chutou a virilha de Loki com uma violência que colocou o deus de joelhos e fez Ariza pensar no barulho e uma caixa de ovos caindo no chão.

“ Escócia, ano de 1240 do nosso senhor. Lady Breanna McCoucy! – ela falava entre os dentes, com a raiva na contida, antes que qualquer um pudesse imaginar ela chutou de modo certeiro a cara de Loki, que ainda não tinha se levantado.

─ Hm, com licença? – Ariza entrou no meio da briga. – Você descontará todos os 778 anos de ódio em Loki ainda hoje, ou posso continuar de onde parei, agente Barthóry? – a face da estranha suavizou.

─ Você me conhece criança?

─ Não, mas uma parte de mim conhece. Poder virou pó em suas mãos, mas ainda assim lhe deixou algum poder.

─ Poder?! – Loki se levantou, limpando um fio de sangue que escorria do canto da boca. – A jóia do poder? A jóia... Ah, sim. Lady Breanna, como pude esquecer, você me roubou... – ele levou um soco antes de terminar a frase, Thor de longe parecia se divertir.

─ E você me usou, estamos quites! – ela se virou para os demais presentes na sala - Esse demônio me seduziu! – sua face corou em vermelho vivo - E me convenceu a roubar a jóia ancestral do clã McNab! Eu virei alvo deles, estava jurada de morte e a jóia tinha sugado minha vitalidade, ele ia me deixar para morrer! – ela olhou para Loki. – Vai negar? Eu apenas fiz um pacto com o espelho, me prometeu poder e vida se eu lhe levasse para longe de ti.

─ Eu mesma. Você soube me usar bem Breanna, usou do poder sem abusar e me fez dormir, uau!— Ariza sacudiu a cabeça, ainda não estavam todas dormindo – Poder...Tsc.

─ O quê? – Breanna a olhava.

─ As jóias... Eu possuo todas... dentro de mim.

─ O QUÊ?! – Breanna e Loki perguntaram em uníssono.